O PÚBLICO NEM SEMPRE ESCOLHE O MELHOR, WERTHER NO THEATRO
SÃO PEDRO. CRÍTICA DE ALI HASSAN AYACHE NO BLOG DE ÓPERA E BALLET.
Theatro São Pedro, foto Internet
Os acertos da produção começaram com a escolha do elenco,
solistas de primeira grandeza. Fernando
Portari sempre competente, voz com belos agudos e um timbre espetacular de
tenor. Considero Portari o melhor tenor do Brasil juntamente com Martin Muehle.
O que dizer da voz de Luisa Francesconi,
vou cansar de elogiar a moça. Mezzo-soprano do mais alto nível, canta elevado,
uma voz penetrante munida de graves fartos que tocam na alma. Um timbre
perfeito para a personagem Charlotte, além do timbre a guria mostra uma beleza
encantadora no palco e uma grande representação cênica. Quando for descoberta
começará uma grande carreira internacional e será difícil vê-la em nossos
palcos.
O soprano Gabriella
Pace esteve perfeita como Sophie, cantou e representou de maneira graciosa.
Mostrou uma fartura de belos agudos e um belo fraseado. Uma voz delicada e
adequada a personagem com uma atuação cênica impecável. Vinícius Atique surpreendeu, mostrou bela voz de barítono com bons
agudos, consistentes do começo ao fim da récita. Atuou com primor e mostrou
todos os sentimentos de seu personagem. Boa garoto!
A concepção e direção cênica de André Heller-Lopes se mostrou criativa e dentro da realidade do
Theatro São Pedro. Idéias inteligentes contam de maneira clara o espírito de
libreto, fácil de acompanhar, com cenários limpos e quase nada fora do lugar. Movimentação
dos cantores correta, luz focada de maneira inteligente, cenários simples e
funcionais e figurinos certos fazem a direção ser inovadora sem ser exagerada.
Mostrar Charlotte grávida e o contraste das cortinas brancas e negras foi uma
bela sacada.
Pena o público ter debandado para outros teatros, perdeu a
melhor apresentação da noite. Werther será cantado no dia 01 e dia 04 de Dezembro
por Leonardo Neiva em versão para barítono inédita no Brasil
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