domingo, 2 de dezembro de 2012

LA CLEMENZA DI TITO – METLive – 1 de Dezembro 2012

(review in english below)


Uma semana depois de podermos ouvir a excelente récita de A Flauta Mágica de Mozart no Grande Auditório da Fundação Calouste Gulbenkian, directamente do MET, pudemos assistir ontem à ópera La Clemenza di Tito apresentando-se assim, em curto espaço de tempo, as duas últimas óperas de Mozart, escritas em 1791, ano da sua morte.

A encenação de Jean-Pierre Ponelle data de 1984 e, ao bom estilo do MET, privilegia o ambiente clássico e terreno da ópera, com cenários imperiais e guarda-roupa de bom gosto estético.


A récita foi de grande nível, lamentando-se talvez apenas o facto de se estar em Lisboa a assistir através de sistema vídeo, e não se estar realmente em Nova Iorque.

Giuseppe Filianoti fez um Tito interessante, tendo surpreendido essencialmente no segundo acto. Na ária “Del piu sublime soglio” notou-se alguma descoordenação como o tempo de Bicket em duas passagens e vacilou nos extremos da tessitura em 2 ou 3 ocasiões no curso total da ópera mas no global revelou segurança vocal, expressividade e um timbre idealmente doce para Mozart. Depois dos horríveis agudos do seu Rigoletto que eu e o FanaticoUm tivemos a oportunidade de ouvir ao vivo no MET em 2011, a par com excelentes representações em que já o ouvi ao vivo noutros papéis, acho que Filianoti é um excelente cantor embora com margem de manobra vocal em situação de stress limitada tornando-o presentemente sempre uma dúvida de prestação.

O quarteto de vozes femininas esteve estratosférico!!!


Elina Garanca está absolutamente sublime, sem mácula, com um timbre vocal cada vez mais meloso e bonito, e ao mesmo tempo forte e encorpado, envolto numa capacidade técnica impressionante. A maternidade é, sem dúvida, um tónico para a voz.

Kate Lindsey, fazendo parelha nos papéis masculinos com Garanca, apaixonou pela sua entrega, beleza de timbre, segurança e ligeireza física.

Barbara Frittoli está igualmente brutal do ponto de vista vocal. Uma senhora em palco.


Lucy Crowe foi uma excelente surpresa, numa angelical interpretação de Servillia que me tocou pela ternura no dueto com Annio e pela expressividade na célebre ária “S’altro che lagrime”.


Oren Gradus fez um Publio eficaz.

A Orquestra do MET sob a direcção de Harry Bicket esteve, mais uma vez, fantástica, transmitindo toda a serenidade e magia da música de Mozart.


Quem quiser ouvir alguns excertos de algumas das melhores árias desta ópera pode visitar http://www.fanaticosdaopera.blogspot.pt/2012/04/la-clemenza-di-tito-teatro-real-de.html na nossa crítica à produção da Temporada 2011-2012 do Teatro Real de Madrid.



LA CLEMENZA DI TITO - METLive - December 1, 2012


A week after we could hear the excellent The Magic Flute by Mozart at the Main Auditorium of the Calouste Gulbenkian, directly from the MET, we could watch La Clemenza di Tito showing up well, in a short period of time, the last two Mozart operas, written in 1791, the year of his death.

The staging of Jean-Pierre Ponelle dates from 1984 and in the good style of the MET, favors the classic environment of the opera, with imperial sets and a tasteful wardrobe.


Giuseppe Filianoti made an interesting Tito, surprising mainly in the second act. In the aria "Del piu sublime soglio" some incoordination with the pace of Bicket was noted in two passages and at the extremes of his tessitura he faltered on 2 or 3 occasions in the whole course of the opera but revealed, globally, vocal security and expressiveness. After the horrible high notes of his Rigoletto that FanaticoUm and I had the opportunity to hear live at the MET in 2011, along with excellent representations already heard live in other roles, I think Filianoti is an excellent singer but with some vocal leeway in situations of stress making, these days, a constant doubt on the expected quality of his performances.


The quartet of female voices was stratospheric!!


Elina Garanca is absolutely sublime, unblemished, with a vocal timbre increasingly mellow and beautiful, and at the same time strong and stocky, wrapped in a stunning technical ability. Motherhood is undoubtedly a tonic for the voice.


Kate Lindsey, doing the other male role, was superb by her passion for delivery, beauty of tone, physical safety and lightness.

Barbara Frittoli was equally brutal from the vocal standpoint – a Dame on stage.


Lucy Crowe was a great surprise with an angelic interpretation of Servillia who touched me tenderly in the duet with Annio and with the expressiveness in the famous aria "S'altro che lagrime".


Oren Gradus made an effective Publio.

The MET Orchestra under the baton of Harry Bicket was, again, fantastic, conveying all the serenity and magic of Mozart's music.


If you would like to hear some excerpts from some of the best arias of this opera you can visit http://www.fanaticosdaopera.blogspot.pt/2012/04/la-clemenza-di-tito-teatro-real-de.html, where you can find our review on the production from the Teatro Real de Madrid, season 2011-2012.

1 comentário:

  1. Infelizmente só tive oportunidade de assistir ao segundo acto. Foi uma excelente récita. Garanca está um um nível óptimo, Fritoli também esteve muito bem e Lucy Crowe também me surpreendeu pela positiva com um grande interpretação vocal. A encenação é muito eficaz e bonita, o que é sempre adequado. Já quanto a Filianoti: não consigo achá-lo um grande tenor. Apresentou-se com enormes dificuldades nos extremos vocais (quer graves, quer agudos) e cenicamente é amorfo.

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