No passado dia 2 de Março assisti, às 11h00, ao primeiro dos
Concertos de Domingo da Fundação Gulbenkian destinados,
sobretudo, às famílias.
A iniciativa é muito louvável e, mais uma vez, a Fundação
Gulbenkian está de parabéns.
O programa incluiu duas obras muito conhecidas, o Concerto para Violino e Orquestra de
Mendelssohn e a 5ª Sinfonia de
Beethoven. Foi solista no primeiro a violinista Birgit Kolar. A direcção da Orquestra Gulbenkian esteve a cargo do
jovem maestro Pedro Neves. Esteve
bem nas explicações prévias que deu sobre cada obra, foi claro e conciso. A
orquestra, como habitualmente, ofereceu-nos uma bela interpretação.
Na assistência havia, naturalmente, muitas crianças. O que
me intriga é o que motiva muitos adultos a levarem a estes concertos crianças
de 1, 2 ou 3 anos, que lá estavam em número apreciável. Para elas é um castigo e disso foi elucidativo o ruído
constante que se ouviu. No final do primeiro andamento do concerto de
Mendelssohn uma parecia estar a ser torturada, tendo sido levada para fora da
sala. Na fila atrás da minha estavam dois irmãos que, para além de terem falado
durante todo o concerto, estiveram sempre aos pontapés às costas da minha
cadeira e, um deles, até quis conversar comigo várias vezes em pleno concerto,
mantendo-se a mãe impávida, como se a situação fosse a mais natural. O que
realmente apreciaram foram os aplausos, porque puderam bater palmas.
Por outro lado, à minha frente, estava também um casal com 3
filhas, já nos seus 5 a 9 anos que se comportaram exemplarmente, acompanhando
com interesse o desenrolar do concerto e trocando opiniões com os pais sobre os
andamentos apenas com gestos, sem o menor ruído.
Em resumo, os Concertos de Domingo da Gulbenkian são louváveis,
baratos, com programas de fácil audição e bem interpretados. Contudo, a música
é apenas uma das muitas coisas que se ouvem constantemente ao longo do
espectáculo.
Também fui a esse concerto, embora ao das 16 horas. Foi a primeira vez que levei a minha filha de 7 anos a um concerto sinfónico (já a tinha levado ao ballet) e foi uma excelente experiência.
ResponderEliminarAchei que as prestações musicais foram de excelente nível, com particular destaque para a 5ª sinfonia, em que a orquestra tocou com uma verve e um entusiasmo que poucas vezes notei nos concertos da temporada regular. Como estava sentado na 4ª ou 5ª fila, conseguia ver perfeitamente pela cara dos músicos o gosto com que faziam música.
Partilho das suas perplexidades quanto à opção de pais de levarem crianças tão novas, que nenhuma fruição musical poderão experimentar e que apenas se cansam e se enfadam. Na parte da tarde não achei o barulho excessivo, embora notasse que muitas das crianças acabaram por adormecer. A opção de não ser feito qualquer intervalo entre o concerto e a sinfonia também me pareceu pouco avisada para o tipo de público em questão.
A minha filha apreciou muito. Nas semanas que antecederam o concerto tive o cuidado de lhe dar a ouvir por várias vezes as obras em questão e de lhas explicar, o que tornou a experiência muito mais proveitosa.
Em suma, uma iniciativa muito louvável e que espero venha a ter continuidade.
Cumprimentos,
J. Baptista