quinta-feira, 17 de maio de 2012

Brahms, Bruckner e o Coro e Orquestra Gulbenkian — 17 de Maio de 2012

(review in English below)

A FCG apresentou-nos hoje (e amanhã repetir-se-á) um concerto dedicado a Brahms e a Bruckner.

(fotos FCG)

A primeira parte foi inteiramente dedicada a Johannes Brahms. Começámos por ouvir Begrabnisgesang, op. 13 (Canção fúnebre), em Dó menor, obra composta em 1958 e estreada em Hamburgo no ano seguinte baseada num poema de Michael Weisse. Surge na sequência do interesse pela música coral, nomeadamente da música renascentista, à qual dedicava boa parte do seu estudo. Seguiu-se Schicksalslied, op. 54 (Canção do Destino), obra composta entre 1868 e 1871, ano em que foi estreada em Karlsruhe e tem por base um poema de Friedrich Hoderlin, texto esse que o próprio Brahms modificou "dizendo algo que o poeta não diz".


A segunda parte foi dedicada a uma obra de música sacra do compositor checo Anton Bruckner — Missa n.º 3, em Fá menor, A Grande. Composta entre 1867 e 1868, foi estreada apenas em 1872 em Viena, a obra sofreu diversas alterações ao longo das décadas seguintes, espelhado o carácter obsessivo e perfeccionista do compositor, sempre muito auto-crítico e permeável a sugestões de terceiros.


O maestro belga Philippe Herreweghe, psiquiatra de formação e músico por paixão, tentou compreender o discurso musical de ambos os compositores, e fez com que a Orquestra Gulbenkian soasse com muita qualidade, acompanhando bem um Coro Gulbenkian que, uma vez mais, esteve a um nível de excelência.


A participação dos solistas aconteceu apenas para a Missa n.º 3 de Bruckner, sendo que o soprano português Sandra Medeiros esteve a um bom nível, com uma voz clara e bem projectada; o meio-soprano português Cátia Moreso teve poucas intervenções, mas pareceu-nos ter uma voz equilibrada, entrando sempre bem; o tenor alemão Hans Jorg Mammel foi o elemento dotado da voz mais interessante do ponto de vista do timbre, muito embora, apesar do ser gigante, não tenha projectado a voz com a energia esperada; o barítono português foi Diogo Oliveira e esteve em bom nível, com uma boa projecção da voz, um bonito timbre, apesar de alguma dificuldade no registo mais grave.



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(review in English)

The FCG has presented us with today (and tomorrow will be repeated) a concert dedicated to Brahms and Bruckner.

The first half was entirely dedicated to Johannes Brahms. We began to hear Begrabnisgesang, op. 13 (Funeral Song), in C minor, a work composed in 1958 and premiered in Hamburg the following year based on a poem by Michael Weisse. Follows the interest in choral music, particularly the music of the Renaissance, which devoted much of his study. It was followed by Schicksalslied, op. 54 (Song of Destiny), a work composed between 1868 and 1871, the year that was premiered in Karlsruhe and it is based on a poem by Friedrich Hoderlin, text which Brahms himself modified "saying something that the poet doesn’t said."

The second part was devoted to a work of sacred music of Czech composer Anton Bruckner - Mass No. 3 in F minor, The Great. Composed between 1867 and 1868, it was released only in 1872 in Vienna, the work has undergone several changes over the decades that followed, which is a signal of Bruckner’s obsessive and perfectionist character, always very self-critical and open to suggestions of others.

The Belgian conductor Philippe Herreweghe, psychiatrist and musician by passion, tried to understand the musical discourse of both composers, and made with the Gulbenkian Orchestra sounded with a great quality and accompanying Gulbenkian Choir, once more, at a level of excellence.

The participation of soloists just happened to Mass no. 3 by Bruckner, and the Portuguese soprano Sandra Medeiros was a good level, with a clear voice, the Portuguese mezzo-soprano Cátia Moreso had a few interventions, but she seemed to have a well-balanced voice, always going well, the German tenor Hans Jörg Mammel was the element that has the most interesting voice in terms of tone, though, in spite of being giant, he has not projected the voice with the expected energy; the Portuguese baritone Diogo Oliveira was in good level, with a good projection of voice, a beautiful tone.

3 comentários:

  1. Fui alertado para que foi João Merino e não Diogo Oliveira que esteve ontem presente na FCG: de facto, a voz pareceu-me a dele e até pensei 'parece mesmo o João Merino!'
    Isto de ser míope, ver o espectáculo lá mesmo atrás e não ter comprado o programa tem destas coisas, pelo que peço desculpa ao João Merino e ao Diogo Oliveira pela confusão.
    Cumprimentos

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  2. Assisti hoje ao concerto. Ficou aquém do que esperava. A orquestra e o coro estiveram bem, mas os solistas... (com excepção do João Merino, que "se safou").

    E no dia 28 de Maio será anunciada a próxima temporada de música da Gulbenkian. Consta que o Grande Auditório irá encerrar para obras e só voltará a abrir as suas portas a partir de Janeiro de 2913.

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  3. Não pretendo ser impertinente mas não posso deixar de observar que Bruckner - um compositor que adoro e que reputo dos mais sub-apreciados entre os grandes - era austríaco, e não checo, tendo nascido nas imediações de Linz. Abraço a todos.

    Fanático Anónimo

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