sábado, 6 de março de 2010

TURANDOT – Met Opera, Nova Iorque, Janeiro de 2010

Turandot de Puccini foi a primeira de quatro óperas a que assisti numa primeira breve estadia em Nova Iorque neste ano. O Met é um dos poucos teatros de ópera do mundo em que é possível, num muito curto espaço de tempo, ver vários espectáculos.
A encenação, velhinha, de Franco Zeffirelli é de uma riqueza e variedade que deslumbra qualquer um e mostra que a grandiosidade de um espectáculo de ópera passa necessariamente também pela encenação. Para além dos cenários, os fatos, os movimentos em palco, os adereços, enfim, tudo de grande riqueza, cor e diversidade, presenteando-nos com aquela sensação mágica de que se está a assistir a algo único!


O maestro foi Andris Nelsons, um desconhecido para mim, que extraiu da orquestra um fantástico desempenho, com a sonoridade ideal para o espectáculo. O coro também esteve excelente.
No papel da pérfida princesa Turandot esteve Maria Guleghina, detentora de um soprano dramático de grande potência, bem para este papel. Recordo com saudade as récitas na Gulbenkian (heroínas verdianas) mas devo confessar que achei a voz um tanto gasta e com vibrato excessivo. Também não brilhou nas suas capacidades cénias mas, apesar de tudo isto, fou uma Turandot credível e bem audível.
Calaf foi Salvatore Licitra, um tenor italiano de timbre forte e bonito mas sem grandes dotes de representação e com ligeiros problemas de afinação em algumas partes.
Maija Kovalevska, dotada de um belíssimo soprano, foi a melhor da noite, tanto cénica como vocalmente. Fez uma Liu muito comovente e convincente, talvez a melhor que vi até à data. É possuidora de timbre claro, boa extensão vocal e agudos fáceis, sem gritar. Timur, seu pai, foi Hao Jiang Tian que revelou um uma extensão vocal notável e um belo timbre, tendo cumprido com elevação o papel. Já o mesmo não se pode dizer de Bernard Fitch, o imperador, que mal se ouvia. Joshua Hopkins, Tony Stevenson e Eduardo Valdes fizeram bem os Ping, Pang e Pong, também muito benificiados pela indumentária e encenação.
No cômputo geral, um grandioso espectáculo, de encher todos os sentidos, apesar de, vocalmente, ter estado ligeiramente abaixo de tudo o resto.



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2 comentários:

  1. O melómano João de Freitas Branco (antigo Director do S. Carlos)dizia, há cerca de 40 anos, que (ao tempo) o melhor Dr. Bártolo do mundo era português: o barítono Luís França (meu querido amigo e colega. Quem o será hoje?
    fvmduarte@gmail.com

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  2. Caro Anónimo,
    Já tenho ouvido alguns "Drs. Bártolos" de qualidade, mas penso que nenhum será da qualidade do barítono Luís França (nunca o ouvi, mas se João de Freitas Branco o diz, seguramente que assim será.
    Cumprimentos

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