domingo, 22 de novembro de 2015

AS BODAS DE FÍGARO, Theatro Municipal do Rio de Janeiro, Novembro de 2015

(in English below)


No Theatro Municipal do Rio de Janeiro está em cena a ópera As Bodas de Fígaro de W.A. Mozart. Para um excelente texto sobre a obra, consulte aqui.



A encenação de Livia Sabag é simples, convencional, eficaz e muito agradável. Tudo é claro e bem perceptível, apenas a separação entre nobres e servos não é muito marcada, mas esse pormenor não perturba. E os momentos de maior comicidade são muito bem conseguidos.

A direcção musical da Orquestra Sinfónica do Theatro Municipal esteve a cargo do maestro Tobias Volkmann, que fez um bom trabalho. Apesar de alguns desencontros entre instrumentistas, e entre estes e os cantores, foi uma boa interpretação orquestral. O Coro teve uma prestação aceitável.



Tivemos duas Susanas, Chiara Santoro nos primeiros 2 actos, depois lesionou-se num joelho e foi substituída por Carla Cottini. A primeira tinha uma boa presença em palco e uma voz leve, embora de fraca potência que, frequentemente, não se ouvia quando a orquestra soava mais alto. Carla Cottini esteve melhor, voz mais clara e melodiosa, sem descuidar a interpretação cénica.



O barítono Felipe Oliveira foi um Fígaro credível, com voz bonita, sempre audível e bem colocada. Muito bom actor, conseguindo imprimir grande comicidade a várias das suas intervenções. Nos confrontos com o Conde tratou-o de igual para igual, o único aspecto da produção que, como referi, me pareceu mais desadequado.



O Conde de Almaviva foi interpretado pelo barítono Manuel Alvarez. Foi a melhor interpretação masculina da noite. O cantor tem uma voz forte, usou-a na perfeição e o timbre é muito agradável. Dirigiu-se de igual forma aos servos como aos nobres, o que poderia ter sido melhor.



Marina Considera foi a melhor da noite, na Condessa de Almaviva. Conseguiu transmitir toda a melancolia e tristeza da personagem que desempenha e esteve particularmente bem na aria Dove sono i bei momenti. Tem uma voz extensa, muito bonita e bem projectada.



Também o Cherubino interpretado por Malena Dayen esteve muito bem, sempre ágil e expressivo. A voz é fresca, alegre, e muito agradável.



Nos papéis secundários, Savio Sperandio foi um Don Bartolo expressivo e agradável, Beatriz Pampolha cumpriu como Marcelina, Cleyton Pulzi foi um Don Basilio que mal se ouviu, Luiza Lima foi uma Barbarina correcta, Guilherme Moreira não destoou como Don Curzio e, a um nível superior, esteve Frederico de Oliveira que foi um Antonio memorável.







Neste imponente teatro, uma última palavra para o público, que ocupava metade dos lugares disponíveis na sala. Alguns chegaram já depois do início do espectáculo e entraram, outros conversavam durante a récita e, fatalmente, estavam perto de mim pessoas a desembrulhar ruidosamente guloseimas para comer! Infelizmente, um público de ópera parecido com aquele que se comporta mal na Europa. Só faltaram as tosses!







Mas, graças aos artistas em palco, ouviu-se Mozart!

***


The Marriage of Figaro, Theatro Municipal do Rio de Janeiro, November 2015

At the Theatro Municipal of Rio de Janeiro, Brazil it is on the stage the opera The Marriage of Figaro by WA Mozart. For an excelent text on the opera see here.

The staging of Livia Sabag is simple, conventional, efficient and very pleasant. Everything is clear and well understandable, only the separation between nobles and servants is not very marked, but this is a minor detail. And the moments of humor are very well achieved.

The musical director of the Symphony Orchestra of the Municipal Theater was maestro Tobias Volkmann, who did a good job. Despite some disagreements between musicians, and between musicians and the singers, it was a good interpretation. The choir had an acceptable performance.

The soloists were very homogeneous and with good level of interpretation.

We had two Susanas, Chiara Santoro in the first two acts, then she injured a knee and was replaced by Carla Cottini. The first had a good stage presence and a light voice, though underpowered that often was not heard when the orchestra sounded louder. Carla Cottini was better, with a clearer and melodious voice, without neglecting the staging interpretation.

Baritone Felipe Oliveira was a credible Figaro, with beautiful, always audible voice. Very good actor, achieving great comic print in a number of its interventions. In confront with the Count he treated him as an equal, the only aspect of the staging that, as I mentioned, it sounded more inadequate.

The Count Almaviva was played by baritone Manuel Alvarez. He was the best male interpretation of the night. The singer has a great voice, used it perfectly, and the tone is very nice. He addressed equally servants and nobles, which could have been better.

Marina Considera was the Countess Almaviva, the best of the night. She managed to convey all the gloom and sadness of the character she plays and she was particularly well in the aria Dove sono i bei momenti. she has an extensive, very beautiful and well placed voice.

Also Cherubino played by Malena Dayen did very well, always agile and expressive. The voice is fresh, lively, and very nice.

In supporting roles, Savio Sperandio was an expressive and pleasant Don Bartolo, Beatriz Pampolha was a correct Marcellina, Cleyton Pulzi was a Don Basilio that was barely audible, Luiza Lima was a correct Barbarina, Guilherme Moreira was OK as Don Curzio and, at a level top, Frederico de Oliveira was a memorable Antonio.

In this imposing theater, a final word about the audience, which occupied half the seats available in the room. Some entered in the room after the beginning of the performance, others were talking during the performance and, inevitably, I was close to people noisily unwrapping goodies to eat! Unfortunately, an opera audience like the one that misbehaves in Europe. Only coughs missed!

But thanks to the artists on stage, we heard Mozart!


***

Sem comentários:

Enviar um comentário