quarta-feira, 5 de abril de 2017

PAGLIACCI, Teatro de São Carlos, Lisboa, Abril de 2017



A ópera Pagliacci com música e libreto R. Leoncavallo esteve em cena no Teatro de São Carlos de Lisboa. A direcção musical foi de Martin André. Orquestra Sinfónica Portuguesa, Coro do Teatro de São Carlos e Coro Juvenil de Lisboa.

A encenação de Rodula Gaitanou (Cenografia de José Capela, Figurinos de Mariana Sá Nogueira, Desenho de Luz de Rui Monteiro) foi aceitável dentro do que imagino serem os parcos recursos para encenações. Recorreu ao espectáculo dentro do espectáculo, aqui o São Carlos dentro do São Carlos, abordagem tanto do agrado dos encenadores. A abordagem é, contudo, clássica. No prólogo, Tonio anuncia que se vai assistir a um teatro real onde os actores têm os mesmos sentimentos que o público.

O 1º acto tem por fundo o que parece ser um teatro de fantoches de rua, como antigamente muito se via. Canio, o chefe da trupe, lança a suspeita de infidelidade da sua jovem mulher Nedda com Tonio. Vai para a taberna e Tonio surge tentando obter os favores de Nedda, que o repele. Ao ser afastado promete vingar-se. Nedda tem um amante, Silvio, e combinam fugir nessa noite. Tonio ouve e conta ao Canio. Este não consegue que Nedda nomeie o amante.

No 2º acto acontece o espectáculo, o cenário roda e vemos o palco do São Carlos. e Arlequim (Beppe) e Colombina (Nedda) representam a peça e ela repele o criado Taddeo (Tonio), enquanto depenam um frango. O Palhaço (Canio), embriagado, esquece a peça e pede a Nedda que revele o nome do amante. A cena parece muito real, para júbilo do público. Nesta encenação Canio mata Nedda a Tiro, Silvio aproxima-se, abraça-a e é também morto e, finalmente, suicida-se com mais um tiro. Tonio diz que a comédia terminou.

O tenor Peter Auty fez um Canio credível. A voz está já um pouco gasta e por vezes soou baça ou não se ouvia sobre a orquestra. (Martin André manteve a sua postura em afogar os cantores!). Mas no Vesti la giubba esteve bem.



A Nedda do soprano Norah Amsellem teve boa presença em palco. A voz era bem audível mas com alguma tendência para a estridência.



O barítono Igor Gnidii foi um Tonio irregular, bem no início e no fim, mais apagado vocalmente nas cenas intermédias.



O Silvio do barítono Thomas Lehman foi talvez o melhor em palco. A voz tinha um timbre bonito e ouvia-se bem, sem gritar. Também esteve bem em cena.



O Peppe do tenor Carlos Guilherme cumpriu.








***

Sem comentários:

Enviar um comentário