terça-feira, 31 de julho de 2012

A PRESIDENTE DILMA ROUSSEFF E A ÓPERA.


Mais um texto realizado por Ali Hassan Ayache como contribuição para este blog.


Dilma Rousseff (de costas) com a filha Paula no Royal Opera House em Londres. Foto Lenadro Colon- Folhapress

A Presidente da República Federativa do Brasil, Dilma Rousseff está em visita oficial a Londres para acompanhar a abertura dos jogos olímpicos. Mas não é só o esporte ou política que interessam a presidente. No último dia 25 de Julho Dilma Rousseff assistiu ao espetáculo "Operalia", organizado pelo tenor e ultimamente barítono Plácido Domingo, este visa à descoberta de novos talentos da ópera.

Quando o teatro londrino Royal Opera House soube que a reserva do camarote era para a presidente não cobrou a dolorosa. Olha que o valor da encrenca beirava aos R$ 2700, 00 (dois mil e setecentos reais) . A presidente esteve em companhia da filha Paula e a ministra Helena Chagas (comunicação social) e Marco Maia.Outro camarote foi ocupado pelos ministros Aloizio Mercadante (Educação), Marco Antônio Raupp (Ciência e Tecnologia) e Antonio Patriota (Relações Exteriores) , nesse a dolorosa foi dividida entre eles. "Cada um pagou o seu, foi o que a presidente mandou", afirmou Mercadante. Espero que não tenha sido com cartão corporativo do governo.O gosto da presidente por ópera já era de meu conhecimento , em uma conversa com o maestro Neschling, quando ainda era candidata a presidência , Dilma Rousseff desfilou sabedoria operística. Segundo uma nota publicada no blog do maestro em 29/06/2010 : "Estive ontem num jantar de um grupo de artistas e intelectuais com a Ministra Dilma Rousseff, candidata à Presidência da República. Fiquei impressionadíssimo com ela. Puxando a brasa para a nossa sardinha, descobri que Dilma é uma amantíssima da ópera e conhecedora real do repertório lírico. Conversamos sobre “Jenufa” de Janacek, “Peter Grimes” de Benjamin Britten, “Lady Macbeth de Minsk” de Shostakovitch e sobre o Don Giovanni que estou preparando no Teatro Colón. Falamos de algumas de suas ópera preferidas, entre elas Elektra e Salomé de Strauss e Dilma recitou na hora as primeiras frases do egípcio Narraboth, do início de Salomé. Comentou a impropriedade política do libreto quando comenta a conversa dos judeus, e concordamos que hoje em dia seria impossível musicar um libreto com essas características sem o ataque imediato dos politicamente corretos. No século XIX, porém, era possível fazer um comentário como este, sem que se pensasse imediatamente nas consequências trágicas do anti-semitismo político que se seguiria." Realmente temos uma presidente que entende e gosta de ópera, pelo relato apresentado acima percebemos que Dilma Rousseff tem conhecimento profundo sobre o assunto. Podem criticar seu governo, mas quando o assunto é cultura, de presidente nós estamos bem representados.

Ali Hassan Ayache

http://operaeballet.blogspot.com.br/2012/07/a-presidente-dilma-rousseff-e-opera.html

sábado, 28 de julho de 2012

Le Nozze di Figaro – Royal Opera House, 14 Fevereiro 2012

(review in english below)



Pela terceira vez, desde 2006, tive o prazer de voltar a ver a produção de “As Bodas de Fígaro” de David McVicar, na Royal Opera House – encenação disponível em DVD com o elenco original, clássica, e um prazer de se assistir, principalmente com cantores de nível estrelar como os deste ano.

Ildebrando D’Arcangelo faz um Fígaro notável. A sua expressividade cénica é muito boa e cómica, alque que, por culpa de outros encenadores, não transparece nas duas gravações disponíveis em DVD com a sua interpretação deste papel.

Aleksandra Kurzak foi simplesmente fabulosa no papel de Susana. A sua ária “Deh vieni non tardar” foi de uma perfeição de arrepiar, marcando um ponto alto de toda a sua interpretação.


A grande expectativa para esta produção era ver como Rachel Willis-Sorensen e Lucas Meachem substituíriam Kate Royal e Simon Keenlyside, inicialmente anunciados para a produção mas que acabaram por sair por razões pessoais. A resposta é simples: brilhantemente! Uma Condessa vocalmente poderosa e um Conde americano capaz do melhor do ponto de vista cénico, aliando uma voz também potente e expressiva, tudo saído de um porte físico convincente – deve medir para aí 2 metros de altura.


Anna Bonitatibus fez um Cherubino adorável, e parece ter perdido o vibrato incomodativo que lhe conheci na gravação de Zurique do Così fan tutte, disponível na Arthaus.


Ann Murray e Carlo Lepore estiveram excelentes como Marcellina e Bartolo.


Dos papéis mais secundários não posso deixar de enaltecer a magnífica voz da portuguesa Susana Gaspar. O timbre é bonito e puro. Sente o que canta e apaixona quem a vê. Excelente Barbarina a cheirar a potencialidade breve para fazer a personagem com o seu nome… Senti um grande orgulho de ler no programa a sua biografia e encontrar escrito “Portugal”, “Teatro Nacional de São Carlos”, “Lisboa”, “Mafra”, “Quinta da Regaleira”… Quantos mais lusos não estariam a nível similar e a poder cantar nestes palcos se tivessem mais oportunidades?...


Quem criticou em Londres este reviver da Trilogia Da Ponte por ser um repetir de produções que têm estado muito presentes na Royal Opera House, e se teve a possibilidade de assistir a estas récitas, deve estar a lamentar tê-lo feito. As récitas foram impecáveis e parece-me, no mínimo inteligente, fazer render estas produções de sucesso e, em vez de gastar dinheiro em novas, conseguir estes artistas para as interpretar. Bravo!



Le Nozze di Figaro – Royal Opera House - February 14, 2012

For the third time since 2006, I had the pleasure to see again the production of "The Marriage of Figaro" by David McVicar at the Royal Opera House – production available on DVD with the original cast, classic, and a delight to watch, especially with singers with the star level of this year.


Ildebrando d’Arcangelo is a remarkable Figaro. His expression is very good and his comic sense is superb, something that is not is not evident in the two recordings available on DVD with his interpretation of this paper.


Aleksandra Kurzak was simply fabulous in the role of Susanna. Her aria "Deh vieni non tardar" was perfect, marking it a high point of her whole interpretation.


The great expectations for this production was to see how Rachel Willis-Sorensen and Lucas Meachem would replace Kate Royal and Simon Keenlyside, originally announced for the production but who ultimately quit for personal reasons. The answer is simple: brilliantly! A Countess and Count vocally powerful capable of the best from the scenic point of view, combining with a powerful and expressive voice.


Anna Bonitatibus made a lovely Cherubino, and she seems to have lost her troublesome vibrato present in the Zurich recording of Così fan tutte, available on Arthaus label.



Ann Murray and Carlo Lepore were excellent as Marcellina and Bartolo.



Of the secondary roles, I can’t stop praising the magnificent voice of the portuguese Susana Gaspar. The tone is beautiful and pure. She feels every word she sings. An excellent Barbarina with the potential to make the character with her name... I felt a great pride when I read her biography in the program and saw words and places like "Portugal", "Teatro Nacional de São Carlos," "Lisboa", "Mafra" "Quinta da Regaleira"... How many more portuguese opera singers would not be in a similar level and able to sing on these stages if they had more opportunities?...


The ones who criticized this revival of Da Ponte trilogy, mainly because of the repetition of old productions, must be regretting having done so. The productions were great and it seems to me a very smart move to make use of such good and successful productions, using the money to get fine artists like the ones here, instead of spending money on new ones. Bravo!

quarta-feira, 25 de julho de 2012

OTELLO, Royal Opera House, Londres, Julho de 2012


(review in english below)

Otello é uma ópera de G. Verdi com libretto de Arrigo Boito, baseado na peça Othello de Shakespeare.

Considerada por alguns uma aproximação ao drama wagneriano, a penúltima ópera de Verdi foi composta num contínuo musical, em que se esbatem as separações entre arias, ensembles e recitativos. Contudo, o compositor é fiel à tradição operática italiana, alicerçada na sua vasta obra anterior, mantendo árias como o Credo de Iago ou a Ave Maria de Desdemona, mas o andamento orquestral deixa de ser um simples acompanhamento vocal para passar a ser o condutor do drama musical.

(fotografia / photo Royal Opera House)

A acção passa-se em Chipre nos finais do Sec XV. Depois de enfrentar uma tempestade Otello chega a Chipre como governador. O seu subalterno Iago quer vingar-se porque Cassio, oficial veneziano, foi promovido a capitão no seu lugar. Diz a Roderigo, um nobre veneziano, que o ajudará a conquistar Desdemona, a mulher de Otello. Incita-os a beber e provoca uma briga em que Cassio fere Montano, o anterior governador. Otello despromove Cassio. A sós com Desdemona, cantam o seu profundo amor.
Iago convence Cassio a pedir a Desdemona (que se passeia com Emilia, sua dama de companhia e mulher de Iago) que o marido o perdoe. Otello vê-os falar e Iago pergunta-lhe se confia em Cassio. Desdemona faz o pedido a Otello. Enciumado, queixa-se da cabeça. Desdemona passa-lhe um lenço pela fronte e ele atira-o ao chão. O lenço é apanhado por Emília mas Iago tira-lho. A sós com Otello, Iago diz que ouviu Cassio falar sobre Desdemona durante o sono e que o viu com o lenço. Otello, enraivecido, cai de joelhos e jura vingar-se, no que é acompanhado por Iago.
É anunciada a chegada dos embaixadores venezianos. Otello volta a queixar-se da cabeça e Desdemona acaricia-o com outro lenço. Otello quer o lenço que lhe oferecera, e acusa-a de infidelidade, expulsando-a. Escondido atrás de uma coluna, vê Iago falar com Cassio. Quando vê nas mãos de Cassio o lenço de Desdemona (que aparecera no seu quarto), fica convencido da traição da mulher. Iago sugere a Otello que a estrangule. O embaixador veneziano informa-o que foi novamente colocado em Veneza e que Cassio será o seu sucessor em Chipre. Otello, enlouquecido, é muito violento com Desdemona, ameaça e surpreende todos, e cai inanimado.
Desdemona, nos seus aposentos, despede-se de Emilia e reza uma Ave Maria. Otello surge, acusa-a de traição. Ela nega e reafirma que sempre lhe foi fiel, mas Otello estrangula-a. Emilia entra e informa que Cassio matou Roderigo. Ao ver Desdemona moribunda, revela a traição de Iago. Arrasado com o que fez, Otello apunhala-se, beija a mulher e morre.

(fotografia / photo Bill Cooper Royal Opera House)

A encenação de Elijah Moshinsky é antiga (25 anos), clássica, vistosa e de muito bom gosto. Abundam os mármores nos cenários renascentistas. Iago aparece sempre vestido de escuro e Desdemona de claro, um pormenor interessante. A produção evidencia o conflito entre a vida pública grandiosa de Otello e a sua crescente vulnerabilidade, dor e loucura que conduzirão à destruição.

Antonio Pappano presenteou-nos com uma bela e empolgada leitura da obra, muito correcta no estilo. A Orquestra e o Coro da Royal Opera House estiveram no seu nível de excelência.



Otello foi interpretado pelo tenor letão Aleksandrs Antonenko. O melhor Otello no activo. Tem uma voz enorme de tenor heróico, afinada e segura. O timbre é bonito. Contudo, achei a interpretação um tanto uniforme ao longo da récita. A insegurança, ciúme e revolta crescentes poderiam ter-se reflectido de forma mais expressiva na voz.
Tenho como referência neste papel Placido Domingo, que vi há muitos anos, mas ainda recordo como se tivesse sido ontem. A expressão sublime, vocal e cénica, de um Otello dilacerado pela suspeita da traição de Desdemona foi superlativa e.não sei se alguma vez verei melhor.



Anja Harteros, soprano alemão, foi uma Desdemona deslumbrante. Entrou um pouco dura, mas ao longo da récita foi melhorando, atingindo a perfeição no último acto. A voz de soprano tem uma amplitude do lírico, ao dramático, é muito potente e segura, homogénea em todos os registos. Os pianissimi são fantásticos. Cenicamente também esteve irrepreensível e foi a melhor em palco.





O barítono italiano Lucio Gallo fez um Iago de belo efeito. Tem uma voz muito decente, mas confesso que não é um dos meus cantores favoritos. Faz trejeitos faciais excessivos quando canta. Contudo, reconheço que a sua interpretação esteve à altura da personagem. Foi cínico e maléfico, perfeito na intriga. Mas não atingiu o patamar de excelência dos outros dois solistas principais.


 Antonio Poli, tenor italiano, foi um Cassio interessante mas pouco expressivo e, vocalmente, o menos forte de todos os solistas Tem um timbre agradável, a voz é clara e segura, mas ainda um pouco “crua”.



Emília, a criada de Desdemona e mulher de Iago, foi interpretada pelo mezzo polaco Hanna Hip. Apesar de o papel ser pequeno, deu excelente nota das suas qualidades vocais de excepção.



Merece também relevo o baixo britânico Brindley Sherratt que causou óptima impressão na sua curta intervenção como Lodovico, um embaixador de Veneza.







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Otello, Royal Opera House, London, July 2012

Otello is an opera by G. Verdi with libretto by Arrigo Boito, based on Shakespeare's Othello.

Considered by some a wagnerian approach to drama, the penultimate Verdi opera was composed in a musical continuum, which blur the separation between arias, ensembles and recitatives. However, the composer is faithful to the Italian operatic tradition, based on its extensive previous work, keeping arias like Credo by Iago and the Ave Maria by Desdemona, but the orchestra ceases to be a simple vocal accompaniment to become the driver of the musical drama.
The action takes place in Cyprus in the late fifteenth Century. After facing a storm Otello arrives to Cyprus as governor. His ensign Iago wants revenge because Cassio, a venetian official, was promoted to captain in his place. He tells Roderigo, a venetian nobleman, that he will help him conquer the woman he desires, Desdemona, the wife of Otello. IagoeEncourages them to drink and cause a fight in which Cassio wounds Montano, the former governor. Otello strips Cassio of his captaincy.. Alone with Desdemona, they sing their deep love.
Iago convinces Cassio to ask Desdemona (who walks with Emilia, her companion and Iago’s wife) to ask her husband to forgive him. Otello sees them talking and Iago asks him if he trusts Cassio. Desdemona makes the request to Otello. He complains of his head. Desdemona uses a handkerchief on his forehead, but he throws it aside in his anger. The handkerchief is caught by Emilia but Iago takes it with him. Alone with Otello, Iago says that he heard Cassio talking about Desdemona in his sleep and saw the handkerchief in his hands. Otello, angry, falls to his knees and swears revenge, in which is accompanied by Iago.
The arrival of the venetian ambassadors is announced. Otello complains again of his head and Desdemona caresses him with another handkerchief. Otello wants the handkerchief that he had offered her and accuses her of infidelity, expelling her. Hidden behind a column, he sees Iago speak to Cassio. When he sees in Cassio’s hands Desdemona's handkerchief (which appeared in his room), he is convinced of her betrayal. Iago suggests Otello to asphyxiate her. The venetian ambassador informs him that he must go back to Venice and that Cassio will be his successor in Cyprus. Otello, insane, is very violent with Desdemona, threatens all, and falls lifeless.
Desdemona, in her chamber, bids farewell to Emilia and pray a Ave Maria. Otello arrives, accuses her of treason, she denies it and insists that she was always faithful, but Otello strangles her. Emilia appears and says that Cassio has killed Roderigo. Seeing Desdemona dying, she reveals the betrayal of Iago. Devastated by what he did, Otello stabs himself, kisses his wife and dies.
The direction of Elijah Moshinsky is 25 years old, classic, showy and very interesting. Marbles dominate renaissance scenarios. Iago appears always dressed in dark and Desdemona in light colours, a nice detail. The production highlights the conflict between the great public life of Otello and his increasing vulnerability, pain and madness that will lead to destruction.

Antonio Pappano presented us with a beautiful reading of the work and an exciting conduction. The Orchestra and Chorus of the Royal Opera House have been in their usual level of excellence.
Otello was interpreted by Latvian tenor Aleksandrs Antonenko. The best Otello singing at present days. He has a great heroic tenor voice, refined and secure. The timbre is beautiful. However, I found the interpretation somewhat uniform throughout the performance. Growing insecurity, jealousy and anger could have been reflected more expressively in the voice.
My refe reference in this role is Placido Domingo, who I saw many years ago but I still remember like it was yesterday. The sublime expression, vocal and artistic, of a lacerated Otello by the suspicion of Desdemona's betrayal was superlative and I do not know if I will ever see better.

Anja Harteros, German soprano, was a fabulous Desdemona. She started a little harsh, but along the performance she improved, achieving excellence in the last act. Her lyric, and dramatic soprano voice is very powerful and secure, homogeneous in all registers. The pianissimi are fantastic. Artistically she was also blameless and she was the best singer on stage.
Italian baritone Lucio Gallo was a Iago of nice effect. He has a very decent voice, but I confess that he is not one of my favorite singers. He makes excessive face mannerisms when he sings. However, I recognize that his interpretation was adequate to the character. He was cynical and evil, perfect in intrigue. But he did not reach the quality of the other two main soloists.
Antonio Poli, Italian tenor, was an interesting Cassio but not very expressive artistically, and vocally he was the least powerful of all the soloists. He has a nice tone but it is still a bit “immature”.
Emilia, Desdemona's companion and Iago's wife, was interpreted by Polish mezzo Hanna Hip. Although the role is small, she showed her excellent vocal qualities.

British bass Brindley Sherratt was also excellent in his short role as Lodovico, an ambassador of Venice.
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sábado, 21 de julho de 2012

LES TROYENS, Royal Opera House, Londres, Julho de 2012


(review in english below)

Les Troyens é uma ópera em cinco actos de H. Berlioz baseada na Eneida de Virgílio.

Os dois primeiros actos retratam a queda de Tróia. Após uma longa batalha, os gregos saem de Tróia mas deixam lá um cavalo de madeira (com soldados no interior). Uma profetisa troiana, Cassandre (Cassandra), informa que Tróia está condenada, mas o príncipe Chorèbe, seu noivo, ignora-a. Énée (Eneias), um herói troiano, relata a morte de um sacerdote que pediu a destruição do cavalo. Este entra na cidade e Tróia cai. O fantasma de um dirigente troiano (Hector) diz a Eneias que procure uma nova Tróia em Itália. Eneias foge, Chorèbe morre a Cassandra mata-se.
Os três últimos actos relatam a passagem dos troianos por Cartago. Didon (Dido), rainha de Cartago, é ajudada pelos recém chegados troianos na defesa da cidade contra Iarbas, rei da Numídia. Dido e Eneias apaixonam-se. A população festeja a vitória de Cartago sobre Iarbas. Os fantasmas dos troianos dizem a Eneias para partir para Itália. Ele decide fazê-lo, com a sua frota, contrariando o pedido de Dido. A rainha sobe a uma pira funerária e mata-se com a espada de Eneias.



Mais uma vez este ano, muitos meses depois de comprar bilhete, fui confrontado com um contratempo major – um novo cancelamento do Jonas Kaufmann, para mim o segundo em três meses.



A encenação de David McVicar é de belo efeito visual. É um dos exemplos do que ocasionalmente se tem discutido neste bolgue, da procura do grande impacto visual como componente major de algumas produções operáticas recentes.
A acção foi transportada para meados do Séc. XIX, no início da revolução industrial, sabe-se lá porquê? O primeiro acto abre com uma enorme estrutura convexa, uma cidadela metálica, com vários andares, representando a defesa do cerco de Tróia, que mais adiante se abrirá em duas metades, entre as quais toda a acção se passará.

(Photo Bill Cooper / Royal Opera House)

 O cavalo de madeira (composto por cabeça e pescoço) é aqui feito de restos metálicos de armas e, ocasionalmente, deita fumo e fogo pela crina e pelas narinas.

(Photo Bill Cooper / Royal Opera House)

(Photo Bill Cooper / Royal Opera House)

Nos três últimos actos, a estrutura inicial roda e mostra Cartago e as suas gentes, numa representação côncava, em anfiteatro, com cores quentes e, no centro, casas em miniatura.

(Photo Bill Cooper / Royal Opera House)

 Posteriormente a representação central de Cartago eleva-se e fica invertida e, nas cenas finais abre-se ao meio, novamente sobre o solo, talvez para simbolizar o destino de Dido. No centro do palco surgem cordas de navios e uma vigia, que desaparecem quando a frota parte.

(Photo Bill Cooper / Royal Opera House)

A ópera termina com uma pira funerária no centro, onde Dido se suicidará.

(Photo Bill Cooper / Royal Opera House)

Para mim o momento mais conseguido é o belíssimo final do 4º acto, no dueto de amor entre Dido e Eneias, Nuit d’ivresse et d’extase infinie!, em que cai a noite e se vêem apenas as luzes nas janelas das casas em miniatura. Para este momento sublime contribuíram, maioritariamente, as interpretações musicais da orquestra e dos solistas, de um lirismo arrebatador, como adiante referirei.

(Photo Bill Cooper / Royal Opera House)

Antonio Pappano dirigiu a Orquestra da Royal Opera com intensidade dramática e a excepcional qualidade com que nos habituou. Também o Coro da Royal Opera, nas suas múltiplas intervenções, foi imaculado. Merecem uma referência muito positiva os bailarinos e acrobatas que participaram, embora a coreografia não me tenha interessado.



Em relação aos cantores, foi uma récita em cheio!

O mezzo italiano Anna Caterina Antonnaci  foi Cassandra. A voz é de grande beleza e conseguiu transmitir toda a emoção das suas profecias. Contudo, falta-lhe volume em algumas partes e, ocasionalmente, deixa-se abafar pela orquestra ou pelos outros cantores. Em palco foi excelente, nas expressões e movimentos.

(Photo Bill Cooper / Royal Opera House)



Eva Maria Westbroek, soprano holandês, interpretou superiormente a rainha Dido. A cantora tem um timbre muito interessante e um registo invulgarmente amplo, aberto, com belos laivos escuros, que imprimem nuances únicas à interpretação. A potência vocal é enorme e a cantora foi forte e firme no início, lírica, frágil e insegura após apaixonar-se por Eneias e intensamente dramática no final.

(Photo Bill Cooper / Royal Opera House)



O papel de Eneias (que estava reservado ao Kaufmann) foi cantado pelo jovem tenor americano Bryan Hymel. Fiquei deslumbrado. Foi, para mim, o melhor. A voz é de uma beleza invulgar, límpida, clara e forte. Os agudos são impressionantes porque surgem com aparente facilidade e são mantidos com elevada qualidade. O cantor foi também convincente na interpretação cénica. Um cantor a seguir com atenção.

(Photo Bill Cooper / Royal Opera House)



Merecem ainda relevo outras interpretações de grande qualidade em papeis secundários, incluindo o barítono italiano Fabio Capitanucci como Chorèbe, noivo de Cassandra, o veteraníssimo baixo Robert LLoyd como Rei Priam, o excelente mezzo polaco Hanna Hip no papel de Anna, irmã de Dido, o mezzo alemão Barbara Senator como Ascânio, filho de Eneias, os tenores coreanos Ji Hyun Kim como Helenus, filho do Rei Priam e Ji-Min Park como Iopas, poeta da corte e, sobretudo o baixo britânico Brindley Sherratt como Narbal, ministro de Dido, e o jovem tenor britânico Ed Lyon que foi um excepcional Hylas, marinheiro nostálgico que canta da vigia no navio.





Também tive oportunidade de assistir à transmissão televisiva em directo uma semana antes e as diferenças são enormes. As vozes amplificadas parecem todas de igual potência, o que não foi o caso, sobretudo no que respeita às duas solistas principais. Por outro lado, perde-se toda a grandiosidade do espectáculo, só possível de  ser apreciada ao vivo.




Um espectáculo deslumbrante!

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LES TROYENS, Royal Opera House, London, July 2012

Les Troyens is an opera in five acts by H. Berlioz based on Virgil's Aeneid.

The first two acts describe the fall of Troy. After a long battle, the Greeks abandon Troy but leave a wooden horse (with soldiers inside). A Trojan prophetess, Cassandre (Cassandra), announces that Troy is doomed, but prince Chorèbe, her fiance, ignores it. Énée (Aeneas), a Trojan hero, reports the death of a priest who called for the destruction of the horse. The horse enters the city and Troy falls. The ghost of a trojan leader (Hector) tells Aeneas to found a new Troy in Italy. Aeneas flees Chorèbe dies and Cassandra kills herself.
The last three acts retreat the passing of the Trojans in Carthage.
Didon (Dido), queen of Carthage, is helped by the newly arrived Trojans in defending the city against Iarbas king of Numidia. Dido and Aeneas fall in love. The population celebrates the victory of Carthage over Iarbas. The ghosts of the Trojans tell Aeneas to leave for Italy. He decides to do so, with his fleet, against the request of Dido. The queen goes to a funeral pyre and kills herself with the sword of Aeneas.
Again this year, several months after buying the ticket, I was confronted with a major setback - A new cancellation of Jonas Kaufmann, for me the second in three months.

The staging by David McVicar has a nice visual effect. It is one of the examples of what has been discussed occasionally in this bolgue, the demand for high visual impact as a major component of some recent opera productions.
The action was taken to the mid-nineteenth century, at the beginning of the industrial revolution, who knows why? The first act opens with a massive convex structure, a metal fortress, with several levels, representing the defense of the siege of Troy, which later opens into two halves, between which all the action will happen.
The wooden horse (composed of head and neck) is here made with scraps of metal weapons, and occasionally throws smoke and fire by the mane and nostrils.
In the last three acts, Carthage and its people are shown by a concave, amphitheater, with warm colors and in the center, miniature houses. Later the central representation of Carthage rises and is reversed, and in the final scenes it opens in half, again on the ground, perhaps to symbolize the fate of Dido. At the center of the stage several ropes of ships and a watch are present, which disappear when the fleet leaves. The opera ends with a funeral pyre in the center, where Dido commits suicide.

For me the most impressive moment was the beautiful end of the 4th act, the love duet between Dido and Aeneas, Nuit d’ivresse et d’extase infinie!, when night falls and we see only the lights in the windows of the miniature houses. To this sublime sweeping lyric moment the major contribution was of the musical performances of the orchestra and the soloists, as I will mention later on.

Antonio Pappano conducted the Orchestra of the Royal Opera with dramatic intensity and the exceptional quality that we are used to. Also the Royal Opera Chorus, in its multiple interventions, was immaculate. Also a very positive reference to the dancers and acrobats who participated, although the choreography did not interested me.
Regarding the singers, it was quite a performance!

Italian mezzo Anna Caterina Antonnaci was Cassandra. Her voice is of great beauty and she managed to convey the excitement of their prophecies. However, she lacked volume in some parts, and occasionally allowed to drown out by the orchestra or the other singers. On stage she was na excellent actress both in her expressions and movements.

Eva Maria Westbroek, Dutch soprano, was a superior queen Dido. The singer has a very interesting timbre and a very ample, open, register with beautiful dark overtones. She presents unique nuances that enrich her interpretation. The vocal power is enormous and the singer was strong and steady at first, lyrical, fragile and insecure after falling in love with Aeneas, and intensely dramatic in the end.

The role of Aeneas (which was initially scheduled for the Kaufmann) was sung by the young American tenor Bryan Hymel. I was dazzled. He was for me the best. The voice is of an unusual beauty, clean, loud and clear. The top notes are striking because they are reached with apparent ease and are maintained with high quality. The singer was also convincing in the artistic interpretation. A singer to follow attentively.

Most other interpretations of supporting roles were equally of great quality, including Italian baritone Fabio Capitanucci as Chorèbe fiancé of Cassandra, the  veteran bass Robert Lloyd as King Priam, the great Polish mezzo Hanna Hip in the role of Anna, Dido's sister, the German mezzo Barbara Senator as Ascanius, son of Aeneas, the Korean tenors Ji Hyun Kim as Helenus, son of King Priam and Ji-Min Park as Iopas,
acourt poet, and, especially the bass Brindley Sherratt as Narbal, Minister of Dido, and the young British tenor Ed Lyon, an exceptional Hylas, a sailor.

I also had the opportunity to watch the opera live on television one week before and the differences are huge. The amplified voices seem all of equal power, which was not the case, especially with regard to the two main female soloists. On the other hand, we lose all the grandeur of the performance that can only be appreciated live.

A fabulous performance!

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sexta-feira, 20 de julho de 2012

Bryan Hymel -Um jovem tenor muito promissor / A very promising young tenor


(text in english below)

Na minha mais recente deslocação ao estrangeiro tive o privilégio de assistir a um espectáculo de ópera sensacional.
Desconhecia o jovem tenor de 32 anos que cantou o protagonista.
Estou certo que ainda nos dará muitas alegrias, dadas as suas qualidades vocais de excepção.
E é também um homem muito simpático.
Quem é ele? Bryan Hymel.


A very promising young tenor

 In my most recent trip abroad I had the privilege of attending a sensational opera performance.
I did not know the soloist young (32 years old) tenor.
I am sure he will give us many enjoyable performances, given his exceptional vocal qualities.
And he is also a very nice man.
Who is he? Bryan Hymel.

segunda-feira, 16 de julho de 2012

PARSIFAL – De Nederlandse Opera – 8 Julho 2012

(review in english below)


Tendo começado a Temporada com um Parsifal, terminei-a de igual modo e tendo o prazer de me estrear na Ópera de Amesterdão.


A sala é óptima. Sendo moderna, todos os locais permitem aparentemente uma boa visibilidade do palco. 


Na entrada existem relógios que marcam o horário dos intervalos e o final da récita, o ambiente é descontraído e os snacks são bons e, comparativamente com outras casas de ópera, têm melhor relação qualidade-preço.


A encenação de Pierre Audi foi extremamente fraca e desinteressante, não se tendo tornado uma récita má devido à qualidade vocal e interpretativa dos intervenientes.

O primeiro acto começa num local inóspito com dois rochedos e uma projeção de luz que torna tudo nele vermelho e que se torna normal quando se ouve o tema de Parsifal e se antecede a sua entrada em palco. Durante a abertura vê-se uma criatura negra com os cabelos longos a abandonar o local e que só no segundo acto se fica a saber ser um dos homens de Klingsor, os quais Parsifal derrota antes de chegar às mulheres-flor. O cisne é um cisne e cai no centro do palco após ser atingido pelo jovem. Amfortas aparece literalmente como a imagem que temos de Jesus Cristo na Cruz, com lençol escondendo os genitais e em tronco nu, ao que se junta uma faixa branca no tronco, manchada de sangue, escorrendo o mesmo pelo tronco. A música da transformação leva à necessidade de cobertura do palco com o pano o que pessoalmente detesto porque se perde a noção de continuidade. O que aparece depois de corrido o pano é o inverso dos rochedos com uns suportes em jeito de andaimes de madeira e manchados de vermelho e onde se encontram os Cavaleiros do Graal. O Graal é personificado como um lençol que Amfortas desenrola e onde surge, perto do topo, um jorrar de sangue que vai caindo quase linearmente ao longo do lençol (talvez este seja o único apontamento interessante da encenação e, mesmo assim, não por aí além em originalidade). 

O segundo acto tem o palco sem nada e lá desce uma estrutura circular prateada e reflexa. Os fatos das mulheres-flor até eram esteticamente bonitos, cheios de folhos, mas o resto dependeu sempre daquilo que os cantores foram capazes de fazer. 

No terceiro acto... palco vazio à excepção de uma estrutura inversa à da estrutura circular do segundo acto, o que até tem a sua coerência (estrutura circular a significar o reino de Klingsor e o inverso a representar o mundo oposto do Graal mas em nada relacionado com o mundo do primeiro acto). No final, os Cavaleiros surgem vestidos de preto com o símbolo da cruz desenhado na face, na mesma cor, e Amfortas aparece também vestido de fato negro com a ferida visível por baixo. Parsifal chega, desce a estrutura circular até meio do palco como que parcialmente completando o seu inverso e todos parecem desmaiar em êxtase ou então a morrer (não compreendi a ideia) com um Gurnemanz contemplativo vendo Parsifal sair de cena.

Não me quero repetir em relação a Christopher Ventris naquilo que já referi sobre a récita de Barcelona de 2011 mas... está melhor que nunca. É perfeitamente sentida, vocal e interpretativamente, a transição entre o Parsifal tolo e o iluminado.  A maneira como sente o que canta e o transmite principalmente no dueto com Kundry  é arrepiante. Sempre uma aposta ganha sempre que cantar este papel.


Falk Struckmann, habitualmente um Amfortas de qualidade, estreou-se (penso) como Gurnemanz. É preciso gostar muito da voz deste cantor para aceitar, por exemplo, o seu Wotan e o mesmo se passa com o seu Gurnemanz. O modo como articula a linguagem, por vezes, não é musicalmente perfeito e pode ser ligeiramente incomodativo. Para mim não o é e a sua expressividade foi de excelente nível.  A potencia vocal a ela associada criaram um Gurnemanz digno e que não foi superior face a uma encenação conceptualmente pobre.


Petra Lang esteve sublime, fantástica, insuperável, destacando-se também o dueto com Parsifal. Acho difícil conseguir-se, na actualidade, ter uma Kundry melhor que a criada aqui por Lang.


Alexander Marco-Buhrmester esteve bem como Amfortas. Voz com timbre bonito, expressiva embora, em determinadas passagens, pareça algo amorfo e não conseguir transmitir a emoção correcta do texto.


Mikhail Petrenko, na sua curta intervenção com Titurel e Klingsor, cumpriu muito bem o papel, mais uma vez sentindo-se alguma falta de brilhantismo cénico face à encenação.

A direcção de Ivan Fischer e a qualidade da Orquestra estiveram ao nível do melhor que se pode fazer em Wagner! Excelente!


Se o Don Giovanni de Guth foi um exemplo de como uma encenação pode elevar os intérpretes e a Ópera, o Parsifal de Audi foi a sua antítese, valendo sim pelo cantores.


Fica a recomendação da Ópera de Amesterdão que tem uma temporada 2012-2013 de elevado nível!



PARSIFAL – De Nederlandse Opera - July 8, 2012


Having started the season with a Parsifal, I finished it the same way and having the pleasure of making my debut at the Amsterdam Opera House.


The Opera House is great. Being modern, seemingly all sites allow good visibility of the stage. 


At the entrance there are clocks that mark the time of the intervals and the end of the performance, the atmosphere is relaxed and the snacks are good and comparable to other Opera Houses, have better value for money.


The staging of Pierre Audi was extremely weak and uninteresting, not having made a performance due to poor voice quality and interpretation of the actors.

The first act begins in an inhospitable place with two rocks and a projection of light that makes it all red and it becomes normal when you hear the theme of Parsifal and before his entry into the stage. During the ouverture we see a black creature with long hair leaving the scene and only in the second act we find out it to be one of the men of Klingsor, which Parsifal defeats before reaching the flowermaidens. The swan is a swan and falls to the center stage after being hit by the young fool. Amfortas appears literally as the image we have of Jesus Christ on the Cross with a white blanket hiding the genitals and naked torso, along with a white band on the trunk, stained with blood streaming down the same trunk. The music of the transformation leads to the need to cover the stage with the cloth which I personally hate because it loses the sense of continuity. What appears after running the cloth is the inverse of the cliffs with some woden structure as in construction, stained in red, and where the Grail Knights stand. The Grail is personified as a sheet that Amfortas unfolds and where appears, near the top, a gush of blood that falls off almost linearly along the sheet (perhaps this is the only note of interest of the staging and even so not as original as expected). 

The second act show an empty stage where a circular structure with silver reflex descends. The suits of the flowermaidens were aesthetically beautiful, full of frills, but the rest has always depended on what the singers were able to do.

In the third act... empty stage with the exception of an inverse structure of the circular structure of the second act, which even has its consistency (circular structure to mean the kingdom of Klingsor and the reverse to represent the opposing world of the Grail but in no way related to the world in the first act...). In the end, the Knights appear dressed in black with the cross symbol drawn on the face, in the same color, and Amfortas appears also dressed in a black suit with the wound visible underneath. Parsifal arrives, the circular structure descends halfway as partially completing its inverse, and all seem to swoon in ecstasy or to die (I did not understand the idea) with a contemplative Gurnemanz seing Parsifal leaving the scene.

I do not want to repeat myself over Christopher Ventris regarding what I said about the Guth production in Barcelona 2011 but ... he is better than ever. The transition between the fool Parsifal and the enlightened Parsifal is perfectly felt in vocal and interpretative way. The way he feels what he sings and how he can transmit that to us is unbelieveavle, specially when he sings the duet with Kundry. Always a safe bet when Ventris sings this role.


Falk Struckmann, usually a high quality Amfortas, made his debut (I think) as Gurnemanz. You must really like the voice of this singer to accept, for example, his Wotan and the same goes for his Gurnemanz. The way he articulates the language is sometimes not musically perfect and can be slightly annoying. For me it is not and his expression was excellent. The vocal power associated with it have created a dignified Gurnemanz, and that was not higher due to a conceptually poor staging.


Petra Lang was sublime, fantastic, unbeatable, especially also in the duet with Parsifal. I find it hard to get nowadays a better Kundry than the one created here by Lang.


Alexander Marco-Buhrmester was fine as Amfortas. The voice has a beautiful tone, although he seems dramatically weak and amorphous in some passages, not being able to convey the correct emotion of the text.


Mikhail Petrenko, in his short  appearance as Titurel and Klingsor, fulfilled the role well, once again leaving us a feeling of lack of more brilliance due to the staging.

Ivan Fischer and the Orchestra gave us an excelente performance, with some of the best Wagner you can expect.


If Guth's Don Giovanni was an example of how one staging can elevate the performers and the opera, The Audi’s Parsifal was its antithesis, worth due to the singers.


I leave you the recommendation of the Amsterdam Opera House which has a high level season in 2012-2013!