Afirmo que a maioria dos
alunos não fez feio, muito pelo contrário, Camila
Titinger fez uma Condessa de Almaviva com bela voz e venceu as deficiências
cênicas passadas. Roseane Soares foi
outro destaque, voz lírica, jovial e um belo timbre. Interpretou uma Susanna
com grandes atributos cênicos. André
Rabello apresentou uma voz com bons graves e deu comicidade ao personagem
Fígaro. Johnny França fez um bom
Conte de Almaviva. O único destaque negativo é o Cherubino de Angélica Menezes, voz inconsistente em
um timbre frio e sem graça.
(Foto Décio Figueiredo)
A direção de Lívia Sabag é inteligente e dinâmica e
não cai nas armadilhas da transposição temporal. Esbanja em criatividade e na
movimentação correta dos artistas. Os cenários de Nicolàs Boni são simples e adequados com painéis que levam o espectador
ao período que se passa a ópera. Os figurinos de Fábio Namatame seguem a linha de acertos e a luz de Wagner Pinto acrescenta qualidade as
cenas.
A Orquestra do Theatro São Pedro nas mão de Luiz Fernando Malheiro mostrou-se preparada para a empreitada.
Regência segura com sonoridade correta e equilibrada. Orquestra do Theatro São
Pedro se mostra preparada para aventuras maiores e nas mãos do competente
Malheiro só tem a evoluir.
(Foto Décio Figueiredo)
Os destaques em uma ópera
repleta de solistas foram as mulheres. Luísa
Francesconi fez um Cherubino com voz única, um timbre agradável e uma
atuação cênica primorosa. Todos os personagens que o mezzo-soprano canta são de
alto nível e esse foi mais um deles. Não conhecia a voz de Carla Cottini e de fato a moça impressionou pelo lirismo e pela
doçura vocal. Um timbre leve, voz clara e ágil e uma atuação cênica de tirar o
chapéu. Essas são as melhores palavras que definem o jovem soprano.
Rodrigo Esteves
fez um Figaro a altura do personagem, engraçado e com voz melódica e potente. Rosana Lamosa emprestou brilho a
Condessa com voz de excelente fraseado e cor. Homero Velho é um barítono com voz sólida, seu Conde de Almaviva
foi um luxo.
Ópera com excelentes vozes
nacionais, direção cênica impecável e uma orquestra correta, o que o público
paulistano pode desejar mais. Coroa a melhor semana do ano para os amantes da
música clássica e ópera. No período de 7 dias tivemos As Bodas de
Figaro no Theatro São Pedro, A Danação de Fausto de
Berlioz pela OSESP, Madama Butterfley de Puccini no Theatro
Municipal do Rio de Janeiro, a Tosca de Puccini no Theatro
Municipal de São Paulo e a Gala da São Paulo Cia de Dança.
Ali Hassan Ayache
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