domingo, 8 de dezembro de 2019

LES CONTES D’HOFFMANN, Wiener Staatsoper, Setembro / September 2019



(review in English below)

A opera de Jaques Offenbach Os Contos de Hoffmann esteve em cena na Ópera de Viena, numa encenação fantástica de Andrei Serban.



Foi criado um ambiente surrealista. No primeiro acto, a oficina do inventor Spalanzani tem várias estruturas verticais transparentes, uma com um grande esqueleto com óculos, outra com diversas cabeças e, na central, está a boneca Olympia. Há vários olhos em diversos locais do palco e muitas máquinas estranhas. Os efeitos visuais são magníficos. O que não gostei foi do desempenho físico da Peretyatco como Olympia porque é muito mais humana nos movimentos que faz do que o boneco que representa.
No 2º acto, a casa de Antonia é dominada por um enorme piano em toda a profundidade do palco, onde se perde o final da cauda. No 3º acto é criado um ambiente nocturno cheio de estrelas e com lua cheia, de belo efeito visual, e as gôndolas são sofisticadas e longas, forradas de almofadas vermelhas a condizer com as cortesãs. Uma encenação fabulosa, de grande impacto visual e muito apropriada à história da ópera.




A superior direcção musical foi do maestro Frédéric Chaslin. Orquestra muito bem e Coro fantástico.




Os cantores solistas foram todos óptimos. O tenor Dmitry Korchak fez um Hoffmann correcto. Tem uma voz bem audível e de timbre agradável.



A mezzo Gaëlle Arquez foi a melhor da noite. A voz é magnífica na forma, emissão e expressão. Interpretou a Musa / Nicklausse. O experiente barítono Luca Pisaroni interpretou com classe e de forma convincente as personagens malvadas da ópera, Lindorf, Coppélius, Miracle e Dapertutto. O tenor Michael Laurenz também deixou boa impressão na interpretação correcta de Andrès, Cochenille, Frantz e Pitichinaccio.





Deixei para o fim a soprano Olga Peretyatko, que nunca gostei de ouvir anteriormente. Pois hoje foi diferente. A voz esteve sempre afinada, bem colocada, bem audível e, como Antonia, foi emotiva. Só não gostei nada da forma como interpretou a Olympia, porque pouco se pareceu com um autómato.




Os restantes cantores secundários foram todos de qualidade adequada ao espectáculo, excepto Igor Onishchenko que mal se ouviu como Spalanzani.





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LES CONTES D'HOFFMANN, Wiener Staatsoper, September 2019

Jaques Offenbach's opera Les Contes D’Hoffmann was on the scene at the Vienna State Opera, in a fantastic production by Andrei Serban.

A surrealist atmosphere has been created. In the first act, the inventor Spalanzani's workshop has several transparent vertical structures, one with a large skeleton with glasses, another with several heads, and in the center is one with the doll Olympia. There are lots of eyes in various places on the stage and several weird machines. The visual effects are magnificent. What I didn't like was Peretyatco's performance as Olympia because she's so much more human in the movements she makes than the doll she represents.
In the second act, Antonia's house is dominated by a huge piano across the depth of the stage, where the tail end is lost. Act 3 creates a star-studded, full-moon night environment of beautiful visual effect, and the gondolas are sophisticated and long, lined with red cushions to match the courtesans. A fabulous production, of great visual impact and very appropriate to the history of opera.

The superior musical direction was by conductor Frédéric Chaslin. The orchestra was very good and the choir fantastic. The soloist singers were all great. Tenor Dmitry Korchak made a correct Hoffmann. He has a very audible voice and a pleasant tone.

Mezzo Gaëlle Arquez was the best of the night. The voice is magnificent in form, emission and expression. She interpreted the Muse / Nicklausse. The experienced baritone Luca Pisaroni has classically and convincingly interpreted the wicked opera characters Lindorf, Coppélius, Miracle and Dapertutto. Tenor Michael Laurenz also made a good impression on the correct interpretation of Andrès, Cochenille, Frantz and Pitichinaccio.

Finally soprano Olga Peretyatko, which I never liked to hear before. But today was different. The voice was always tuned, well projected, very audible and, as Antonia, was emotional. I just didn't like the way she played Olympia at all, because she hardly looked like an automaton.

The rest of the supporting singers were all of a quality suitable for the performance, except Igor Onishchenko who was barely heard as Spalanzani.

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