(review in English below)
Les Contes D’Hoffmann de J
Offenbach, na magnífica encenação (de 1980) de John Schlesinger, revista por Daniel Dooner, esteve em cena pela
última vez na Royal Opera House.
A encenação, ao
estilo clássico, é um festim para os olhos, rica, luxuosa, diversificada e de
bom gosto. O prólogo e o epílogo decorrem no mesmo cenário rico de uma taberna
em Nuremberg. Hoffmann conta as histórias dos seus três amores infelizes.
No
primeiro acto é a história de Olympia, uma boneca construída por Spalanzanni. A
encenação é excelente e a interpretação da cantora também.
Nesta produção, o
2º acto é a história da cortesã Giulietta que rouba o reflexo a Hoffmann. O
luxuoso ambiente de Veneza é bem representado no palco.
No 3º é a história de
Antonia, cantora lírica que não pode cantar por estar tuberculosa e que o Dr.
Miracle obriga a cantar até à morte. Antes do epílogo tivemos direito à
repetição da barcarola, desta vez só em versão instrumental.
A direcção
musical, por vezes algo frouxa, foi do maestro Evelino Pidò.
O tenor americano
Leonardo Capablo fez um Hoffmann de
grande qualidade. No início poupou-se um pouco mas depois demonstrou segurança
e correcção na voz que tem um timbre muito agradável.
A sua musa,
Nicklause, foi uma das grandes interpretações da noite, pelo mezzo americano Kate Lindsey. Sempre ao mais alto
nível, com um timbre escuro muito bonito, foi fantástica na imitação da
Olympia.
A Olympia do
soprano russo Sofia Fomina foi
excelente tanto vocal como cenicamente. A coloratura impressionante e a
movimentação cénica perfeita. Também excelente foi a interpretação de Christophe Mortagne como Spalanzani, o
criador da Olympia.
Outra
interpretação de luxo foi a do mezzo britânico Christine Rice no papel da cortesã Giulietta. A voz é fabulosa e a
encenação beneficia-a muito.
A história de
Antonia foi a menos impressionante. Se da presença em palco nada há a dizer, a
interpretação do soprano norueguês Marita Solberg foi parca em doçura e forte
em intensidade vocal, com tendência para a estridência. Também o pai, Crespel,
o baixo Americano Eric Halvarson
esteve bem sem encantar.
O barítono americano
Thomas Hampson foi o vilão de serviço, nos papéis de Lindorf, Coppélius, Deppertutto,
Dr. Miracle. O cantor teve uma excelente presença em palco e tem uma voz grande
e de timbre bonito, mas talvez demasiado clara para estas personagens.
No final as
cortinas não abriram, pelo que as fotografias ficaram aquém do desejável. Será
uma encenação que deixará saudades.
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LES CONTES
D'HOFFMANN, Royal Opera House, London, December 2016
Les Contes D'Hoffmann by J Offenbach, in the magnificent 1980s production by John Schlesinger, reviewed by Daniel
Dooner, was on stage for the last time at the Royal Opera House.
The
staging, in the classic style, is a feast for the eyes, rich, luxurious,
diverse and pleasant. The prologue and the epilogue take place in the same rich
setting of a tavern in Nuremberg. Hoffmann tells the stories of his three
unhappy loves. In the first act is the story of Olympia, a doll built by
Spalanzanni. The staging is excellent and the singer's interpretation as well.
In this
production, the second act is the story of the courtesan Giulietta who steals
the reflection from Hoffmann. The luxurious atmosphere of Venice is well
represented on stage. In the 3rd act is the story of Antonia, a
lyric singer who can not sing because she has tuberculosis and that Dr. Miracle
obliges to sing to death. Before the epilogue we had the right to the
repetition of the barcarola, this time only in instrumental version.
The musical
direction, sometimes something loose, was by maestro Evelino Pidò.
American
tenor Leonardo Capablo was a
Hoffmann of great quality. At first he spared himself a little, but then he
demonstrated security and assertiveness in the voice that has a very pleasant
timbre.
His muse,
Nicklause, was one of the great interpretations of the night, by the American
mezzo Kate Lindsey. Always at the
highest level, with a very beautiful dark timbre, she was fantastic in the
imitation of Olympia.
The Olympia
of the Russian soprano Sofia Fomina was
excellent both vocal and on stage. She was impressive in the coloratura. Also
outstanding was the interpretation of Christophe
Mortagne as Spalanzani, the Olympia's constructor.
Another
luxury interpretation was that of the British mezzo Christine Rice in the role of the courtesan Giulietta. The voice is
fabulous and the scenario benefited her a lot.
Antonia's
story was less impressive. If nothing is to be said about the staging, the
interpretation of the Norwegian soprano Marita
Solberg was sparing in sweetness and strong in vocal intensity, with a tendency
for stridency. Also her father Crespel, the American bass Eric Halvarson was well but without enchantment.
American
baritone Thomas Hampson was the
villain on duty in the roles of Lindorf, Coppélius, Deppertutto, Dr. Miracle.
The singer had a great stage presence and has a big, beautiful, but perhaps too
light voice for these characters.
In the end,
the curtains did not open, so the photos fell short of what was desirable. It
will be a performance that will be missed.
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Concordo consigo, caro Fanático_Um, quando diz que esta será uma encenação que deixará saudades.
ResponderEliminarDe facto Schlesinger foi um realizador de cinema com fortíssimas ligações à música, que conseguiu também justa celebridade precisamente com esta sua primeira experiência no campo da ópera.
Felizmente para nós ela deverá ser publicada em formato digital ainda durante este ano, e então poderemos mitigar essa saudade...
JAM