(review in English below)
A Lucia di
Lammermoor de Donizetti é uma das óperas que mais gosto dentro do estilo. A
produção da English National Opera,
no início, com o canto em inglês e a encenação feia e vazia, uma sala velha,
apenas com uma parede branca com a tinta a cair e grandes janelas com cortinas
degradadas, fiquei mal impressionado. Mas com o avançar do espectáculo, fui
sendo conquistado.
A acção passa-se toda neste cenário (final do Sec. XIX ou início do Séc. XX), que vai sofrendo
ligeiras modificações, aparecimento de várias cadeiras, mas a principal delas é
a da cama da Lucia onde, no 2º acto, ela é amarrada pelo irmão Enrico,
sugerindo que é por ele abusada. O último acto passa-se no mesmo cenário, as
cadeiras estão maioritariamente ocupadas pelos retratos das famílias rivais (evocando os seus mortos) e
de uma das janelas maiores sai a Lucia toda ensanguentada que, enquanto canta a
cena da loucura, abre-se a cortina que dá acesso ao quarto onde está o marido
Arturo assassinado, com o qual ela interage.
A encenação é a preto e branco, tudo é negro, branco ou em tons de
cinzento, guarda roupa incluído, só no final aparece o vermelho do sangue na Lucia
depois de matar o marido (que também está todo ensanguentado).
A encenação é opressiva e acaba por resultar bem, vive muito à custa de
retratos antigos dos familiares das duas famílias rivais. Mesmo antes do início
do espectáculo há retratos empilhados no palco.
Dirigiu a orquestra o maestro Stuart Stratford.
Os cantores foram bons, mas para esta ópera é preciso serem excepcionais.
Não conhecia nenhum. A Lucia (Sarah
Tynan), com excelente figura e agilidade para a personagem, esteve bem na
suavidade vocal e coloratura, mas a voz foi pouco potente e, na cena da loucura,
simplificou a coisa.
O Edgardo (Eleazar Rodriguez)
também esteve bem, mas o timbre vocal não é bonito para o meu gosto e
faltou-lhe paixão na interpretação, cénica e vocal.
Os outros dois solistas foram colossais! Lester Lynch tem um vozeirão quente e fez uma interpretação
fabulosa do Enrico, o irmão malvado.
Clive Bayley (Raimondo) foi um
capelão (pouco solidário com a Lucia) de voz grave e de uma potência avassaladora, de longe o melhor da noite,
embora o Enrico não lhe tenha ficado muito atrás.
Os cantores secundários Michael
Calvin (Arturo),
Sarah Pring (Alisa)
e Elgar Llyr Thomas (Normanno), cumpriram sem destoar.
***
LUCIA DI
LAMMERMOOR, English National Opera, October 2018
Lucia di Lammermoor by Donizetti
is one of the operas I like the most within its style. The English National Opera production, at the beginning with English
singing and the ugly and empty staging, an old room with only a white wall with
falling paint and large windows with drained curtains, I was unimpressed. But
with the advance of the show, I was being conquered.
The action
happens throughout this scenario (final of 19th century or beginning of the 20th century), which undergoes
slight modifications, appearance of several chairs, but the main one is Lucia's
bed where, in the 2nd act, she is tied by her brother Enrico, suggesting that
he abuses her. The last act happens in the same scenario, the chairs are mostly
occupied by the portraits of the rival families (evoking their dead) and from one of the larger
windows appears Lucia all bloody. While singing the madness scene, the curtain
opens and gives access to the room where her husband Arturo is murdered, with
whom she interacts.
The staging
is black and white, everything is black, white or gray, dresses included, only
at the end appears the red blood in Lucia after killing her husband (who is
also all bloody).
The staging
is oppressive and turns out to be fine, lives long at the expense of old
portraits of the two rival families. Even before the performance starts, there
are portraits stacked on stage.
Maestro Stuart Stratford directed the
orchestra. The singers were good, but for this opera they have to be
exceptional. I did not know any of them. Lucia (Sarah Tynan), with excellent figure and agility for the character,
was well on vocal smoothness and coloratura, but the voice was not very
powerful and, in the scene of madness, she simplified it.
Edgardo (Eleazar Rodriguez) was also well, but
the vocal timbre is not beautiful for me and he lacked passion in the
interpretation, scenic and vocal.
The other
two soloists were colossal! Lester Lynch
has a big warm voice and made a fabulous interpretation of Enrico, the evil
brother.
Clive Bayley (Raimondo) was a chaplain with a bass voice of
overwhelming power, by far the best singer of the night, although Enrico was not
far behind.
Supporting
singers Michael Calvin (Arturo), Sarah Pring (Alisa), and Elgar Llyr Thomas (Normanno) performed at
good level.
***
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