(review in English below)
A ópera Macbeth
de Verdi foi novamente posta em cena na Metropolitan
Opera de Nova Iorque.
A produção de Adrian
Noble transporta a acção para o período após a 2ª Guerra mundial, na
Escócia. É minimalista mas de belo efeito e muito eficaz. Sob uma floresta ao
fundo, o palácio é constituído por umas grandes colunas móveis e negras, tendo
como adereços apenas lustres, cadeiras e uma grande toalha. As bruxas vêm
vestidas de vagabundos.
Dirigiu o maestro
Marco Armiliato e o Coro e a
Orquestra estiveram em grande nível.
Macbeth foi
interpretado pelo barítono Zeljko Lucic,
depois do despedimento de Placido Domingo na véspera da estreia, na sequência
dos inenarráveis episódios de potencial assédio sexual (de há décadas no caso
de Domingo), que têm salpicado vários artistas operáticos, transformando o
mundo da ópera actual numa verdadeira telenovela mexicana. Lucic tem um timbre bonito,
a voz é grande mas canta de forma algo monótona e foi pouco emotivo, aquém da
exigência da personagem.
O baixo Ildar Abdrazakov foi um Banquo muito
bom. Tem uma boa presença cénica e uma voz muito agradável e afinada. Como
morre cedo, não canta muito.
O tenor Matthew Polenzani fez um Macduff de
qualidade. Desta vez a voz não me pareceu tão nasalada como em outras ocasiões
e o cantor projectou-a com grande eficácia, sempre audível sobre a orquestra.
Cantou afinado e teve uma prestação cénica correcta.
Deixo para o fim
a verdadeira protagonista da ópera, Lady Macbeth, aqui interpretada por Anna Netrebko. Foi colossal! Loira e quase
sempre descalça, surge numa cama, lê a carta do marido e canta magistralmente a
primeira ária Vieni, t’affretta! Daí
em diante domina todo o espectáculo. Transborda sensualidade, malvadez e
domínio. O canto enche totalmente a enorme sala e é de uma beleza ímpar,
ornamentado com notas estratosféricas em perfeita afinação. A famosa cena do
sonambulismo Una macchia è qui tuttora
culmina uma actuação superlativa!
É um privilégio
poder ver e ouvir Anna Netrebko, que ficará para a história como uma das
maiores cantoras de ópera do Século.
****
MACBETH,
METropolitan Opera, October 2019
Verdi's
Macbeth opera was once again performed at New York's Metropolitan Opera. Adrian
Noble's production transports the action to the post-WWII period in Scotland.
It is minimalist but attractive and very effective. Under a forest in
the background, the palace is made up of large black movable columns, with only
chandeliers, chairs and a large towel. The witches come dressed as tramps.
Directed
maestro Marco Armiliato and the Choir and the Orchestra were at top level.
Macbeth was
played by baritone Zeljko Lucic after Placido Domingo's dismissal on the day before the premiere following the unspeakable episodes of potential sexual harassment
(from decades ago in the case of Domingo) that have peppered several opera
artists, transforming the opera world of today as a real Mexican soap opera. Lucic has a
beautiful tone, the voice is large but sings somewhat monotonously and was not
very emotional, short of the requirement of the character.
Bass Ildar
Abdrazakov was a very good Banquo. Has a good stage presence and a very nice
and tuned voice. Because he dies early, he doesn't sing much.
Tenor
Matthew Polenzani was a quality Macduff. This time the voice did not seem as
nasal to me as on other occasions and the singer projected it with great
effectiveness, always audible over the orchestra. He sang in tune and had a
correct scenic performance.
I leave to
the end the true protagonist of the opera, Lady Macbeth, played here by Anna
Netrebko. She was colossal! Blonde and almost always barefoot, she appears in
bed, reads her husband's letter and masterfully sings the first aria Vieni t'affretta! From then on she dominates the whole performance. Overflows sensuality,
wickedness and dominance. The singing completely fills the huge auditorium and is of
unparalleled beauty, adorned with stratospheric notes in perfect pitch. The
famous sleepwalking scene Una macchia è qui tuttora culminates a superlative
performance!
It is a
privilege to be able to see and hear Anna Netrebko, who will make history as one
of the greatest opera singers of the century.
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