Crítica de Ali Hassan Ayache no blog de Ópera e Ballet.
O que não combina é a qualidade da ópera, Jupyra tem um
libreto fraco com ação lenta e sem a menor dinâmica. Trinta minutos iniciais se
passam e quase nada acontece e no final a ópera acaba por falta de personagens,
morrem quase todos. A música de Antônio Francisco Braga não tem uma grande
ária, carece de melodias impactantes e muitas vezes se mostra banal e sem
inspiração.
A montagem apresentada abusa dos clichês do índio e da
floresta tropical do Brasil colonial. O cenário de Juan Gillermo Nova é
interessante, com belas cores e mato por todos os lados. A luz de Pascal Merat
realçou a beleza do cenário dando-lhe suntuosidade, os figurinos de Carla
Galleri estiveram adaptados ao enredo. A direção de Pier Francesco Maestrini
tem soluções razoáveis e tenta dar dinâmica a um enredo engessado com consegue
saídas criativas. Não vou cansar você leitor descrevendo-as.
~
Após um longo intervalo, mas longo mesmo onde o público
começa a bater palmas pedindo o início da apresentação tivemos a mais famosa
ópera de Mascagni. A Cavalleria Rusticana ambientada no século XX onde desfilam
mafiosos parecidos com os capangas de Al Capone foi uma saída interessante que
não prejudicou o enredo. Os cenários, figurinos e luz estiveram a contento e
harmonizaram com as ideias do diretor.
Angeles Blancas Gulin
se transformou após o intervalo, sua voz esteve escura, possante e adequada à
personagem. Densidade forte no timbre que capta a essência do Verismo. Atuou e
cantou de maneira primorosa. Fernando
Portari é um tenor com sólida carreira internacional, cantou um Turiddu de
forma mágica, sua voz dispara agudos brilhantes e emotivos. Seu timbre tem um
colorido mágico que sempre convence.
O pequeno papel de Lola exige que a cantora mostre em um
curto espaço de tempo todo o caráter da personagem. Mulher que traí o marido e
é cínica pacas. Adriana Clis
consegue esse feito, sua voz escura com agudos potentes, graves quentes e
unidos a uma interpretação correta mostraram quem é Lola. Sua presença de palco
é exuberante e sedutora, uma Lola na medida certa. Angelo Del Vecchia voltou do intervalo da mesma maneira,
convencional e sem pegada.
A Orquestra Sinfônica Municipal esteve com sonoridade e
volumes corretos. Victor Hugo Toro fez um bom trabalho com os músicos. Destaque
de sempre é o Coral Lírico e dessa vez junto com o Coral Paulistano, as vozes
estiveram em ponto de bala. Junções, fusões e extinções que a atual diretoria
promove não abalaram os coristas, estes mostraram que cantam muito bem e sempre
estiveram equilibrados em todas as vozes.
Sem comentários:
Enviar um comentário