A ópera Pagliacci com música
e libreto R. Leoncavallo esteve em
cena no Teatro de São Carlos de
Lisboa. A direcção musical foi de Martin
André. Orquestra Sinfónica
Portuguesa, Coro do Teatro de São Carlos
e Coro Juvenil de Lisboa.
A encenação de Rodula Gaitanou (Cenografia
de José Capela, Figurinos de Mariana Sá Nogueira, Desenho de Luz de Rui
Monteiro) foi aceitável dentro do que imagino serem os parcos recursos para
encenações. Recorreu ao espectáculo dentro do espectáculo, aqui o São Carlos
dentro do São Carlos, abordagem tanto do agrado dos encenadores. A abordagem é,
contudo, clássica. No prólogo, Tonio anuncia que se vai assistir a um teatro
real onde os actores têm os mesmos sentimentos que o público.
O 1º acto tem por fundo o que parece ser um teatro de fantoches de rua,
como antigamente muito se via. Canio, o chefe da trupe, lança a suspeita de
infidelidade da sua jovem mulher Nedda com Tonio. Vai para a taberna e Tonio
surge tentando obter os favores de Nedda, que o repele. Ao ser afastado promete
vingar-se. Nedda tem um amante, Silvio, e combinam fugir nessa noite. Tonio
ouve e conta ao Canio. Este não consegue que Nedda nomeie o amante.
No 2º acto acontece o espectáculo, o cenário roda e vemos o palco do São
Carlos. e Arlequim (Beppe) e Colombina (Nedda) representam a peça e ela repele
o criado Taddeo (Tonio), enquanto depenam um frango. O Palhaço (Canio), embriagado,
esquece a peça e pede a Nedda que revele o nome do amante. A cena parece muito
real, para júbilo do público. Nesta encenação Canio mata Nedda a Tiro, Silvio
aproxima-se, abraça-a e é também morto e, finalmente, suicida-se com mais
um tiro. Tonio diz que a comédia terminou.
O tenor Peter Auty fez um Canio
credível. A voz está já um pouco gasta e por vezes soou baça ou não se
ouvia sobre a orquestra. (Martin André manteve a sua postura em afogar os
cantores!). Mas no Vesti la giubba
esteve bem.
A Nedda do soprano Norah Amsellem
teve boa presença em palco. A voz era bem audível mas com alguma tendência para
a estridência.
O barítono Igor Gnidii foi um
Tonio irregular, bem no início e no fim, mais apagado vocalmente nas cenas
intermédias.
O Silvio do barítono Thomas Lehman
foi talvez o melhor em palco. A voz tinha um timbre bonito e ouvia-se bem, sem
gritar. Também esteve bem em cena.
O Peppe do tenor Carlos Guilherme
cumpriu.
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