(review in english below)
La Bohème, de G. Puccini foi transmitida em diferido da Metrepolitan Opera. A história de
amor entre o poeta Rodolfo e a tuberculosa Mimi está recheada de momentos
musicais de grande lirismo e intensidade dramática que fazem desta ópera uma
das mais apreciadas do compositor. Já tinha visto esta produção de Zeffirelli no Met, como referi aqui, e
conto-me entre os que muito a admiram, apesar de ter sido estreada em 1981. Toda
ela é fantástica mas o esplendor do 2º Acto no Café Momus e a eficácia do 3º Acto na Barrière d’Enfer são magníficas.
Dirigiu
o maestro Stefano Ranzani. Orquestra e Coro da Metropolitan Opera, como sempre, em
grande.
Kristine Opolais
foi uma substituta de última hora de Anita Hartig. Havia cantado a Butterfly na
véspera, um feito notável, devidamente assinalado por Peter Gelb. A cantora tem
uma voz poderosa, bem timbrada, mas a interpretação foi excessivamente
dramática, faltando-lhe a simplicidade e ingenuidade características da Mimi,
sobretudo nos dois primeiros actos. Muito boa presença em palco.
Vittorio Grigolo comparou-se
a Pavarotti, mas só mesmo por serem ambos italianos. A voz é decente e segura,
embora não muito encorpada. O seu Rodolfo esteve muito aquém do desejável. O
que teve a mais cenicamente, faltou-lhe na voz - emotividade, essencial na personagem. Para mim
foi a pior interpretação que vi dele porque não parecia estar a “viver” a
personagem.
Susanna Phillips foi,
de longe, a melhor solista em palco. Fez uma Musetta excepcional. Voz bela e
fresca, grande expressividade, genuinidade e alegria. E uma interpretação
cénica insuperável. Fantástica.
Massimo Cavalletti
também deixou uma muito boa impressão como Marcello. Donald Maxwell foi um Benoit digno. Já Patrick Carfizzi como Schaunard e Oren Gradus como Colline tiveram interpretações banais.
Uma Bohème que valeu, sobretudo,
pela encenação e pela Musetta (Susanna Phillips).
***
La
Boheme MetLive, Gulbenkian Foundation,
April 2014
La Boheme by G. Puccini was broadcast deferred from the Metrepolitan Opera. The love story between the poet Rodolfo and tuberculosis Mimi is full of musical moments of great lyricism and dramatic intensity that make this one of the most beloved operas by the composer. I had seen this production by Zeffirelli at the Met, as I mentioned here, and I am one of those who really admire it, despite being premiered in 1981. All the production is fantastic but the splendor of the 2nd Act at Café Momus and the effectiveness of the 3rd Act at Barrière d' Enfer are magnificent.
The musical direction was of maestro Stefano Ranzani. The Orchestra and Chorus of the Metropolitan Opera was, as always, great.
Kristine Opolais was a last minute replacement of Anita Hartig. She sung Butterfly the day before, a remarkable achievement, duly noted by Peter Gelb. The singer has a powerful voice annice timbre, but the interpretation was overly dramatic, lacking the simplicity and ingenuity characteristic of Mim , especially in the first two acts . Her stage presence was very good.
Vittorio Grigolo compared himself to Pavarotti, but I think the only point in common is that they are both Italian. The voice is decent and firm, although not very full-bodied. His Rodolfo was far from the desirable. What was excessive scenically, lacked in voice - emotiveness, essential in this character. For me it was the worst performance I've seen by Grigolo because he seemed not to be "living" Rodolfo.
Susanna Phillips was by far the best soloist on stage. She performed an exceptional Musetta. Fresh and beautiful voice, great expressiveness, authenticity and joy. And with an unsurpassed scenic interpretation. Fantastic.
Massimo Cavalletti also left a very good impression as Marcello. Donald Maxwell was a worthy Benoit. Patrick Carfizzi as Schaunard and Oren Gradus as Colline had trivial interpretations.
A Bohème valuable only due to the production and to Musetta ( Susanna Phillips).
La Boheme by G. Puccini was broadcast deferred from the Metrepolitan Opera. The love story between the poet Rodolfo and tuberculosis Mimi is full of musical moments of great lyricism and dramatic intensity that make this one of the most beloved operas by the composer. I had seen this production by Zeffirelli at the Met, as I mentioned here, and I am one of those who really admire it, despite being premiered in 1981. All the production is fantastic but the splendor of the 2nd Act at Café Momus and the effectiveness of the 3rd Act at Barrière d' Enfer are magnificent.
The musical direction was of maestro Stefano Ranzani. The Orchestra and Chorus of the Metropolitan Opera was, as always, great.
Kristine Opolais was a last minute replacement of Anita Hartig. She sung Butterfly the day before, a remarkable achievement, duly noted by Peter Gelb. The singer has a powerful voice annice timbre, but the interpretation was overly dramatic, lacking the simplicity and ingenuity characteristic of Mim , especially in the first two acts . Her stage presence was very good.
Vittorio Grigolo compared himself to Pavarotti, but I think the only point in common is that they are both Italian. The voice is decent and firm, although not very full-bodied. His Rodolfo was far from the desirable. What was excessive scenically, lacked in voice - emotiveness, essential in this character. For me it was the worst performance I've seen by Grigolo because he seemed not to be "living" Rodolfo.
Susanna Phillips was by far the best soloist on stage. She performed an exceptional Musetta. Fresh and beautiful voice, great expressiveness, authenticity and joy. And with an unsurpassed scenic interpretation. Fantastic.
Massimo Cavalletti also left a very good impression as Marcello. Donald Maxwell was a worthy Benoit. Patrick Carfizzi as Schaunard and Oren Gradus as Colline had trivial interpretations.
A Bohème valuable only due to the production and to Musetta ( Susanna Phillips).
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A La Bohème de ontem ficou aquém das expectatitivas.
ResponderEliminarGrigolo, apesar da boa presença física, esteve vocalmente longe de ser um grande Rodolfo. O timbre é bonito, mas os agudos estiveram longe de ser brilhantes e cheios e a dicção (mesmo sendo italiano) foi horrível. Mas foi na presença cénica que mais falhou. Pareceu pouco envolvido. O pior foi mesmo o seu "Mimì" final: tragicamente pouco dramático. Muito longe de Pavarotti...
Opolais foi uma Mimì digna: a voz é cheia e o timbre, mesmo não sendo muito belo, é agradável. A prestação cénica foi boa, sobretudo a partir do 2.º acto. A desculpá-la esteve a mais do que evidente preocupação em não falhar qualquer entrada. Foi um esforço muito meritório.
A melhor da noite foi, com destaque, a Musetta interpretada por Susana Philips. A voz é muito bonita, com agudos fáceis e muito equilibrados. Encarnou de forma excepcional a personagem e deu-lhe jovialidade e vivacidade quando se pedia, e compungida e dramática no final. O seu "Quando men vo" foi, naturalmente, o momento alto da récita!
Dos restantes elementos, Cavaletti foi um Marcello em bom nível, o Schaunard de Carfazzi não encantou, tal como o Benoit de Maxwell. Mas destes foi o Colline de Gradus que esteve pior, uma vez que cantou uma "Vecchia zimarra senti" banalíssima.
De enorme destaque foi a encenação de Zefirelli: apesar dos 33 anos em cena, esta produção fica na retina por todos os pormenores. Cenários estupendos, guarda-roupa belíssimo, monumentalidade do 2.º acto (de um bom gosto absoluto!), direcção de actores sem mácula. Tudo o que se pretende de uma encenação está lá!
Que pena que Anita Hartig não tenha podido participar devido a uma gripe: os vídeos dos ensaios prometiam que elevasse o papel de Mimì a um nível muito alto, como poderão constatar neste vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=JqEOdBVtGUE