A FCG apresentou-nos
hoje (e amanhã repetir-se-á) um concerto dedicado a Brahms e a Bruckner.
(fotos FCG)
A primeira parte foi
inteiramente dedicada a Johannes Brahms. Começámos por ouvir Begrabnisgesang,
op. 13 (Canção fúnebre), em Dó menor, obra composta em 1958 e estreada em
Hamburgo no ano seguinte baseada num poema de Michael Weisse. Surge na sequência
do interesse pela música coral, nomeadamente da música renascentista, à qual
dedicava boa parte do seu estudo. Seguiu-se Schicksalslied, op. 54 (Canção
do Destino), obra composta entre 1868 e 1871, ano em que foi estreada em
Karlsruhe e tem por base um poema de Friedrich Hoderlin, texto esse que o próprio
Brahms modificou "dizendo algo que o poeta não diz".
A segunda parte foi
dedicada a uma obra de música sacra do compositor checo Anton Bruckner — Missa
n.º 3, em Fá menor, A Grande. Composta entre 1867 e 1868, foi
estreada apenas em 1872 em Viena, a obra sofreu diversas alterações ao longo
das décadas seguintes, espelhado o carácter obsessivo e perfeccionista do
compositor, sempre muito auto-crítico e permeável a sugestões de terceiros.
O maestro belga Philippe
Herreweghe, psiquiatra de formação e músico por paixão, tentou compreender
o discurso musical de ambos os compositores, e fez com que a Orquestra
Gulbenkian soasse com muita qualidade, acompanhando bem um Coro
Gulbenkian que, uma vez mais, esteve a um nível de excelência.
A participação dos
solistas aconteceu apenas para a Missa n.º 3 de Bruckner, sendo que o soprano
português Sandra Medeiros esteve a um bom nível, com uma voz clara e bem
projectada; o meio-soprano português Cátia Moreso teve poucas intervenções,
mas pareceu-nos ter uma voz equilibrada, entrando sempre bem; o tenor alemão Hans
Jorg Mammel foi o elemento dotado da voz mais interessante do ponto de
vista do timbre, muito embora, apesar do ser gigante, não tenha projectado a
voz com a energia esperada; o barítono português foi Diogo Oliveira e
esteve em bom nível, com uma boa projecção da voz, um bonito timbre, apesar de
alguma dificuldade no registo mais grave.
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(review in English)
The FCG has presented us with today
(and tomorrow will be repeated) a concert dedicated to Brahms and Bruckner.
The first half was entirely dedicated
to Johannes Brahms. We began to hear
Begrabnisgesang, op. 13 (Funeral Song),
in C minor, a work composed in 1958 and premiered in Hamburg the following year
based on a poem by Michael Weisse. Follows the interest in choral music,
particularly the music of the Renaissance, which devoted much of his study. It
was followed by Schicksalslied, op. 54 (Song
of Destiny), a work composed between 1868 and 1871, the year that was
premiered in Karlsruhe and it is based on a poem by Friedrich Hoderlin, text
which Brahms himself modified "saying something that the poet doesn’t said."
The second part was devoted to a work
of sacred music of Czech composer Anton
Bruckner - Mass No. 3 in F minor,
The Great. Composed between 1867 and 1868, it was released only in 1872 in
Vienna, the work has undergone several changes over the decades that followed, which
is a signal of Bruckner’s obsessive and perfectionist character, always very
self-critical and open to suggestions of others.
The Belgian conductor Philippe Herreweghe, psychiatrist and musician
by passion, tried to understand the musical discourse of both composers, and
made with the Gulbenkian Orchestra sounded
with a great quality and accompanying Gulbenkian
Choir, once more, at a level of excellence.
The participation
of soloists just happened to Mass no. 3 by Bruckner, and the Portuguese soprano
Sandra Medeiros was a good level,
with a clear voice, the Portuguese mezzo-soprano Cátia Moreso had a few interventions, but she seemed to have a well-balanced
voice, always going well, the German tenor Hans
Jörg Mammel was the element that has the most interesting voice in terms of
tone, though, in spite of being giant, he has not projected the voice with the
expected energy; the Portuguese baritone Diogo
Oliveira was in good level, with a good projection of voice, a beautiful tone.
Fui alertado para que foi João Merino e não Diogo Oliveira que esteve ontem presente na FCG: de facto, a voz pareceu-me a dele e até pensei 'parece mesmo o João Merino!'
ResponderEliminarIsto de ser míope, ver o espectáculo lá mesmo atrás e não ter comprado o programa tem destas coisas, pelo que peço desculpa ao João Merino e ao Diogo Oliveira pela confusão.
Cumprimentos
Assisti hoje ao concerto. Ficou aquém do que esperava. A orquestra e o coro estiveram bem, mas os solistas... (com excepção do João Merino, que "se safou").
ResponderEliminarE no dia 28 de Maio será anunciada a próxima temporada de música da Gulbenkian. Consta que o Grande Auditório irá encerrar para obras e só voltará a abrir as suas portas a partir de Janeiro de 2913.
Não pretendo ser impertinente mas não posso deixar de observar que Bruckner - um compositor que adoro e que reputo dos mais sub-apreciados entre os grandes - era austríaco, e não checo, tendo nascido nas imediações de Linz. Abraço a todos.
ResponderEliminarFanático Anónimo