domingo, 9 de dezembro de 2012

Werther, Theatro de São Pedro - 1


O PÚBLICO NEM SEMPRE ESCOLHE O MELHOR, WERTHER NO THEATRO SÃO PEDRO. CRÍTICA DE ALI HASSAN AYACHE NO BLOG DE ÓPERA E BALLET.

Theatro São Pedro, foto Internet

 O dia 27 de Novembro foi uma data com grandes eventos na cidade de São Paulo. O Theatro Municipal apresentou Macbeth de Verdi, dirigida por Bob Wilson e sua concepção extravagante e excêntrica e com ingressos esgotados. Na Sala São Paulo tivemos a apresentação do barítono brasileiro Paulo Szot, o bonitão cantou de tudo: jazz, música popular brasileira, musical gringo e se lembrou das origens, cantou duas árias de ópera. Repertório moleza e em prol da Tucca. Sala São Paulo lotada para ver o afamado barítono. O Theatro São Pedro apresentou a ópera Werther de Massenet, entre as três opções da noite, com certeza a melhor. Mas o público não pensou assim, teatro com muitos lugares vazios.

 Atique e Pacce em cenna de Werther, foto Internet

Os acertos da produção começaram com a escolha do elenco, solistas de primeira grandeza. Fernando Portari sempre competente, voz com belos agudos e um timbre espetacular de tenor. Considero Portari o melhor tenor do Brasil juntamente com Martin Muehle. O que dizer da voz de Luisa Francesconi, vou cansar de elogiar a moça. Mezzo-soprano do mais alto nível, canta elevado, uma voz penetrante munida de graves fartos que tocam na alma. Um timbre perfeito para a personagem Charlotte, além do timbre a guria mostra uma beleza encantadora no palco e uma grande representação cênica. Quando for descoberta começará uma grande carreira internacional e será difícil vê-la em nossos palcos.

 Elenco de Werther, foto Internet

O soprano Gabriella Pace esteve perfeita como Sophie, cantou e representou de maneira graciosa. Mostrou uma fartura de belos agudos e um belo fraseado. Uma voz delicada e adequada a personagem com uma atuação cênica impecável. Vinícius Atique surpreendeu, mostrou bela voz de barítono com bons agudos, consistentes do começo ao fim da récita. Atuou com primor e mostrou todos os sentimentos de seu personagem. Boa garoto!

A concepção e direção cênica de André Heller-Lopes se mostrou criativa e dentro da realidade do Theatro São Pedro. Idéias inteligentes contam de maneira clara o espírito de libreto, fácil de acompanhar, com cenários limpos e quase nada fora do lugar. Movimentação dos cantores correta, luz focada de maneira inteligente, cenários simples e funcionais e figurinos certos fazem a direção ser inovadora sem ser exagerada. Mostrar Charlotte grávida e o contraste das cortinas brancas e negras foi uma bela sacada.

 Portari e Francesconi em cena de Werther, foto Internet

 Luis Fernando Malheiro entende o universo da música francesa, conduziu a orquestra do Theatro São Pedro com tempos e volume corretos. Mostrou, na regência, todas as belas melodias líricas escritas na partitura e uma grande intensidade dramática no último ato. O coro das crianças merecia mais alguns componentes.

Pena o público ter debandado para outros teatros, perdeu a melhor apresentação da noite. Werther será cantado no dia 01 e dia 04 de Dezembro por Leonardo Neiva em versão para barítono inédita no Brasil

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