sábado, 19 de novembro de 2016

LES CONTES D’HOFFMANN ; Royal Opera House, Novembro 2016


LES CONTES D’HOFFMANN   (Jacques Offenbach)

Ópera em três Actos, Prólogo e Epílogo

Transmissão em directo do espectáculo na ROH
Cinemas UCI El Corte Inglés Lisboa– Sala 9    15/11/2016

Libreto de Jules Barbier, baseado na peça homónima de Jules Barbier e Michael Carré, a partir de Contos fantásticos de E.T.A.Hoffmann

Direcção musical: Evelino Pidò
Encenação: John Schlesinger

Reposição da encenação:  Dan Dooner
Cenografia: William Dudley
Luzes: David Hersey
Roupas: Maria Björnson
Coreografia: Eleanor Fazan
Direcção de lutas: William Hobbs
Direcção de movimentos: Elenor Fazan

Hoffmann: Vittorio Grigòlo
Nicklausse/Musa da poesia: Kate Lindsay
Lindorf/Coppelius/Dr.Miracle/Dapertutto: Thomas Hampson
Olympia: Sofia Fomina
Antonia: Sonya Yoncheva
Giulietta: Christine Rice
Stella: Olga Sabadoch
Spalanzani: Christophe Mortagne
Crespel: Eric Halfvarson
Nathanael: David Junghoon Kim
Hermann: Charles Rice
Schlémil: Yuriy Yurchuk
Luther: Jeremy White
Andrès/Cochenille/Pittichinaccio/Frantz: Vincent Ordonneau
Mãe de Antonia: Catherine Carby

Orchestra of the Royal Opera House
Royal Opera Chorus

Produção: ROH (1980)
Realizador da transmissão: Jonathan Haswell

Trata-se de uma produção de há 36 anos que entretanto se tornou uma referência. Compreende-se facilmente por que razão ao vê-la na magnífica versão transmitida em directo da sala de Covent Garden.
Schlesinger, um realizador de cinema com fortíssimas ligações à música, evidenciadas desde o início da sua carreira com o fabuloso Terminus, com música de Britten, conseguiu também justa celebridade com esta sua primeira experiência no campo da ópera.

Jonathan Haswell, o realizador desta versão em vídeo (que deverá ser publicada em formato digital no próximo ano), mostra como é possível fazer uma transmissão em directo com grandíssima qualidade a partir de um espectáculo operático.

Por detrás do filme que nos é apresentado existem claramente um guião, uma planificação, uma montagem e uma verdadeira direcção/realização. O contraste com as transmissões do MET de Nova Iorque é colossal.

As condições de reprodução na melhor sala de cinema do complexo de São Sebastião foram excelentes, embora o nível da intensidade do som necessite ser afinado. Uma pequena interrupção da difusão ocorrida no terceiro acto foi solucionada em breves segundos sem perda de qualidade.

Naturalmente o problema da percepção da qualidade das vozes e da orquestra, inerente ao facto de se tratar de um registo, persiste. Porém neste caso a solução adoptada para a captação e manipulação dos diferentes registos sonoros conseguiu em geral um resultado aceitável, embora por vezes a voz se tenha sobreposto demasiadamente ao fundo orquestral.

A direcção de actores foi excelente, uma clara herança de Schlesinger. Pidò dirigiu sem brilho o conjunto.

Embora naturalmente este tipo de transmissões não possa substituir o espectáculo da ópera ao vivo, temos de reconhecer que este exemplo não provoca, ao contrário de outros propostos neste nascente nicho do mercado cinematográfico, um afastamento do público em relação ao espectáculo operático.


José António Miranda     16/11/2016

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