domingo, 21 de maio de 2017

DER FLIEGENDE HOLLÄNDER / O Navio Fantasma, Liceu, Barcelona, Maio de 2017


(review in English below)

No Liceu de Barcelona assisti à ópera Der Fliegende Holländer de Wagner na encenação de Philipp Stölzl, já vista anteriormente e comentada aqui.


A cortina abre numa vasta biblioteca com um enorme quadro representando o mar que ocupa quase todo o fundo do palco. Uma menina, vestida de branco, lê num grande livro a história do holandês e adormece no sofá. A tela do quadro sobe e a acção passa-se por trás, extravasando para a sala. Chega o primeiro navio. Daland e os seus homens que invadem a biblioteca. Quando adormecem, espalhados pela sala, pelo cais e pelo navio, surge o imponente e assustador navio fantasma.


Ao longo da ópera há uma mistura entre o sonho de Senta, baseado no livro, e a realidade, com partes da acção passada na biblioteca e outras, em simultâneo, na zona posterior do palco, sempre que a tela do quadro se eleva.
A abordagem cénica é de belo efeito, embora com opções discutíveis, nomeadamente a festa final de casamento de Senta com o holandês em que todos se embriagam e que termina com o suicídio de Senta que corta o pescoço.


A direcção da orquestra de Oksana Lyniv foi péssima, sem qualquer sentimento ou dramatismo, limitando-se a maestrina a seguir monotonamente a partitura, sem imprimir emoção à interpretação, o que é fatal nesta opera. A abertura foi muito má e assim continuou ópera fora. Também a orquestra teve vários problemas interpretativos, nomeadamente nos sopros, onde as desafinações foram recorrentes. O coro, também fundamental nesta ópera, cumpriu sem deslumbrar.

O Holandês do baixo barítono letão Egils Silins foi fraco, sem expressividade ou versatilidade vocal e ocasionalmente afogado pela orquestra. Nunca transmitiu aquela sensação sinistra requerida na personagem.



A Senta do soprano russo Elena Popovskaya cantou sempre em forte. Tem uma voz poderosíssima mas, excluindo o registo médio, no agudo as notas foram sempre gritadas e não cantadas. E não transmitiu qualquer emoção à interpretação.



Attila Jun, baixo coreano, foi uma tragédia como Daland. O cantor até tem um timbre agradável no registo médio, mas não tem graves e o pior foi a dicção. Não sei em que língua cantou, mas em alemão não foi. E no final ouviu alguns buuus, merecidos. Um dos piores Daland que ouvi.



O Erik do tenor alemão Daniel Kirch cumpriu sem deslumbrar. Teve uma interpretação pouco emotiva e convincente e a voz não se impôs como seria desejável.



A mezzo espanhola Itxaro Mentxaca fez uma Mary pouco audível e, para mim, a melhor voz da noite foi a do tenor espanhol Mikeldi Ataxlandabaso como timoneiro. Isto diz tudo.







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DER FLIEGENDE HOLLÄNDER, Liceu, Barcelona, ​​May 2017

In Liceu, Barcelona I attended Wagner´s opera Der Fliegende Holländer directed by Philipp Stölzl, already seen previously and commented here.

The curtain opens in a vast library with a huge picture representing the sea that occupies almost the whole bottom of the stage. A girl, dressed in white, reads in a large book the story of the Dutchman and falls asleep on the sofa. The frame screen rises and the action passes behind, spilling out into the room. The first ship arrives. Daland and his men invade the library. When they fall asleep, scattered across the room, across the dock and across the ship, the imposing, frightening ghostly second ship emerges.
Throughout the opera there is a mixture between Senta's dream, based on the book, and reality, with parts of the past action in the library and others, simultaneously, in the rear zone of the stage, whenever the painting rises.
The scenic approach is beautiful, although with debatable options, notably the final wedding party of Senta and the Dutch in which everyone gets drunk and ends with Senta´s suicide cutting her throat.

The conduction of the orchestra by Oksana Lyniv was terrible, without any feeling or drama, being limited to the maestro monotonously follow the score, without putting emotion to the interpretation, which is fatal in this opera. The opening was very bad and so continued opera off. Also the orchestra had several interpretative problems, namely in the wind instruments, where the mistakes were recurrent. The choir, also fundamental in this opera, was just ok.

The Dutchman of the Latvian bass baritone Egils Silins was weak, with no vocal expressiveness or versatility and occasionally drowned by the orchestra. He never conveyed that sinister sense required in the character.

Senta of russian soprano Elena Popovskaya always sang in forte. She has a very powerful voice but, excluding the medium register, the high notes were always shouted and not sung. And she did not convey any emotion to the interpretation.

Attila Jun, Korean bass, was a tragedy as Daland. The singer even has a pleasant timbre in the medium register, but he was not audible in the low register and the worst was the diction. I do not know what language he sang, but he did not sung in German. And at the end he heard some justified buuus,. One of the worst Daland I ever heard.

Erik from the German tenor Daniel Kirch did not impress. He had an unemotional and not convincing interpretation and the voice did not impose itself as it would be desirable.

Spanish mezzo Itxaro Mentxaca made a barely audible Mary. For me, the best voice of the night was Spanish tenor Mikeldi Ataxlandabaso as helmsman. That says it all.


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1 comentário:

  1. Wagner is still a challenge for me, but I am learning. Good to blog with you once again.

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