sábado, 1 de janeiro de 2011

O Melhor de 2010 / Best of 2010

(Text in English below)
Em jeito de balanço final do ano de 2010 lancei o desafio aos meus companheiros de blogue para aqui assinalarmos o melhor do ano (sim, sei que é uma grande falta de originalidade!).

O ano que ontem terminou foi excepcional para mim no que respeita a óperas e concertos que tive a sorte de assistir. Aqui deixo algumas breves referências ao melhor do melhor a que assisti.


Óperas

Vi muitas que gostei mas escolhi as três que mais me impressionaram positivamente e que não vou esquecer. Por coincidência (ou talvez não!), todas na Royal Opera House, Covent Garden, Londres, a minha catedral por excelência.

(interior da catedral)
Manon
Uma produção belíssima, associada a uma interpretação (cénica e musical) perfeita, fez desta ópera de Massenet um espectáculo impossível de ultrapassar em qualidade. Antonio Pappano dirigiu ao seu nível de excelência habitual. Voltará novamente à cena em anos futuros e é um espectáculo a não perder.





Salome
A genial partitura de Strauss foi, neste caso, justamente honrada numa produção também de grande impacto visual. A decadência e violência, bem como a crueldade de que a protagonista está imbuída foram retratadas de uma forma raramente vista em ópera. Angela Denoke cumpriu com assombro e Gerhard Siegel foi um Herodes pérfido e de voz perfeitamente adequada à personagem. A direcção musical de Hartmut Haenchen garantiu o resto.





Tannhäuser
Apesar de ter sido apresentada numa encenação de que não gostei, a qualidade da interpretação tanto da orquestra, superiormente dirigida por Semyon Bychkov, como dos cantores, foi arrasadora. O coro foi etéreo, Johan Botha foi, talvez, o melhor Tannhäuser que ouvi, Michaela Suster e Eva-Maria Westboeek fizeram a Vénus e a Elisabeth que todos esperamos ouvir e Wolfram foi interpretado de forma sublime por Christian Gerhaher. Também haverá reposições e, se a qualidade dos cantores se mantiver, será outro espectáculo a não perder, mesmo para quem acha que não aprecia Wagner.





Interpretações femininas

Ninna Stemme
Como Isolda no Tristan und Isolde da Royal Opera House. Não há palavras para descrever a sua interpretação. Só ouvida! Arrasadora, sublime, perfeita, impressionante, enfim, o que quiserem. É o maior soprano dramático wagneriano do momento.
Mas, onde está o Tristão para ela??




Anna Netrebko
Como Manon, na Royal Opera House. Como alguém comentou neste blogue, a Netrebko é a Manon de Massenet. Está tudo dito! Um sonho.





Natalie Dessay
Como Amina em La Sonnambula na Wiener Staatsoper. De figura franzina, é uma cantora completa. Representa como poucas, canta como muito poucas e tem uma presença electrizante em palco como muito muito poucas. Outra cantora do muito restrito clube dos meus incondicionais que, mais uma vez, esteve ao mais elevado nível.




Interpretações masculinas

Juan Diego Florez
Como Elvino em La Sonnambula na Wiener Staatsoper. Outro cantor que é membro efectivo do clube já referido e que nunca me decepcionou. No belcanto não tem rival e nenhum outro consegue trinar nas alturas como ele. O legato é impecável e o fraseado também. Figura excelente para as personagens que interpreta, embora cenicamente haja melhores.





Jonas Kaufmann
Como Carlos, no Don Carlo da Royal Opera House. Uma interpretação cenicamente soberba. A voz é das que mais gosto actualmente e o cantor utiliza-a de forma exímia. Arrebatador. Já escrevi muito sobre ele nos últimos meses e não vou aqui ser repetitivo.





Simon Keenlyside
Como príncipe Hamlet no Hamlet no Met. Um excepcional actor, com uma capacidade invulgar de movimentação e expressividade em palco. Mas o que mais impressiona é a qualidade vocal do seu barítono. Capaz de transmitir fireza, raiva, amor ou carinho, tudo este cantor consegue colocar na voz, sempre audível sobre a orquestra e sem a menor problema de afinação. Impressionante!




Christian Gerhaher
Como Wolfram no Tannhäuser da Royal Opera House. No meio de um conjunto de excepcionais cantores, já acima referidos, em que todos se impuseram também pela força vocal, Gerhaher foi o oposto. Com uma suavidade e leveza impressionantes, conseguiu suplantar todos os outros. O timbre é do mais belo que já ouvi e a interpretação, de um colorido invulgar, foi verdadeiramente comovente.




Em nome dos autores do blogue “Fanáticos da Ópera” desejo a todos os que nos visitam um Feliz Ano Novo de 2011, também com muitos e bons espectáculos musicais, para aqui os podermos comentar.




Best of 2010

After the end of 2010 I launched the challenge to my fellows of this blog to report here the year's best (yes, I know that is a big lack of originality!).

The year that ended yesterday was exceptional for me concerning operas and concerts that I had the good chance to attend. Here I report a few brief references to the best of the best I have ever attended.

Operas

I saw many I liked but I chose the three that most impressed me positively and I will not forget. Coincidentally (or maybe not!), all were seen at the Royal Opera House, Covent Garden, London, my cathedral for excellence.

Manon
A beautiful production, coupled with an perfect interpretation (scenic and musical), made this a performance of Massenet's opera impossible to surpass in quality. Antonio Pappano conducted at his usual level of excellence. It can not be missed when it will be presented again in future years.

Salome
The brilliant score of Strauss was in this case, honored in a production also of great visual impact. The decadence and violence and cruelty that the protagonist is imbued were portrayed in a way rarely seen in opera. Angela Denoke performed astonishingly and Gerhard Siegel was a perfidious Herodes. His voice perfectly suited the character. The direction of Hartmut Haenchen guaranteed all the rest for absolute sucess.

Tannhäuser
Despite I did not like the staging, the quality of the interpretation of both the orchestra, superiorly conducted by Semyon Bychkov, and the singers, was overwhelming. The choir was ethereal, Johan Botha was perhaps the best Tannhäuser I've ever heard, Michaela Suster and Eva-Maria Westboeek were the Venus and Elisabeth that we all expect to hear and a sublime Wolfram has been interpreted by Christian Gerhaher. There will be new performances in the future, and if the quality of singers is maintained, it is another opera that can not be missed, even for those who think they do not appreciate Wagner.



Female performances

Ninna Stemme
As Isolde in Tristan und Isolde at the Royal Opera House. There are no words to describe her interpretation. She has to be heard! Overwhelming, sublime, perfect, awesome, whatever you want. She is the greatest Wagnerian dramatic soprano of the moment.
But where is the Tristan for her?

Anna Netrebko
As Manon at the Royal Opera House. As someone commented on this blog, Netrebko is Massenet's Manon. It's all said! A dream.

Natalie Dessay
As Amina in La Sonnambula at the Wiener Staatsoper. Petite figure, she a complete singer.She performs as only few, she sings as very few and she has an electrifying stage presence as very very few. Another smember of the very restricted club of the ones I admire unconditionally which, again, was at the highest level.


Male Performances

Juan Diego Florez
As Elvino in La Sonnambula at the Wiener Staatsoper. Another singer who is a member of the club cited above and that never let me down. In belcanto he has no rival and no one sings top notes like him. The legato phrasing is impeccable as well. His figure is excellent for the characters although, artistically, he is not one of the best.

Jonas Kaufmann
As Carlos, Don Carlo, Royal Opera House. One superb artistic performance. But the voice is what like best and the singer uses it in the most correct way. Astonishing. I've written about him in recent months and will not be repetitive here.

Simon Keenlyside
As prince Hamlet in Hamlet at the Met. An exceptional actor with an unusual ability for expressiveness on stage. But what impresses most is the quality of his baritone voice. Capable of transmitting anger, love or affection, all these he can express in his voice. He was always audible over the orchestra. Awesome!

Christian Gerhaher
Wolfram in Tannhäuser at the Royal Opera House. InAmong an exceptional group of singers, as mentioned above, all of which were imposed also by vocal force, Gerhaher was the opposite. His voice had an impressive smoothness and lightness that managed to surpass all others. The timbre is the most beautiful I have ever heard and the interpretation, of an unusual color, was truly moving.

On behalf of the authors of the blog "Opera Fanatics" I wish all who visit us a Happy New Year 2011, also with many great musical performances, to be reviewed and commented here.

11 comentários:

  1. Um bom ano e com muitas e boas récitas.

    ResponderEliminar
  2. Hi,

    Coming March I've got a chance to see La Sonnambula in Wien(not with Dessay)which I've seen before. Bellini is my favorite opera composer. I hope you get the ticket for Lucrezia soon.

    ResponderEliminar
  3. @edda,
    Happy new year!

    @Paulo,
    Bom Ano também para si e que tudo de bom se concretize.

    @lotus-eater,
    I also like Bellini very much. Good to have the chance to see La Sonnambula. In the beginning of April I hope I can get the tickets for Lucrezia and for I Capuleti e i Montecchi (my Bellini this time) in Bayerische Staatsoper. Once I have some news about the tickets, I will let you know. Happy New Year, with a lot of good operas and concerts.

    @ Dissoluto
    Bom Ano para si e que tudo de bom se concretize, na lírica, na arte em geral, na psicologia e na psicanálise.
    DDDD

    ResponderEliminar
  4. Desejo a este site um grande ano wagneriano! Obrigado pelo muito que tenho aprendido aqui!
    Saudações a todos, os que o produzem e os que o partilham!
    BOM ANO!

    ResponderEliminar
  5. Caros Fanáticos

    Espero que 2011 seja ainda melhor em termos operáticos que 2010.

    Um abraço e Bom Ano

    ResponderEliminar
  6. @Elsa Mendes,
    Óptimo ano também para si, com muito Wagner que sabemos que muito aprecia.
    Pela nossa parte contamos ter um ano de excepção no que a óperas wagnerianas respeita. Neste momento o wagner_fanatic está a assistir ao vivo à Valquíria em Milão (Que inveja!!). Aguardemos o que ele aqui escreverá.

    @ Alberto Velez Grilo,
    Muito obrigado pelos seus votos, mas se 2011 for tão bom como 2010 já nos damos por satisfeitos (falo por mim). Espero que o seu novo ano seja também fantástico em termos operáticos.
    Bom ano de 2011!

    ResponderEliminar
  7. Vida longa ao Fanáticos da Ópera! Obrigada pelas contribuições e críticas das temporadas de ópera mais importantes do circuito. Feliz 2011! E que o teatro de ópera encontre solo cada vez mais fértil também aqui na América do Sul - tanto melhor se através da Cia Brasileira de Ópera ou nas temporadas da nossa OSESP! Grande abraço e parabéns pelo blog! :)

    ResponderEliminar
  8. @ sheila
    Obrigado pelas suas simpáticas palavras. Boa sorte e bons espectáculos de ópera no Brasil e continue a relatá-los no seu blog!

    @JJ
    Thanks for the nice words.

    ResponderEliminar