terça-feira, 19 de julho de 2016

MADAMA BUTTERFLY, English National Opera, Junho / June 2016

(review in English below)

Estreada em 2005 aqui na English National Opera, esta extraordinária produção da Madama Butterfly de G. Puccini, da autoria de Anthony Minghella, vai na 6ª reposição e já foi importada para outros teatros de opera, entre eles a Metropolitan Opera de Nova Iorque.

Já várias vezes escrevi neste blogue o meu fascínio por este espectáculo que, sempre que posso assistir, não perco. É uma das melhores encenações operáticas que tive oportunidade de ver. Num palco vazio as luzes, os biombos, os panos, as lanternas e o colorido do vestuário proporcionam-nos um espectáculo de uma beleza insuperável. Sendo todo ele magnífico, tem dois momentos superlativos, o final do primeiro acto com a chuva dourada e as lanternas e as marionetas japonesas bunarko (e sua excelente manipulação pelos figurantes de negro) que encarnam, entre outros, o filho dos protagonistas. Foi a primeira vez que assisti ao espectáculo no teatro para o qual Minghella o criou e achei que foi o melhor, com pormenores que foram modificados na encenação de Nova Iorque.


O maestro Richard Armstrong ofereceu-nos uma interpretação musical algo desagradável porque colocou a orquestra quase sempre em forte, o que prejudicou a audição dos cantores.

O soprano Rena Harms foi uma Cio Cio San bem cenicamente, embora não tivesse a figura da jovem de 15 anos (mas quem a tem?). Vocalmente esteve aceitável, o timbre é algo agreste e faltou-lhe emoção vocal.



David Butt Philip, jovem tenor inglês, interpretou o Pinkerton. Boa presença cénica e voz agradável e afinada, embora pouco potente. Contudo, também lhe faltou emotividade.


O cônsul americano foi o barítono George von Bergen. A voz é muito expressiva e, ao contrário dos outros solistas, foi emotivo tanto na fase inicial de cumplicidade com o Pinkelton, como na sua condenação final.


A Suzuki do mezzo Stephanie Windsor-Lewis foi uma cantora de voz poderosa e imponente, mas a personagem ficou muito aquém da submissa criada que o papel exige.



Matthew Durkan foi um príncipe Yamadori que mal se ouviu e o Goro de Alun Rhys-Jenkins também não foi melhor.


Ao contrario do que deve ser a opera, foi um espectáculo excelente para se ver, mas não para se ouvir.







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Madama Butterfly, English National Opera, June 2016

Premiered in 2005 here in English National Opera, this extraordinary production of Madama Butterfly by G. Puccini, directed by Anthony Minghella, is in the 6th revival, and has been imported to other opera theaters, including the Metropolitan Opera in New York.

I have often expressed in this blog my fascination with this production, whenever I can watch it, I do not lose the opportunity. It is one of the best operatic stagings that I had the opportunity to see. An empty stage, lights, screens, cloths, lanterns and colorful clothing provide us with a show of unsurpassed beauty. And it has two superlatives, the end of the first act with the golden rain and Japanese lanterns, and bunarko Japanese puppets (and its excellent handling by the people in black) that includes the son of the protagonists. It was the first time I saw the opera at the theater for which Minghella created it, and thought it was the best, with details that were modified in the New York staging.

Conductor Richard Armstrong offered us a musical interpretation somhow unpleasant because he made the orchestra almost always play in forte, which jeopardized the hearing of the singers.

Soprano Rena Harms was a decent Cio Cio San, though she did not have the figure of a 15 year old girl (but who has?). Vocally she was acceptable, but the tone is something wild and missed vocal emotion.

David Butt Philip, young English tenor, played the Pinkerton convincingly. Good stage presence and pleasant and refined voice, although not strong. However, he also lacked emotion.

The American consul was the baritone George von Bergen. The voice is very expressive and, unlike the other soloists, he was emotional both in the initial phase of complicity with Pinkelton, as in his final conviction .

Suzuki was mezzo Stephanie Windsor-Lewis, a singer of powerful and commanding voice, but the character has fallen far short of the submissive maid the role requires.

Matthew Durkan was a Yamadori prince who was barely audible and Goro’s Alun Rhys-Jenkins also was no better.

Contrary to what should be the opera, this was a great performance to see but not to hear.


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1 comentário:

  1. Gostei muito de ver esta produção na TV. Julgo que era em NY. Felizmente era cantada em italiano. Das línguas que já ouvi em canto, considero o inglês a pior língua para o canto. Acho-a sempre extremamente cansativa para articular e respirar e não gosto de ouvir cantar ópera em inglês. Gabo-lhe o sacrifício.

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