sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Uma noite de Richard Strauss, Robert Schumann e Johannes Brahms – Fundação Calouste Gulbenkian – 29 Novembro 2012


Que excelente surpresa o Concerto para Oboé e Orquestra de Richard Strauss hoje à noite na Gulbenkian. Com Pedro Ribeiro como solista no oboé, o lirismo e a sonoridade algo paralela/diferente ao previamente composto pelo compositor nos seus anos de maior maturidade (é uma obra dos seus últimos anos de vida) marcou-me com alguma serenidade.



O Concerto para Piano e Orquestra de Robert Schumann foi-me dado a conhecer por Hélène Grimaud na sua, pode-se dizer, já antiga gravação da editora Erato. Relembro uma espécie de teledisco que passava no canal Mezzo, onde os tão queridos lobos da pianista se passeavam ao som do primeiro andamento deste concerto. Talvez por essa razão não consiga deixar de considerar que este é um Concerto para Piano e Orquestra “feminino”. E foi Elena Bashkirova que o interpretou, com uma elegância e emoção capaz, a nível superior, de transmitir toda a beleza desta obra. Como número extra programa tocou uma valsa de Tchaikovsky, com a delicadeza de referir o que iria tocar e interpretando de modo caloroso, confirmando que o piano é um dos instrumentos mais íntimos que existe.


A segunda parte foi totalmente preenchida pela 3ª Sinfonia de Johannes Brahms. A, na minha opinião, menos inspirada das sinfonias do compositor pesou um pouco num contraste menos interessante com as obras iniciais do concerto.

Espero que o primeiro violino consiga, sem problema, reparar uma das cordas rompidas durante o último andamento...

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Macbeth, Theatro Municipal de São Paulo


ASSISTA DE OLHOS BEM FECHADOS A ÓPERA MACBETH NO THEATRO MUNICIPAL DE SÃO PAULO. CRÍTICA DE ALI HASSAN AYACHE NO BLOG DE ÓPERA E BALLET.


A ópera Macbeth de Giuseppe Verdi estreou no último dia 23 no Theatro Municipal de São Paulo. Autoridades compareceram aos montes e onde tem autoridade tem fotógrafos e muitos papagaios de pirata. O senhor prefeito nos honrou com sua presença, tirou inúmeras fotos ao lado do diretor da ópera Robert Wilson. Muitos anônimos tentaram seus quinze minutos de fama e buscaram uma foto fingindo ser importante. Vamos à ópera que é o que interessa.

 Cena de Macbeth, Foto Internet

É salutar e interessante que diretores gringos venham trazer novas ideias as montagens do maior teatro paulistano, mas cuidado com as escolhas. O diretor teatral Robert Wilson exagerou na dose, gosta de se mostrar inovador e de vanguarda, mas seu trabalho nesse Macbeth foi um fiasco.
Personagens sem vida, todos estáticos e sem nenhuma interpretação da obra. Frios e paralisados lembram o personagem doutor Spock de Jornada nas Estrelas. Transformou o figurino de Lady Macbeth em um misto de Cio-Cio-San e Turandot. A posição das mãos e a maneira de andar de todos os personagens são sempre iguais, os figurinos parecidos e os cenários inexistentes. A luz é inovadora e interessante. Sua visão da obra é a inexistência de emoções, todos são gélidos e com a mesma personalidade.

  Cena de Macbeth, Foto Internet

Dirigir ópera no Theatro Municipal de São Paulo segue uma fórmula contínua: inexistência de cenários, luz pra todo lado, telas que sobem e descem e uma projeção de vídeo para ajudar. Tenho visto isso nas últimas apresentações e essa fórmula está cansando. Alguns vão dizer que eu não tolero obras modernas e de vanguarda, tolero sim. Vejam a produção do Scala de Milano com Renato Bruson Carlo Colombara de 1997 ou a do Metropolitan Opera de Nova Yorque de 2008, obras que modernizam o Macbeth sem fazer lambança com ele.

 Cena de Macbeth, Foto Internet

Travados pela direção maluca de Robert Wilson ou Bob para os íntimos os solistas deram conta do recado. Anna Pirozze fez uma grande Lady Macbeth, sua voz saiu pujante, forte e sólida. Seu timbre escuro munido de belos agudos mostrou qualidade e calor na voz. Grande soprano. O barítono Angelo Veccia fez um Macbeth comum, sua voz não tem o calor, força e a vivacidade de um grande barítono verdiano. Seu timbre um pouco áspero até combina com o personagem, mas a falta de interpretação atrapalha.
O baixo Carlo Cigni mostrou ter uma voz grande com graves quentes e maduros. Um baixo digno da tradição verdiana, uma voz encorpada e possante. Uma voz que penetra na alma. Lorenzo Decaro tem uma bela voz de tenor, defendeu sua pequena participação com um timbre cristalino.

O Coral Lírico esteve soberbo, em todas as intervenções mostrou qualidade vocal superlativa. Vozes harmoniosas e adequadas, consistência do início ao fim da apresentação. O Coral Lírico pode cantar em qualquer teatro do mundo porque está sempre em alto nível. A Orquestra Sinfônica Municipal apresentou bela musicalidade, nas mãos do competente Abel Rocha soou sublime. Volume e tempos corretos foram a tônica da apresentação. Abel Rocha, de ópera o homem entende.
A melhor maneira de assistir a esse Macbeth é de olhos bem fechados. Você escuta as belas melodias verdianas, ouve as grandes vozes dos solistas, do coral e da orquestra e não vê as bobagens que o diretor inventa. Esse quer aparecer mais que a obra, quer ser mais que Verdi.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

A FLAUTA MÁGICA / DIE ZAUBERFLÖTE– Fundação Calouste Gulbenkian – 25 de Novembro 2012


(review in english below)




O modo como Mozart relativiza o eventual sucesso ou fracasso da sua última Ópera é, no mínimo, brilhante: se falhasse acabava por não ser inesperado porque ele nunca havia escrito uma ópera mágica.

Podemos ver A Flauta Mágica de dois modos: como uma história simples, onde comédia se entrelaça com momentos mais sérios, num misto de emoções, sentimentos e valores simples tidos como o bem, em oposição a tudo o que no nosso íntimo sabemos ser o mal; ou então mergulhar nos valores da Maçonaria e das ideias do Iluminismo ao mais alto pormenor. Não sou nem nunca serei um especialista pelo que não me vejo capaz de vos falar sobre esta última maneira de abordar a obra mas convido-vos a ler a página do seguinte link, entre as muitas que podem ser encontradas na internet: http://foundation.ctfreemasons.net/index.php/assorted-masonic-writings/53-die-zauberflote-masonic-elements-within-the-libretto-and-the-music.html

René Jacobs voltou à Fundação Calouste Gulbenkian pelo 3º ano consecutivo e com Mozart. Se o ano passado La Finta Giardiniera já havia possibilitado uma récita que, embora em versão de concerto, expandia este conceito ao transportar aquilo que de mais é importante numa boa produção operática – a capacidade cénica de cada interveniente (além da capacidade e interpretação vocal), este ano as coisas foram muito mais além e com uma qualidade a que a Flauta Mágica se predispõe talvez por, no fundo, ser mágica...

Com a Orquestra Akademie für Alte Musik Berlim em absoluta sintonia com o espírito mozartiano, em perfeita sintonia com Jacobs, e transpondo um som equivalente ao triplo do seu tamanho, com uma precisão notável, acabou por ser abraçada por cantores de excelente qualidade que aproveitaram o espaço anterior e posterior para uma interpretação como se de uma casa de ópera clássica se tratasse, com os maravilhosos jardins da Gulbenkian como fundo. Se escutarem a brilhante gravação desta obra por Jacobs que saiu em 2010, imaginarão, se não estiveram presentes, os diversos efeitos especiais da mesma que pudemos escutar igualmente e ajudaram, com tudo o resto, a criar um ambiente teatral apaixonante.

É difícil destacar alguém de um elenco que esteve globalmente a um nível de qualidade superior mas não se pode deixar de referir alguns aspectos mais positivos e negativos. O Papageno de Daniel Schmutzhard foi magnífico, altamente cómico, fazendo o contraste esperado em relação a Tamino, e a sua interação com a Papagena de Sunhae Im foi deliciosa de se ver. As três damas, Inga Kalna, Anna Grevelius e Isabelle Druet, foram sublimes vocalmente. Kurt Azesberger fez um Monostatos clássico. Burçu Uyar prometeu muito no primeiro acto, na célebre ária “O zitt’re nicht, mein lieber Sonn” ao revelar excelência na articulação, potência vocal e fraseado mas na grande prova da ópera para esta personagem e talvez para todo o soprano na História da Música, na ária do 2º acto “Der Holle Rache kocht in meinem Herzen” não chegou aos  célebres  Fás agudos de forma a se ouvirem, o que deixou um ligeiro sentimento de desilusão que invariavelmente não pode deixar de assombrar tudo o resto que fez com uma qualidade acima da média. Topi Lehtipuu esteve muito bem, embora com alguma insegurança nos agudos e um timbre que se espera mais cristalino para o papel (o meu preferido da actualidade: Pavel Breslik). Miah Persson, Markus Fink, Thomas E. Bauer e Joachim Buhrmann estiveram excelentes, com o papel de Pamina a não ter suficientes agudos que destacassem o vibrato da cantora sueca. Uma palavra de incentivo para os 3 rapazes que estiveram muito bem. O RIAS-Kammerchoir esteve magnífico.

Acho que assistimos a mais um dos maiores momentos da Fundação dos últimos anos e esperemos que Jacobs volte na próxima temporada. Eu gostaria que trouxesse “Il Re Pastore” mas, outros preferirão possivelmente outra obra do génio de Salzburgo?





THE MAGIC FLUTE - Calouste Gulbenkian Foundation - November 25, 2012


The way Mozart relativizes the eventual success or failure of his last opera is at least brilliant: if it failed would eventually not be unexpected because he had never written a magical opera.

We can see The Magic Flute in two ways: as a simple story where comedy is intertwined with more serious moments, a mix of emotions, feelings and values ​​simply taken as good, as opposed to all that we know in our hearts to be evil , or dive in the values ​​of Freemasonry and ideas of the Enlightenment to the highest detail. I am not nor ever will be an expert so do not see myself able to talk to you about this latest approach to the work but I invite you to read the next link among the many that can be found on the internet:



René Jacobs returned to the Calouste Gulbenkian Foundation for the 3rd consecutive year and again with Mozart. If last year's La Finta Giardiniera had enabled a night that while in concert version, expanded this concept to carry more of what is important in a good operatic production - the scenic ability of each singer (despite the ability and vocal interpretation) This year things were much further and with a quality that the Magic Flute predisposes because, deep down inside, it is magic...

With the Akademie für Alte Musik Orchestra Berlin in absolute harmony with the Mozartian spirit, in perfect harmony with Jacobs, and transposing a sound equivalent to three times its size, with outstanding accuracy, was embraced by singers who took advantage of the excellent quality space in front and back to an interpretation as in a classical opera house, with the beautiful Gulbenkian gardens as background. If you listen to the recording of this brilliant work by Jacobs from 2010, you can imagine the live aspects of the various special effects that we just listen and also helped with everything else, to create a fascinating theatrical environment.

It is difficult to highlight someone in a cast who was at a generally higher level of quality but one can not fail to mention some positive and negative aspects. The Papageno by Daniel Schmutzhard was magnificent, highly humorous, making the contrast expected in relation to Tamino, and his interaction with Papagena of Sunhae Im was delightful to watch. The three ladies, Inga Kalna, Anna Grevelius and Isabelle Druet, were vocally sublime. Kurt Azesberger did a classic Monostatos. Burçu Uyar promised much in the first act, in the famous aria "O zitt're nicht, mein lieber Sonn" to prove excellence in articulation, phrasing and vocal power but in the opera greatest test for this character and maybe for any soprano in the History of Music, in the aria of the 2nd act "Der Holle Rache kocht in meinem Herzen" she did not not reach the famous high Fs and we did not hear any sound, which left a slight sense of disappointment that invariably can not but haunt everything else that she made in an above the average quality. Topi Lehtipuu sang very well, albeit with some uncertainty in the high notes and a less crystalline pitthc than expected for the role (my favorite in presente days: Pavel Breslik). Miah Persson, Markus Fink, Thomas E. Bauer and Joachim Buhrmann were excellent, with the role of Pamina not having enough high notes to highlight the Swedish singer's less pretty vibrato. A special note for the delightful 3 boys. The RIAS-Kammerchoir was magnificent.

I think we have witnessed one of the greatest moments of the past years at the Calouste Gulbenkian Foundation and I hope Jacobs returns next season. I would like him to bring “Il Re Pastore” but possibly others prefer another work of the Genius from Salzburg?




quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Don Giovanni de W. A. Mozart - 14 de Outubro de 2012, Wiener Staatsoper


(review in English below)


A ópera Don Giovanni, il dissoluto punito, de Wolfgang Amadeus Mozart foi composta em 1787 e estreada nesse mesmo ano em Praga. Faz parte da triologia que Lorenzo da Ponte escreveu para o compositor austríaco, sendo delas a ópera mais séria e interessante do ponto de vista das múltiplas análises que permite, quer do enredo propriamente dito, quer pela complexidade da personagem central que dá o nome à ópera.


O enredo é conhecido por muitos: Don Giovanni é um sedutor cujas técnicas que desenvolveu para encantar e enganar mulheres (e também homens) e cuja sobranceria perante os demais é de tal forma marcada que, por vezes, arrepia. Don Giovanni é, podemos dizê-lo, um psicopata. É, sobretudo por isso, uma personagem de interesse ímpar no mundo da ópera e é imortalizada por um libretto que permite realçar a sua personalidade desenvolvendo infinitas nuances que permitem a um encenador sensível, interpretativo e criativo, criar momentos de enorme complexidade.


A encenação ficou a cargo de Jean-Louis Martinoty. Baseada em vários painéis representativos de locais de Viena, a encenação é, quase no seu todo, clássica, à excepção de uma ou outra peça de vestuário que, apesar disso, não destoou. Foi, assim, uma encenação clara, fácil de acompanhar, segura e eficaz, e que não criou distrações. Também a direcção de actores foi muito adequada e com bom gosto. O objectivo não foi, claramente, inovar, mas sim privilegiar o argumento da ópera.

A direcção musical esteve a cargo do maestro James Gaffigan. Dirigiu uma excelente orquestra com maestria e explorando a escrita flutuantemente dramática e cómica de Mozart.

O coro é, nesta ópera, um pequeno elemento. Esteve ao nível que se podia esperar.


Don Giovanni foi Peter Mattei. Dotado de uma voz com um timbre perfeito para a personagem, esteve bem ao nível da projecção vocal. Contudo, como já pude verificar noutras récitas com Mattei, falta alguma intensidade dramática e empenhamento cómico que se espera de um dos maiores galanteadores da história da ópera, coisa que fica bem patente no seu fraseado por vezes amorfo.

Leporello foi Wolfgang Bankl. Boa presença, voz com timbre muito adequado e capaz de fazer cómica a parte buffa da ópera com eficácia. Em bom plano, embora não se tenha destacado, o que se compreende pela qualidade elevada e muito homogénea de todo o elenco.


Donna Ana foi o soprano Marina Rebeka. Foi, indubitavelmente, a melhor da noite. Tem uma voz com um timbre belíssimo: encorpado, cheio e quente. E é capaz de sustentar as notas agudas com muita facilidade, clareza cristalina e projectando muito bem a voz que se ouviu sempre límpida em toda a sala. Magnífica.

Don Ottavio foi o tenor Benjamin Bruns. Tem boa presença, um timbre vocal e fraseado mozartianos, tendo-nos oferecido uma interpretação harmoniosa, mas sem ser superlativa.


Donna Elvira foi o soprano Alexandra Reinprecht. Tem uma voz com um timbre bonito e seguro, e uma presença madura. Esteve em bom plano nas suas intervenções, tendo, talvez, pecado por na interpretação que não foi suficientemente doentia, como é apanágio de Donna Elvira.

Zerlina foi o soprano Ileana Tonca. Deu-nos uma boa interpretação da personagem quer vocal, quer cenicamente. A esta personagem exige-se-lhe uma doçura especial, o que nem sempre conseguiu, nomeadamente na ária Vedrai carino. Não deixa, por isso, de ter estado em bom plano.


Masseto foi o baixo Alessio Arduini. Tem uma voz adequada ao papel e esteve seguro nas suas intervenções, tendo cumprido bem o papel de jovem ingénuo cuja vida lhe dará muitas lições.

O Comendador foi interpretado pelo baixo Albert Dohmen. Não é uma das vozes mais espectaculares para o papel, uma vez que não tem um timbre que transmita a austeridade, a negritude e a rispidez que esta personagem transporta, mas foi, ainda assim, eficaz e agradável seguir a sua interpretação do papel.


Foi, desse modo, uma encenação quase clássica, bonita e eficaz, com a orquestra e os cantores todos em bom plano e do qual destacamos Marina Rebeka como Donna Ana que nos surpreendeu e nos transportou para os momentos mais sublimes de uma das melhores óperas de sempre.

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(review in English)

The opera Don Giovanni, il dissoluto punito, by Wolfgang Amadeus Mozart was composed in 1787 and premiered that year in Prague. It is part of the trilogy that Lorenzo da Ponte wrote to the Austrian composer, and this is its most serious and interesting opera from the point of view of the multiple analyzes that Don Giovanni allows either by the plot itself, or by the complexity of the character.

The plot is familiar to many: Don Giovanni is a seducer whose techniques he developed to charm and deceive women (and also men) and whose arrogance towards others is so marked that sometimes creeps. Don Giovanni is, can we say it, a psychopath. It is a unique a character in the opera world and he is immortalized by a libretto that allows to highlight your personality, developing endless nuances that allow a sensitive, interpretive and creative stage director to create moments of enormous complexity.

The staging was by Jean-Louis Martinoty. Based on several panels representing local Vienna, the scenario is almost entirety classical, except for one or other garment. It was thus a staging clear, easy to follow, benign and effective, and that did not create distractions. Also the actors’ direction was very appropriate and tasteful. The purpose was not clearly to innovate, but favour the argument of the opera.

The musical direction was by conductor James Gaffigan. He drove an excellent orchestra masterfully exploring the dramatic and comic Mozart’s score.

The chorus is, in this opera, a small element. It was at the level that could be expected.

Don Giovanni was Peter Mattei. He is gifted with a voice with a pitch perfect for the character, and he did well in terms of vocal projection. However, as I have noted in other performances by Mattei, he lacks some dramatic intensity and commitment you would expect from greatest philanderers in the history of opera, something that is evident in his phrasing sometimes amorphous.

Leporello was Wolfgang Bankl. He had good presence, a voice very suitable and able to do the opera buffa part effectively. He was in good plan, although he had not highlighted, what is meant by high quality and very homogeneous whole cast.

Donna Ana was soprano Marina Rebeka. She was undoubtedly the best of the night. It has a beautiful voice: full-bodied and warm. And she is able to sustain the high notes with ease, crystal clarity and projecting the voice very well. Magnificent.

Don Ottavio was the tenor Benjamin Bruns. He has good presence, a vocal timbre and mozartian phrasing offering us a harmonious interpretation, but without being superlative.

Donna Elvira was the soprano Alexandra Reinprecht. She have a voice with a beautiful timbre, and has a mature presence. She was in good plan in their speeches, and perhaps sin for which the interpretation was not sick enough, as is the prerogative of Donna Elvira.

Zerlina was the soprano Ileana Tonca. She gave us a good interpretation of the character either vocal or scenically. This character requires a special sweetness, which she not always achieved, particularly in the aria Vedrai carino. She therefore had been in good plan.

Masseto was the bass Alessio Arduini. He has a voice suited to the role and he was safe in their speeches, having served well the role of young naïve man whose life will give him many lessons.

Bass Albert Dohmen played il Comendattore. He has not one of the most spectacular voices for the role, since has not have a tone that conveys the austerity, blackness and harshness that this character carries, but he was still enjoyable to follow and effective.

It was thus an stage almost classical, beautiful and effective, with the orchestra and the singers all in good plan and which highlight is for Marina Rebeka as Donna Anna. She surprised us and brought us into the most sublime moments of one of the best operas always.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Fanáticos da Ópera - 3º Aniversário / Opera Fanatics – 3rd Aniversary



O blogue Fanáticos da Ópera/Opera Fanatics faz hoje 3 anos!

O wagner_fanatic e eu (Fanático_Um) partilhamos vários interesses na vida, entre eles a amizade, a profissão, a profissão das nossas mulheres (J) e... a paixão pela ópera. Quando há 3 anos decidimos registar num blogue as nossas vivências operáticas, estávamos longe de imaginar o que viria a acontecer.

O blogue teve, até ontem, 337 textos,1940 comentários e 183620 visualizações de páginas. A média diária é de 300 a 400, a maioria do estrangeiro. A origem é, por ordem decrescente de frequência, Portugal, Estados Unidos da América, Brasil, Alemanha, Espanha, França, Itália, Reino Unido, Rússia e Áustria. Têm também tido uma frequência diária, nos últimos meses, outros leitores da América Latina (Argentina, México e Chile) e do oriente (Japão, Coreia do Sul e Taiwan), o que não deixa de nos surpreender.

Temos 136 seguidores registados e já recebemos visitas de 129 países ou regiões.

(Teatro Nacional de São Carlos - telões)

Após um início tímido pelo Fanático_Um e wagner_fanatic, juntou-se o FanaticoDois que deu um contributo inestimável ao blogue mas, infelizmente, deixámos de contar com os seus relatos. Depois surgiram os amigos do Brasil, dos quais destaco o Ali Hassam Ayache e o Eduardo Vieira. Mais recentemente, contribuem também o Hugo Santos e o camo_opera, o último com grande frequência e empenho.

Todos têm tornado possível a publicação regular e aqui expresso a gratidão pelo contributo para o blogue, que passou a ser de todos os que nele escrevem.

Em homenagem aos autores, refiro os textos mais visitados de sempre de cada um:






















A terminar gostaria de referir os leitores que tantas alegrias nos têm dado, não só pela frequência das visitas como pelos comentários que fazem e, com eles, enriquecem o blogue. A todos, MUITO OBRIGADO, continuem e bem hajam.


Fanáticos da Ópera - 3º Aniversário / Opera Fanatics – 3rd Aniversary

The blog Fanatics Opera / Opera Fanatics is 3 years old today!

Wagner_fanatic and I (Fanatico_Um) share many interests in life, including friendship, profession, the profession of our wives (
J) and... a passion for opera. 3 years ago when we decided to record in a blog our operatic experiences, we were far from imagining what would happen.

The blog had, until yesterday, 337 posts, 1940 comments, and 183620 page views. Daily average views is 300 to 400, most from abroad. The origin is, in descending order of frequency, Portugal, United States, Brazil, Germany, Spain, France, Italy, UK, Russia and Austria. In recent months, the blog also has daily visits from Latin America (Argentina, Chile and Mexico) and Far East countries (Japan, South Korea and Taiwan), which surprises us.

We have 136 registered followers and we received visits from 129 countries or regions.

After a timid start  by Fanatico_Um and wagner_fanatic, FanaticoDois joined and he gave an invaluable contribute to blog but, unfortunately, we no longer have his reports. Then came the friends from Brazil, of which I highlight Ali Hassam Ayache and Eduardo Vieira. More recently, Hugo Santos and camo_opera also contribute, the last with great frequency and commitment.

All have made the regular publishing possible and we express our gratitude for their contribution
to a blog of all of us.

As a tribute to the authors, I indicate the most popular posts of each:


 Finally I would like to mention the readers who have given us so much joy, not only by the frequency of the visits but mainly by the comments they write and, with them, enrich the blog. To all, THANK YOU, and we wish you go on with your interest and active participation.

sábado, 17 de novembro de 2012

Balanço da Temporada 2011-2012 / Review of the 2011-2012 Season, por Fanático_Um


Teatro de São Carlos, Lisboa
 (text in English below)

A temporada 2011-2012 foi, mais uma vez, fantástica. Tive o privilégio de ouvir e ver muitos espectáculos e, na sua maioria, muito bons. Aponto neste balanço final os que mais me marcaram.

Acontecimentos mais positivos em Portugal
Três óperas de grande dignidade: Don Carlo e Cosi Fan Tutte no Teatro de São Carlos e Sansão e Dalila no Coliseu do Porto.


 Ouvir ao vivo Philippe Jaroussky, Karita Mattila, Andreas Scholl e Johan Botha na Gulbenkian

Os Melhores espectáculos de Ópera
Foram muitos aqueles que me deixaram excelentes memórias. Saliento, de entre eles, os excepcionais:
Faust, Suor Angelica, Les Troyens e Otello
na Royal Opera House (Londres), La Clemenza di Tito no Palácio Garnier (Paris), Linda di Chamounix e Die Zauberflöte no Liceu (Barcelona), Madama Butterfly e Aida no Met (Nova Iorque) e Die Walküre na Bayerische Staatsoper (Munique).

Palácio Garnier, Paris

 Os Superlativos:
No cômputo final e tendo em consideração a encenação, o maestro, a orquestra e os intérpretes, as óperas mais memoráveis foram:
La Clemenza di Tito no Palácio Garnier (Paris),
Suor Angelica na Royal Opera House (Londres),
Linda di Chamounix no Liceu de Barcelona,
Die Walküre na Bayerische Staatsoper (Munique)
Les Troyens na Royal Opera House (Londres),
Otello na Royal Opera House (Londres),

Bayerische Staatsoper, Munique

Os Cantores inesquecíveis
Piotr Beczala como Faust, Klaus Florian Vogt como Tito e Siegmund, Johan Botha como Tannhäuser, Juan Diego Flórez como Carlo (Linda di Chamounix), Aleksandrs Antonenko como Otello, Bryan Hymel como Eneias e os recitais de Philippe Jaroussky e Andreas Scholl na Gulbenkian.

Dimitri Platanias como Carlos (Don Carlo), Gerald Finley como Don Giovanni e Joan-Martin-Royo como Papageno.

René Pape como Méphistophélès, Simon Orfia como Perfecte (Linda di Chamounix) e Ain Anger como Hunding.

Johan Botha

 Elisabete Matos como Elisabete (Don Carlo), Ermonela Jaho como Suor Angelica, Krassimira Stoyanova como Marguerite, Nina Stemme como Elisabete (Tannhäuser), Diana Damrau como Linda (di Chamounix), Anja Kampe como Sieglinde, Anja Harteros como Desdemona, Ailyn Pérez como Violeta e o recital de Karita Mattila na Gulbenkian.

Sophie Koch como Fricka e Venus, Anna Larsson como Princesa (Suor Angélica), Sílvia Tro Santafé como Pierotto (Linda di Chamounix) e Olga Borodina como Marfa.

Elisabete Matos

As Revelações
Para mim foram várias, das quais assinalo:
Ermonela Jaho, soprano albanês (Suor Angélica), Adam Plachetka, barítono checo (Masseto), Katarina Karneus, mezzo sueco (Dona Elvira), Ailyn Pérez, soprano norte americano (Violeta), Thomas Mayer, baixo alemão (Wotan), Susanna Philips, soprano norte americano (Pamina), Bryan Hymel, tenor norte americano (Eneias), Anatoli Kotscherga, Baixo ucraniano (Príncipe Ivan) e Latonia Moore, soprano norte americano (Aida).

As grandes desilusões:
Óperas:
Satyagraha no MetLive, Eugene Onegin e Macbeth na Bayerische Staatsoper de Munique e Jo Dali no Liceu de Barcelona.
Cantores:
Erika Miklósia como Rainha da Noite, Simon Keenlyside como Onegin, Francesco Demuro como Macduff e Nadia Krasteva como Preziosilla.

O pior da temporada:
Os cancelamentos!!!
Aconteceu-me com Anja Harteros na Suor Angélica, Anna Netrebko na Traviata (ambas em Londres) e Jonas Kaufmann duas vezes, na Gala de Zurique e nos Troianos em Londres…
… Que, contudo, me proporcionaram três grandes revelações: Ermonela Jaho, Ailyn Peréz e Bryan Hymel.

E, finalmente, as medalhas de platina (apenas três, o que é absurdo, mas assim evito nova lista):

Melhor espectáculo de ópera: Suor Angelica na Royal Opera de Londres. Porque a perfeição é muitíssimo rara, mas existe!

Suor Angelica, Royal Opera House, Londres

Melhor interpretação masculina: Klaus Florian Vogt como Siegmund. Só ouvindo se acredita que se pode cantar assim este papel wagneriano!

Klaus Florian Vogt (com Anja Kampe) 

 Melhor interpretação feminina: Ermonela Jaho como Suor Angelica. Puro deslumbramento e magia em palco!

Ermonela Jaho


Review of the 2011-2012 Season, by Fanático_Um

My 2011-2012 opera season was, once again, fantastic. I was privileged to hear and see many performances and, many of them, very good ones. I point out in this final review the ones that influenced me the most.

Most positive events in Portugal
Three operas of great dignity: Don Carlo and Cosi Fan Tutte at the Teatro São Carlos and Samson and Delilah in Oporto Coliseum.
Live performances of Philippe Jaroussky, Karita Mattila, Andreas Scholl and Johan Botha at the Gulbenkian Foundation.

Best Opera performances:
There were many who left me great memories. I emphasize, among them, the exceptional ones:
Faust, Suor Angelica, Otello and Les Troyens at the Royal Opera House (London), La Clemenza di Tito at the Palais Garnier (Paris), Linda di Chamounix and Die Zauberflöte at the Liceu (Barcelona), Madama Butterfly and Aida at the Met (New York), Die Walküre and the Bayerische Staatsoper (Munich).

The Superlatives:
Globally, taking into consideration the performance, the conductor, the orchestra and the performers, the most memorable operas were:
La Clemenza di Tito at the Palais Garnier (Paris)
Suor Angelica at the Royal Opera House (London)
Linda di Chamounix at the Liceu in Barcelona,
Die Walküre at the Bayerische Staatsoper (Munich)
Les Troyens at the Royal Opera House (London)
Otello at the Royal Opera House (London)

The Unforgettable singers:
Piotr Beczala as Faust, Klaus Florian Vogt as Titus and Siegmund, Johan Botha as Tannhäuser, Juan Diego Flórez as Carlo (Linda di Chamounix), Aleksandrs Antonenko as Otello, Bryan Hymel as Aeneas, and recitals of Andreas Scholl and Philippe Jaroussky.

Dimitri Platanias as Carlos (Don Carlo), Gerald Finley as Don Giovanni and Joan Martin-Royo as Papageno.

René Pape as Méphistophélès, Simon Orfia as Perfecte (Linda di Chamounix) and Ain Anger as Humnding.

Elisabete Matos as Elizabeth (Don Carlo), Ermonela Jaho as Suor Angelica, Krassimira Stoyanova as Marguerite, Nina Stemme as Elisabeth (Tannhäuser), Diana Damrau as Linda (di Chamounix), Anja Kampe as Sieglinde, Anja Harteros as Desdemona, Ailyn Pérez as Violeta and the recital of Karita Mattila.

Sophie Koch as Fricka and Venus, Anna Larsson as Princess (Suor Angelica), Silvia Tro Santafe as Pierotto (Linda di Chamounix) and Olga Borodina as Marfa.

The Revelations
To me there were several among which:
Ermonela Jaho, Albanian soprano (Suor Angelica), Adam Plachetka, Czech baritone (Masseto), Katarina Karneus, Swedish mezzo (Dona Elvira), Ailyn Pérez, North American soprano (Violet), Thomas Mayer, German bass (Wotan), Susanna Philips, North American soprano (Pamina), Bryan Hymel, North American tenor (Aeneas), Anatoli Kotscherga, Ukrainian bass (Prince Ivan) and Latonia Moore, North American soprano (Aida).

The big disappointments:
Operas:
Satyagraha in MetLive, Eugene Onegin and Macbeth at the Bayerische Staatsoper in Munich and Jo Dali at the Liceu in Barcelona.
Singers:
Erika Miklósia as Queen of the Night, Simon Keenlyside as Onegin, Francesco Demuro as Macduff and Nadia Krasteva as Preziosilla.

The worst of the season:
The cancellations!!
It happened to me with Anja Harteros in Suor Angelica, Anna Netrebko in La Traviata (both in London) and Jonas Kaufmann twice, in the Zurich Gala and in Les Troyens in London ...
… which, however, gave me three great revelations: Ermonela Jaho, Ailyn Perez and Bryan Hymel.

And finally, the platinum medals (only three, which is absurd, but so I avoid a new list):

Best Opera Performance: Suor Angelicaat the Royal Opera in London. Because perfection is extremely rare, but exists!

Best male singer: Klaus Florian Vogt as Siegmund. Just when you have the chance to hear him you realise that this demanding wagnerian role can be sung his way.

Best female singer: Ermonela Jaho as Suor Angelica.
Pure wonder and magic on stage!