Da Casa Dos Mortos é a última ópera de Leoš Janáček. O libretto procura condensar a obra “Casa Morta” de Dostoievski. Esta, por sua vez, traduz a vivência do autor no seu exílio na Sibéria, cumprindo pena sob acusação de conspiração contra o Estado Russo.
A produção semi-encenada, e com recurso multimédia, apresentada hoje e amanhã, pela Fundação Calouste Gulbenkian, é bem conseguida. Contudo é de difícil assimilação para quem não se sente acusticamente familiar com o estilo de Janáček.
A música de Janáček é perturbante no primeiro acto, evoluindo em ideias melódicas altamente contrastantes, apresentadas com orquestração rude e agressiva. O 2º acto evolui de modo mais lírico e é, sem dúvida o mais envolvente dos três, culminando num acto final em que se fundem ambos os ambientes. O libreto é um relato de diversas histórias pelos prisioneiros, de interesse duvidoso e pouco cativante.
Esa-Pekka Salonen pareceu-me muito seguro no podium, dirigindo uma Orquestra Gulbenkian coesa e, como habitualmente, de qualidade exímia. É evidente o elevado conhecimento deste Maestro sobre a obra, em parte tutorado por Pierre Boulez, tendo já dirigido no Met de Nova York e no Teatro alla Scala em Milão.
A produção semi-encenada, e com recurso multimédia, apresentada hoje e amanhã, pela Fundação Calouste Gulbenkian, é bem conseguida. Contudo é de difícil assimilação para quem não se sente acusticamente familiar com o estilo de Janáček.
A música de Janáček é perturbante no primeiro acto, evoluindo em ideias melódicas altamente contrastantes, apresentadas com orquestração rude e agressiva. O 2º acto evolui de modo mais lírico e é, sem dúvida o mais envolvente dos três, culminando num acto final em que se fundem ambos os ambientes. O libreto é um relato de diversas histórias pelos prisioneiros, de interesse duvidoso e pouco cativante.
Esa-Pekka Salonen pareceu-me muito seguro no podium, dirigindo uma Orquestra Gulbenkian coesa e, como habitualmente, de qualidade exímia. É evidente o elevado conhecimento deste Maestro sobre a obra, em parte tutorado por Pierre Boulez, tendo já dirigido no Met de Nova York e no Teatro alla Scala em Milão.
Os solistas demonstraram excelente qualidade vocal e interpretativa, destacando-se no seu todo. Muitos deles já tendo participado com Salonen em produções prévias da obra.
A apresentação semi-encenada, em que aparecem de calça e colete pretos, com camisa branca descontraída e alguns adereços particulares, como as cadeiras de palco, resultou muito bem.
A projecção multimédia, da responsabilidade de Kristiina Helin, utiliza projecções do filme documentário Blatnoi mir (realizado por Jouni Hiltunen), bem como de outros (Nosferatu, eine Symphonie dês Grauens de Friedrich Wilhelm Murnau como fundo à peça Kedril e Don Juan; e Lot in Sodom de James Sibley Watson). Cria um enquadramento propositado às passagens cantadas e complementa a qualidade do efeito cénico global.
Não posso dizer que esta minha estreia em Janáček tenha sido excelente mas também não foi completamente desconcertante. Não consegui entrar totalmente na ideia filosófica da obra. Talvez uma visualização da versão encenada de Patrice Chéreau me ajude proximamente a viver de modo diferente esta ópera.
Peço perdão, Sr. Janáček, se não compreendi (para já) a sua visão.
From The House Of The Dead, Leoš Janáček - Calouste Gulbenkian Foundation - January 6th, 2011
From the House Of The Dead is Leoš Janáček the last opera. The libretto attempts to condense the book "Dead House" by Dostoievsky. This, in turn, reflects the experience of the author in his exile in Siberia, serving time due to the charges of conspiracy to the Russian regime.
The semi-staged and multimedia supported production presented today and tomorrow, by the Calouste Gulbenkian Foundation, is well achieved. Yet it is difficult to assimilate for those who do not feel acoustically familiar with the style of Janáček.
Janáček's music is annoying in the first act and evolved into highly contrasting melodic ideas, presented with rude and aggressive orchestration. The 2nd act is more lyrical and is undoubtedly the most engaging of the three, culminating in a final act that fuses both environments. The libretto is an account of several stories by prisoners, of dubious value and little catchy.
Esa-Pekka Salonen seemed very safe on the podium, addressing a cohesive and superb quality Gulbenkian Orchestra. It is evident the Maestro’s high knowledge of the work, in part mentored by Pierre Boulez. He has conducted it previously at the New York Met and at the Teatro alla Scala, Milan.
The soloists revealed excellent vocal and interpretative quality as a whole. Many of them have participated in previous productions of the work also with Salonen.
The semi-staged presented them in black pants and vest, a “relaxed” white shirt and some proper acessoires, like the wooden chairs of the stage.
The Kristiina Helin’s multimedia projection uses excerpts from the documentary film Blatnoi mir (directed by Jouni Hiltunen), as well as others (Nosferatu, eine Symphonie des Grauens Friedrich Wilhelm Murnau as a background to the piece and Kedril Don Juan, and Lot in Sodom by James Sibley Watson). It creates a purposeful framework for the sung passages and complements the overall quality of the scenic effect.
I can not say that my debut in Janáček was excellent but it was not too much confusing. I felt unable to enter the philosophical idea of the work. Perhaps I should have a look at the staged production by Patrice Chéreau and try to embrace this work...
Excuse me, Mr. Janáček, if I could not understand your vision... for now.
Caro wagner_fanatic,
ResponderEliminarObrigado pelo relato quase em directo. Amanhã lá estarei eu.
Devo dizer, para os que não sabem, que continuamos a aguardar, ansiosamente, a sua apreciação da Valquíria do Scala, que viu ao vivo há pouco. Sei que teremos que esperar mais uns diazitos, mas a expectativa é grande!
I have not seen this production, but I am a fan of Dostoyevsky. I would like to see the opera for myself. I knew it was Leoš Janáček's last opera, and I would have hoped he could take the loosely connected facts of the book and place it into a continuous operatic story. It is a shame if he did not.
ResponderEliminarI have no experience with Janacek's music yet. What an idea, putting Dostoyevsky on the stage! I do agree with JJ's point.
ResponderEliminarAgora é a minha vez... hehehe
ResponderEliminarHoje foi a minha vez de assistir a esta “Casa dos Mortos”. Devo confessar que ainda não dei a devida atenção a grande parte da música do século XX (como é o caso da de Janacek) e, por isso, não me é fácil aderir a ela de imediato. É-me, de facto, agreste.
ResponderEliminarEm relação ao espectáculo de hoje estou de acordo com grande parte da opinião do Wagner_fanatic. Achei que a orquestra foi excelente, o coro masculino também e o maestro fez justiça à fama que detém. Já em relação aos solistas, embora algumas intervenções tenham sido muito boas, foram frequentemente abafados pela orquestra, como o Plácido Zacarias já escreveu. Concordo com ele neste ponto.
Também não reconheci a mais valia do espectáculo multimédia apresentado e, nisto, estarei isolado. Para mim a interpretação da ópera teria sido melhor apenas com uma “semi-encenação” um pouco mais conseguida, como já vimos várias vezes na Gulbenkian (o último exemplo excelente, para mim, foi o Cosi fan Tutte já esta temporada), ou mesmo uma versão concerto “clássica”.
A produção desta ópera no ano passado no Met e no Scala, encenada por Patrice Chéreau e também dirigida por Esa-Pekka Salonen, foi considerada por muitos o melhor espectáculo de ópera do ano. É a que está no DVD que nos apresentoa no texto. Não foi o caso a que se assistiu hoje nesta produção multimédia.
Eu cá gostei da projecção. Podia estar melhor e penso que há muita coisa a pensar até no que diz respeito a onde se posicionam os painéis. Como tenho transmitido, procuro sempre equilíbrio estético e simplicidade quando a coisa é moderna.
ResponderEliminarComo já escrevi no blog (e tirei, porque o texto estava enorme e ninguém pareceu prestar atenção), penso que a Gulbenkian cada vez mais se aproxima da ópera do futuro.
Tinha-me esquecido de dizer era que as legendas ficavam cortadas ao meio, lá do poleiro.
Assisti à representação na sexta-feira e gostei muito, em termos musicais. As projecções são, quanto a mim, dispensáveis.
ResponderEliminar(Caro FanaticoUm, esta tarde estive no jardim em frente ao bar, como já tínhamos combinado há uns tempos. Não sei se também por lá passou...)
Caro Paulo,
ResponderEliminarTambém lá estive por uns 10 minutos (o tempo estava desagradável) mas como só vi fumadores (e um par de "famosos" da nossa praça) regressei para dentro. Fica para uma próxima oportunidade, talvez com indicações mas precisas. Na verdade, nenhum de nós imagina como será o outro.
Cumprimentos
Um dos fumadores talvez fosse eu. Dos famosos, não.
ResponderEliminarTem razão: para a próxima, a combinação tem de incluir detalhes mais precisos - uma senha.