(text in English below)
Na Royal Opera House de Londres tive
oportunidade de rever esta produção de Moshe
Leiser e Patrice Caurier de Il Barbirere di Siviglia, de G. Rossini, talvez a melhor encenação
que vi da opera. É uma festa de cor, comicidade e bom gosto do início ao fim. Os
adereços são de uma simplicidade genial, pouco mais há que uma árvore, uma
cadeira, um cravo e um armário. Por todo o lado se abrem e fecham portas e
janelas e tudo resulta na perfeição. Os trajos são intensamente coloridos. No
início parte dos membros da orquestra aparecem subitamente em palco, em várias
ocasiões os polícias narigudos e, no final do primeiro acto, o palco eleva-se e
oscila até uma altura muito apreciável. Uma festa!
O jovem maestro
hungaro Henrik Nánási dirigiu com muita
elegância a orquestra. O coro esteve afinadíssimo.
Foi um
espectáculo de luxo em que os cantores, para além de serem todos de qualidade
superior, foram excelentes actores em palco.
O Fígaro foi o
barítono italiano Vito Priante de voz
poderosa e muito bonita, grande agilidade cénica e excelente figura. Começou de
forma impressionante na aria Largo al factotum
e assim se manteve até ao fim.
A mezzo argentina
Daniela Mack foi uma Rosina
expressiva de voz escura, potente e ágil, com uma coloratura invejável que logo
exibiu na ária Una voce poco fa.
O Conde da
Almaviva / Lindoro foi uma surpresa muito agradável para mim. Interpretado pelo
tenor mexicano Javier Camarena, esteve
ao nível de outros grandes intérpretes deste difícil papel. Foi particularmente
impressionante no registo mais agudo, sempre afinado e, aparentemente, sem
esforço. A coloratura foi magnífica e, no final, na ária Cessa di piu resistere ofereceu-nos um espectáculo invulgar de
pirotecnia vocal.
O Don Bártolo
foi, para mim, o melhor da noite. Grande sucesso do excelente barítono
português José Fardilha, que já
destaquei recentemente aqui. Há seguramente muitos “Don Bartolos” por aí, mas
nenhum supera o José Fardilha! Fabuloso.
O baixo italiano Ferruccio Furlanetto foi, mais uma vez,
o Don Basílio. Outra interpretação de topo, cénica e vocal, deste excelente
cantor de voz gigante e cavernosa que sempre me impressiona quando o vejo.
A criada Berta
foi interpretada pela soprano neozelandesa Madeleine
Pierard que deixou uma excelente impressão na sua ária do 2º acto.
Enfim, a festa da
ópera!!
*****
The Barber
of Seville, Royal Opera House, London, September 2016
In the Royal Opera House in London I had the
opportunity to review the production of Moshe
Leiser and Patrice Caurier of Il Barbirere di Siviglia by G. Rossini, perhaps the best staging I
saw of this opera. It is a colourful production, plenty of humour from start to
finish. The props are of a genial simplicity, there is little else than a tree,
a chair, a harpsichord and a closet. Everywhere doors and windows open and
close and everything works perfectly. The costumes are intensely colored. At
the beginning, some of the orchestra members suddenly appear on stage. On
several occasions the policemen with large noses appear. At the end of the
first act, the stage rises and oscillates to a very considerable height. A
celebration!
Young
Hungarian maestro Henrik Nánási directed
the orchestra with elegance. The choir was in perfect tune.
It was a
luxury performance in which singers, as well as being all of superior vocal quality
were also excellent actors on stage.
Figaro was
Italian baritone Vito Priante with a
powerful and very beautiful voice, great stage agility, and excellent figure.
he began impressively in the aria Largo
al factotum and so he remained until the end.
Argentine
mezzo Daniela Mack was Rosina with expressive
powerful and agile dark voice, with stunning coloratura well exhibited in the
aria Una voce poco fa.
The Count
of Almaviva / Lindoro was a very pleasant surprise for me. Played by Mexican
tenor Javier Camarena, he was at the
level of other great interpreters of this difficult role. He was particularly
impressive in the high register, always in tune and seemingly effortless. The
coloratura was magnificent and, in the end, in the aria Cessa
di piu resistere offered us an unusual show of vocal
pyrotechnics.
Don Bartolo
was, for me, the best of the night. Great success of the great Portuguese baritone
José Fardilha. I have recently
highlighted his performance here. There are certainly many "Don
Bartolos" out there, but none surpasses Jose Fardilha! Fabulous.
Italian
bass Ferruccio Furlanetto was, once again,
Don Basilio. Another top interpretation, scenic and vocal, this excellent
singer of giant cavernous voice that always amazes me when I hear him.
The maid
Berta was interpreted by New Zealand soprano Madeleine Pierard that left a great impression on her aria from the
2nd act.
The opera celebration!!
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Belíssima crítica,
ResponderEliminarUm abraço do Brasil