sábado, 28 de novembro de 2015

TRISTAN UND ISOLDE, Royal Opera House, Londres, Dezembro de 2014 / London December 2014

(review in English below)

Foi com grande expectativa que revi esta produção do Tristan und Isolde de R. Wagner na Royal Opera House. A primeira vez foi em 2009, com o wagner_fanatic, que a registou aqui.

A encenação, de Christof Loy, é minimalista e sem qualquer interesse. No palco despido há apenas duas cadeiras e uma pequena mesa. 


Por trás de uma cortina (que está quase sempre fechada), aparecem quarto mesas longas com diversos convidados, todos homens vestidos a rigor, em diversas posições estáticas. 


Os solistas cantam quase sempre encostados ao lado esquerdo do palco, o que impede a visualização do que se passa a quem está sentado desse lado do teatro.
Como não há nada para ver, podemos concentrar-nos totalmente na audição.

Antonio Pappano dirigiu superiormente a Orquestra da Royal Opera House e foi uma das mais valias do espectáculo. Logo a abertura foi magistral, e assim continuou.


A razão pela qual ansiei por este espectáculo foi a possibilidade de voltar a ouvir Nina Stemme, desta vez acompanhada por um Tristão que, pelo menos, não quebrasse logo no 2º acto, como acontecera em 2009 com Ben Heppner. E foi, afortunadamente, uma récita de elevadíssima qualidade.

Nina Stemme é, de longe, o melhor soprano wagneriano da actualidade e um dos melhores de sempre. Mais uma vez impôs-se numa interpretação superlativa. Tem uma voz gigante mas sempre bonita e afinada. E, mesmo nestes papeis mais exigentes, termina ao mesmo nível que começa, como se não tivesse feito grande esforço durante as horas de canto que enfrenta. Logo no primeiro acto foi insuperável na intensidade dramatica que imprimiu à descrição do seu passado traumático e, sempre excelente, assim continuou até à morte. Avassaladora.



O Tristão do tenor Stephen Gould foi de grande nível. Provavelmente Gould é também, na actualidade, o melhor Tristão no activo. Foi sempre bem audível sobre a orquestra, imprimiu emoção à voz e manteve a qualidade ao longo de toda a récita.



Outra interpretação fantástica foi a do mezzo Sarah Connolly como Brangäne. O papel é muito exigente e a cantora esteve sempre ao mais alto nível, impondo a sua voz forte, segura e expressiva.



Também o Kurwenall do baixo-barítono Iain Paterson foi marcante pela generosidade, intensidade dramática e poderio vocal que o cantor revelou.


John Tomlinson é um baixo respeitável no mundo operático mas já não está à altura de um papel como o do rei Marke. Foram notórias as dificuldades em todos os registos, sobretudo nos agudos que não saíram.


Nos papéis secundários estiveram Ed Lyon como marinheiro, Neal Cooper como Melot, Graham Clark como pastor e Yuriy Yurchuk como piloto.








Um excelente Tristan und Isolde na Royal Opera House, para ver de olhos fechados!

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TRISTAN UND ISOLDE, Royal Opera House, London, December 2014

It was with great expectation that I have reviewed this production of R. Wagner’s Tristan und Isolde at the Royal Opera House. The first time I saw it was in 2009, with wagner_fanatic, who described it here.

The staging of Christof Loy is minimalist and without any interest. In the empty stage there are only two chairs and a small table. Behind a curtain (which is almost always closed), appear four long tables with many guests, all men dressed up, in various static positions. The soloists sing almost always leaning to the left of the stage, which prevents the vision of what happens to those who are sitting on that side of the theater.
As there is nothing to see, we can focus entirely on hearing.

Antonio Pappano superiorly directed the Orchestra of the Royal Opera House and was one of the strengths of the show. The overture was masterful, and so it continued throughout.

The reason I expected for this performance was the possibility of hearing Nina Stemme again, this time accompanied by a Tristan that at least did not break right at the 2nd act, as happened in 2009 with Ben Heppner. And, fortunately, it was a performance of the highest quality.

Nina Stemme is by far the best Wagnerian soprano of our time and one of the best ever. Again she imposed on a superlative interpretation. She has a giant but always beautiful and refined voice. And even in these more demanding roles, she ends at the same level as she begins, as if she had not made much effort during the hours of previous singing. In the very first act she was unsurpassed in dramatic intensity on the description of her traumatic past, and she proceeded always at the highest level until her death on stage. Overwhelming.

Tenor Stephen Gould was a Tristan of great quality. Probably Gould is also, at present, the best Tristan of present days. He weas always well audible over the orchestra, imprinted emotion to the voice and kept quality throughout the performance.

Another fantastic interpretation was Brangäne by mezzo Sarah Connolly. The role is very demanding and the singer has always been at the highest level, imposing her strong, secure and expressive voice.

Also bass-baritone Iain Paterson’s Kurwenall was marked by generosity, dramatic intensity and vocal power by the singer.

John Tomlinson is a respectable bass in the opera world but he is no longer at the height of a role such as the King Marke. Difficulties were notorious in all registers, especially in top notes that did not come out.

In supporting roles were Ed Lyon as a sailor, Neal Cooper as Melot, Graham Clark as a shepherd and Yuriy Yurchuk as a steersman.

An excellent Tristan und Isolde at the Royal Opera House, to see with the eyes closed!


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