(review in English below)
Uma crítica a
esta produção do Lohengrin de Wagner na Royal Opera House de Londres que recomendo vivamente, foi já
publicada neste blogue aqui, pelo wagner_fanatic. Não tenho muito a acrescentar,
mas darei a minha opinião, pois vinha com as expectativas em alta e,
felizmente, não saíram frustradas.
A encenação de David Alden é excelente. Coloca a acção
no Séc. XX num país sob um regime militar. Os cenários, modulares, são
constituídos por paredes de tijolos inclinadas, com grandes aberturas e
corredores metálicos. Há militares armados em cena em grande parte do
espectáculo. No início do 3º acto aparece uma grande estátua branca encimada
por um cisne e, perto do final, muitas bandeiras vermelhas e brancas com o
cisne, muito à imagem das bandeiras nazis. O Lohengrin é o salvador esperado
pelo povo que, quando decide partir, instala-se o regime nazi-like.
Fotografia / Photo Clive Barda ROH
Fotografia / Photo Clive Barda ROH
Fotografia / Photo Clive Barda ROH
Fotografia / Photo Clive Barda ROH
A direcção
musical do maestro Andris Nelsons é
brilhante e as belas luzes da sala são deixadas quase apagadas, aumentando
progressivamente a iluminação à medida que a música se torna mais intensa,
voltando a diminuir a intensidade até se apagarem totalmente no final. Um
efeito magnífico, que se repetirá no último acto.
O Coro da Royal Opera teve uma
interpretação avassaladora em afinação, qualidade e conjugação perfeita de
vozes. Do melhor que alguma ouvi.
Quanto aos
solistas, uma constelação perfeita de cantores de primeiríssima água.
O Rei Heinrich
foi interpretado ao mais alto nível pelo baixo Georg Zeppenfeld que tem uma voz magnífica com um registo grave
imponente. O barítono Thomas J. Mayer
foi um Friedrich muito convincente em palco e vocalmente irrepreensível. A sua
mulher Ortrud foi interpretada pelo soprano Christine Goerke, cínica e astuta, com uma potencia vocal
avassaladora e sempre afinada.
Para mim a grande
surpresa da noite foi a jovem soprano Jennifer
Davis, que não conhecia (uma substituta de última hora de Kristine Opolais).
Transmitiu vulnerabilidade e inocência marcantes, a figura ajuda muito, mas a
voz é pura, limpa e magnífica, com um poderio impressionante. Um espanto! O
tenor Klaus Florian Vogt foi um
Lohengrin sem surpresa para mim. Os leitores deste espaço sabem da minha
admiração por este cantor que nunca desilude. Tem um timbre claro, quase
angelical, de uma beleza sublime e nunca falha qualquer nota. Até o arauto, um
papel muito pequeno, foi interpretado ao mais alto nível por Kostas Smoriginas.
Como escreveu o
wagner_fanatic, as perfeição em ópera é rara, mas existe. Foi o que aconteceu
nesta memorável noite na Royal Opera House!!
*****
LOHENGRIN,
Royal Opera House, London, June 2018
A review of
this production of Wagner's Lohengrin at the Royal Opera House in London, which I highly recommend, has already
been published on this blog here by wagner_fanatic. I do not have much to add,
but I will give my opinion because it was with high expectations that I came to
see it and fortunately they were not frustrated.
David Alden's production is excellent. He placed the
action in the 20th century in a country under a military regime. The scenarios,
modular, are constituted by inclined brick walls, with large openings and
metallic corridors. There are armed military men on the scene for much of the
show. At the beginning of the third act appears a large white statue surmounted
by a swan and, near the end, many red and white flags with the swan, much in the
image of the Nazi flags. Lohengrin is the leader and savior expected by the
people who, when he decides to leave, installs a Nazi-like regime.
The musical
direction of maestro Andris Nelsons is
brilliant and the beautiful lights of the room are left almost erased,
progressively increasing the illumination as the music becomes more intense,
returning to decrease the intensity until they turn off completely at the end
of the overture. A magnificent
effect, which will be repeated in the last act.
The Choir of the Royal Opera had an
overwhelming interpretation in tuning, quality and perfect conjugation of
voices. The best I ever heard.
As for the
soloists, a perfect constellation of top quality singers. King Heinrich was interpreted
at the highest level by bass Georg
Zeppenfeld who has a magnificent voice with an imposing bass record. Baritone
Thomas J. Mayer was a very
convincing Friedrich on stage and vocally irreproachable. His wife Ortrud was soprano
Christine Goerke, cynical and
cunning, with an overwhelming vocal power and always in tune.
For me the
big surprise of the night was the young soprano Jennifer Davis, who I did not know (a last minute substitute of
Kristine Opolais). She has transmitted remarkable vulnerability and innocence,
the figure helps a lot, but the voice is pure, clean and magnificent, with
impressive power. Astonishing! Tenor
Klaus Florian Vogt was a Lohengrin without surprise to me. Readers of this
space know of my admiration for this singer who never disappoints. He has a
clear tone, almost angelical, of sublime beauty and never fails any note. Even
the herald, a very small role, was interpreted at the highest level by Kostas Smoriginas.
As
wagner_fanatic wrote, perfection in opera is rare, but it does exist. It was
what happened on this memorable night at the Royal Opera House!!
*****
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