(review in English below)
I Puritani é uma
ópera de V Bellini com libretto de Carlo Pepoli que esteve em cena na
Primavera de 2014 na Metroplolitan Opera
de Nova Iorque.
A encenação de Sandro
Sequi é clássica e convencional, datada, muito estática e pouco
estimulante. Sendo eu um apreciador das encenações clássicas, confesso que
achei que esta não beneficiou o espectáculo, apesar de não ter sido
minimalista. O guarda-roupa também não ajudou porque foi sempre muito formal.
Mas o que mais negativamente me marcou foi a falta de dinâmica da acção. Para
além de passagens das tropas pelo palco, quase nada mais aconteceu no que ao
movimento cénico respeita.
A Orquestra esteve muito bem, dirigida pelo maestro italiano
Michele Mariotti. O coro, como
habitualmente, foi uma das mais valias da récita.
Em relação aos solistas, as interpretações foram bastante
díspares.
Imediatamente antes do início, fomos informados que Mariusz Kwiecien estava doente mas,
ainda assim, cantaria. O papel de Riccardo interpretado pelo barítono polaco
foi, para mim, o melhor da noite. Já lá vai o tempo em que ficava apreensivo
quando surgiam estes avisos. Já me aconteceu várias vezes mas tenho assistido
sempre a interpretações de grande nível, como foi o caso. Esteve bem
vocalmente, voz expressiva e sempre sobre a orquestra. Em cena também muito bem
(dentro do que a encenação o permite), ajudado pela sua boa figura.
O tenor Lawrence
Brownlee fez um Arturo digno. Tem uma voz bonita, embora perca qualidade
nas notas mais agudas. No registo mais grave quase não se ouve e não conseguiu
transmitir a emoção que a personagem exige.
A decepção foi o soprano russo Olga Peretyatko, apresentada no programa como a grande sensação do
espectáculo. Elvira, a personagem, tem várias crises de loucura intercaladas
com lucidez, o que a torna, no mínimo, ridícula. Mas presta-se a grandes
interpretações belcantistas, o que não foi o caso nesta noite. A senhora até
tem uma voz bonita, mas é pequenininha. Sempre que a orquestra soou um pouco
mais forte, mal se ouviu. Chegava com aparente facilidade às notas mais agudas,
mantendo qualidade, não fora a questão da falta de potência (fatal num teatro
da dimensão do Met). Também achei que não transmitiu a graciosidade necessária
quando a cena o exige. Contudo, na ária mais conhecida do 2º acto, Qui la voce, esteve muito bem.
O baixo Michele
Pertusi foi um Giorgio digno, de voz melodiosa e bem audível, tendo
impressionado sobretudo na Cinta di fiori
no 2º acto.
Muito bem esteve Elizabeth
Bishop como Enrichetta, apesar de o papel ser pequeno. Voz forte, sempre
bem colocada e de timbre muito agradável.
Um bom espectáculo mas que ficou muito aquém das minhas
expectativas.
***
I Puritani,
Metropolitan Opera , New York
, April 2014
I Puritani is an opera by V Bellini with libretto by Carlo Pepoli that was on the scene in Spring 2014 at the Metroplolitan Opera in
The staging by Sandro Sequi is classic and conventional, dated, very static and not interesting. I like classical approaches in staging but I admit that this one did not benefit the opea, despite not having been minimal. The dresses did not help because they were always very formal. But what struck me most negatively was the lack of dynamic action. Besides the passage of troops across the stage, almost nothing happened in regards to the scenic movement.
The orchestra was very good, conducted by Italian conductor Michele Mariotti. The chorus, as usual, was one of the major highlights of the performance.
Regarding the soloists, the performances were quite disparate .
Immediately before the start, we were told that Mariusz Kwiecien was ill but still he would sing. The role of Riccardo played by the Polish baritone was, for me, the best of the night. I used to be apprehensive when these warnings came, it happened to me several times, but in almost all of them I have always heard great interpretations, as was the case. Kwiecien was well, vocally expressive voice, and always above the orchestra. Also on stage he was very well (within the limitations imposed by the staging), helped by his good figure .
Tenor Lawrence Brownlee was a decent Arturo. He has a nice voice, though it looses some quality in the higher notes. In the lower register we barely could hear him and he could not always convey the emotion that the character requires.
The
disappointment of the night was Russian soprano Olga Peretyatko, presented in the program as the greatest sensation
of the opera. Elvira has several bouts of madness interspersed with lucidity
(which makes her at ridiculous). But Elvira is prone to excellent belcanto
interpretations, which was not the case tonight. The singer has a nice voice,
but it's very small. Whenever the orchestra sounded a bit stronger, she could
be barely heard. She reached the top notes with apparent ease, keeping vocal
quality, but she lost all power (fatal in a theatre with the size of the Met).
I also found that she did not transmit the gracefulness necessary when the
scene demanded it. However, in the best known aria from Act 2, Qui la voce, she was well.
Bass Michele Pertusi was a sound Giorgio with melodious and very audible voice, having impressed especially in Cinta di fiori in the 2nd act .
Elizabeth Bishop was fine as Enrichetta, despite the role being small. She showed a strong voice, always tuned and with very pleasant timbre.
An acceptable performance that fell short of my expectations.
Bass Michele Pertusi was a sound Giorgio with melodious and very audible voice, having impressed especially in Cinta di fiori in the 2nd act .
Elizabeth Bishop was fine as Enrichetta, despite the role being small. She showed a strong voice, always tuned and with very pleasant timbre.
An acceptable performance that fell short of my expectations.
***
O que vinha sobre a soprano no programa tem um nome: marketing. E agressivo.
ResponderEliminarÉ verdade!
EliminarSó conheço Michele Pertusi, gosto da sua voz firme e bem colocada. Então o MET também está em crise ? Foi aos saldos ?
ResponderEliminarAinda não perdi a esperança de lá voltar, mas assim não.
Acho que, nos tempos que correm, tudo o que ē russo e canta ópera é muito apetecível para este teatro. Assim, lá se ouvem os melhores e os banais, mas todos são colocados nos píncaros do canto lírico!
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