quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

RIGOLETTO, Teatro Regio di Parma, Janeiro / January 2018



(text in English below)


Depois de um avião e dois comboios, cheguei a Parma para o Rigoletto (Verdi) do Leo Nucci, mais um marco atingido na minha “melomanoloucura”. E que emoção!! A noite de hoje transpôs a vivencia de Bayreuth de há uns meses e não sei se alguma vez me senti tão emocionado com um cantor como hoje.





Os cantores solistas foram Stefan Pop (Duque),  Jessica Nuccio (Gilda), Giacomo Prestia (Sparafucile), Rossana Rinaldi (Maddalena), Carlotta Vichi (Giovana), Carlo Cigni (Monteroni) e Enrico Marabelli (Marullo).

Com algumas produções vibrei quase da mesma maneira, como com o Parsifal do Guth em Madrid em 2016, mas hoje foi um Homem de 75 anos que canta como se tivesse 40 e transmite uma emoção tão forte que, na minha individualidade de sentimento, gostava de a conseguir transmitir a todos com quem falo sobre isto, sobre ópera. Este Homem é uma lenda!! Leo Nucci é um fenómeno de verdadeira longevidade vocal porque é, sempre foi, e continua a ser um barítono.



Viajo há 13 anos para ver opera e só agora o vejo… sinto isto como uma falha pessoal astronómica e um insulto ao grande artista, e penso que também ao grande homem que ele é… Foi o meu embaixador num teatro novo – o Teatro Regio de Parma, é lindo por dentro, e voltará a sê-lo em mais dois novos teatros ao longo desta temporada.




Texto de wagner_fanatic


RIGOLETTO, Teatro Regio di Parma, January 2018

After one flight and two train trips, I arrived in Parma for Leo Nucci's Rigoletto (Verdi), another milestone reached in my "opera crazyness". And what a thrill!! This night supplanted the experience of Bayreuth a few months ago, and I do not know if I ever felt so moved with a singer like today.

Other soloists were Stefan Pop (Duque),  Jessica Nuccio (Gilda), Giacomo Prestia (Sparafucile), Rossana Rinaldi (Maddalena), Carlotta Vichi (Giovana), Carlo Cigni (Monteroni) and Enrico Marabelli (Marullo).

With some productions I vibrated in almost the same way, as with Guth’s Parsifal in Madrid in 2016, but today it was a 75 year old man who sings as if he was 40 and conveys an emotion so strong that, in my individuality of feeling, I liked to be able to transmit to everyone with whom I speak about this, about opera. This Man is a legend!! Leo Nucci is a phenomenon of true vocal longevity because he is, has always been, and continues to be a baritone.

I travel for 13 years to see opera and only now I see him ... I feel this as an astronomical personal fault and an insult to the great artist, and I think also to the great man that he is ... He was my ambassador in a new theater - Teatro Regio de Parma, it's beautiful inside, and he will be again in two more new theatres throughout this season.


Text by wagner_fanatic

2 comentários:

  1. Sou muito pessimista no que diz respeito ao futuro da Voz na ópera. Nucci e o seu Rigoletto são hoje o paradoxo desse pessimismo. Reparem: o melhor Rigoletto dos últimos 40 anos ainda canta e, apesar de continuar a ser o melhor, é preciso apanhar um avião e dois combóios para o ouvirmos. Há pouco mais de um mês, abriu a temporada alla Scala e o público pagava bilhetes de milhares de euros para aplaudir a Netrebko (a vedeta de marketing mais sobreavaliada dos nossos dias) e o seu novo marido que só canta no palco porque a mulher o põe lá. Entretanto, o Met usa e abusa do seu novo barítono one-fits-all Lučic para fazer um Rigoletto banal no contexto histórico, mas bem aplaudido nos nossos dias no Met. (Para não falar da encenação nem da falta de expiência da Nadine Sierra como Gilda.) Em Londres, o Rigoletto costuma ser Platanias, que é um bom cantor e não mais. Felicitações, wagner_fanatic, por ter tido a iniciativa (que eu ainda não tive) de ir vivenciar aquele que eu infelizmente imagino que seja o último verdadeiramente grande Rigoletto dos nossos tempos. De facto, não vejo grande futuro nas vozes da ópera no século XXI e o Rigoletto de Nucci parece-me a última chama de um glorioso passado verdiano.

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  2. Sou muito pessimista no que diz respeito ao futuro da Voz na ópera. Nucci e o seu Rigoletto são hoje o paradoxo desse pessimismo. Reparem: o melhor Rigoletto dos últimos 40 anos ainda canta e, apesar de continuar a ser o melhor, é preciso apanhar um avião e dois combóios para o ouvirmos. Há pouco mais de um mês, abriu a temporada alla Scala e o público pagava bilhetes de milhares de euros para aplaudir a Netrebko (a vedeta de marketing mais sobreavaliada dos nossos dias) e o seu novo marido que só canta no palco porque a mulher o põe lá. Entretanto, o Met usa e abusa do seu novo barítono one-fits-all Lučic para fazer um Rigoletto banal no contexto histórico, mas bem aplaudido nos nossos dias no Met. (Para não falar da encenação nem da falta de expiência da Nadine Sierra como Gilda.) Em Londres, o Rigoletto costuma ser Platanias, que é um bom cantor e não mais. Felicitações, wagner_fanatic, por ter tido a iniciativa (que eu ainda não tive) de ir vivenciar aquele que eu infelizmente imagino que seja o último verdadeiramente grande Rigoletto dos nossos tempos. De facto, não vejo grande futuro nas vozes da ópera no século XXI e o Rigoletto de Nucci parece-me a última chama de um glorioso passado verdiano.

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