(review in English below)
A encenação da Madama Butterfly de Anthony Minghella
é, para mim, uma das mais belas encenações de opera a que assisti. Por isso,
sempre que tenho oportunidade, não perco a oportunidade de a rever. Foi o caso
desta vez na English National Opera
no Coliseu de Londres.
Aqui a encenação
é ainda mais bonita não só porque o palco é mais pequeno como também por
incluir pormenores que, por exemplo, não são contemplados na encenação de Nova
Iorque.
O maestro Martyn Brabbins teve uma boa direcção
da orquestra. O Coro esteve ao mais alto nível, sobretudo na abertura da
terceira parte, quando canta fora do palco.
Cio-Cio-San (Madama
Butterfly) foi superiormente cantada pela soprano galesa Natalya Romaniw. É um papel de grande exigência cénica e vocal e a
cantora este à altura de ambas. Tem uma voz versátil, de grande volume e agudos
seguros, muito adequada à personagem.
Também excelente
foi a Suzuki da mezzo Stéphanie
Windsor-Lewis, com um registo grave bonito e imponente.
O tenor Adam Smith fez um Pinkerton muito
aceitável, o timbre não é bonito mas não desafinou, embora por vezes tenha
cantado em esforço.
Os menos
impressionantes foram o barítono Roderick
Williams que fez um Sharpless (Consul Americano) desinteressante. A voz é
pequena e deixou-se afogar frequentemente pela orquestra.
Tanbém o Goro de Alisdair Elliott não impressionou.
Mas, graças à
dupla Puccini – Minghella, desde que a soprano e a orquestra estejam à altura,
assistimos a um espectáculo verdadeiramente deslumbrante.
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MADAMA
BUTTERFLY, English National Opera, March 2020
Anthony Minghella's production
of Puccini’s Madama Butterfly is, for me, one of the most beautiful opera
productions I have ever seen. So whenever I can, I don't miss the opportunity
to review. It was the case this time at the English National Opera in London's Coliseum.
Here the
staging is even more beautiful, because the stage is smaller, as it also
includes details that, for example, are not included in the New York staging.
Conductor Martyn Brabbins had a good direction of
the orchestra. The choir was at the highest level, especially at the opening of
the third part, when they sing offstage.
Cio-Cio-San
(Madama Butterfly) was superiorly sung by the Welsh soprano Natalya Romaniw. It is a role of great musical and vocal demand and the singer
performs at this level. She has a versatile voice, great volume and good top
register, very suitable for character.
Also
excellent was Suzuki, interpreted by mezzo Stéphanie
Windsor-Lewis, with a low impressive register.
Tenor Adam Smith was very acceptable as Pinkerton.
His timbre is not beautiful, but he sang in tune, although sometimes with
effort.
The least
impressive were baritone Roderick
Williams who was an uninteresting Sharpless (American Consul). The voice is
small and is often drowned by the orchestra. Alisdair Elliott's Goro did not impress as well.
But, thanks
to the duo Puccini - Minghella, whenever the soprano and the orchestra are
good, we watch a gorgeous show.
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