(Text in English below)
Los Diamantes de la Corona é uma zarzuela em três actos de Francisco Asenjo Barbieri (1823-1894) estreada em Madrid em 1854. Baseia-se no libreto de Francisco Camprodón que, por sua vez, se inspirou no libreto de Eugène Scribe e Jules-Henri Vernoy de Saint-Georges para a ópera cómica homónima de Daniel-François Esprit Auber.
Está em cena no Teatro Nacional de São Carlos até ao dia 29 de Janeiro e tive oportunidade de assistir à récita de Domingo, dia 25 de Janeiro.
Trata-se de uma zarzuela cujo enredo se passa no século XVIII em Portugal e que trata das peripécias de uma senhora — Catalina — que é líder de um grupo de bandidos, mas que é, afinal, a futura rainha de Portugal. Poderão ler uma sinopse aqui. Não poderei dizer que é muito interessante: é uma comédia despretensiosa, mas pouco elaborada e muito óbvia.
(foto internet - I acto)
A música de Barbieri acompanha alguns elementos musicais que são intercalados pela interpretação teatral falada das personagens. Poderei dizer que tem elementos interessantes, de evidente inspiração italiana e (ainda) pouca influência espanhola. E tem bons elementos para coro. Creio que a qualidade é boa no primeiro e segundo actos, mas que destoa no terceiro onde se torna, a meu ver, mais monótona e precipitada. Ainda assim, é agradável de ouvir e permite passar quase três horas entretido.
(foto internet - II acto)
A encenação é de José Carlos Plaza e trata-se da produção espanhola para o Teatro de la Zarzuela de Madrid. É uma encenação de época, clássica, simples e muito eficaz que faz boa figura e permite o bom desenrolar da acção. Começa numa caverna, depois passa para o palácio de Campomayor e, finalmente, para o palácio da Corte. Tudo de forma natural e interessante.
(foto internet - III acto)
O guarda-roupa é rico, a direcção de actores eficaz e as luzes sóbrias.
A direcção da Orquestra Sinfónica Portuguesa foi de Rui Pinheiro que nos trouxe uma interpretação regular e que acompanhou, de forma sóbria, os cantores.
O Coro do Teatro Nacional de São Carlos esteve em bom plano, oferecendo uma interpretação segura.
A Catalina de Sonia de Munck (soprano) apresentou-se em bom plano: boa interpretação cénica aliada a uma voz agradável e bem projetada.
O Marquês de Sandoval de Carlos Cosías (tenor) foi, na minha opinião, a melhor interpretação da tarde. Tem uma presença em palco excelente, apresentando uma postura de enorme comicidade, a que aliou uma voz de timbre muito agradável com boa técnica, bom volume, projecção fácil e agudos sem esforço.
O Rebolledo de Francisco Santiago (barítono) esteve em bom plano cénico e vocal, bem como a Diana de Cristina Faus que tem uma voz de mezzo-soprano interessante. Também o Conde de Campomayor de Ricardo Muñiz (barítono) teve uma boa prestação, tal como o Don Sebastián de Gerado Bullon (tenor).
No geral assistiu-se a uma zarzuela sem um interesse por aí além, mas que se apresentou com uma encenação interessante e eficaz e um conjunto de intérpretes que, sem tocar a excelência, se apresentaram com qualidade homogénea e confiança.
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(Text in English)
Los Diamantes de la Corona is a zarzuela in three acts by Francisco Asenjo Barbieri (1823-1894) premiered in Madrid in 1854. It is based on Francisco Camprodón that, in turn, was inspired by the libretto by Eugène Scribe and Jules-Henri Vernoy de Saint-Georges for the homonymous comic opera by Daniel-François Esprit Auber.
It is on stage at the National Theater of Sao Carlos until the 29th of January and I was able to attend the recitation of Sunday, January 25.
This is a zarzuela whose plot takes place in the eighteenth century in Portugal, concerning the adventures of a lady - Catalina - which is a leader of a group of bandits, but she is, after all, the future Queen of Portugal. You can read a synopsis here. I can not say it's very interesting: it is an unpretentious comedy, but little developed and very obvious.
The Barbieri music accompanies some musical elements that are interspersed by the spoken theatrical interpretation of the characters. I can say it has interesting elements, of course Italian-inspired (yet little Spanish influence). And it has good elements to the choir. I think the quality is good in the first and second acts, but that clashes in the third where it is, in my view, more dull and hasty. Still, it's nice to hear, you can spend almost three hours entertained.
The staging by José Carlos Plaza and it is the Spanish production for the Teatro de la Zarzuela in Madrid. It is a classic scenario classic, simple and very effective doing good figure and allows the proper conduct of the action. Begins in a cave, then proceeds to the palace of Campomayor and finally to the palace of the Court. Everything in a natural and interesting way. The wardrobe is rich, the direction of actors effective and the lights are sober .
The direction of the Portuguese Symphony Orchestra was by Rui Pinheiro who brought us a regular interpretation that followed, soberly, the singers.
The São Carlos National Theatre Choir was in good plan, offering a reliable interpretation.
The Catalina of Sonia de Munck (soprano) was performed in good plan: good scenic interpretation combined with a pleasant and well designed voice.
The Marquis of Sandoval of Carlos Cosías (tenor) was, in my opinion, the best interpretation of the afternoon. He has an excellent stage presence , presenting a huge comic posture, which he combined a very pleasant timbre of voice with good technique, good volume, easy projection and effortless highs .
The Rebolledo of Francisco Santiago (baritone) was in good scenic and vocal plan and Diana by Cristina Faus has an interesting voice of mezzo-soprano. Also Count Campomayor by Ricardo Muñiz (baritone) had a good performance, such as Don Sebastián by Gerardo Bullon (tenor).
Overall, it was a not so interesting zarzuela, but that was presented with an interesting and effective staging and with a set of interpreters that, despite not reaching excellency, presented a homogeneous quality.
Estuve en estas funciones de Lisboa de "Los diamantes de la corona" y salí evidentemente, entusiasmada del teatro.
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