(text in english below)
A Bayerische Staatsoper transmitiu em
directo no dia 8 de Fevereiro a nova produção da opera de G. Donizetti Lucia di
Lammermoor (Staatsoper.TV, transmissão gratuita).
A encenação, da polaca
Barbara Wysocka transportou a acção
para os EUA nas décadas de 50 e 60 do Século passado. Tudo se passa num grande
salão abandonado e decadente onde, ao longo da récita, são colocadas umas cadeiras e secretárias, e
aparece um carro da época.
(Fotografia Bayerische Staatsoper, Wilfried Hösl)
Retrata-se um confronto entre classes sociais em que
Lord Enrico Ashton é um político que obriga a irmã a Lucia a casar contra sua
vontade com Lord Arturo Bucklaw, em detrimento do seu amado Sir Edgardo di
Ravenswood, aqui representado à imagem de James Dean. Muitas pistolas são
apontadas ao longo da récita. O guarda-roupa é cuidado. Não gostei do que vi
porque acho que não trouxe nada de novo e o que se cantava era frequentemente
diferente do que se via.
(Fotografia Bayerische Staatsoper, Wilfried Hösl)
A direcção
musical, marcante, foi do maestro Kirill
Petrenko. Orquestra e Coro da
Bayerische Staatsoper estiveram muito bem. Na orquestra foi utilizada uma
harmónica de vidro e foi muito interessante a apresentação do instrumento feita
no intervalo.
Diana Damrau foi uma Lucia excelente. Esteve em grande forma
vocal e também foi muito expressiva no desempenho cénico. O ponto alto foi a
cena da loucura, nesta encenação muito diferente do habitual, mas que a cantora
interpretou de forma marcante. O papel é de grande exigência técnica mas a
Damrau interpretou-o ao mais alto nível, com uma coloratura impressionante e
sempre afinada.
(Fotografia Bayerische Staatsoper, Wilfried Hösl)
Também o Edgaro
do tenor Pavel Breslik foi muito
bom, talvez a melhor interpretação que lhe ouvi. É certo que ao vivo a
percepção é diferente, mas na transmissão esteve sempre bem audível, voz de
timbre bonito e desempenho cénico muito bom.
Dalibor Jenis foi um Enrico que cumpriu sem deslumbrar, pouco
expressivo e monocórdico ao longo de toda a récita.
(Fotografia Bayerische Staatsoper, Wilfried Hösl)
Nos papéis
secundários destacou-se Georg Zeppenfeld
que foi um excelente padre Raimondo, mas também estiveram bem Emanuele D’Aguanno como Arturo, Rachael Wilson como Alisia e Dean Power como Normanno.
(Fotografias Bayerische Staatsoper, Wilfried Hösl)
É para mim sempre
um grande prazer ver esta ópera, mesmo quando a encenação não ajuda, como foi o
caso.
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Bayerische Staatsoper broadcast live on February 8 the
new production of Donizetti’s opera Lucia di Lammermoor (Staatsoper.TV,
free transmission).
The staging
by Polish Barbara Wysocka set the
action in the US in the 50s and 60s of last century. Everything takes place in
a large abandoned and decaying hall where, along the performance, some chairs
and desks are placed, and a car . The setting portrays a confrontation between
social classes in which Lord Enrico Ashton is a politician who forces his
sister Lucia to marry against her will to Lord Arturo Bucklaw, to the detriment
of his beloved Sir Edgardo di Ravenswood, here represented at the image of
James Dean. Many guns are pointed along the recitation. The dresses are
interesting. I did not like what I saw because it did not bring anything new
and what was sung was often different from what one saw.
The
striking musical direction was of maestro Kirill
Petrenko. Orchestra and Bayerische
Staatsoper Choir were very good. The orchestra used a glass harmonica and
it was very interesting the presentation of the instrument during the interval.
Diana Damrau was an excellent Lucia. She had a great vocal
performance and she was also very impressive in the stage performance. The highest
point was the scene of madness, very different in the presente scenario than in
more conventional stagings, but the singer was excelente. The role is
technically very demanding but Damrau interpreted it at the highest level, with
an impressive coloratura, always in tune.
Edgaro by tenor
Pavel Breslik was was very good,
perhaps the best interpretation I heard from him. Admittedly live perception is
different, but during the transmission he was always very audible, voice of beautiful
timbre, and very good stage performance.
Dalibor Jenis was a Enrico who sung without impressing, monotonous
throughout the performance.
In
supporting roles the best was Georg
Zeppenfeld as priest Raimondo, but also good were Emanuele D'Aguanno as Arturo, Rachael
Wilson as Alisia and Dean Power
as Norman.
For me it
is always a great pleasure to see this opera, even when the staging does not
help, as was the case.
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Só apanhei a partir do intervalo e ainda vi a apresentação da harmónica de vidro. Muito interessante. Já da encenação, também não gostei nada. Penso até que prejudicou bastante a cena da loucura. Faltou-lhe fluidez, na minha opinião.
ResponderEliminarObrigado Paulo,
EliminarPara quem estiver interessado, este é o link para a apresentação da harmónica de vidro:
https://blog.staatsoper.de/en/post/news/unarmonia-celeste.html?tx_news_pi1%5Baction%5D=detail&cHash=5e0cb9bd55c525c11c6d72542a74fbdd