Foi-me sugerido que fizesse um resumo da temporada 2009-2010. Atendendo a que comecei a colaborar com o blog apenas em Maio último, queria aproveitar esta oportunidade para tecer umas breves notas sobre alguns dos eventos a que tive oportunidade de assistir na anterior temporada, antes do mês de Maio.
Salientaria três momentos, quanto a mim, marcantes.
Em primeiro lugar, a "Ariadne auf Naxos" de Richard Strauss em Dezembro de 2009, na Wiener Staatsoper, com Edita Gruberova como Zerbinetta. Foi precisamente nesta sala que, há quase 40 anos Edita Gruberova cantou pela primeira vez este papel, que a projectou para uma carreira internacional absolutamente ímpar e plena de sucesso. Gruberova, considerada por muitos como a melhor Zerbinetta de sempre, atingiu em Dezembro de 2009 a récita número 100 de "Ariadne auf Naxos". Esta foi, portanto, a centésima vez que Edita interpretou Zerbinetta. Foi impressionante a energia, a comicidade, a jovialidade com que a Gruberova interpretou este dificílimo papel. Aos 63 anos, Edita fez uma Zerbinetta absolutamente inigualável cantando, como sempre, a versão mais difícil da longa ária em que tem de emitir sobreagudos que são inatingíveis para a generalidade dos sopranos (a dada altura a cantora tem, por exemplo, de atacar, subitamente, um fá sobreagudo em fortissimo, o que constitui quase um milagre, sobretudo para uma cantora já sexagenária). O público que enchia a Ópera de Viena, como seria de esperar, delirou.
Em tudo, Edita foi perfeita, não só no canto, mas também na interpretação do papel, na gestualidade, na atitude, nos movimentos em palco. Seguramente, não existe outra cantora que domine e conheça tão bem o papel de Zerbinetta, como Edita Gruberova, que já interpreta Zerbinetta há cerca de quatro décadas, tendo trabalhado este papel pela primeira vez com o legendário maestro Karl Böhm. Nesta récita, o papel de Ariadne esteve a cargo de Adrianne Pieczonka.
Poucos dias após esta récita, Edita Gruberova deslocou-se a Paris para um concerto com árias de ópera no Théatre des Champs-Elysées. Este concerto constitui o segundo evento que queria destacar. Edita já não se apresentava em Paris havia mais de 15 anos, pelo que o seu regresso à capital francesa foi uma ocasião que mereceu um enorme destaque nos meios de comunicação social nacionais. Os leitores terão, porventura, alguma dificuldade em imaginar a emoção e o entusiasmo que Edita provocou no público parisiense. O público gritava incessantemente "Brava!", "Merci!". Todo o teatro se pôs várias vezes de pé para aplaudir Edita.
A cantora iniciou o concerto com a dificílima ária Martem aller arten da ópera "O Rapto do Serralho" de Mozart. Somente uma cantora muito experiente e segura se atreveria a iniciar um concerto com uma ária tão difícil. Mal Edita terminou a sua primeira intervenção, o público entrou em autêntico delírio. Seguiram-se as cenas da loucura de "Lucia di Lammermoor". Aqui, todo o públicou se colocou subitamente de pé para aplaudir. Com efeito, Edita Gruberova cantou as árias de Lucia com uma expressividade quase mágica e verdadeiramente comovente, aliada a um timbre cristalino e a uma coloratura irrepreensível. Cantou ainda outras árias de Bellini e Donizetti, incluindo a impressionante cena final de Roberto Devereux. Os números extra-programa sucederam-se, mas ninguém abandonava a sala e todos continuavam a aplaudir vigorosamente, pelo que Edita acabou por ter de repetir o último extra. Alguém do público aproximou-se do palco e ofereceu a Edita uma placa, idêntica às que nomeiam as ruas de Paris, com a inscrição: "Avenue Edita Gruberova".
No final, estava programada uma sessão de autógrafos e atrevo-me a afirmar que não houve ninguem do público que tivesse saído sem esperar pelo autógrafo de Edita. O público acumulava-se ao longo dos corredores e ao longo das escadas. Uma autêntica multidão preenchia os espaços "públicos" do teatro. Mal Edita aparece, o teatro estremeceu com as fortes ovações e os gritos do público: ao longo das escadas e corredores toda a gente aplaudia, as pessoas debruçavam-se do cimo das escadarias para verem Edita, empunhavam telemóveis e máquinas fotográficas para captarem aqueles momentos. Foi como se a sala de concertos se tivesse transferido para as escadas, para os corredores, para o Foyer. O vigor e a densidade dos aplausos que Edita recebeu no exterior foram iguais àqueles que tinha recebido no interior da sala, porque literalmente todo o público esperou por Edita. Lá fora, nevava intensamente, mas dentro do teatro vivia-se um intenso calor humano e uma grande emoção. Este concerto foi merecedor de grande destaque na principal imprensa francesa, nomeadamente no Le Figaro.
No mês seguinte, em Janeiro de 2010, Edita deslocou-se novamente a Viena para fazer Elvira na ópera "I Puritani" de Bellini. A récita a que tive oportunidade de assistir, coincidiu com o dia em que se celebravam os 40 anos da estreia de Edita Gruberova no palco da Wiener Staatsoper. Várias cadeias de televisão estavam presentes e o acontecimento teve grande destaque em várias estações televisivas europeias, sobretudo na Alemanha e Áustria. Como sempre, Gruberova foi perfeita. No final do primeiro acto, quando Elvira recebe a notícia de que o seu noivo havia partido, e se inicia o seu processo de loucura, Gruberova foi admirável. Os seus agudos em pianissimo foram inacreditáveis. Parecia que estávamos a ser transportados para uma outra dimensão, onde os sons mais inacreditáveis podem ser produzidos. Seguiu-se uma ovação em cena tão intensa e prolongada, que as lágrimas acabaram por chegar aos olhos de Edita, que levou as mãos ao peito em sinal de gratidão. Outro dos grande momentos de Edita Gruberova nesta ópera, foi quando cantou "Vien diletto in ciel la luna". A ovação em cena que se seguiu parecia não ter fim.
No final, algumas pessoas penduraram um cartaz dum camarote junto ao palco, citando uma das passagens cantadas por Edita nesta ópera - "Qui la voce tua soave" - como forma de homenageá-la.
Não quis deixar de partilhar com os leitores estes momentos que marcaram o início da temporada 2009-2010, acerca dos quais ainda não me havia pronunciado.
Apesar de na foto da fachada da Ópera de Paris, Bastille, estar patente um poster promocional de Eugene Onegin, foi um prometedor “O Holandês Voador” ou “O Navio Fantasma” que me fez ir a Paris. Juntos, 3 cantores wagnerianos de luxo: James Morris, Klaus Florian Vogt e o grande Matti Salminen, servindo de padrinhos à estreia de Adrianne Pieckzonca nesta casa de ópera e no papel de Senta.
Posso dizer que a noite só começou a tomar o rumo de uma noite wagneriana memorável depois do monólogo (“Der Frist ist um”) do Holandês… Analisemos então.
A encenação de Willy Decker é particularmente interessante e dramaticamente coesa, culminando num final altamente dramático fazendo com que, sinceramente e pela primeira vez, sentisse, numa ópera de Wagner, aquela sensação no peito de quem sente que vai ter de começar a chorar.
Habitualmente, esta ópera é interpretada sem interrupção, pelo que o cenário se manteve sempre como o que podem observar na imagem seguinte (perdoem os elementos intervenientes no agradecimento final… isso foi mais para a frente…).
Um quadro com um Mar revoltado e um Navio (o do Holandês) e à direita uma imponente porta de madeira.
O final da abertura deixa ver diante do quadro, Senta mirando intensamente um outro pequeno quadro que guarda na mão (o do Holandês).
Os marinheiros e Daland entram pela porta de madeira e 3 cordas de navio servem para prender o suposto navio de Daland “a terra” no extremo oposto do palco. Através da porta vêm-se ondas personificadas em lençóis com ar contínuo por baixo, imitando ondulação.
Após a balada do homem do leme, todos se deixam dormir no chão do palco. A entrada do Holandês torna o quadro grande em tons de vermelho e o monólogo é feito em palco, por vezes com o Holandês passando entre as referidas cordas suspensas.
No final do monólogo, o Holandês permanece virado para o palco no extremo do mesmo onde as cordas estão presas e tanto Daland como os marinheiros se afastam em receio quando este se volta e deixa transparecer um aspecto pálido. Findado o acordo entre os dois capitães, com um colar de pérolas misturado com outros adornos dourados à mistura como exemplo dos tesouros do Navio Fantasma, Daland oferece uma foto de Senta ao Holandês fazendo aqueles gestos com as mãos de como quem diz “até nem é má parecida…”. Enquanto o Holandês segura essa foto e se dirige para a porta de madeira, à frente do quadro grande esta Senta com a sua foto, virada em sentido oposto – a meu ver, um ponto cénico magnífico.
A transição para o segundo acto é feita com a entrada das mulheres dos marinheiros com cadeiras de madeira banais e sentando-se todas em círculo com um grande lençol que vão depois cosendo à mão com agulha e linha, sob a presença de Mary. Senta sempre com a foto do Holandês. A balada decorre sem pontos particulares. O diálogo com Erik torna-se interessante quando este tenta, com a sua faca de caçador, destruir o quadro com a foto do Holandês, arrancado das mãos de Senta. Ao cruzar os seus olhos com o do Holandês não consegue fazer e a mão cai, síncrona com acorde da Orquestra, e novo acorde síncrono com o deixar cair do quadro no chão – cenicamente perfeito.
A chegada do Holandês e Daland a casa deste inicia-se com a porta de madeira entreaberta, permitindo ver a sombra do perfil do Holandês na parede, e Daland que chega do lado do quadro grande. O diálogo entre Senta e o Holandês, ambos com as fotos, é eficaz e termina num abraço de ambos, desta vez apenas milimetricamente atrasado em relação ao ensemble da Orquestra.
A transição para o 3º acto passa por Mary ver ambos abraçados, pegar no quadro do Holandês e ver que é realmente ele que ali está, deixando cair o quadro aterrorizada. O música que antecede o coro dos marinheiros inicia-se, estes entram com cadeiras e mesas de madeira que dipõem em fila única.
Senta e o Holandês sentam-se, seguidos de Erik que, ao sentar-se, bate com as mãos em desaprovação ao ritmo do “Steuermann laβ die Wacht…”. O Holandês levanta-se e dirige-se para a porta de madeira após fazer um duelo com Erik através do olhar. Erik agarra de novo o seu punhal e tenta atingir o Holandês pelas costas mas rapidamente se acobarda ao ver um olhar por cima do ombro do capitão fantasma. Acaba por apunhalar a mesa e ficar em desespero. Os marinheiros, durante o seu coro, acabam por provocar Erik, inclusivamente chegando a bater-lhe com uns socos no abdómen. Os marinheiros do Navio Fantasma aparecem como sombras simples móveis no quadro grande de novo com iluminação vermelha.
O final foi convincentemente dramático. O Holandês acaba por sair pela porta de madeira, todos fecham a mesma para evitar que Senta o siga e cumpra o seu destino. Ela então agarra a faca de Erik previamente espetada na mesa de madeira e comete suicídio. Em agonia, estende a mão e tenta chegar à foto do Holandês que repousa no chão, não o conseguindo, enquanto todos saem de cena desolados.
A abertura foi muito bem interpretada pela Orquestra residente sob a direcção de Peter Schneider. Apenas realço menos positivamente, o facto de ter optado por não acentuar os 4 primeiros acordes do tema da Redenção (ver em baixo) com retardandos, e me ter parecido demasiado rápido a escolha do tempo para o final da mesma. Mas o fosso parecia uma autêntica tempestade num qualquer Mar do Norte como manda a história. A percussão (timbales) simplesmente surpreendente. Excelente durante toda a récita embora ache que teria aumentado o dramatismo se tivesse prolongado durante mais tempo (e não fazê-lo por apenas cerca de 1 segundo) o silêncio, correspondente à ausência de resposta, quando os marinheiros (e as respectivas esposas) chamam pelos colegas de profissão do Navio Fantasma. Mas, são opções, e o Maestro não sou eu…
A entrada de Matti Salminen como Daland foi fraca. Algo rouco cheguei a pensar que a ideia que tinha deste Mestre se havia esbatido com o tempo e que restava agora apenas uma leve sombra do mesmo. Ouvindo-se apenas ao longe um ténue grave no final de frase, a minha insegurança manteve-se. Assim que terminou esta passagem e se voltou para o cenário, foi audível um “limpar de garganta” que mudou completamente a sua voz. Apareceu o Salminen que eu conheço e esperava, para me encher as medidas nesta minha primeira oportunidade de o ver e ouvir ao vivo. Aquela voz que caracterizo como que vinda do fundo da nuca, ressoando num timbre tão característico dele. Fantástico. Esteve particularmente, quer cénica quer musicalmente, na cena em que apresenta o Holandês a Senta.
James Morris como o Holandês também teve uma entrada pouco impressionante. E que entrada têm esta personagem!… Começa logo com uma das passagens mais emblemáticas desta ópera – “Der Frist ist Um”. Claramente preservando a voz, com tentativas pouco conseguidas de colocar algum dramatismo naquilo que cantava, com maneirismos dramáticos de corpo igualmente pobres, e provocando-me um ou outro curto-circuitos desafinantes nos meus neurónios auditivos na passagem do monólogo em a orquestra pouco suporta a voz, a sua interpretação causou-me novo calafrio após o que tive com Salminen e a ver que a aposta na vinda a este Holandês não tinha sido inteligente. Mas… revelação e crescendo magnífico após este monólogo. O diálogo com Daland e Senta foi vocalmente forte e credível. O final foi com voz à Morris, aliando uma capacidade interpretativa corporal completamente oposta ao do monólogo. Fantástico, juntamente com prestação exemplar de todos os outros.
Klaus Florian Vogt é simplesmente soberbo. Voz de timbre tão claro e de beleza tão profunda! Parece um autêntico menino de coro! Em contraste com excertos de interpretações prévias que havia visto em vídeo e a partir das quais criei uma ideia de que não era muito bom actor, aqui esteve à altura do papel e foi uma excelente surpresa neste aspecto.
Adrianne Pieczonka foi Senta na sua primeira produção e pela primeira vez em Paris, indo cantar este papel em Fevereiro em Viena. Só a tinha ouvido como Amelia Grimaldi na transmissão do Simão Boccanegra do Met com Plácido Domingo e tinha ficado com muito boa impressão da voz. Foi uma Senta simplesmente fenomenal!! Grande capacidade interpretativa do ponto de vista cénico – o modo como deixa cair o colar de pérolas que Daland lhe põe na mão quando lhe apresenta o Holandês (braço para trás e olhar no chão para a frente) diz tudo – não é pelo dinheiro que aceitará o Holandês, é por Amor, é pela Redenção. Em nada transparecendo vaidade ou superioridade na sua entrega. Vocalmente perfeita: dinâmica fantástica, agudos seguros e sobre a Orquestra, e o sentimento na voz sempre presente. Fiquei com vontade de a ouvir a fazer de Sieglinde e Isolda.
Marie-Ange Todorovich foi uma Mary irrepreensível e Bernard Richter um Steuermann à altura.
Em resumo, assistiu-se a um Der Fliegende Holländer em crescendo, culminando num final profundamente dramático. Cenicamente perfeito desde o início, musicalmente fantástico após o monólogo do Holandês, um elenco perito em Wagner e excelentemente escolhido (a idade de cada um dos interpretes esteve adaptada à personagem que interpretaram), adivinham uma grande temporada operática 2010 – 2011.
Der Fliegende Holländer - Paris Opera, Bastille - September 24, 2010
(Please find below the opera review in my best English or should I say… “Portenglish”? I am sorry but it is the best I can...)
Although the photo of the Paris Opera, Bastille, shows a promotional poster about Eugene Onegin, it was a promising Der Fliegende Hollander that made me go to Paris. Three luxury Wagnerian singers: James Morris, Klaus Florian Vogt, and Matti Salminen were the godparents of Adrianne Pieckzonca at her premiere in this Opera House and in the role of Senta.
I can only say that the night began not quite well but moving toward a memorable one after the Hollander´s monologue ("Der Frist ist um”).
The staging by Willy Decker is particularly interesting and dramatically cohesive, culminating in a perfect dramatic ending, leaving me moved to tears.
Usually, this opera is played without interruption, so the scenario was always as you can see in the following picture (this is a curtain call picture so, please try to imagine the sets without the singers for a moment).
A painting of a revolting sea with a ship (the Dutchman's ship) in the center, along with an imposing wooden door.
The end of the Ouverture reveals Senta with a painting of the Dutchman´s in her hands.
The sailors and Daland enter through the wooden door and three ship ropes hold the ship to the set at the other end of the stage. Through the door you could see sheets with continuous air underneath, giving the impression of waves.
After the Steuerman´s ballade, everyone falls asleep on the floor of the stage. The Dutchman´s ship arrival is created by shades of red over the painting and the monologue is done on stage, sometimes with the Dutch going between those suspended ropes.
At the end of the monologue, the Dutchman remains facing the audience where the ropes are attached and both Daland as sailors move away in fear when he turns his face to them and reveals a pale appearance.
After the agreement between the two captains, with a pearl necklace with mixed gold (an example of the treasures of the Flying Dutchman), Daland offers a picture of Senta to the Dutchman, doing those gestures with his hands as if to say "she is not bad at all…”.
While the Dutchman holds this picture and walks to end the stage by the wooden door, in front of the picture, Senta shows up again, opposed to the Dutchman, with his photo in her hand - in my point of view, a fantastic scenic / dramatic moment.
The transition to the second act is done with the entry of the sailors´ wifes, bringing wooden chairs and all sitting in a circle with a large sheet which they sew by hand, in the presence of Mary. Senta keeps her hands in the picture of the Dutchman.
The ballad is sung without any particular remarks.
The dialogue with Erik becomes interesting when he tries, with his hunting knife, to destroy the the photo of the Dutchman, snatched from the hands of Senta.
When he crosses eyes with the Dutchman photo he cannot procede with his quest. His hand falls synchronously with the orchestra chord, and a new synchronous chord is heard with the dropping of the picture on the floor - scenically perfect.
The arrival of the Dutchman and Daland starts with the wooden door slightly open, allowing the shadow of the Dutchmann to be seen on the wall. Daland arrives from the side of the big picture with the revolting sea and a ship. The dialogue between Senta and the Dutch, both with each other photos in their hands, ends with an almost synchronous hug with the orchestra ensemble.
The transition to the 3rd act finds Mary comparing the face of the Dutchman and the man on the picture, seeing that they are the same person. Horrified, she drops the picture on the floor. The sailors enter with wooden chairs and tables. Senta and the Dutchman sit, followed by Erik who claps his hands, in disagreement, on the table, in the rhythm of "Steuermann laβ die Wacht...." The Dutchman gets up and walks to the wooden door after making an eye duel with Erik. Erik grabs his knife again and tries to hit the Dutchman in the back but he loses his courage when the Dutchman looks to him over his shoulder.Erik ends up stabbing the table and getting desperate. The sailors during their chorus, come to provoke Erik, and they even hit him with some punches on the stomach. The sailors of the Phantom Ship appear as mere shadows moving in the big picture again with red lighting.
The final was convincingly dramatic. The Dutchman leaves the set by the wooden door. This is closed by all the others, avoiding Senta´s departure. She then grabs the knife stuck in the wooden table and commits suicide. In agony, she unsuccessfully tries to reach the photo of the Dutchman which lays on the floor.
The Ouverture was very well performed by the resident Orchestra, under the direction of Peter Schneider. I only found less brilliant the fact that he did not made a retardando on the the first 4 chords of the theme of Redemption and the pacing at the end was too much accelerated. But a perfect and quite real storm came from the timbales at the Orchestra pit. During the performance, both the Orchestra and the Conductor were excellent, though I think he could have increased the drama by extending the silence time corresponding to the absence of response from the sailors of the Phantom Ship. But this was his option, and I am not a Maestro…
The entry of Matti Salminen as Daland was weak. A slight hoarsed voice made me fear that he was no longer the singer I knew from so many CD and DVD recordings. But after clearing his voice the true Salminen showed his powerful voice and interpretation. That voice, which I always imagine as coming from the back of the head, and that is his singing mark, remains superb. Fantastic!! HE was particularly well when he introduced Senta to the Dutchman.
James Morris as the Dutchman also had a rather impressive entrance. He clearly preserved the voice in the monologue. The absence of drama in his voice, and his scenic movements were almost never convincing. This monologue, along with the previous entrance of Salminen made me think that my choice had not been very intelligent. But what a positive evolution after the monologue…The dialogues with Senta and Daland was vocally strong and credible. At the end, we heard his voice at its most perfect tone combining an impressive interpretative capacity, quite different from the monologue.
Klaus Florian Vogt is simply superb! His voice is so clear and so profoundly beautiful! My opinion that he was not a very good actor (example from the Lohengrin performance in Baden-Baden) was changed with this performance.
Adrianne Pieczonka was an outstanding Senta in her role debut. She will sing this part in Vienna in February, also with Schneider conducting. I only knew her voice from the Simon Boccanegra transmission of the Met with Placido Domingo and I was already very touched by its qualities. A fantastic actress - the way she drops the pearl necklace that Daland puts in her hand when he introduces her to the Dutchman (arm to the back and eyes forward, gazing the floor) says it all – she accepts the Dutchman not because of money, but because of love, for the redemption. There is no sign of superiority in her deliverance. Vocally perfect: great dynamics, dramatic sound, strong high notes, over the Orchestra sound. I felt like wanting to listen to her as Sieglinde and Isolde.
Marie-Ange Todorovich was a perfect Mary and Bernard Richter a very good Steuermann.
In summary, there was a crescendo in this Der Fliegende Holländer, culminating in a profound dramatic ending. The sets were perfect from the start, the interpretation fantastic after the Dutchman's monologue, and the cast of Wagner experts was superb (the age of each of the singers matched the role they were impersonating.
I believe this was the start of a great operatic season 2010 – 2011.
Cosi fan tutte, ossiala scuola degli amanti (Assim fazem todas ou A escola dos amantes) de W.A. Mozart é uma ópera em dois actos com libretto de Lorenzo da Ponte.
Uma história simples sobre a infidelidade feminina, na qual dois jovens oficiais, Ferrando e Guglielmo, apostam com o seu velho amigo Don Alfonso que as suas noivas, as irmãs Fiordiligi e Dorabella que se mostram muito apaixonadas por eles, nunca lhes seriam infiéis. Dizem que vão ser mobilizados e reaparecem disfarçados de albaneses, sendo introduzidos na casa das duas irmãs com a ajuda da criada Despina, paga por Don Alfonso. Não são reconhecidos e cada um acaba por conquistar a irmã noiva do outro. Quando estão prestes a concretizar um casamento falso Don Alfonso confirma que assim fazem todas (Così fan tutte), a encenação é desmascarada e tudo termina em reconciliação.
Com esta história Mozart compõe uma das suas óperas mais geniais, em que a música é de uma subtileza, tonalidade e harmonia supremas. Embora cada um dos seis principais cantores tenha uma aria em cada acto, são os ensembles (duetos, trios, quartetos, quintetos, sextetos) que dominam e mais impressionam, pois incluem muitos dos mais belos escritos pelo compositor. Por isso, a obra obriga a um conjunto de intérpretes muito equilibrado e de qualidade para que consigam cantar harmoniosamente em conjunto mas, simultaneamente, criar as suas personagens individuais.
Foi um dos dias (pouco frequentes) em que o Grande Auditório da Gulbenkian estava aberto e se viam os jardins exteriores, o que causa sempre um impacto muito agradável e, sobretudo, quando se vai assistindo ao cair da noite com o passar constante das aves, desta vez temperado por um período em que a chuva deu uma beleza adicional ao cenário natural.
O maestro belga René Jacobs dirigiu magistralmente a Freiburger Barockorchester, os solistas e o Coro Gulbenkian (em versão reduzida), impondo os tempi perfeitos e imprimindo algum intimismo à obra. Os instrumentos da época deram um perfume adicional à interpretação, mas a orquestra foi excepcional, do melhor que se tem ouvido na Gulbenkian.
(René Jacobs)
Embora cantada em versão concerto, esta foi parcialmente encenada, com um resultado surpreendente. Não fora a orquestra estar no palco e quase assistíamos a uma versão encenada! Os solistas eram maioritariamente jovens, com figuras muito adaptadas aos papéis que interpretavam e com excelente mobilidade em palco. A transformação dos dois oficiais em albaneses, tirando os casacos e pondo uns óculos escuros e um lenço ao pescoço foi muito bem conseguida, como também o foi a forma como Despina se apresentou ao longo de toda a récita.
Em relação aos cantores, apesar de nenhum dos seis ter uma voz de excepção, a harmonia, equilíbrio e frescura da sua actuação conjunta foi um dos grandes trunfos do espectáculo.
O soprano búlgaro Alexandrina Pendatchanska foi uma Fiordiligi de voz firme, bem no registo mais grave mas com agudos por vezes agressivos e pouco melodiosos. Na ária do 2º Acto “Per pietà, bem mio perdonna…” revelou algumas dificuldades, talvez por cansaço vocal, mas em todas as restantes intervenções esteve mais regular. Pelo contrário, foi emocionante no trio “Soave sia il vento” entre as duas irmãs e Don Alfonso no primeiro acto, mas emoção foi o que não faltou ao longo de toda a récita.
O mezzo suiço Marie-Claude Chappuis foi muito convincente como Dorabella. Possuidora de uma de voz de timbre muito agradável, pouco escuro e de grande beleza, foi capaz de transmitir sentimento em cada intervenção.
Sunhae Im, soprano ligeiro sul coreano, foi uma Despina notável, com presença marcante. A voz é muito aguda e “fina”, a coloratura não muito impressionante, mas um timbre muito próprio que não passa despercebido. Contudo foi, de entre as cantoras, a melhor em palco.
O jovem tenor norueguês Magnus Staveland, de voz agradável e fresca mas talvez a menos impressionante das masculinas, foi um Ferrando simpático e divertido.
Johannes Weisser, outro jovem norueguês fez um Guglielmo de nível superior, oferecendo-nos o seu notório e belo barítono sempre que cantou.
Don Alfonso foi interpretado pelo baixo argentino Marcos Fink que, a exemplo dos restantes cantores, nos deu uma interpretação de alto nível que muito ajudou ao sucesso da noite. Foi a melhor presença masculina em palco.
Apesar de em versão concerto, tivemos oportunidade de assistir a um espectáculo operático verdadeiramente excepcional, como a Gulbenkian ocasionalmente nos proporciona e, nos tempos que correm, apenas a Gulbenkian nos oferece, no País, este nível de qualidade. *****
(Imagem do livro da temporada Gulbenkian Música 10/11)
A Fundação Gulbenkian foi, há poucos dias, palco duma ópera composta por John Adams para a celebração dos 250 do nascimento de Mozart, que ocorreu em 2006.
Apesar de ter como inspiração essencial a Flauta Mágica (no que concerne aos fundamentos ascéticos da obra e ao facto de se verificar uma evolução espiritual em dois intervenientes principais que se amam), esta ópera baseia-se numa lenda indiana.
Tratou-se duma versão semi-encenada, em que todos os cantores e coralistas envergavam trajes indianos. O encenador recorreu também a alguns elementos cénicos simples, tais como uma estrutura branca em forma de árvore, duas bilhas de barro e um cajado de madeira. Estes elementos, aliados à utilização das luzes e à projecção de algumas imagens, foram suficientes para transmitir o enredo, que ia sendo explicado por um narrador (o barítono Job Tomé).
A direcção esteve a cargo da maestrina Joana Carneiro, que demonstrou uma vez mais o seu talento já reconhecido internacionalmente. Do mesmo modo, o coro da Gulbenkian teve um desempenho bastante intenso, tendo contribuído para a evocação dos momentos de maior dramatismo da obra. Em "A Flowering Tree", o coro desempenha, com efeito, um papel preponderante.
Os 3 cantores solistas - Ana Maria Pinto, Noah Stewart e Job Tomé - tiveram um desempenho correcto. Na verdade, este espectáculo valeu essencialmente pelo seu significado, não tendo constituído aquilo a que poderíamos chamar um momento operático, isto é, uma ocasião propícia para os cantores poderem brilhar ou exibir talentos vocais mais ou menos valiosos.
Apenas queria lamentar o facto de se ter utilizado amplificação de som, com recurso a microfones e a altifalantes. Numa sala relativamente pequena e com boas condições acústicas, como era o caso, pareceu-me despropositada a utilização destes meios, que tendem a desvirtuar a pureza que é requerida na transmissão e na percepção dos sons produzidos pelas vozes e pelos instrumentos. Aliás, a amplificação de som também não contribui para uma correcta apreciação do desempenho dos cantores.
Globalmente, pode afirmar-se que foi um espectáculo bem conseguido e que nos permitiu ficar a conhecer uma obra contemporânea que teve o objectivo primordial de celebrar Mozart.
Finalmente foi tornada pública a Temporada Lírica 2010-2011 do Teatro Nacional de São Carlos.
Também se conhecem a Temporada Sinfónica, Bailado e Outras Iniciativas, mas abordarei apenas a temporada lírica.
Conta com 10 óperas, das quais apenas conheço cinco. Quero esquecer o período Dammann mas admito que ainda transborde para esta temporada algum do seu (mau) legado. Vou, contudo, dar o benefício da dúvida ao maestro Martin André, actual director artístico.
Aspectos positivos:
- A presença de muitos cantores portugueses em papeis de relevo em diversas óperas. Finalmente parece perder-se o preconceito de que os cantores estrangeiros (sejam eles quais forem) são melhores do que os nacionais, situação que foi totalmente negada nas passadas temporadas em que tivemos estrangeiros de má ou péssima qualidade (alguns ainda presentes em 2010-2011!). Há, de facto, cantores estrangeiros excelentes, mas não foram esses os trazidos ao São Carlos. É essencial dar oportunidades aos portugueses no principal palco de ópera nacional para que o público amante da lírica os possa apreciar convenientemente.
- O conceito “Contar uma Ópera”, se eficaz, poderá ser muito interessante. Serão duas as escolhidas – Cavalleria Rusticana e Gianni Schicchi.
- A apresentação de ópera para famílias e escolas – Hansel und Gretel.
- A direcção musical do próprio Director Artístico, Maestro Martin André, de três óperas – CavalleriaRusticana, Gianni Schicchi e Blue Monday.
- A possibilidade de apreciar de novo José Fardilha, Jorge Vaz de Carvalho e, sobretudo, Dagmar Peckova.
Aspectos negativos:
- Uma temporada com poucas óperas dirigidas ao grande público, aquelas que, em minha opinião, poderão cativar novos espectadores para a ópera. (Apenas a Carmen está neste meu grupo). No que respeita a este importante aspecto a temporada é muito muito pobre.
- A falta de Mozart, Bellini, Donizetti, Rossini, Verdi, Wagner, para só referir alguns dos “imprescindíveis”.
- A presença contínua de cantores estrangeiros que já demonstraram não estar à altura das personagens que lhes foram atribuídas (Chelsey Schill, Leandro Fischetti, Musa Nkuna).
- A ausência, novamente, de Elisabete Matos.
Aspectos “de risco”:
- A apresentação de óperas pouco conhecidas ou em estreia. Abre-nos a possibilidade de ver coisas novas, o que é bom, mas pode ser um risco se for mau, sobretudo quando em número tão elevado numa só temporada, como é o caso.
Devo confessar que temo o pior!
As óperas anunciadas são:
- Dona Branca (Keil) em Setembro (29) e Outubro (1, 3 e 5). Transitou da temporada anterior. Aguardo com expectativa, apesar de em versão concerto.
- Cavalleria Rusticana (Mascagni) em Novembro (3, 4, 6 e 7). Também em versão concerto.
- Hansel und Gretel (Humperdinck) em Novembro (20, 21, 23, 24, 26, 27, 28 e 30) e Dezembro (2 e 4). No Teatro Camões.
- Paint me (Luís Tinoco) em Dezembro (17 e 18). Na Culturgest.
- Kátià Kabanová (Janácek) em Janeiro (8, 10, 12, 14, 16 e 18). Dirigida por Júlia Jones, poderá ser um dos melhores espectáculos da temporada.
- Gianni Schicchi (Puccini) e Blue Monday (Gershwin) em Fevereiro (10, 13, 15, 17 e 19).
- Banksters (Nuno Corte-Real) em Março (18, 20, 22, 24 e 26). Com libreto de Vasco Graça Mouta e encenação de João Botelho, uma estreia absoluta.
Uma última palavra para recordar que, nesta temporada, o São Carlos tem uma concorrência fortíssima na Gulbenkian, quer na quantidade (e, seguramente, qualidade) das óperas lá apresentadas em versão de concerto, quer na transmissão do Met Live. Mais uma razão para nos oferecer espectáculos de qualidade!
É esperar para ver e ouvir…
E cá estaremos para comentar.
A temporada 2009-2010 foi muito preenchida e intensamente vivida por mim.
Não querendo ser muito exaustivo, gostava de deixar aqui os melhores momentos vividos, os melhores, as desilusões (tudo passível de revisão em comentários do blog) e terminar com uma palavra sobre apostas a tentar não perder na temporada que se avizinha.
Melhores produções:
- Tristão e Isolda – Royal Opera House - O Elixir do Amor – Opera Paris (Bastille) - O Crepúsculo dos Deuses – Teatro Nacional de São Carlos - Tristão e Isolda – Deutsche Oper Berlim - Carmen – Wiener Staatsoper - “Tetralogia” Simão Boccanegra – Royal Opera, Proms, Teatro Real Madrid - Os Mestres Cantores de Nuremberga – Welsh National Opera, Proms
Piores produções:
- Tristão e Isolda – Gran Teatre de Liceu, Barcelona - As Bodas de Fígaro – Teatro Nacional de São Carlos - A Valquíria – Opera de Paris, Bastille - Encenação de Parsifal – Wiener Staatsoper
Melhores cantores:
- Nina Stemme (Isolda) - Anna Netrebko (Adina, Micaela) - Waltraud Meier (Ortrud) - Michael Volle (Kurwenal) - Plácido Domingo (Simon Boccanegra) - Jonas Kaufmann (Don Carlo) - Ferrucio Furlanetto (Filippo II, Fiesco) - Bryn Terfel (Hans Sachs) - Vittorio Grigolo (Des Grieux) - Peter Seiffert (Tristan)
As surpresas (cantores):
- Sophie Koch (Brangane) - Sara Mingardo (Andronico) - Stefan Vinke (Siegfried) - Kurt Streit (Bajazet) - Christopher Purves (Sixtus Beckmesser) - David Soar (Nachtwachter)
Desilusões (cantores):
- Deborah Voigt (Isolda) - Ben Heppner (Tristão... mas bem em Lohengrin)
Azares:
- Matti Salminen operado ao joelho e não cantar o Rei Marke na Royal Opera House - Cancelamento da récita de Simão Boccanegra em Milão por greve... - Cancelamento de Elina Garanca na Carmen em Viena - Cancelamentos antecipados de Rolando Villazon no Elixir do Amor e Carmen
Deixo então o que considero as minhas recomendações que mais fortemente considero poderem criar uma Temporada idílica para 2010-2011 (principalmente a Wagnerianos):
- O Holandês Voador / Navio Fantasma – Opera Paris (Bastille) - James Morris, Matti Salminen, Adrianne Pieczonka, Klaus Florian Vogt
- Tristão e Isolda – Opera Zurich - Waltraud Meier, Peter Seiffert, Matti Salminen
- A Valquíria – Teatro Scala de Milão – Simon O’Neill, Waltraud Meier, John Tomlinson, Nina Stemme, René Pape
- Tannhauser – Royal Opera House (Londres) – Johan Botha, Eva-Maria Westbroek, Christian Gerhaher, Michaela Schuster, Hans Peter Konig
- Iphigénie en Tauride – Teatro Real Madrid – Plácido Domingo, Susan Graham, Paul Groves
- Carmen - Bayerische Staatsoper (Munique) – Jonas Kaufmann, Kate Aldrich, Kyle Ketelsen
- Tannhauser – Opera Zurich – Nina Stemme, Peter Seiffert, Vesselina Kaserova, Michael Volle
- Parsifal – English National Opera (Londres) – John Tomlinson, Irene Théorin, Stuart Skelton, Iain Paterson
- Parsifal – Gran Teatro do Liceu (Barcelona) – 2 elencos – Simon O’Neill, Susan Bullock, Eric Halfvarson, Boaz Daniel, John Wegner, Klaus Florian Vogt, Anja Kampe, Alan Held, Hans-Peter Konig
- Fidelio – Royal Opera House (Londres) – Nina Stemme, Kurt Rydl, John Wegner, Willard White, Endrik Wottrich
- Anna Bolena – Wiener Staatsoper – Anna Netrebko, Elina Garanca, Francesco Meli, Ildebrando d’Arcangelo
- A Valquíria – Metropolitan Opera House (NY) – Bryn Terfel, Deborah Voigt, Eva-Maria Westbroek, Jonas Kaufmann, Hans Peter Konig
- Rigoletto – Metropolitan Opera House (NY) – Giuseppe Filianoti, Diana Damrau, Zejlko Lucic
- O Trovador – Metropolitan Opera House (NY) – Sondra Radvanovsky, Marcelo Alvarez, Dolora Zajick, Dmitri Hvorostovsky
- O Franco Atirador (Der Freischutz) – Gran Teatre de Liceu (Barcelona) – Peter Seiffert, Petra-Maria Schnitzer, Ofelia Sala, Albert Dohmen, Matti Salminen
- Tosca – Royal Opera House (Londres) – Jonas Kaufmann, Angela Gheorghiu, Bryn Terfel
No dia 9 de Agosto último, o prestigiado Festival de Salzburgo teve o privilégio de receber a visita de Edita Gruberova. A inigualável cantora, que se estreou neste Festival em 1974, sob a batuta de Herbert von Karajan, regressou uma vez mais a este palco do mundo, para nele assumir um dos mais exigentes papéis do Belcanto: Norma.
O concerto, que teve lugar na maior sala do Festival - a Grosses Festspielhaus - constituiu seguramente um dos pontos mais altos do Salzburger Festspiele 2010. De notar, entre a assistência, a presença da Chanceler Alemã Angela Merkel, que se deslocou propositadamente a Salzburgo para assistir a esta ópera, em versão de concerto, com Edita Gruberova.
A fotografia de Edita neste concerto, veio a ocupar toda a primeira página do jornal do Festival: Daily Salzburger Festspiele 2010, nr. 18, no dia 14 de Agosto (o dia da 2ª e última récita de Norma, neste Festival).
A Camerata Salzburg foi dirigida pelo exímio Friedrich Haider. A dramática abertura da ópera foi executada com um dinamismo contagiante, tão característico do temperamento orquestral de Haider.
Marcello Giordano (Pollione) e Ferrucio Furlanetto (Oroveso) fazem as suas primeiras aparições. De salientar a poderosa voz de Furlanetto que se revelou pujante, logo nas primeiras notas, ao dirigir-se ao povo Druida.
Alguns momentos mais tarde, o Coro da Wiener Staatsoper inicia o triunfal chamamento por Norma: "Norma vieni". É, então, que surge Edita Gruberova, do lado esquerdo do palco, envergando um vestido prateado. Exibindo uma majestade natural, Edita surge imponente e afirmativa. E é com este espírito que entoa o trecho introdutório - "Sediziosi voci, voci di guerra" - com uma sonoridade intensa e marcada.
Logo após o acorde da dominante, que encerra o trecho, a orquestra faz soar a melodia da "Casta Diva". Subitamente, transitamos dum ambiente de bravura para uma atmosfera de intenso lirismo. Edita produz, então, uma sonoridade cristalina e doce, ao invocar a Casta Diva, a Deusa mágica que parece ter elevado Gruberova a um patamar sublime e etéreo. Toda a ária é executada com uma perfeição verdadeiramente comovente, articulando os cromatismos finais de modo exímio. Edita Gruberova canta esta expressiva ária na sua tonalidade original - sol maior - ao contrário da generalidade das cantoras que habitualmente transpõem a ária para um tom abaixo (fá maior). Edita opta, pois, pelo caminho mais difícil, mas seguramente aquele que confere à ária um cariz mais cristalino e de maior claridade tímbrica.
No final da "Casta Diva" o público aplaude intensissimamente! De toda a sala ouvem-se incessantemente os gritos de "Brava! Brava!". Os aplausos parecem não cessar. Edita, visivelmente emocionada, dá um passo em frente e cruza as duas mãos sobre o peito. Os aplausos continuam ao longo de alguns minutos. Foi, sem dúvida, um grande e emocionante momento. Edita tinha conquistado por completo o público.
Logo em seguida, Edita principia, com um vigor fabuloso a cabaletta - "Fine al rito. Ah! Bello a me ritorna" - fazendo aqui uma demonstração exímia da sua prodigiosa coloratura.
Na sua estreia como Adalgisa esteve a aclamada mezzo-soprano norte-americana Joyce DiDonato, que demonstrou ser uma excelente cantora, sem dúvida merecedora das admiráveis críticas e distinções que tem recebido um pouco por todo o mundo, como foi o caso do prémio Beverly Sills do Metropolitan Opera, e o Sängerin des Jahres 2010 da ECHO Klassik. Com um timbre quente e uma expressividade muito rica foi, sem dúvida, uma digna acompanhante de Edita Gruberova.
Os duetos de Gruberova com DiDonato foram magníficos. As duas cantoras pareceram ter um enorme entendimento e sintonia musical. Revelando a sua grande admiração por Gruberova, Joyce DiDonato escreve no seu blog, a propósito dos ensaios com Edita:
Singing in thirds with Edita Gruberova for the first time today = heavenly!!! Can't wait for the concerts! (9th and 14th)
We were in a rehearsal room today for our orchestral rehearsal, not the theater, and so while some acoustical advantages are lost, a different kind of intimacy is achieved: we are much closer to each other, and the orchestra and choir are crowded in, without too much room to spare. As a result, we feel much more closely the singer next to us inhaling, and as they sway with their vocal lines, we are drawn in even closer to their emotion and their vocal hurdles, so a sensation arises of truly being a team of individual athletes (for singing bel canto is ABSOLUTELY an athletic task!) searching for a way to tread the most delicate bel canto line of perfection and purity, alongside unbridled emotion and raw power.
I loved watching the orchestra players react to Edita's singing of the final scene: eyebrows raised in astonishment, smiles breaking out in spite of themselves, jaws gaping open ever so slightly as she pulls out a diminuendo on her high b-natural. I loved the titters of astonishment from other cast members as one of us dared to sing even more softly, or hold out the messa-di-voce just a *little bit more*.
No dia seguinte ao deste concerto, escreve Joyce DiDonato:
I must gush and blubber-on for a moment to say what a privilege it was to stand on stage last night with the LEGENDARY Edita Gruberova and have the incredible honor of making music with her. She is a monumental artist and has given this world so much joy and beauty through her singing and artistry, that I had to work extremely hard last night not to simple stand in awe of not only what she has accomplished in her long and storied carrier but in the performance she was crafting before my eyes last night. It was a magical night for me as an admirer of hers, and as a musician, to create music on that level next to such a star. Indeed it was a night to remember!
Fazendo minhas as palavras de DiDonato, foi seguramente uma noite para relembrar, uma noite memorável. Toda a complexidade e o drama psicológico da personagem foram admiravelmente veiculados por Gruberova. Foi impressionante a carga emocional que transmitiu no momento em que considerou matar os filhos, somente para ferir Pollioni, bem como no final da ópera, em que, antes de caminhar para a morte, suplica a Oroveso que cuide dos seus inocentes filhos.
O impacto que a presença de Gruberova teve em Salzburgo foi enorme e reflectiu-se não só directamente naquilo que o público comentou entre si nos dias seguintes a este concerto, mas também na imprensa, com diversos comentários e artigos publicados em diferentes jornais, tais como: Wiener Zeitung, Der Neue Merker, Kurier, Volksblatt, Donaukurier, Salzburger Nachrichten, entre outros. Do mesmo modo, também vários canais de televisão, como a ORF e a ATV, transmitiram reportagens sobre este acontecimento, bem como entrevistas com Edita Gruberova.
É o final da estreia de Plácido Domingo como Rigoletto.
Não sei bem o que dizer em relação a este último acto. Senti-me menos impressionado no geral.
O ambiente cénico estava lá mas parece que faltou algo a todos os intervenientes.
Vittorio Grigolo pareceu-me excessivamente exuberante teatralmente falando e senti, por duas vezes, um “arranhar” discreto na voz durante a ária “La donna è mobile” que cheguei a temer o pior.
Ruggero Raimondi fez o seu papel, até melhor do que estava à espera depois de o ver no 1º acto. Aquelas duas fugidelas de olhar (possivelmente para um LCD onde Mehta dava a entrada) enquanto fala pela primeira vez com Rigoletto eram desnecessárias e retiraram naturalidade. Mas vocalmente até esteve bem.
Nino Surguladze cumpriu sem se evidenciar.
Plácido Domingo pareceu-me vocal e cenicamente menos transtornado, numa altura de talvez ainda maior dor e revolta. O “Ah, la maledizione!” foi uma sombra do que fez no 1º acto.
Julia Novikova manteve o seu nível mas a cena da morte foi pouco credível cenicamente. Voz belíssima mas parecia tão fresca como se estivesse a acordar de um sonho. Pouco credível.
Resta-nos agora esperar por uma produção onde a gostamos de ver, na sua máxima força: um Teatro de Ópera. A música é a mesma mas o ambiente é diferente, o som é diferente, a paixão é diferente...
Num balanço geral, esta produção foi um marco da Televisão e da Ópera. Esperamos que tenha cativado algumas pessoas para este mundo fantástico. Tudo rodou à volta da estreia de Domingo como Rigoletto mas trouxe-me não só boas referências deste para o papel (à parte das críticas habituais tenor-barítono, e com espaço de manobra para evoluir) mas também uma nova soprano a ter em conta no futuro. Espero que Grigolo se mantenha por muitos anos, não exagerando e se perdendo em exentricidades de canto...
Comecemos com observação jocosa: achei fantástico como alguém que acorda como o Duque acordou consegue cantar como ele cantou, sem um catarrozinho matinal, sem uma tossezinha de limpeza... Está bem que é jovem mas mesmo assim… Claro que brinco e fico com calos nas palmas das mãos por aplaudir este Vittorio Grigolo. Mais uma vez soberbo, exponencialmente lírico, perfeito. Só espero que não venha a seguir o caminho de Villazon…
Plácido Domingo ao seu nível. Talvez um tom mais sarcástico no “Ch’hai di nuovo, buffon?” seja recomendável. Mas espelha muito bem o drama de Rigoletto. Do mesmo modo que referi nas minhas crítica do Simão, a margem de manobra para a perfeição é curta mas com maior envolvimento representativo do papel chegaremos por certo a um Rigoletto em palco semelhante ao Simão de Londres e Madrid. Alguém o ouviu em alto e bom som a limpar a garganta perto do final ou fui só eu? Que saudades do final do primeiro acto de A Valquíria… fazia o mesmo…
Não sei se o meu pâncreas é capaz de produzir suficiente insulina para controlar o doce que é Julia Novikova. É simplesmente surreal a capacidade vocal da jovem. E a beleza é cativante. Reforço ainda mais o que ontem disse. Este evento vai projectá-la ainda mais. Até agora, das Catedrais dos Fanáticos, é em Viena que mais tem e vai cantar esta temporada. Adivinha-se outros grandes palcos num futuro recente.
Que mais se pode esperar de Plácido Domingo?! A partir de hoje, o título de Deus da Ópera começa a soar demasiado pequeno para este homem!
Acabei de assistir ao 1º acto do Rigoletto em Mantua em directo através da RTP2, como possivelmente todos os amantes da ópera em 148 países. Sendo grande fã, como já adivinharam pelas minhas entradas neste blog, não posso esperar por amanhã (final da ópera) para proferir, em bytes, umas palavras.
Confesso que me senti amedrontado com o início da ópera... Domingo não é um actor cómico e até à altura em que Monterone o amaldiçoa, pareceu-me pouco credível como Bobo. Mas a expressão durante a maldição... aí surgiu o grande Domingo!... Do ponto de vista vocal mantém-se invejavelmente espectacular!!! O dramatismo de actor invagina-se pelas suas cordas vocais de modo tão perfeito que o dueto com Gilda foi memorável. Que bem que faz o toque de tenor para os agudos de Rigoletto... E como soam num misto baritonal. O final, invocando a maldição, precedido pela busca chamando pela filha... que momento!... É isto que faz de melhor!!! Mas o que acharam da passagem com Sparafucile? Parecia um autêntico barítono mas pouco expressivo... ou talvez não expressivo como eu gosto. Esta passagem fica perfeita com os “Demonio” quase falados e curtos, com o “Va” sussurrado, em que o último se arrasta no breu da noite. Penso que tem a melhorar nesta passagem.
O que esperar amanhã? Que expectativa termitante!
Em relação ao resto do elenco:
Vittorio Grigolo é simplesmente espectacular. Tudo lhe encaixa bem para o papel de Duque. Tem o visual jovem e atraente, tem capacidades singulares de actor e... uma voz brilhante e expressiva... o modo como faz a dinâmica do canto é de 20 valores. Não desilude como não desiludiu em Manon em Julho na Royal Opera.
Julia Novikova foi uma doce surpresa. Bonita, expressiva e com voz cristalina, sem falhas major, dinâmica perfeita. A seguir com atenção no futuro. Uma discípula do grande Mestre.
Ruggero Raimondi é que ainda não me convenceu. Falta-lhe profundidade na voz para o papel de Sparafucile e pareceu-me pouco convincente / aterrador para assassino. Nunca foi um dos meus preferidos no mundo da ópera.
A concepção do tudo em directo e no local do compositor não é nova mas pelo menos é a primeira vez a que assisto. Gostei da produção em termos cénicos e vestuário – clássica (como tinha de ser uma vez que procura personificar literalmente a obra em termos temporais e locais) sombria (em simbiose com a temática) e cativante. Zubin Metha ao seu nível de excelência, com orquestra perfeita!
Para mim bastou-me ver este acto para achar o seguinte:
Grandes Teatros de Ópera do Mundo!!! Juntem ao Rigoletto de Plácido Domingo uma Gilda de Anna Netrebko ou até mesmo desta jovem de hoje, um Duque de Vittorio Grigolo, Jonas Kaufmann, Joseph Calleja (desde que este mude o timbre até lá...) ou Giuseppe Filianoti, um Sparafucile de Bryn Terfel (tem tudo para ser perfeito...), René Pape ou Ferrucio Furlanetto, e uma Maddalena de Elina Garanca e têm casa cheia em todas as récitas... e comigo lá de certeza para uma quantas.
A Bayerische Staatsoper em Munique tem sempre temporadas ricas, diversificadas e recheadas de espectáculos interessantes e, a próxima, não é excepção. É também um dos teatros de ópera onde, num fim de semana mais ou menos alargado, se consegue ocasionalmente assistir a três óperas distintas.
Deixo aqui um resumo da próxima temporada salientando as que, na minha opinião, poderão vir a ser récitas muito interessantes,
A temporada 2010-2011 conta com 34 óperas, para além de recitais e de representações de espectáculos para crianças. Inicia-se em 19 de Setembro de 2010 e termina no final de Julho de 2011 sendo o último mês dedicado ao Festival de Ópera de Munique (Opernfestspiele) , no qual se podem ver grande parte das óperas apresentadas durante a temporada.
- Die Zauberflöte - A Flauta Mágica (Mozart) em Setembro (19, 23, 25, 29) e Dezembro (2, 4, 7, 11 e 14) de 2010.
- Così fan tutte (Mozart) em Setembro (20, 24, 27 e 30) de 2010.
- Le Nozze di Figaro - As Bodas de Fígaro (Mozart) em Setembro (26 e 28) e Outubro (1 e 3) de 2010. Os elencos são de qualidade nas três óperas de Mozart, embora integrem alguns intérpretes que não conheço.
- Il Barbiere di Siviglia (Rossini) em Outubro (2, 5, 9, 14) de 2010 e em Março (5, 8 e 11) de 2011.
- Medea in Corinto (Mayr) em Outubro (7, 10, 15 e 19) de 2010, com o grande soprano Iano Tamar como Medea, mas com Ramón Vargas como Giasone (confesso que este tenor nunca me convenceu).
- La Traviata (Verdi) em Outubro (17, 21, 24 e 27) de 2010. É sempre “um clássico” que, nestas récitas, conta com a notável interpretação de Anja Harteros como Violetta.
- Rusalka (Dvorák) em Outubro (23, 26, 28 e 31), Novembro (4) de 2010, Maio (22, 25 e 29), Junho (1 e 4) e Julho (15 e 18) de 2011. Uma nova produção deste conto de fadas checo com Klaus Florian Vogt como Príncipe, Nina Stemme como Rusalka, contando ainda com Nadia Krasteva entre outros. A não perder!
- Jenufa (Janácek) em Outubro (29) e Novembro (3, 6 e 8) de 2010, outro espectáculo que deverá ser de grande qualidade pois conta com Ângela Denoke e Stefan Margita nos papeis principais.
- Aida (Verdi) em Novembro (7, 12, 15, 19 e 23) de 2010 e Junho (7, 11, 14 e 17) de 2011. Um grande espectáculo de confrontos de relações humanas entre egípcios e /ou etíopes onde têm papeis marcantes os egípcios Radamés (tenor) e Amneris (mezzo) e a escrava etíope Aida (soprano). Com Micaela Carosi como Aida, Luciana D’Intino como Amneris e Carlo Ventre como Radamés, o que indicia mais um bom espectáculo (pelo menos no que respeita a interpretações vocais). Nas récitas de Junho o elenco é mais conceituado – para além de Luciana D’Intino e de Carlo Ventre, actuarão Norma Fantini como Aida, o baixo Kwangchul Youn e o barítono Michael Volle.
- Die Entführung aus dem Serail - O Rapto do Serralho (Mozart) em Novembro (16) de 2010, Maio (4 e 7) e Julho (11) de 2011.
- Don Giovanni (Mozart) em Novembro (14, 17, 20, 24 e 27) de 2010 e Julho (14 e 17) de 2011.
- Hänsel und Gretel (Humperdinck) em Dezembro (5, 18 e 23) de 2010.
- La Bohème (Puccini) em Dezembro (12, 15, 19, 22 e 27) de 2010 e Maio (13, 16, 20 e 24) de 2011 com Anja Harteros como Mimi e Stefano Secco como Rodolfo em Dezembro. Em Maio há um Rodolfo mais sonante – Joseph Calleja.
- Fidelio (Beethoven) em Dezembro (21, 26 e 29) de 2010, Janeiro (1, 5 e 8) e Julho (4 e 8) de 2011, uma nova produção também a não perder! Dirigida pelo Maestro Daniele Gatti, os esforços de Leonore (vestida de homem – Fidelio) para libertar o marido preso, Florestan, contarão com interpretações de dois cantores de excepção – o soprano Anja Kampe e o tenor Jonas Kaufmann. O coro final da ópera, um hino à liberdade e à justiça, é um dos mais empolgantes alguma vez escritos.
(Daniele Gatti, Maestro, Anja Kampe, Leonore, Jonas Kaufmann, Florestan)
- L’Elisir d’Amore (Donizetti) em Dezembro (28 e 30) de 2010, Janeiro (3), Maio (11, 14 e 17) e Julho (28 e 30) de 2011. É outra ópera que se adivinha memorável pois contará com as interpretações de Nino Machaidze como Adina, Joseph Calleja como Nemorino e Alessandro Corbelli como Dulcamara. Uma peça cómica que mostra como um elixir miraculoso vendido pelo também miraculoso Doutor Dulcamara consegue transformar Nemorino e as suas capacidades amorosas. Em Maio as récitas são com Anna Netrebko como Adina e Mathew Polenzani como Nemorino.
- Die Fledermaus (Johan Strauss), a ópera escolhida para o último dia do ano, 31 de Dezembro de 2010.
- Luisa Miller (Verdi) em Janeiro (2, 6, 9 e 12) de Janeiro de 2011 com Krassimira Stoyanova e Zeljko Lucic.
- Die Tragödie des Teufels - Tragédia do Diabo-(Peter Eötvös) em Janeiro (7, 13, 15 e 19) de 2011
- Lohengrin (Wagner) em Janeiro (16, 20, 23 e 30), Fevereiro (3) e Julho (2 e 6) de 2011. Numa encenação pouco atraente para o meu gosto, em Julho o elenco é de luxo: Peter Seiffert (Lohengrin), Adrianne Pieczonka (Elsa) e Waltraud Meier (Ortrud).
- Ariadne auf Naxos (Strauss) em Janeiro (22, 25 e 28) e em Julho (13 e 16) de 2011.
- Carmen (Bizet) em Fevereiro (2, 5, 10, 13, 18 e 21) de 2011, com Kate Aldrich e Jonas Kaufmann entre outros, o que assegura um espectáculo de elevada qualidade. Uma ópera excelente para iniciados, passada em Espanha, com os encontros e desencontros de uma mulher de convicções fortes e personalidade vincada com dois homens apaixonados que acaba em tragédia.
- Nabucco (Verdi) em Fevereiro (6, 12, 16, 19 e 23) de 2011.
- L’Enfant et les Sortilèges (Ravel) / Der Zwerg (Zemlinsky) em Fevereiro (27), Março (3, 6, 9, 13 e 20) e Julho (22) de 2011.
- Madama Butterfly (Puccini) em Março (16, 19 e 26) de 2011.
- Lucrezia Borgia (Donizetti) em Março (18, 23 e 28), Abril (2) e Julho (21 e 25) de 2011. Um melodrama com adultério, assassínios e envenenamentos, musicalmente escrito para o soprano brilhar e arrasar do início ao fim. Com Edita Gruberova na protagonista, a interpretação será sempre memorável.
- I Capuleti e i Montecchi (Bellini) em Março (27 e 30), Abril (3, 6, 9 e 12) e Julho (24 e 29) de 2011. Uma nova produção desta belíssima ópera recheada de árias e duetos que consolam qualquer apreciador do belcanto. O Maestro Yves Abel dirigirá o duo amoroso e trágico que aqui será interpretado pelo mezzo Vesselina Kasarova (Romeu) e pelo soprano Eri Nakamura (Julieta).
- Dialogues des Carmélites (Poulenc) em Abril (1, 7, 11 e 16) de 2010. Um retrato da rota de colisão entre religião e revolução, com um final impressionante, marcado pelo som da guilhotina. Grandes cantoras poderão ser ouvidas nesta produção, incluindo Susan Gritton, Felicity Palmer e Soile Isokoski.
- Norma (Bellini) em Abril (10, 15 e 20) de 2010. Numa das mais belas óperas do compositor e novo deleite para os amantes do belcanto, o duelo vocal principal será entre Edita Gruberova (Norma) e Sonia Ganassi (Adalgisa). Mais um espectáculo que promete ser memorável.
- Parsifal (Wagner) em Abril (14, 17 e 24) de 2011. Uma produção sóbria, dirigida por Kent Nagano (o maestro titular) e com grandes intérpretes wagnerianos, incluindo Michael Volle como Amfortas, Kwangchul Youn como Gurnemanz e Angela Denoke como Kundry. Parsifal será cantdo por Nikolai Schukoff.
- Tosca (Puccini) em Maio (5, 8 e 11) de 2011, com Tatiana Serejan como Tosca, Marcello Giordanni como Cavaradossi e Juha Uusitalo como Scarpia. Mais um elenco de peso para uma das melhores óperas de Puccini.
- Der Rosenkavalier - O Cavaleiro da Rosa (Strauss) em Junho (2, 5, 8, 12 e 19) e Julho (19 e 23) de 2011, uma das mais conhecidas óperas de Strauss, com Anja Harteros e Kate Aldrich nas protagonistas.
- Saint François d’Assise (Messiiaen) em Julho (1, 5 e 10) de 2011, uma nova produção.
- Mitridate, Rè di Ponto (Mozart) em Julho (21, 24, 26 e 29) de 2011, outra nova produção.
- Tristan und Isolde (Wagner) em Julho (27 e 31) de 2011, outro espectáculo recheado de grandes cantores wagnerianos incluindo Ben Heppner (esperemos que em condições de cantar o Tristão, mas confesso que tenho dúvidas), Nina Stemme (esta sim, a melhor Isolda no activo), René Pappe, Michael Volle e Ekaterina Gubanova.
(As fotografias apresentadas são do site da Bayerisch Staatsoper)
Sgestões para fins de semana “operáticos” em Munique:
- Dias 24, 25 e 26 de Setembro de 2010 – Um fim de semana Mozartiano!: Così fan tutte, Die Zauberflöte e Le Nozze di Fígaro.
- Dias 12, 13 e 14 de Novembro de 2010 – Ainda com muito e bom Mozart: Aida, Die Entführung aus dem Serail e Don Giovanni.
- Dias 31 de Dezembro de 2010 e 1, 2 e 3 de Janeiro de 2011: Die Fledermaus, Fidelio, Luisa Miller e L’Elisir d’amore.
- Dias 7, 8 e 9 de Janeiro de 2011: Die Tragödie des Teufels, Fidelio, Luisa Miller.
- Dias 18, 19 e 20 de Março de 2011: Lucrezia Borgia, Madama Butterfly e L’Enfant et les Sortilèges / Der Zwerg.
- Dias 1, 2 e 3 de Abril de 2011: Dialogues des Carmélites, Lucrezia Borgia e I Capuleti e i Montecchi.
- Dias 15, 16 e 17 de Abril de 2011: Norma, Dialogues des Carmélites e Parsifal.
- Em Julho de 2011, durante o Festival de Ópera, há varias combinações possíveis.