sexta-feira, 7 de abril de 2017

DER ZWERG, Teatro de São Carlos, Abril de 2017



Foi a primeira vez que vi ao vivo a ópera Der Zwerg (o Anão) de Zemlinski com libreto de Georg Klaren. A Orquestra Sinfónica Portuguesa e o Coro do Teatro de São Carlos foram superiormente dirigidos por Martin André. A música é de grande intensidade dramática, fazendo lembrar o Strauss mais pesado.

A encenação de Nicola Raab (Cenografia de José Capela, Figurinos de Mariana Sá Nogueira, Desenho de Luz de Rui Monteiro) é pobre, havendo uma cortina, um sofá, uns degraus e pouco mais. Mas, ainda assim, resultou num espectáculo interessante.



A história, inspirada num conto de Oscar Wilde, é considerada autobiográfica porque espelha a sua profunda dor pela rejeição de Alma Schindler (que viria a casar com Mahler).
A infanta Clara festeja os seus 18 anos e o mordomo (Don Estoban), Ghita e mais 3 criadas apresentam-lhe as prendas de aniversário. Um sultão envia um anão como presente que, contudo, nunca viu a sua figura física. Apaixona-se pela princesa que lhe dá uma rosa branca. Destapa acidentalmente um grande espelho (na encenação resultou bem) que revela a sua deformidade. Tenta um beijo da princesa mas esta repele-o e chama-lhe monstro. Ghita chama-o meigamente à razão mas o desgosto é brutal e morre desfolhando a rosa que recebeu, enquanto a princesa volta para o baile. Na encenação desaparece por trás do espelho, o que não foi uma má opção. Também achei interessante o facto de se levantar quando falava com a princesa (apareceu em palco de joelhos, simulando um anão), permitindo outras interpretações à sua condição, não limitadas ao aspecto físico.
O programa de sala é muito interessante!

O Anão foi interpretado pelo tenor Peter Bronder. É um papel grande, está quase sempre em palco. Gostei muito, a voz sempre bem colocada e afinada, notando-se a experiência do cantor em ultrapassar sabiamente dificuldades.



A Donna Clara da soprano  Sarah-Jane Brandon foi também agradável. Cantora de voz com um timbre não particularmente belo mas boa projecção e boa postura em palco.



A Ghita da soprano Dora Rodrigues foi estridente no início, mas melhorou substancialmente e ofereceu-nos uma impressionante interpretação no final.



O Don Estoban do baixo Nuno Pereira esteve quase sempre afogado pela orquestra e, frequentemente, não se ouvia.



As 3 criadas Carla Caramujo, Filipa van Eck e Carolina Figueiredo tiveram papéis muito pequenos.






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