quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

MACBETH, METropolitan Opera, Outubro / October 2019



(review in English below)

A ópera Macbeth de Verdi foi novamente posta em cena na Metropolitan Opera de Nova Iorque. 



A produção de Adrian Noble transporta a acção para o período após a 2ª Guerra mundial, na Escócia. É minimalista mas de belo efeito e muito eficaz. Sob uma floresta ao fundo, o palácio é constituído por umas grandes colunas móveis e negras, tendo como adereços apenas lustres, cadeiras e uma grande toalha. As bruxas vêm vestidas de vagabundos.


Dirigiu o maestro Marco Armiliato e o Coro e a Orquestra estiveram em grande nível.



Macbeth foi interpretado pelo barítono Zeljko Lucic, depois do despedimento de Placido Domingo na véspera da estreia, na sequência dos inenarráveis episódios de potencial assédio sexual (de há décadas no caso de Domingo), que têm salpicado vários artistas operáticos, transformando o mundo da ópera actual numa verdadeira telenovela mexicana. Lucic tem um timbre bonito, a voz é grande mas canta de forma algo monótona e foi pouco emotivo, aquém da exigência da personagem.



O baixo Ildar Abdrazakov foi um Banquo muito bom. Tem uma boa presença cénica e uma voz muito agradável e afinada. Como morre cedo, não canta muito.



O tenor Matthew Polenzani fez um Macduff de qualidade. Desta vez a voz não me pareceu tão nasalada como em outras ocasiões e o cantor projectou-a com grande eficácia, sempre audível sobre a orquestra. Cantou afinado e teve uma prestação cénica correcta.



Deixo para o fim a verdadeira protagonista da ópera, Lady Macbeth, aqui interpretada por Anna Netrebko. Foi colossal! Loira e quase sempre descalça, surge numa cama, lê a carta do marido e canta magistralmente a primeira ária Vieni, t’affretta! Daí em diante domina todo o espectáculo. Transborda sensualidade, malvadez e domínio. O canto enche totalmente a enorme sala e é de uma beleza ímpar, ornamentado com notas estratosféricas em perfeita afinação. A famosa cena do sonambulismo Una macchia è qui tuttora culmina uma actuação superlativa!



É um privilégio poder ver e ouvir Anna Netrebko, que ficará para a história como uma das maiores cantoras de ópera do Século.






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MACBETH, METropolitan Opera,  October 2019

Verdi's Macbeth opera was once again performed at New York's Metropolitan Opera. Adrian Noble's production transports the action to the post-WWII period in Scotland. It is minimalist but attractive and very effective. Under a forest in the background, the palace is made up of large black movable columns, with only chandeliers, chairs and a large towel. The witches come dressed as tramps.

Directed maestro Marco Armiliato and the Choir and the Orchestra were at top level.

Macbeth was played by baritone Zeljko Lucic after Placido Domingo's dismissal on the day before the premiere following the unspeakable episodes of potential sexual harassment (from decades ago in the case of Domingo) that have peppered several opera artists, transforming the opera world of today as a real Mexican soap opera. Lucic has a beautiful tone, the voice is large but sings somewhat monotonously and was not very emotional, short of the requirement of the character.

Bass Ildar Abdrazakov was a very good Banquo. Has a good stage presence and a very nice and tuned voice. Because he dies early, he doesn't sing much.

Tenor Matthew Polenzani was a quality Macduff. This time the voice did not seem as nasal to me as on other occasions and the singer projected it with great effectiveness, always audible over the orchestra. He sang in tune and had a correct scenic performance.

I leave to the end the true protagonist of the opera, Lady Macbeth, played here by Anna Netrebko. She was colossal! Blonde and almost always barefoot, she appears in bed, reads her husband's letter and masterfully sings the first aria Vieni t'affretta! From then on she dominates the whole performance. Overflows sensuality, wickedness and dominance. The singing completely fills the huge auditorium and is of unparalleled beauty, adorned with stratospheric notes in perfect pitch. The famous sleepwalking scene Una macchia è qui tuttora culminates a superlative performance!

It is a privilege to be able to see and hear Anna Netrebko, who will make history as one of the greatest opera singers of the century.

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