sábado, 20 de setembro de 2014

I PURITANI, METropolitan Opera, Nova Iorque, Abril de 2014 / METropolitan Opera, New York, April 2014

(review in English below)

I Puritani é uma ópera de V Bellini com libretto de Carlo Pepoli que esteve em cena na Primavera de 2014 na Metroplolitan Opera de Nova Iorque.


A encenação de Sandro Sequi é clássica e convencional, datada, muito estática e pouco estimulante. Sendo eu um apreciador das encenações clássicas, confesso que achei que esta não beneficiou o espectáculo, apesar de não ter sido minimalista. O guarda-roupa também não ajudou porque foi sempre muito formal. Mas o que mais negativamente me marcou foi a falta de dinâmica da acção. Para além de passagens das tropas pelo palco, quase nada mais aconteceu no que ao movimento cénico respeita.

A Orquestra esteve muito bem, dirigida pelo maestro italiano Michele Mariotti. O coro, como habitualmente, foi uma das mais valias da récita.


Em relação aos solistas, as interpretações foram bastante díspares.

Imediatamente antes do início, fomos informados que Mariusz Kwiecien estava doente mas, ainda assim, cantaria. O papel de Riccardo interpretado pelo barítono polaco foi, para mim, o melhor da noite. Já lá vai o tempo em que ficava apreensivo quando surgiam estes avisos. Já me aconteceu várias vezes mas tenho assistido sempre a interpretações de grande nível, como foi o caso. Esteve bem vocalmente, voz expressiva e sempre sobre a orquestra. Em cena também muito bem (dentro do que a encenação o permite), ajudado pela sua boa figura.


O tenor Lawrence Brownlee fez um Arturo digno. Tem uma voz bonita, embora perca qualidade nas notas mais agudas. No registo mais grave quase não se ouve e não conseguiu transmitir a emoção que a personagem exige.


A decepção foi o soprano russo Olga Peretyatko, apresentada no programa como a grande sensação do espectáculo. Elvira, a personagem, tem várias crises de loucura intercaladas com lucidez, o que a torna, no mínimo, ridícula. Mas presta-se a grandes interpretações belcantistas, o que não foi o caso nesta noite. A senhora até tem uma voz bonita, mas é pequenininha. Sempre que a orquestra soou um pouco mais forte, mal se ouviu. Chegava com aparente facilidade às notas mais agudas, mantendo qualidade, não fora a questão da falta de potência (fatal num teatro da dimensão do Met). Também achei que não transmitiu a graciosidade necessária quando a cena o exige. Contudo, na ária mais conhecida do 2º acto, Qui la voce, esteve muito bem.


O baixo Michele Pertusi foi um Giorgio digno, de voz melodiosa e bem audível, tendo impressionado sobretudo na Cinta di fiori no 2º acto.




Muito bem esteve Elizabeth Bishop como Enrichetta, apesar de o papel ser pequeno. Voz forte, sempre bem colocada e de timbre muito agradável.

Um bom espectáculo mas que ficou muito aquém das minhas expectativas.






***


I Puritani, Metropolitan Opera , New York , April 2014

I Puritani is an opera by V Bellini with libretto by Carlo Pepoli that was on the scene in Spring 2014 at the Metroplolitan Opera in New York.

The staging by Sandro Sequi is classic and conventional, dated, very static and not interesting. I like classical approaches in staging but I admit that this one did not benefit the opea, despite not having been minimal. The dresses did not help because they were always very formal. But what struck me most negatively was the lack of dynamic action. Besides the passage of troops across the stage, almost nothing happened in regards to the scenic movement.

The orchestra was very good, conducted by Italian conductor Michele Mariotti. The chorus, as usual, was one of the major highlights of the performance.

Regarding the soloists, the performances were quite disparate .

Immediately before the start, we were told that Mariusz Kwiecien was ill but still he would sing. The role of Riccardo played by the Polish baritone was, for me, the best of the night. I used to be apprehensive when these warnings came, it happened to me several times, but in almost all of them I have always heard great interpretations, as was the case. Kwiecien was well, vocally expressive voice, and always above the orchestra. Also on stage he was very well (within the limitations imposed by the staging), helped by his good figure .

Tenor Lawrence Brownlee was
​​a decent Arturo. He has a nice voice, though it looses some quality in the higher notes. In the lower register we barely could hear him and he could not always convey the emotion that the character requires.

The disappointment of the night was Russian soprano Olga Peretyatko, presented in the program as the greatest sensation of the opera. Elvira has several bouts of madness interspersed with lucidity (which makes her at ridiculous). But Elvira is prone to excellent belcanto interpretations, which was not the case tonight. The singer has a nice voice, but it's very small. Whenever the orchestra sounded a bit stronger, she could be barely heard. She reached the top notes with apparent ease, keeping vocal quality, but she lost all power (fatal in a theatre with the size of the Met). I also found that she did not transmit the gracefulness necessary when the scene demanded it. However, in the best known aria from Act 2, Qui la voce, she was well.

Bass Michele Pertusi was a sound Giorgio with melodious and very audible voice, having impressed especially in Cinta di fiori in the 2nd act .

Elizabeth Bishop was fine as Enrichetta, despite the role being small. She showed a strong voice, always tuned and with very pleasant timbre.

An acceptable performance that fell short of my expectations.

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4 comentários:

  1. O que vinha sobre a soprano no programa tem um nome: marketing. E agressivo.

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  2. Só conheço Michele Pertusi, gosto da sua voz firme e bem colocada. Então o MET também está em crise ? Foi aos saldos ?
    Ainda não perdi a esperança de lá voltar, mas assim não.

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    Respostas
    1. Acho que, nos tempos que correm, tudo o que ē russo e canta ópera é muito apetecível para este teatro. Assim, lá se ouvem os melhores e os banais, mas todos são colocados nos píncaros do canto lírico!

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