sábado, 14 de janeiro de 2012

Johan Botha – o melhor Tannhäuser no activo

(text in English below)

Em Lisboa há a oportunidade rara de assistir ao vivo, no Domingo, à actuação do melhor Tannhäuser em actividade. Será apresentada novamente a ópera Tannhäuser de Richard Wagner em versão concerto, na Fundação Calouste Gulbenkian, com um elenco de luxo.

O protagonista é tenor sul-africano Johan Botha que já tive o privilégio de ver cantar algumas vezes, como aqui. Considero-o o melhor intérprete deste papel, de entre os cantores actualmente no activo. Botha é um verdadeiro heldentenor, tem um timbre de invulgar beleza, uma potência vocal assombrosa e mantém qualidade melódica e afinação em toda a vasta extensão da sua voz. Ouve-se sempre sobre a orquestra e fraseia de forma clara. Só não percebi por que razão não retirou os olhos da partitura, dado que deve saber o papel de cor, tantas vezes o tem cantado.
É um luxo assistir às suas interpretações e recomendo vivamente uma ida à Gulbenkian para o apreciar.

Esteve acompanhado por outros solistas de primeira água. O soprano alemão Manuela Uhl foi uma Vénus excelente, voz bonita, melódica e que encheu a sala. O soprano alemão Melanie Diener, também a um nível vocal sem mácula. O baixo alemão Falk Struckmann, absolutamente excepcional na potência e beleza tímbrica que, no registo mais grave, foi insuperável. E o Coro Gulbenkian com mais uma interpretação fantástica, ao nível das que nos tem proporcionado nos últimos tempos.


Mas nem tudo foram rosas. O maestro francês Bertrand de Billy não é um wagneriano e não fez um bom trabalho, a Orquestra da Gulbenkian entrou mal, com vários desacertos e “empastelada”, embora tenha melhorado muito a partir do 2º acto, mas nunca “levantou voo”.

De entre os cantores portugueses, os baixos Nuno Dias e Luís Rodrigues e o soprano Ana Maria Pinto estiveram bem, mas o barítono Job Arantes Tomé, com o importante papel de Wolfram, apesar do esforço meritório que fez (estava colocado atrás no palco, o que exacerbou a diferença no confronto com Botha, mesmo à frente), revelou pouca potência vocal e registo mais baixo inaudível.

Mas é um concerto de grande qualidade e uma rara possibilidade de ouvir um dos melhores tenores wagnerianos da actualidade.



Johan Botha - the best Tannhäuser of present times

In Lisbon there is a rare opportunity to hear live on Sunday the best singer of Tannhäuser of present times. Richard Wagner’s opera Tannhäuser will be performed again, in concert version, at the Calouste Gulbenkian Foundation, with an all-star cast.

The soloist is South African tenor Johan Botha.  I've had the privilege of seeing him several times, as here. I consider him the best performer of this role among the singers currently interpreting Tannhäuser. Botha is a real heldentenor, his timbre is of unusual beauty, the vocal power is stunning and he maintains the quality and melodic pitch throughout the vast extent of his voice. He is always heard over the orchestra. I only did not understand why he was always looking at the score. I am sure he knows well the role because he has sung it many times.
It's a unique opportunity to watch his performances and I strongly recommend a visit to the Gulbenkian Foundation to enjoy it.

Botha was accompanied by other soloists of excellent quality. German soprano Manuela Uhl was an excellent Venus, with a beautiful melodic voice that filled the room. German soprano Melanie Diener had an exquisite vocal interpretation. German bass Falk Struckmann was exceptional both in potency as in the beauty of timbre that in the low register was unsurpassed. The Gulbenkian Choir had another fantastic interpretation, at the same level of those of recent times.

But not all was perfect. French conductor Bertrand de Billy is not a wagnerian and his performance was not good, the Gulbenkian Orchestra started badly, although it improved a lot from the 2nd act on, but never "took off".

Among the Portuguese singers, bass Nuno Dias, bass Luis Rodrigues and soprano Ana Maria Pinto sung well their short roles, but baritone Job Arantes Tomé, singing the important role of Wolfram, despite the laudable efforts he made, showed weak vocal power and his lower register was inaudible.

But it is a concert of great quality and a rare opportunity to hear one of the best wagnerian tenors of the present times.

10 comentários:

  1. What a fabulous experience. I'm sure it will prove to be a great memory.

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  2. Obrigado, FanaticoUm. Domingo à tarde lá estarei para ouver tudo com estes que a terra não há-de comer.

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  3. I'm absolutely agree with your opinion about Botha. It's lucky to hear Botha live. Unfortunately he doesn't give a performance in Frankfurt. In April he will sing as Walther von Stolzing in Cologne just for one evening. I shouldn't miss it.

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  4. Lá estaremos, de novo, no Domingo... Espero que a organização coloque o Job Arantes Tomé também à frente, junto a Botha, principalmente no 3º acto. Talvez assim se consiga ouvir qualquer coisa do Wolfram.

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  5. Caro Fanático,
    é um prazer visitar o seu blog e ler suas crônicas, "sonoras crônicas". É verdade, eu ouço seus comentários!
    Um abraço

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  6. @ Paulo,
    Lá estaremos, de novo, no Domingo, como já escreveu o wagner_fanatic que, posteriormente, nos oferecerá uma descrição mais profunda e fundamentada dos concertos.

    @ lotus-eater,
    I know you like Botha, you have previously mentioned it in your blog. But here in Portugal we do not have that many opportunities to hear live excellent singers like Botha, so we have to make the best of it, when we are offered the opportunity, as it is the case now.

    @ António,
    Obrigado pelo seu comentário, sempre simpático e exagerado.
    Um abraço para o Brasil.

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  7. Only the best(Botha) ,for Richard!
    Thanks for the recence.
    Greetings,Willy

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  8. O concerto de Domingo foi superior ao primeiro, sobretudo porque a Orquestra esteve muito melhor.
    A sugestão do wagner_fanatic não foi seguida e manteve-se a enorme diferença entre as vozes de Botha e de Arantes Tomé, mais marcante no 3º acto.

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  9. A orquestra não esteve brilhante, de facto, embora eu também tenha pressentido que teria melhorado em relação à estreia (tendo em conta o que o FanaticoUm tinha escrito). Enormes, Botha e Struckmann. Uma pena a voz de Tomé não ter o volume necessário para o papel de Wolfram...

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  10. Concordo totalmente consigo, Paulo. Os dois melhores foram Botha e Struckmann (que pena não ter sido ele o Wolfram), mas as duas solistas também estiveram muito bem. A orquestra melhorou muito, mas continuou a não "levantar voo".
    Parece que agora temos que ir ao Cosi fan tutte do São Carlos, para termos outro bom espectáculo...

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