domingo, 15 de julho de 2018

LOHENGRIN, Royal Opera House, Londres / London, Junho /June 2018



(review in English below)

Uma crítica a esta produção do Lohengrin de Wagner na Royal Opera House de Londres que recomendo vivamente, foi já publicada neste blogue aqui, pelo wagner_fanatic. Não tenho muito a acrescentar, mas darei a minha opinião, pois vinha com as expectativas em alta e, felizmente, não saíram frustradas.



A encenação de David Alden é excelente. Coloca a acção no Séc. XX num país sob um regime militar. Os cenários, modulares, são constituídos por paredes de tijolos inclinadas, com grandes aberturas e corredores metálicos. Há militares armados em cena em grande parte do espectáculo. No início do 3º acto aparece uma grande estátua branca encimada por um cisne e, perto do final, muitas bandeiras vermelhas e brancas com o cisne, muito à imagem das bandeiras nazis. O Lohengrin é o salvador esperado pelo povo que, quando decide partir, instala-se o regime nazi-like.

Fotografia / Photo Clive Barda ROH

Fotografia / Photo Clive Barda ROH

Fotografia / Photo Clive Barda ROH

Fotografia / Photo Clive Barda ROH

A direcção musical do maestro Andris Nelsons é brilhante e as belas luzes da sala são deixadas quase apagadas, aumentando progressivamente a iluminação à medida que a música se torna mais intensa, voltando a diminuir a intensidade até se apagarem totalmente no final. Um efeito magnífico, que se repetirá no último acto.




O Coro da Royal Opera teve uma interpretação avassaladora em afinação, qualidade e conjugação perfeita de vozes. Do melhor que alguma ouvi.



Quanto aos solistas, uma constelação perfeita de cantores de primeiríssima água.
O Rei Heinrich foi interpretado ao mais alto nível pelo baixo Georg Zeppenfeld que tem uma voz magnífica com um registo grave imponente. O barítono Thomas J. Mayer foi um Friedrich muito convincente em palco e vocalmente irrepreensível. A sua mulher Ortrud foi interpretada pelo soprano Christine Goerke, cínica e astuta, com uma potencia vocal avassaladora e sempre afinada.





Para mim a grande surpresa da noite foi a jovem soprano Jennifer Davis, que não conhecia (uma substituta de última hora de Kristine Opolais). Transmitiu vulnerabilidade e inocência marcantes, a figura ajuda muito, mas a voz é pura, limpa e magnífica, com um poderio impressionante. Um espanto! O tenor Klaus Florian Vogt foi um Lohengrin sem surpresa para mim. Os leitores deste espaço sabem da minha admiração por este cantor que nunca desilude. Tem um timbre claro, quase angelical, de uma beleza sublime e nunca falha qualquer nota. Até o arauto, um papel muito pequeno, foi interpretado ao mais alto nível por Kostas Smoriginas.






Como escreveu o wagner_fanatic, as perfeição em ópera é rara, mas existe. Foi o que aconteceu nesta memorável noite na Royal Opera House!!







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LOHENGRIN, Royal Opera House, London, June 2018

A review of this production of Wagner's Lohengrin at the Royal Opera House in London, which I highly recommend, has already been published on this blog here by wagner_fanatic. I do not have much to add, but I will give my opinion because it was with high expectations that I came to see it and fortunately they were not frustrated.

David Alden's production is excellent. He placed the action in the 20th century in a country under a military regime. The scenarios, modular, are constituted by inclined brick walls, with large openings and metallic corridors. There are armed military men on the scene for much of the show. At the beginning of the third act appears a large white statue surmounted by a swan and, near the end, many red and white flags with the swan, much in the image of the Nazi flags. Lohengrin is the leader and savior expected by the people who, when he decides to leave, installs a Nazi-like regime.

The musical direction of maestro Andris Nelsons is brilliant and the beautiful lights of the room are left almost erased, progressively increasing the illumination as the music becomes more intense, returning to decrease the intensity until they turn off completely at the end of the overture. A magnificent effect, which will be repeated in the last act.

The Choir of the Royal Opera had an overwhelming interpretation in tuning, quality and perfect conjugation of voices. The best I ever heard.

As for the soloists, a perfect constellation of top quality singers. King Heinrich was interpreted at the highest level by bass Georg Zeppenfeld who has a magnificent voice with an imposing bass record. Baritone Thomas J. Mayer was a very convincing Friedrich on stage and vocally irreproachable. His wife Ortrud was soprano Christine Goerke, cynical and cunning, with an overwhelming vocal power and always in tune.

For me the big surprise of the night was the young soprano Jennifer Davis, who I did not know (a last minute substitute of Kristine Opolais). She has transmitted remarkable vulnerability and innocence, the figure helps a lot, but the voice is pure, clean and magnificent, with impressive power. Astonishing! Tenor Klaus Florian Vogt was a Lohengrin without surprise to me. Readers of this space know of my admiration for this singer who never disappoints. He has a clear tone, almost angelical, of sublime beauty and never fails any note. Even the herald, a very small role, was interpreted at the highest level by Kostas Smoriginas.

As wagner_fanatic wrote, perfection in opera is rare, but it does exist. It was what happened on this memorable night at the Royal Opera House!!

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