(in English below)
A produção da Norma de V. Bellini na English
National Opera foi da responsabilidade de Christopher Alden.
A encenação é
muito má. A acção foi transportada para uma comunidade rural algures no século
passado e tudo se passa num palco rodeado de cadeiras de madeira e com um
grande tronco suspenso a meio, que sobe ou desce ao longo da acção. Tudo é
muito estático, os cantores são frequentemente colocados em posições muito
incómodas para o canto, sem qualquer interesse cénico. O Pollione e o Flavio
aparecem de cartola, como cobradores de impostos. O Oroveso, pai da Norma e os
filhos estão quase sempre presentes (mas apenas isso) num canto do palco. A
cena mais gratuita é no 3º acto, em que o Flavio é castrado pela Clotilde, com
uma foice. Para mim, uma encenação sem qualquer interesse.
O maestro Stephen Lord esteve bem e a orquestra
também, permitindo-nos desfrutar de toda a beleza musical da obra.
Já em relação aos
cantores, foi diferente. A Norma foi cantada pelo soprano australiano Katrina Sheppeard, uma substituição de
última hora. Teve uma boa presença em palco e vocalmente cumpriu com dignidade
este exigente papel. No final cantou mais em esforço, mas esteve bem.
Excelente foi a
Adalgisa do mezzo norte americano Jennifer
Holloway. Voz muito bonita, escura, afinada e poderosa. Em palco foi
exemplar.
O Pollione do
tenor britânico Peter Auty foi o ela
mais fraco. A encenação nada ajudou a parte cénica, mas a voz, apesar de bem
audível, era algo baça e pouco emotiva. Parecia que estava a cantar atrás de
uma parede.
Em papéis
menores, Valerie Reid como Clotilde
e James Creswell como Oroveso cumpriram
e contribuíram para o bom desempenho vocal da récita.
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NORMA, Englisn
National Opera, February 2016
The production
of V. Bellini's Norma at the English National
Opera was directed by Christopher
Alden.
The staging
was bad. The action was taken to a rural community somewhere in the last
century and everything happens on a stage surrounded by wooden chairs and a
large trunk suspended in the middle, which rises or falls along the action.
Everything is static, the singers are often placed in very uncomfortable
positions for singing, without any scenic interest. Pollione and Flavio appear
with top hats, as tax collectors. Oroveso, father of Norma, and the children
are almost always present (but no more than that) in a corner of the stage. The
most stupid scene is in act 3 when Flavio is castrated by Clotilde with a
sickle. For me, a staging without any interest.
Conductor Stephen Lord has been good and the
orchestra too, allowing us to enjoy all the musical beauty of the work.
In relation
to the singers, things were different. Norma was sung by Australian soprano Katrina Sheppeard, a last minute
replacement. She had a good stage presence and vocally fulfilled with dignity
this demanding role. At the end she sang more in effort, but she was good.
Excellent was
the American mezzo Jennifer Holloway
as Adalgisa. The voice was very beautiful, dark, refined and powerful. On stage
she was flawless.
British
tenor Peter Auty was Pollione, the weakest
among the soloists. The staging did not help him at all. The voice, though very
audible, was something dull and little emotional. It seemed that he was singing
behind a wall.
In smaller
roles, Valerie Reid as Clotilde and James Creswell as Oroveso contributed
to the good vocal performances.
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