quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

LE NOZZE DI FIGARO – Opera Bastille, Paris – 13 Outubro 2012


(review in english below)


Em dia de memória da morte de Mozart há 221 anos atrás, deixo-vos uma crítica de Le Nozze di Figaro a que pude assistir no passado dia 13 de Outubro em Paris.


A récita foi interessante mas senti que faltou verdadeira comedia. Alguma incoerência e falta de uniformidade na mesma ao longo da noite.


Luca Pisaroni, vocalmente espectacular, esteve muito preso a um ar aristocrático do Conde, baseando a comédia em expressões faciais de tédio repetidas. Na cena do quarto não transmitiu de modo que me agradasse completamente o ar de marido pensando estar a ser traído. Gosto de ver um Conde que entra altivo e desconfiado mas que ao ver que é Susana que está no armário se torna criança a pedir desculpa à Condessa. Outros pontos menos credíveis foram o estar com um pé de cabra e martelo na mão e, quando a Condessa lhe diz que quem esta no armário é o pagem Cherubino, deixa cair os mesmos no chão mas não com um ar de surpresa... O timing cómico não esteve lá. Também faltou a verdadeira emoção na grande ária “Hai già vinta la causa!”. Mas o canto foi fenomenal.





Alex Esposito fez um Figaro emotivo e com piada mas já vi outros terem mais graça. Também um pouco fraco na expressão correcta no Aprite un po’ quegli occhi”.





Camila Tilling muito bem como Susana, timbre muito agradável e excelente atriz.





Emma Bell foi uma Condessa algo irregular no timbre vocal. A primeira ária parecia que ainda não tinha aquecido bem e o timbre era rudemente grave para o papel. Melhorou progressivamente mas havia momentos de grande beleza entrelaçados com alturas vocalmente mais graves como o som da primeira ária e que, embora toleráveis, eram um pouco incómodos.





Anna Grevelinius foi um Cherubino muito bom, uns agudos com algum vibrato mas que não incomodou.








A dupla Bartolo - Marcellina foi a mais bem conseguida em termos vocais e interpretativos - dois colossos do canto, em fantástica forma (Marie McLaughlin e Carlos Chausson).








Os papeis menores estiveram bem, destacando um Basilio (Carlo Bosi) com timbre menos "gay" que o habitual mas mantendo o ar cínico.


A orquestra e Evelino Pidò foram excelentes, sem falhas, num ritmo perfeito para a obra, sem inovações malucas, permitindo uma coerência e um respeito sublime pela beleza da música de Mozart. 








LE NOZZE DI FIGARO - Opera Bastille, Paris - 13 October 2012






On this day of rememberance of Mozart’s death, 221 years ago, I leave you a review of Le Nozze di Figaro that I attended on the 13th October in Paris.

The production was interesting but I felt it lacked true comedy. Some inconsistency and lack of uniformity in it throughout the night.

Luca Pisaroni, vocally spectacular, was very attached to an aristocratic profile of the Count, basing the comedy on repeated facial expressions of boredom. In the bedroom scene did make us feel the feeling of the husband who thinks is being betrayed. I like to see a Count who enters haughty and suspicious but when sees that Susana is standing in the closet becomes a true child to apologize to the Countess. Also missing the real excitement in the great aria "Hai già vinta la causa." But the singing was phenomenal.





Alex Esposito made an emotional and funny Figaro but I've seen others being more funny. Also a little weak in the correct expression in the aria “Aprite un po 'quegli occhi ".





Camilla Tilling was very good as Susana, very pleasant sound and an excellent actress.





Emma Bell was a Countess somehow vocally irregular. The first aria she probably had not warm up very well and sound was rudely serious for the role. She progressively improved but there were moments of great beauty intertwined with vocally more lower pitch like the sound of the first aria, and although tolerable, were a little troublesome.





Anna Grevelinius Cherubino was a very good one with some sharp vibrato but that did not bother.









The duo Marcellina - Bartolo was the best achieved in terms of vocal and scenic performance - two opera giants in fantastic shape (Marie McLaughlin and Carlos Chausson).






The smaller roles were good, highlighting a Basilio (Carlo Bosi) with a less "gay" than usual voice but keeping the cynic air.

The orchestra and Evelino Pidò were excellent, flawless, a perfect rhythm for the work without crazy innovations, enabling consistency and respect for the sublime beauty of Mozart's music.




4 comentários:

  1. Emma Bell foi uma cantora que me impressionou muito quando a ouvi pela primeira vez.
    E quando cantou na Gulbenkian, há um par de anos, foi também fantástica.
    Mais recentemente está, surpreendentemente, algo irregular. É pena.
    Nunca ouvi alguns dos outros solistas desta récita, mas fico com curiosidade.
    Obrigado pelo relato e pelas óptimas fotografias.

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  2. Many thanks for the review.
    Regarding Camilla Tilling I agree with you. I saw and heard her as Donna Clara in Zemlinsky's "The Dwarf" at the BSO Munich. She was excellent in singing and acting. I haven't heard Pisaroni yet, but I'll keep an eye on him:-)

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  3. From what I read, many experts say this is the best opera ever written. I don't know if that is true, but I would imagine with that reputation, it is a difficult production.

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  4. Nice week-end my friends!
    Snow greetings from Gent,Willy

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