No Liceu de Barcelona assisti à ópera Der
Fliegende Holländer de Wagner na
encenação de Philipp Stölzl, já
vista anteriormente e comentada aqui.
A cortina abre numa
vasta biblioteca com um enorme quadro representando o mar que ocupa quase todo
o fundo do palco. Uma menina, vestida de branco, lê num grande livro a história
do holandês e adormece no sofá. A tela do quadro sobe e a acção passa-se por trás,
extravasando para a sala. Chega o primeiro navio. Daland e os seus homens que
invadem a biblioteca. Quando adormecem, espalhados pela sala, pelo cais e pelo
navio, surge o imponente e assustador navio fantasma.
Ao longo da ópera há
uma mistura entre o sonho de Senta, baseado no livro, e a realidade, com partes
da acção passada na biblioteca e outras, em simultâneo, na zona posterior do
palco, sempre que a tela do quadro se eleva.
A abordagem cénica é de belo efeito, embora com opções discutíveis, nomeadamente a festa final de casamento de Senta com o holandês em que todos se embriagam e que termina com o suicídio de Senta que corta o pescoço.
A abordagem cénica é de belo efeito, embora com opções discutíveis, nomeadamente a festa final de casamento de Senta com o holandês em que todos se embriagam e que termina com o suicídio de Senta que corta o pescoço.
A direcção da orquestra de Oksana
Lyniv foi péssima, sem qualquer sentimento ou dramatismo, limitando-se a maestrina
a seguir monotonamente a partitura, sem imprimir emoção à interpretação, o que
é fatal nesta opera. A abertura foi muito má e assim continuou ópera fora.
Também a orquestra teve vários problemas interpretativos, nomeadamente nos
sopros, onde as desafinações foram recorrentes. O coro, também fundamental nesta
ópera, cumpriu sem deslumbrar.
O Holandês do baixo barítono letão Egils
Silins foi fraco, sem expressividade ou versatilidade vocal e
ocasionalmente afogado pela orquestra. Nunca transmitiu aquela sensação
sinistra requerida na personagem.
A Senta do soprano russo Elena
Popovskaya cantou sempre em forte.
Tem uma voz poderosíssima mas, excluindo o registo médio, no agudo as notas
foram sempre gritadas e não cantadas. E não transmitiu qualquer emoção à
interpretação.
Attila Jun, baixo coreano, foi uma
tragédia como Daland. O cantor até tem um timbre agradável no registo médio, mas
não tem graves e o pior foi a dicção. Não sei em que língua cantou, mas em
alemão não foi. E no final ouviu alguns buuus, merecidos. Um dos piores Daland
que ouvi.
O Erik do tenor alemão Daniel Kirch
cumpriu sem deslumbrar. Teve uma interpretação pouco emotiva e convincente e a
voz não se impôs como seria desejável.
A mezzo espanhola Itxaro Mentxaca
fez uma Mary pouco audível e, para mim, a melhor voz da noite foi a do tenor
espanhol Mikeldi Ataxlandabaso como
timoneiro. Isto diz tudo.
*
DER FLIEGENDE HOLLÄNDER, Liceu, Barcelona, May 2017
In Liceu, Barcelona I attended Wagner´s opera Der Fliegende Holländer directed by Philipp Stölzl, already seen previously
and commented here.
The curtain opens in a vast library with a huge picture representing the
sea that occupies almost the whole bottom of the stage. A girl, dressed in
white, reads in a large book the story of the Dutchman and falls asleep on the
sofa. The frame screen rises and the action passes behind, spilling out into
the room. The first ship arrives. Daland and his men invade the library. When
they fall asleep, scattered across the room, across the dock and across the
ship, the imposing, frightening ghostly second ship emerges.
Throughout the opera there is a mixture between Senta's dream, based on
the book, and reality, with parts of the past action in the library and others,
simultaneously, in the rear zone of the stage, whenever the painting rises.
The scenic approach is beautiful, although with debatable options,
notably the final wedding party of Senta and the Dutch in which everyone gets
drunk and ends with Senta´s suicide cutting her throat.
The conduction of the orchestra by Oksana
Lyniv was terrible, without any feeling or drama, being limited to the maestro
monotonously follow the score, without putting emotion to the interpretation,
which is fatal in this opera. The opening was very bad and so continued opera
off. Also the orchestra had several interpretative problems, namely in the wind
instruments, where the mistakes were recurrent. The choir, also fundamental in
this opera, was just ok.
The Dutchman of the Latvian bass baritone Egils Silins was weak, with no vocal expressiveness or versatility
and occasionally drowned by the orchestra. He never conveyed that sinister
sense required in the character.
Senta of russian soprano Elena
Popovskaya always sang in forte.
She has a very powerful voice but, excluding the medium register, the high
notes were always shouted and not sung. And she did not convey any emotion to
the interpretation.
Attila Jun, Korean bass, was
a tragedy as Daland. The singer even has a pleasant timbre in the medium
register, but he was not audible in the low register and the worst was the
diction. I do not know what language he sang, but he did not sung in German.
And at the end he heard some justified buuus,. One of the worst Daland I ever
heard.
Erik from the German tenor Daniel
Kirch did not impress. He had an unemotional and not convincing
interpretation and the voice did not impose itself as it would be desirable.
Spanish mezzo Itxaro Mentxaca
made a barely audible Mary. For me, the best voice of the night was Spanish
tenor Mikeldi Ataxlandabaso as
helmsman. That says it all.
*
Wagner is still a challenge for me, but I am learning. Good to blog with you once again.
ResponderEliminar