quarta-feira, 19 de junho de 2013

SALOME, Wiener Staatsoper, Fevereiro de 2013 / February 2013

(review in english below)

 Salome é uma ópera de Richard Strauss com libretto baseado na obra de Oscar Wilde.



A encenação de Boleslaw Barlog é clássica, simples e eficaz. No palco há uma grande escadaria à esquerda, de acesso aos aposentos de Herodes, e um pátio murado ocupando o resto do palco, onde há, ao centro, a cisterna onde Jochanaan está preso. Toda a acção se passa neste cenário.

A direcção musical foi do maestro austríaco Peter Schneider e a Orquestra da Staatsoper de Viena teve um desempenho ao nível do que esta magistral partitura exige.


Os cantores tiveram prestações muito diferentes.

O Herodes do tenor alemão Gerhard Siegel foi fantástico. A voz é muito expressiva e melodiosa e ouve-se sempre sobre a orquestra. Também teve um desempenho cénico irrepreensível. O melhor da noite.


Igualmente com uma interpretação superior foi a outra cantora alemã, o mezzo Michaela Schuster como Herodias. O papel é pequeno mas foi suficiente para mostrar, mais uma vez, a excelente prestação vocal que sempre nos oferece.


O barítono britânico James Rutherford fez um Jochanaan aceitável. A voz tem um timbre agradável, sobretudo no registo mais grave. Canta muito fora do palco o que nem sempre beneficia a audição.


Camilla Nylund, soprano finlandês, foi decepcionante como Salome. A voz não é particularmente atraente mas o pior foi que, sempre que a orquestra soava mais alto (algo muito frequente nesta obra), não se ouvia. Também não foi muito expressiva em palco, não tendo transmitido nem a sensualidade nem o desejo sexual obsessivo que a personagem exige. Uma pena.


Praticamente inaudível foi o tenor mexicano Carlos Osuna como Narraboth. O papel é pequeno mas merecia melhor.

Nos papéis mais secundários houve interpretações interessantes, sobretudo de Herwig Pecoraro, Jinxu Xiahou, Benedikt Kobel e Wolfram Igor Derntl, como os 4 judeus.

Uma Salomé muito aquém das minhas expectativas e sem qualquer comparação com a magistral récita que vi em 2010 na Royal Opera House de Londres. Só Gerhard Siegel (o único comum às duas récitas) esteve ao nível. Curiosamente e apesar de ter sido escrito há quase três anos, este é, de todos os textos disponíveis no blogue, aquele que há mais tempo se mantém entre os 3 mais lidos de sempre.






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SALOME, Wiener Staatsoper, February 2013 / February 2013

Salome is an opera by Richard Strauss with libretto based on Oscar Wilde’s work.


The staging of Boleslaw Barlog is classic, simple and effective. On stage there is a grand staircase to the left, that gives access to the rooms of Herod, and a walled courtyard occupying the rest of the stage, where there is, at the center, the place where Jochanaan is trapped. All the action takes place in this scenario.

Musical direction was by Austrian conductor Peter Schneide, and the Orchestra and the Vienna Staatsoper was excellent, at the level required by the masterpiece score.

The singers were very different in quality.

German tenor Gerhard Siegel was a fantastic Herod. The voice is very melodious and expressive and is always heard about the orchestra. He had also a faultless performance.
The best of the night.

Also with a top quality performance was the other German singer, mezzo-soprano Michaela Schuster as Herodias. The role is small but it was enough to appreciate, once again, the excellent vocal quality that she always offers us.

British baritone James Rutherford was a very acceptable Jochanaan. The voice has a beautiful tone, especially in the lower register. He sings offstage frequently which is not always beneficial for the sound.

Finnish soprano Camilla Nylund was  disappointing Salome. Her voice is not particularly attractive but the worst was that when the orchestra sounded louder (something very common in this masterpiece) she could not be heard. She was also not very expressive on stage. She was not sensual nor showed an obsessive sexual desire that the character requires. A pity.

Virtually inaudible was the Mexican tenor Carlos Osuna as Narraboth. The role is small but it deserved better.

In secondary roles we heard more interesting interpretations, especially Herwig Pecoraro, Jinxu Xiahou, Benedikt Kobel and Wolfram Igor Derntl as the 4 Jews.

A disappointing Salome, without any comparison with the fabulous performance I saw in 2010 at the Royal Opera House in London. Only Gerhard Siegel (the only soloist that sang on both occasions) was at the level. Interestingly and despite having been written almost three years ago, that is, of all texts on this blog, one thp 3 most read ever.


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3 comentários:

  1. Mais uma vez obrigado pela partilha da experiência. Quando tive em Viena em 2011 tive a felicidade de coincidir com as récitas de Requiem, Verdi e de Ariadne auf Naxos, de Strauss.
    Devo dizer que nessa noite Camila Nylund arrasou, arrancando reacções efusivas do público, e tendo um excelente desempenho.
    Mas na generalidade a qualidade da ópera na Europa Central costuma ser boa/aceitável, mesmo em países com orçamentos mais baixos (Por exemplo, o Slovak National Theater que tem uma orquestra bem digna).

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  2. Também agradeço a apreciação. Não obstante as reservas que manifesta relativamente a alguns cantores, não posso deixar de comparar a récita a que assistiu com aquela que, no nosso S. Carlos, há uns poucos anos, esteve em exibição e que foi verdadeiramente miserável, quer do ponto de vista musical, quer de encenação.

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    1. Tem toda a razão, João Baptista. Eu também assisti e foi um dos piores espectáculos de ópera que presenceei em toda a minha vida. E, sobre ele escrevi neste blogue.
      Ironicamente, penso que esse texto contribuiu em grande parte, para a visibilidade do blogue!

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