segunda-feira, 6 de março de 2017

LES CONTES D’HOFFMANN, Royal Opera House, Londres / London, Dezembro / December 2016


(review in English below)

Les Contes D’Hoffmann de J Offenbach, na magnífica encenação (de 1980) de John Schlesinger, revista por Daniel Dooner, esteve em cena pela última vez na Royal Opera House.


A encenação, ao estilo clássico, é um festim para os olhos, rica, luxuosa, diversificada e de bom gosto. O prólogo e o epílogo decorrem no mesmo cenário rico de uma taberna em Nuremberg. Hoffmann conta as histórias dos seus três amores infelizes. 


No primeiro acto é a história de Olympia, uma boneca construída por Spalanzanni. A encenação é excelente e a interpretação da cantora também.


Nesta produção, o 2º acto é a história da cortesã Giulietta que rouba o reflexo a Hoffmann. O luxuoso ambiente de Veneza é bem representado no palco. 


No 3º é a história de Antonia, cantora lírica que não pode cantar por estar tuberculosa e que o Dr. Miracle obriga a cantar até à morte. Antes do epílogo tivemos direito à repetição da barcarola, desta vez só em versão instrumental.

A direcção musical, por vezes algo frouxa, foi do maestro Evelino Pidò.



O tenor americano Leonardo Capablo fez um Hoffmann de grande qualidade. No início poupou-se um pouco mas depois demonstrou segurança e correcção na voz que tem um timbre muito agradável.

A sua musa, Nicklause, foi uma das grandes interpretações da noite, pelo mezzo americano Kate Lindsey. Sempre ao mais alto nível, com um timbre escuro muito bonito, foi fantástica na imitação da Olympia.

A Olympia do soprano russo Sofia Fomina foi excelente tanto vocal como cenicamente. A coloratura impressionante e a movimentação cénica perfeita. Também excelente foi a interpretação de Christophe Mortagne como Spalanzani, o criador da Olympia.

Outra interpretação de luxo foi a do mezzo britânico Christine Rice no papel da cortesã Giulietta. A voz é fabulosa e a encenação beneficia-a muito.

A história de Antonia foi a menos impressionante. Se da presença em palco nada há a dizer, a interpretação do soprano norueguês Marita Solberg foi parca em doçura e forte em intensidade vocal, com tendência para a estridência. Também o pai, Crespel, o baixo Americano Eric Halvarson esteve bem sem encantar.

O barítono americano Thomas Hampson foi o vilão de serviço, nos papéis de Lindorf, Coppélius, Deppertutto, Dr. Miracle. O cantor teve uma excelente presença em palco e tem uma voz grande e de timbre bonito, mas talvez demasiado clara para estas personagens.

No final as cortinas não abriram, pelo que as fotografias ficaram aquém do desejável. Será uma encenação que deixará saudades.





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LES CONTES D'HOFFMANN, Royal Opera House, London, December 2016

Les Contes D'Hoffmann by J Offenbach, in the magnificent 1980s production by John Schlesinger, reviewed by Daniel Dooner, was on stage for the last time at the Royal Opera House.
The staging, in the classic style, is a feast for the eyes, rich, luxurious, diverse and pleasant. The prologue and the epilogue take place in the same rich setting of a tavern in Nuremberg. Hoffmann tells the stories of his three unhappy loves. In the first act is the story of Olympia, a doll built by Spalanzanni. The staging is excellent and the singer's interpretation as well.
In this production, the second act is the story of the courtesan Giulietta who steals the reflection from Hoffmann. The luxurious atmosphere of Venice is well represented on stage. In the 3rd act is the story of Antonia, a lyric singer who can not sing because she has tuberculosis and that Dr. Miracle obliges to sing to death. Before the epilogue we had the right to the repetition of the barcarola, this time only in instrumental version.

The musical direction, sometimes something loose, was by maestro Evelino Pidò.

American tenor Leonardo Capablo was a Hoffmann of great quality. At first he spared himself a little, but then he demonstrated security and assertiveness in the voice that has a very pleasant timbre.

His muse, Nicklause, was one of the great interpretations of the night, by the American mezzo Kate Lindsey. Always at the highest level, with a very beautiful dark timbre, she was fantastic in the imitation of Olympia.

The Olympia of the Russian soprano Sofia Fomina was excellent both vocal and on stage. She was impressive in the coloratura. Also outstanding was the interpretation of Christophe Mortagne as Spalanzani, the Olympia's constructor.

Another luxury interpretation was that of the British mezzo Christine Rice in the role of the courtesan Giulietta. The voice is fabulous and the scenario benefited her a lot.

Antonia's story was less impressive. If nothing is to be said about the staging, the interpretation of the Norwegian soprano Marita Solberg was sparing in sweetness and strong in vocal intensity, with a tendency for stridency. Also her father Crespel, the American bass Eric Halvarson was well but without enchantment.

American baritone Thomas Hampson was the villain on duty in the roles of Lindorf, Coppélius, Deppertutto, Dr. Miracle. The singer had a great stage presence and has a big, beautiful, but perhaps too light voice for these characters.

In the end, the curtains did not open, so the photos fell short of what was desirable. It will be a performance that will be missed.


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1 comentário:

  1. Concordo consigo, caro Fanático_Um, quando diz que esta será uma encenação que deixará saudades.
    De facto Schlesinger foi um realizador de cinema com fortíssimas ligações à música, que conseguiu também justa celebridade precisamente com esta sua primeira experiência no campo da ópera.
    Felizmente para nós ela deverá ser publicada em formato digital ainda durante este ano, e então poderemos mitigar essa saudade...
    JAM

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