quinta-feira, 26 de outubro de 2017

AIDA, FESTIVAL DE SALZBURG, Agosto de 2017; SALZBURG FESTIVAL, August 2017


(review in English below)

Autor: De Moura MC, Lisboa

Era a produção mais esperada do Festival de 2017, pela estreia de Anna Netrebko no papel principal e pelo regresso do maestro Riccardo Muti numa opera maior de Verdi. Aida na história de Salzburg : trinta e sete anos de ausência. Herbert von Karajan dirigira, fulgurante,  em Agosto de 1980 com um elenco de renome;  Mirella Freni, José Carreras, Piero Cappuccilli e Ruggero Raimondi. A fasquia era muito elevada.

A encenação minimalista foi da conceituada fotógrafa e cineasta iraniana Shirin Neshat, mas sem experiencia da cena lírica. Belas imagens numa organização de espaço interessante, naïve, sem propor uma leitura profunda da opera. Christian Schmidt concebeu um cenário abstracto : grandioso cubo branco, num palco giratório, que é visto sobre todos os ângulos e cortado ao meio. Serve de átrio do palácio do Rei , de templo e de tumulo. Os vídeos são meramente ilustrativos:  plano da água do Nilo, aparições estáticas de faces de etíopes, grupos de refugiados? Estamos num Egipto antigo, no reino dos Faraós? Ou intemporal? Não há mensagem política ou de género, que seria de esperar conhecendo os trabalhos da artista em Nova Iorque, principalmente os vídeos e os filmes.



Na entrevista publicada no programa de sala , Neshat escreveu : “ I identify with Aida and her plight as a woman living in exile and share her suffering and nostalgia for homeland. … Generally I find that the women in Aida play the most important roles, beyond their femininity, they represent an idea of individuality “. Esta encenação austera não tem o impacto que certamente a artista pretendia.  “… At the end, the audience will have to keep in mind that this interpretation of “ Aida “ has to be treated as an experiment by a visual artist, filmmaker whose language is not opera, but is exploring a new art form “.

Os figurinos de Tatyana van Walsum são elegantes e de qualidade. Belo jogo de cores. Branco e negro no coro; Aida sempre vestida de azul claro. Etíope, escrava dos Egípcios, passa de um penteado afro sofisticado a uma cabeleira solta, uma linha branca na face sinal da lealdade á pátria. Para Amnéris, rival de Aida, as cores fortes , simbólicas: amarelo vivo (real), vermelho (ciúme) , branco (casamento) e no final de negro (morte de Radamés).

No I Acto, a 2º cena (a cena de Pthá), cerimónia religiosa em que Radamés vai ser iniciado pelo Sumo Sacerdote antes da guerra com os Etíopes, teve impacto com as sacerdotisas num bailado estranho trazendo a sacerdotisa principal uma espada. Nas encenações tradicionais este ritual é realizado por homens e o coro feminino canta fora de cena.

Verdi para satisfazer as exigências da “Grand-Ópera” francesa, concebeu um bailado espetacular e exótico no II Acto. Nesta encenação existe apenas um  bailado discreto de homens nus com crânios de touro, inquietantes, como que “espíritos” supernaturais. Não há a famosa Marcha triunfal. O estatismo dos actores foi acentuado. E roça o incrível numa opera que se associa com a grandiosidade e o espectacular. A encenação é o elo fraco desta produção, musicalmente superior. 

Anna Netrebko foi uma Aida sumptuosa e refinada. Timbre único, constelação de nuances,  agudos imponentes, magia dos pianíssimos (« O patria mia »). A meia voz belíssima impõe-se nos duetos com Amnéris. Domina facilmente os coros e a orquestra. Concebe uma Aida apaixonada e vulnerável, mais do que submissa.




Ekaterina Semenchuck é talvez a melhor Amneris do momento. A meio soprano russa revelou tonalidade luxuriante em ambos os extremos do registo vocal. Todo o II Acto é de alto nível, extraordinária na cena final, quando Radamès é condenado à morte por alta traição.  O tenor lírico Francesco Meli  foi um Radamés  exemplar, a famosa e difícil  “Celeste Aida”,  pouco subtil, decepcionou  O barítono Luca Salsi foi Amonastro, rei da Etiópia e pai de Aida, com uma interpretação superior tanto cénica como vocal. A cena com Netrebko no III Acto, foi um dos melhores momentos da noite. O baixo Toberto Tagliavini interpretou de forma algo rígida o Rei do Egipto. Dmitri Belosselski foi um sumptuoso Ramfis. Em papéis menores,  Bror Magnus Todenes foi um claro Mensageiro e Benedetta Torre uma excelente sacerdotisa principal. Marcou a bela cena de Ptah, com um colorido “ Possente, Possente Ftàh “. 

Riccardo Mutti, talvez o melhor maestro Verdiano do nosso tempo, conduziu de forma dinâmica e expressiva a magnifica orquestra de Viena. Consegue reunir os múltiplos elementos da grande opera e integra-los de forma superlativa. Conhecedor profundo da partitura realça os detalhes intimistas e encontra a violência nos momentos de explosão dramática. Muti ao seguir estritamente os tempos e as marcações de Verdi traz uma perspectiva intimista a uma opera que geralmente desliza para exagerados “clichés” pseudo-Egípcios. Destacam-se pela tensão e densidade sombria , os III e IV actos. Muti é o dono e senhor desta “Aida”. Na fossa os elementos da Filarmónica de Viena impressionam pela beleza sonora e o requinte. Coros esplendidos, magnificamente orientados pelo maestro Ernst Raffelsberger.  


Apesar das reservas sobre a encenação, foi uma Aida memorável e altamente recomendável. Não marcou este Festival de Salzburg que sob a nova direcção de Markus Hinterhauser, foi um dos mais estimulantes do últimos anos. Fez lembrar as primeiras temporadas de Gerard Mortier nos anos 1990. Netrebko  vai retomar o papel de “Aida” no próximo Festival de Salzburg em 2018, provavelmente sem Muti, e no MET em 2019 numa nova produção. 




AIDA, SALZBURG FESTIVAL, AUGUST 2017

Author: De Moura MC, Lisbon

The most awaited production of the 2017 Festival. The principal reason was the opportunity to hear Anna Netrebko take on the title role for the first time and also by the return of conductor Riccardo Muti in a major Verdi opera. The second “ Aida “ production in Salzburg history: 37 years of absence. Karajan conducted, superlative, the masterpiece of Verdi in August 1980 with a starry cast: Mirella Freni, José Carreras, Piero Cappuccilli e Ruggero Raimondi. The expectations were indeed very high.

The minimalist  staging was by the well known Iranian photograph and filmmaker Shirin Neshat, but without any lyric experience. Beautiful images, interesting space organization, naïve, but without a profound lecture of the opera. Christian Schmidt’s abstract set consisted of a giant white box cut into halves and revolving on a turntable. It served as the hall in the King´s palace, temple and grave. Simple video projections of Nile waters, static Ethiopian faces and groups of refugees? Set in ancient Egypt during the reign of the Pharaohs ? Or timeless? Without any message, political or of genre, that one would expect from previous works of the artist, mainly videos and films.

In an interview published in the Programme, Neshat wrote: “ I identify with Aida and her plight as a woman living in exile and share her suffering and nostalgia for homeland. … Generally I find that the women in Aida play the most important roles, beyond their femininity, they represent an idea of individuality “. This austere staging had not the significant impact that the artist had in mind.     “… At the end, the audience will have to keep in mind that this interpretation of “ Aida “ has to be treated as an experiment by a visual artist, filmmaker whose language is not opera, but is exploring a new art form “.

The costumes were by Tatyana van Walsum, elegant and classy. Nice play of colours. White and black for the chorus ; Aida had always a light blue dress. An Ethiopian slave she changes from an elaborate Afro hairpiece to let her hair down, a white stripe down her face indicating fidelity to the motherland. For Amneris, the selected colours were strong and symbolic: bright yellow (royal), red ( jealousy )  blue (revenge ) white ( marriage ) and in the end black ( death of Radames ). First Act, 2nd scene (the Ptha scene) a religious ceremony where Radames is initiated by the Chief Priest and blessed on the eve of battle, had scenic impact with a strange ballet that brings the High Priestess carrying a sword. Normally in the traditional Aida men perform this ritual and the female chorus always sing from off stage.

Verdi to oblige with the established rules for the French Grand-Opera created a spectacular and exotic ballet for the II Act, In this Aida staging there is a discreet ballet with naked men and bull´s masks, looking as supernatural spirits.

There is no place for the famous “Triumphal March “. The static actors are unbelievable in an opera that is associated with greatness and spectacular moments. Clearly the staging in this Aida production, otherwise musically superior, is the weak point.

Anna Netrebko was a sumptuous and refined Aida. Unique timbre, constellation of nuances, sustained high notes, magic pianissimi at the close of “O patria mia” . Her medium voice beautifully dominates her duets with Amneris. She imposes herself to the chorus and orchestra. Netrebko creates a passionate Aida vulnerable, not submissive. Ekaterina Semenchuk is most probably the best Amneris of the moment. The Russian mezzo-soprano sang a vocally hard-edged Amneris, with luxuriant tone at both extremes of her voice registry. During all the II Act she maintains a high level rising to anguished intensity in the finale when Radames was condemned to death for high treason. The lyrical tenor Francesco Meli was an exemplar Radames. The intimidating challenge of “ Celeste Aida “, less subtle, was deceptive. Baritone Luca Salsi was Amonasro, King of Ethiopia and Aida´s father, a superior interpretation both vocal and scenic. The duet with Aida in the III Act was one of the best moments of the night. Bass Roberto Tagliavini sounded a bit wooden as the King.  Dmitry Belosselskiy was a sumptuous Ramfis. In smaller roles,  Magnus Todenes sang a very clear Messenger and Benedetta Torre an excellent High Priestess,  the beautiful scene of Ptah, with a colourful “ Possente, Possente Ftàh “.
Riccardo Muti, today leading Verdi maestro, showed his dynamic and expressive conducting with the magnificent Vienna Philharmonic. He manages to unify the multiple elements of the great opera and integrates them in a superlative way. He knows in depth the score ,  enhances the intimate details and finds violence in the moments of dramatic explosion. By adhering to Verdi’s explicit tempo and markers, Muti brought an intimate perspective to an opera that’s usually swamped in overblown, pseudo-Egyptian clichés. The III and IV Act are distinguished by their tension and sombre density. Muti is the owner and master of this Aida.  Superb work from the chorus, thrilling directed by maestro Ernst Raffelsberger.


Despite reservations about this staging, an unforgettable and highly recommended Aida. This Aida was not a milestone of the Salzburg Festival, which under the new direction of Markus Hinterhaüser was one of the most stimulants of the last years. It reminded us the first seasons of the Gerard Mortier era of the 1990s. Anna Netrebko will return in the role in Aida next year at the 2018 Festival, most probably without Muti and again at the MET 2019 with a new production.

sábado, 21 de outubro de 2017

TURANDOT, Coliseu dos Recreios, Lisboa, Outubro 2017



A magnífica ópera Turandot de Puccini foi levada à cena no Coliseu dos Recreios em Lisboa. Há décadas que era hábito haver algumas récitas das óperas em cartaz no Teatro de São Carlos e récitas populares das mesmas óperas no Coliseu. Esse hábito perdeu-se e não se recuperou na abertura da presente temporada, ao contrário do que foi dito, porque a primeira ópera a ser apresentada teve apenas uma récita no Coliseu e nenhuma em São Carlos.

Foi uma experiência globalmente negativa para mim, com vários pontos que gostaria de partilhar.

Começou com algum atraso. A acústica não é boa e houve ao longo da primeira parte grande perturbação com a abertura frequente das portas dos camarotes que, não sendo ruidosa, permitia a entrada de luz na sala, o que perturbava muito.

A Orquestra Sinfónica Portuguesa ocupava a quase totalidade do palco e os cantores tinham apenas um pequeno espaço na parte mais avançada para se movimentarem. (Os coros estavam nas cadeiras laterais nos dois lados do palco).

A encenação de Annabel Arden e Joanna Parker, foi trazida da Opera North. Depois do que vi, fui procurar comentários a esta encenação e o que encontrei foi altamente elogioso. A minha opinião está no extremo oposto! Detestei, acho que esta ópera espectacular de Puccini, que já vi em produções fabulosas (como há poucos meses em Londres como referi aqui) foi assassinada nesta produção!

No palco havia apenas, a meio e sobre a orquestra, uma grande cadeira parcialmente coberta por um pano, e pouco mais. Passámos da China antiga para um local de zombies. Trajos cinzentos ou negros a condizer e nem faltou um esqueleto humano. Os cantores entravam e saíam praticamente sem movimentos cénicos (nem tinham espaço para os fazerem). O príncipe persa que é decapitado no primeiro acto é um membro do coro que despe a camisa e faz gestos a pedir clemência.



Enfim, um espectáculo para ver de olhos bem fechados! Teria sido melhor se apresentado em versão concerto.

A direcção musical, a cargo do maestro Domenico Longo, foi aceitável mas faltou-lhe alguma da energia que esta obra exige.

Felizmente que os cantores salvaram a récita. O Coro do Teatro Nacional de São Carlos esteve bem, melhor esteve o Coro Juvenil de Lisboa. Elisabete Matos, uma cantora que muito respeito, foi uma Turandot respeitável e sempre bem audível sobre a orquestra e coros. O tenor Rafael Rojas tem um timbre bonito e cantou o Calaf com qualidade. Dora Rodrigues interpretou bem a Liù mas nem sempre com a suavidade e doçura que a personagem requer. O Timur do baixo Stephen Richardson foi notável. Diogo Oliveira (excelente!) e Sérgio Sousa Martins impuseram-se como Ping e Pang e, num patamar imediatamente abaixo, esteve João Pedro Cabral como Pong. Carlos Guilherme e Manuel Rebelo cumpriram como Altum e mandarim.



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segunda-feira, 16 de outubro de 2017

LES CONTES D’HOFFMANN, METropolitan Opera, Outubro / October 2017

(review in English below)

Na Metropolitan Opera esteve novamente em cena a ópera Les Contes d’Hoffmann  de Jacques Hoffenbach.

A encenação de Bartlett Sher é vistosa e diversificada, mas irregular. O prólogo e o epílogo decorrem numa taberna alemã convencional. O primeiro acto, a história de Olympia, é o mais bem conseguido. Passa-se numa feira, na barraca de Spalanzani, onde a utilização de guarda-chuvas com olhos desenhados tem um efeito de grande impacto. O segundo acto é, teatralmente, decepcionante porque não há nada para ver. O palco está vazio e podia passar-se em Munique ou em qualquer outro local. Em contraste, o 3º acto é cenicamente exagerado, com uma mistura de prostitutas e outros figurantes exuberantemente vestidos (recuperando-se as referencias aos actos anteriores) numa Veneza com gôndolas.



 A direcção musical foi muito boa, pelo maestro Johannes Debus. 

O tenor italiano Vittorio Grigolo foi um Hoffmann de grande qualidade. Tem uma voz sempre bem audível, bonita e afinada em todos os registos. Em palco o cantor tem uma agilidade invulgar, que dá grande credibilidade à personagem.



A estreante mezzo irlandesa Tara Erraught interpretou a musa / Nicklausse com grande qualidade vocal e uma presença cénica algo estática, embora intercalada com partes muito boas, como aquela em que imitou a Olympia.



O baixo-barítono francês Laurent Naouri nos papéis diabólicos, Lindorf / Copéllius / Doctor Miracle e Dappertutto foi outro dos melhores intérpretes da noite. Tem um registo grave muito interessante, a voz é poderosa e de grande musicalidade. O cantor tem uma excelente figura o que o ajudou muito na prestação cénica.



A soprano norte-americana Erin Morley foi uma Olympia excelente. A voz é potente, afinada, muito maleável e perfeita para o papel. A prestação cénica foi também ao mais alto nível e a cantora foi a mais aplaudida da noite.



A Antonia e a Stella foram interpretadas pela soprano romena Anita Hartig. Foi outra grande intérprete. Tem um timbre muito agradável, sempre audível sobre a orquestra e de afinação perfeita. A cantora foi muito convincente na emotividade que colocou na interpretação.



A Giulietta foi cantada pela mezzo bielorrussa Oksana Volkova que cumpriu o papel sem encantar. A belíssima barcarola Belle nuit, ô nuit d’amour foi boa, mas há quem a cante bem melhor.



Nos papeis secundários cantaram Christophe Mortagne como Andrés, Cochenille, Frantz e Pitichinaccio, Mark Schowalter como Nathanael e Spalanzani, Robert Pomakov como Luther e Crespel, Olesya Petrova como mãe de Antónia e David Crawford como Hermann.

Um espectáculo de grande qualidade.







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LES CONTES D'HOFFMANN, METropolitan Opera, October 2017

Jacques Hoffenbach's opera Les Contes d'Hoffmann was once again in the season of the Metropolitan Opera.

Bartlett Sher's staging is colorful and diverse, but irregular. The prologue and the epilogue take place in a conventional German tavern. The first act, the Olympia story, is the most successful. It's at a fair in Spalanzani's tent, where the use of umbrellas with drawn eyes has a great impact. The second act is theatrically disappointing because there is nothing to see. The stage is empty and could be in Munich or anywhere else. In contrast, the third act is excessively populated, with a mixture of prostitutes and other exuberantly dressed extras (recalling references to previous acts) in a Venice with gondolas.

 Musical direction was very good, by the conductor Johannes Debus.

Italian tenor Vittorio Grigolo was a Hoffmann of top quality. He has a voice that is always well audible, beautiful and tuned in every register. On stage the singer has an unusual agility, helped by his handsome figure, which gives great credibility to the character.

Newcomer Irish mezzo Tara Erraught played the muse / Nicklausse with great vocal quality but a somewhat static stage presence, though interspersed with very good parts, such as the one in which she mimicked Olympia.

French bass-baritone Laurent Naouri in the diabolical roles, Lindorf / Copéllius / Doctor Miracle and Dappertutto was another of the best performers of the night. He has a very impressive bass register, the voice is powerful and of great musicality. The singer has also an excellent figure, which helped him a lot in the scenic performance.

American soprano Erin Morley was an excellent Olympia. The voice is powerful, tuned, very malleable and perfect for the paper. The stage performance was also at the highest level and the singer was the most applauded of the night.

Antonia and Stella were performed by Romanian soprano Anita Hartig. She was another great interpreter. She has a very pleasant tone, always audible over the orchestra and perfectly tunned. The singer was very convincing in the emotion she put into the performance.

Giulietta was sung by Belarusian mezzo Oksana Volkova who sang the role without enchanting. The beautiful barcarola Belle nuit, ô nuit d'amour was good, but there are other singers who sing it better.

In secondary sang Christophe Mortagne as Andrés, Cochenille, Frantz and Pitichinaccio, Mark Schowalter as Nathanael and Spalanzani, Robert Pomakov as Luther and Crespel, Olesya Petrova as Antonia's mother, and David Crawford as Hermann.

A performance of top quality.


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