quarta-feira, 24 de julho de 2019

TRISTAN UND ISOLDE, Staatsoper unter den Linden, Berlin, Julho/July, 2019




Texto de camo_opera
(review in English below)

Nadeslocação a Berlim comecei pelo Tristan und Isolde de R. Wagner. Depois de acordar às 4h da manhã porque tinha voo às 6h15, temi que não ia conseguir ver o Tristão como deve ser. Todavia, uma sesta de meia hora e um RedBull permitiram-me estar bem acordado, para o qual não posso excluir que a qualidade do espectáculo também contribuiu.



A direção da orquestra esteve a cargo de Daniel Barenboim: esteve muito bem, muito fluente e dinâmico, mas, várias vezes, abusou do volume e abafou mesmo as vozes potentes de Kampe e Schager.



A encenação de Tcherniakov é bem interessante: é verdade que tem alguns pormenores que falham, mas, no geral, moderniza algo a ópera e permite e o seu desenrolar de forma interessante e bem mais dinâmica do que a ópera sugere. O elenco foi mesmo muito bom, além de muito homogéneo.



A começar, o marinheiro de Adam Kutny foi fabuloso: voz de tenor muito bonita e harmoniosa, cantou lindamente a sua passagem e auspiciou uma grande récita.




Destaco, acima de todos os outros, o Tristão de Andreas Schager: creio que será dos melhores, senão mesmo o melhor, tenor wagneriano da atualidade. Foi vocalmente soberbo a dominar as nuances do texto, a colocação da voz, a técnica e a fluência cénica. Um Tristão sublime.



Anja Kampe foi, também, uma Isolde de exceção: voz igualmente potente, sempre afinada, raramente tendeu para a estridência e foi muito convincente cenicamente.



O Kurwenal de Boaz Daniel esteve também em bom plano, embora sem o volume e brilhantismo vocal dos dois anteriores: Barenboim não o ajudou, é um facto.



O Rei Marke de René Pape também esteve excelente: voz, postura, intencionalidade e intensidade, a sublinhar mais uma vez o facto de ser o baixo alemão mais dotado da sua geração.



A Brangane de Violeta Urmana esteve em destaque com uma excelente participação, embora mais ao nível de Boaz.

Diria que Schager cintilou mais num firmamento de estrelas bem brilhantes e que, globalmente, este Tristão terá sido o melhor da temporada e foi, sem dúvida, a melhor récita das cinco a que assisti.





TRISTAN UND ISOLDE, Staatsoper unter den Linden, Berlin, July, 2019

Text by camo_opera

I watched R. Wagner's Tristan und Isolde. After waking up at 4 o'clock in the morning because I was flying at 6:15 am, I was afraid I would not be able to see Tristan as it should be. However, a half-hour nap and a RedBull allowed me to be wide awake, for which I can not exclude that the quality of the show also contributed.

The direction of the orchestra was by Daniel Barenboim: he was very good, very fluent and dynamic, but, several times, he abused the volume and even drowned out the powerful voices of Kampe and Schager.

Tcherniakov's staging is quite interesting: it is true that there are some details that fail but, in general, modernizes the opera and allows its progress in an interesting and much more dynamic way than the opera suggests. The cast was really good, and very homogeneous.

To begin with, Adam Kutny's sailor was fabulous: very beautiful and harmonious tenor voice, beautifully sang his part and had an excellent performance.

I emphasize, above all others, Tristan by Andreas Schager: I think he will be one of the best, if not the best, Wagnerian tenor of our days. He was vocally superb to master the nuances of the text, the placement of the voice, the technique and the scenic fluency. A sublime Tristan.

Anja Kampe was also an exception Isolde: voice equally potent, always tuned, rarely tended to stridency and was very convincingly on stage.

Kurwenal by Boaz Daniel was also in good, although without the volume and vocal brilliance of the two previous ones: Barenboim did not help him, it is a fact.

King Marke by René Pape was also excellent: voice, posture, intentionality and intensity, to underline once again the fact that he is the most gifted German bass of his generation.

Violeta Urmana's Brangane featured with an excellent turnout, albeit more at Boaz level.

I would say that Schager flashed more in a firmament of very bright stars and that, overall, this Tristan und Isolde would have been the best of the season and was undoubtedly the best performance of the five I attended.

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