A ópera A Força do Destino, de G. Verdi, esteve em cena no Coliseu de
Londres, sede da English National Opera.
Apesar de ter sido cantada em inglês, o que muito me incomoda, foi um
espectáculo de grande qualidade, sobretudo devido aos cantores. Outro facto
incompreensível é a possibilidade de os espectadores trazerem para a sala as
bebidas que adquirem no bar.
Dirigiu o maestro
Mark Wigglesworth. A encenação foi
do controverso encenador catalão Calixto
Bieito que, nesta ópera, não incluiu cenas de sexo ou nudez. Contudo, a
encenação é escura, agressiva e com elementos de difícil interpretação. Bieito
transportou a acção para a guerra civil espanhola e no palco, entre fachadas
incaracterísticas de edifícios em constante movimentação, há projecção de imagens
de soldados, aviões e cavalos, quiçá irrelevantes. Algumas opções não
compreendi, como a destruição minuciosa de livros (que são rasgados) pelos
membros do coro no 2º acto ou a projecção da criança a riscar a cortina antes
do último acto.
As imagens de
violência gratuita estão presentes, incluindo Preziosilla a pontapear uma
grávida e a matar prisioneiros de guerra no coro do 3º acto (Rataplan). Enfim,
é uma encenação violenta e incomodativa em que não há compaixão de ninguém por
ninguém.
Já em relação aos
cantores, os solistas foram de elevada qualidade.
A soprano norte
americana Tamara Wilson foi uma
Leonora excelente, de voz potente e afinada, mantendo a qualidade
interpretativa ao longo de toda a récita, irrepreensível no último acto.
O tenor Gwyn Hughes Jones foi um Don Alvaro
fervoroso na interpretação vocal, sempre bem audível, possuidor de um timbre
bonito e muito expressivo em todas as intervenções.
Também ao mais
alto nível esteve o barítono Anthony
Michaels-Moore como Don Carlo. A voz é poderosa, bem timbrada e o cantou
usa-a de uma forma muito eficaz. Em palco foi o melhor intérprete, apesar de a
encenação não ajudar.
A mezzo israelita
Rinat Shaham cantou e interpretou a
cigana Preziosilla com grande classe e também estiveram muito bem o baixo Matthew Best como Marquês de Calatrava,
o barítono Andrew Shore como Frei
Melitone e, sobretudo, o baixo James
Creswell como Padre Guardiano.
Um grande
espectáculo, sobretudo pelos cantores.
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THE FORCE
OF DESTINY, English National Opera, December 2015
The
conductor was Mark Wigglesworth. The controversial Catalan director Calixto
Bieito tin this opera did not include sex or nudity scenes. However, the
scenario is dark, aggressive and with difficult to interpret elements. Bieito
moved the action to the Spanish Civil War period and on stage, among
uncharacteristic facades of buildings in constant movement, there are projected
images of soldiers, planes and horses, perhaps irrelevant. Some options I did
not understand, as the thorough destruction of books (which are torn) by choir
members in the 2nd act or the projection of the child to scratch the curtain
before the last act.
The gratuitous
violence of images is present, including Preziosilla kicking a pregnant woman
and killing prisoners of war in the choir of the 3rd act (Rataplan). Anyway,
it's a violent and disturbing scenario in which there is no compassion for
anyone.
In relation
to the singers, the soloists were of high quality.
North
American Soprano Tamara Wilson was an
excellent Leonora, with a potent and refined voice, keeping high quality vocal
interpretation throughout the performance, faultless during the last act.
Tenor Gwyn Hughes Jones was a Don Alvaro of
fervent vocal interpretation, always well audible, with a beautiful and very
expressive timbre in all interventions.
Also at the
highest level was baritone Anthony
Michaels-Moore as Don Carlo. The voice is powerful and the singer used it
in a very effective manner. On stage he was the best performer, although the staging
did not help.
Israeli
mezzo Rinat Shaham sang and played
the Gypsy Preziosilla with great class and also very good were bass Matthew Best as Marquis of Calatrava,
baritone Andrew Shore as Frei
Melitone and, especially, bass James
Creswell as Padre Guardiano.
A great performance,
especially because of the singers.
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