sábado, 6 de março de 2010

SIMON BOCCANEGRA – Met Opera, Nova Iorque, Janeiro de 2010

Simon Boccanegra, ópera de G. Verdi, foi uma produção imponente de Giancarlo del Monaco, muito bem encenada, numa abordagem clássica que tanto gosto, donde se realçam pela qualidade estética as cenas no palácio do Doge.
A direcção musical esteve a cargo do maestro titular, James Levine, que conduziu de forma suberba a excelente Orquestra do Met. A obra é musicalmente muito rica e abundam os duetos e outros belos ensembles.



Os cantores eram todos bons, ao melhor nível do que se ouve nestes teatros, mas nenhum atingiu aquele desempenho arrebatador que nos transporta para outra dimensão.
Placido Domingo foi um magnífico Simon Boccanegra. Continua a cantar bem, não se faz favor nenhum em vê-lo por ali, pois está ao nível ou acima dos outros com quem contracena. Foi a primeira vez que o vi num papel de barítono, mas como o timbre é inconfundível, não foi clara para mim a diferença marcada para tenor. Foi um barítono com timbre "tenorial". No palco foi um Senhor, pois mantém intactas as suas capacidades cénicas. Foi muito aplaudido, mas isso é habitual por estas bandas, onde o público é bem menos selectivo e mais generoso com os grandes nomes que do outro lado do atlântico.
Amélia foi interpretada por Adrianne Pieczonka, soprano com fracas qualidades cénicas mas solidez vocal, embora com alguma tendência para gritar nas notas mais agudas.
Marcello Giordani (tenor) foi Gabriele e esteve bem. Como habitualmente, mostrou ser possuidor de uma voz com potência inexcedível mas nem sempre bonita, sobretudo no registo médio. No palco também não é grande actor, revelando-se frequentemente rígido e estático.
Merece ainda uma referência James Morris, que foi o baixo Andrea, pela sua ainda boa prestação vocal.
Mais um bom espectáculo, a deixar boas memórias.
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