(review in English below)
Assisti à Ópera A Flauta Mágica, de W.A. Mozart, na Volksoper de Viena. A sala é sóbria e despida de ornamentos, num
contraste total com a famosa e exuberante opera estatal.
A produção de Alfred Eschwé é vistosa e bem
conseguida, respeitando quase à letra o libreto.
Mesmo para quem não conhece a história, a encenação é tão explícita que permite
acompanhá-la. O palco tem frequentemente um fosso a meio, donde aparecem vários
intervenientes durante o espectáculo. Uns painéis laterais que se abrem ou
fecham completam e permitem com grande eficácia as muitas mudanças de cenário.
O maestro Helmuth Lohner teve uma direcção
correcta mas pouco vibrante, sobretudo no início, que foi excessivamente lento.
Os cantores,
todos jovens solistas que não conhecia, foram uma agradável surpresa.
O baixo austríaco
Stefan Cerny foi um Sarastro
excepcional e entre os melhores que tenho ouvido. Detentor de uma voz muito
escura e de invulgar beleza e potência, esteve sempre ao mais alto nível. Na
prestação cénica foi também irrepreensível.
JunHo You, tenor sul coreano, tem uma voz bem colocada e
foi um Tamino de grande qualidade vocal. Em palco esteve estático, o que
prejudicou um pouco a personagem, sobretudo pelo contraste com os restantes
solistas.
O Papageno foi
interpretado de forma superior pelo barítono italiano Marco Di Sapia que tem uma voz potente e de timbre muito bonito.
Cenicamente foi sempre muito expressivo e ágil, como actor e como cantor.
Beate Ritter, soprano austríaco, foi uma Rainha da Noite imponente.
A voz é potente, excelente na coloratura e de grande beleza.
Também muito
aceitáveis, embora menos impressionantes, estiveram
Julia Coci como Pamina, Christian
Drescher como Monostatos, Brigid
Steinberder, Manuela
Leonhartsberger, Martina Mikelic
nas 3 damas e Johanna Arrouas como
Papagena, esta com uma excelente actuação em palco.
Um espectáculo de
qualidade num teatro de ópera secundário que poderia servir de inspiração ao Teatro
Nacional de São Carlos.
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DIE
ZAUBERFLÖTE, Volksoper Wien, November 2016
I attended
the opera The Magic Flute, by W.A. Mozart, at the Volksoper in Vienna. The theater is
sober and without ornaments, in total contrast with the famous and exuberant
state opera.
The
production of Alfred Eschwé is showy
and well done, totally respecting the libretto. Even for those who do not know
the story, the staging is so explicit that it allows accompanying it. The stage
often has a middle hole, from where several actors appear during the show. Side
panels that open or close completely and effectively allow for many changes of
scenery.
Conductor Helmuth Lohner had a correct but not
very vibrant direction, especially at the beginning, which was excessively
slow.
The
singers, all young soloists I did not know, were a pleasant surprise.
Austrian
bass Stefan Cerny was an exceptional
Sarastro and among the best I have heard. With a very dark voice and of unusual
beauty and power, he was always at the highest level. In the scenic performance
he was also impeccable.
JunHo You, South Korean tenor, has a well-tuned voice
and was a high-quality vocal Tamino. On stage he was static, which slightly
affected the character, especially by the contrast with the other soloists.
Papageno
was interpreted in a superior way by Italian baritone Marco Di Sapia who has a powerful voice and a very beautiful tone. On
stage he was always very expressive and agile, as an actor and as a singer.
Beate Ritter, Austrian soprano, was an imposing Queen of Night.
The voice is powerful, excellent in coloratura and of great beauty.
Also very
acceptable, though less impressive, were Julia
Coci as Pamina, Christian Drescher
as Monostatos, Brigid Steinberder,
Manuela Leonhartsberger, Martina Mikelic in the 3 ladies and Johanna Arrouas as Papagena, this one
with an excellent performance on stage.
A quality
performance in a secondary opera theater that could serve as inspiration for
the National Opera Theater of São Carlos.
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Quando em Viena, não pude assistir a nenhuma récita na Ópera estatal, mas assisti a uma boa récita do Morcego no Volksoper que me pareceu uma excelente sala do ponto de vista da visibilidade e da acústica. A produção, cantores e músicos eram excelentes contrastando com o desastre, anos depois, do Morcego visto e mal ouvido em S. Carlos.
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