quarta-feira, 4 de maio de 2011
DIE WALKURE – Met, NY – 25 & 28 Abril 2011
(review in english below)
Sete meses após a estreia do novo Ciclo do Anel em NY, o primeiro em mais de 2 décadas e, de certeza, o último a ser dirigido por James Levine, chegamos à tão antecipada Die Walküre.
A surpreendente e inovadora encenação de Robert Lepage, já comentada em relação ao Ouro do Reno neste blog, a par com a estreia de Jonas Kaufmann no papel de Siegmund eram os pontos aguardados com maior expectativa.
Eu e o FanaticoUm tivemos a oportunidade de experienciar este grande evento operático ao vivo e... em 2 récitas. Mais uma vez, a ideia de que uma récita perfeita quase nunca existe e que cada récita é única apesar da mesma encenação e dos mesmos cantores, foi comprovada.
Mas comecemos pela encenação. Quem quiser aguardar com surpresa pela transmissão do MetLive não leia os próximos parágrafos... Os que quiserem levantar um pouco o véu, prossigam.
Robert Lepage continua a surpreender com a sua visão da obra, não do ponto de vista conceptual, mas sim do ponto de vista cénico. O seu sistema de plataforma multifunções, embora por vezes algo irritante ao vivo por ruídos acessórios de manejo, continua tão eficaz como no Ouro do Reno. O 1º acto inicia-se com a tempestade projectada na plataforma sob a forma de flocos de neve e não chuva. Rapidamente os segmentos que a constituem se transformam em troncos de árvore de implantação assimétrica, através dos quais vemos Siegmund passar, seguido pelos homens de Hunding com lanternas a imitar as de petróleo nas mãos. De forma harmoniosa, os troncos juntam-se e inclinam formando o tecto da casa de Hunding, deixando 2 dos segmentos na arte central do palco, unidos na projecção da árvore onde Notung está cravada. Sobre o tecto vão caindo flocos de neve da tempestade. No interior da casa uma mesa. A inovação seguinte passa pela projecção na face interior do tecto da casa de Hunding, imagens de sombras quase que saídas da pré-história, ilustrando a narrativa de Siegmund. Prosseguindo a acção de forma clássica, o Winterstürme é acompanhado de mudança de luz no interior da casa, passando a tons de laranja.
Após Siegmund retirar Notung do tronco da árvore, o tecto inclina-se para a frente transformando a cena do interior para o exterior da casa, projectando-se em segmentos semelhantes ao da plataforma e que se encontram entre o fosso da orquestra e o palco propriamente dito, imagens de sombras de árvores da floresta.
No 2º acto, a acção inicia-se com a plataforma a simular um rochedo com rios de lava. Fricka aparece sentada em trono que se move electricamente em palco.
Quando Fricka pede para Wotan a olhar nos olhos, Wotan olha, quando jura que não vai ajudar Siegmund beija-lhe a mão, como é habitual. Interessante é ver Wotan a fazer um gesto como que a pedir calma a Brünnhilde quando esta aparece de novo em cena (como quem diz que “tem calma que as coisas com Fricka não estão a correr como esperadas”. Quando Wotan narra toda a trama até ao momento, sob a plataforma simulando um rochedo surge um olho. Neste vão sendo simbolizados todas as entidades que Wotan vai referindo:referência a Loge faz com que a esclerótica do olho fique como que em chamas, o anel surge como Anel, Walhalla surge como arco-íris (o que Froh faz servindo de ponte para levar os deuses para a fortaleza no Ouro do Reno), a referência ao fim dos deuses com os dois corvos, a referência a Brünnhilde faz aparecer escudo que ocupa a pupila e vê cravadas lanças, Fafner surge de costas em andamento... Excelente. Não penso que simbolize o olho ausente de Wotan até porque tudo o que por ele passa de imagens é referente a altura em que Wotan já não o tinha (início do Ouro do Reno). Penso sim que é uma imagem criativa traduzindo a ideia de que tudo o que se passa de acção foi assistido por Wotan e todos esses acontecimentos se reflectiram no seu olho, na sua retina, na sua visão.
A passagem para a 3ª cena do acto traz-nos de novo o mesmo arranjo de árvores do início da ópera, simbolizando a floresta.
A morte de Seigmund no combate com Hunding é clássica, com Wotan a quebrar Notung com a sua lança. Realço algo que aprecio: Sieglinde abraça Siegmund antes de sair de cena com Brünnhilde e é Wotan que segura o moribundo depois, morrendo este nos seus braços, depois de o reconhecer como Pai com passagem da mão pela face. Não é inédito mas cenicamente é muito eficaz. A morte de Hunding é, no mínimo, hilariante porque este, após o “geh” de Wotan, como que cai desamparado para trás, parecendo um desmaio sincopado de alguém simulando crise conversiva. É amparado pelos seus homens, aqui também com as lanternas que tinham no início do primeiro acto.
No 3º acto, as Valquírias literalmente cavalgam a plataforma, com rédeas em cada segmento alternado da mesma, algo que levou a aplausos efusivos do público do Met (em ambas as récitas...) premiando a originalidade de Lepage.
O “cavalo” de Brünnhilde aparece como dois segmentos unidos – realçando a maior grandeza desta Valquíria.
No dia 28, uma das Valquírias acabou por cair mal da plataforma, e teve de sair por momentos. Quando voltou adivinham o que aconteceu? O público bateu as suas palmas... O diálogo entre Brünnhilde e Wotan passa-se com a plataforma projectando rochedo coberto de neve no topo. Nos dois momentos de maior raiva e gravidade de Wotan, assiste-se a 2 avalanches que praticamente deixam o rochedo todo branco. No final, Brünnhilde adormecida fica literalmente de cabeça para baixo, num rochedo com chamas projectadas, iniciadas por Loge a pedido de Wotan com movimentos da sua lança.
Não posso deixar de referir que frequentemente, e não me lembro se isso acontece no Ouro do Reno, a plataforma adquire um aspecto de ave vista de cima, o que talvez procure antecipar a ideia do final dos deuses, simbolizando os corvos do Crepúsculo.
Como já referi, o Siegmund de Jonas Kaufmann era uma das maiores expectativas desta produção. Kaufmann esteve banal na primeira récita a que assistimos. Voz extremamente contida, sendo notável a falta de projecção em relação a Westbroek e Konig e a assimetria foi incomodativa. Contido na potência, a sua voz exprimia ainda mais o seu tom baritonal mas de modo exagerado, tirando beleza à linha melódica da personagem. Kaufmann parecia estar a cantar Lied em vez de Ópera e, mesmo assim... Era visível a sua demasiada preocupação com o canto, possivelmente por ser a 2ª vez que estava a interpretar o papel. Os movimentos em palco foram descoordenados, demasiado “femininos”, não se coadunando como o texto que cantava. Não olhou para a espada quando diz “o que é aquele brilho na árvore?”. Não víamos, na postura nem no dramatismo vocal, um Siegmund que sofreu, que perdeu o Pai e que passou por tantas dificuldades. Melhorou ligeiramente no Winterstürme mas sem surpreender. O segundo acto também melhor mas ainda muito contido, sem paixão. Ao assistir a tudo isto senti e até cheguei a comentar com o FanaticoUm que talvez este papel não fosse uma boa aposta de Kaufmann.
Já com expectativas baixas para a 2ª récita, assim que entrou e disse “Wes Herd dies auch sei...” percebi que as coisas iam ser diferentes. E foram! Voz mais aberta, em projecção igual aos seus colegas de palco, mais lírico e emotivo, foi forte e determinado quando devia. Os movimentos em palco transmitiam paixão, ressentimento, tristeza, aflição e coragem nas alturas correctas. Não se esqueceu de olhar para a espada como havia feito na récita anterior. Com um ou outro pormenor que não gostei (ausência de determinação na voz quando diz que vai esperar por Hunding e um demasiado duradoiro “Wälsungen-Blut” no final do primeiro acto) achei Kaufmann ao nível dos melhores intérpretes do papel, contrariando sua imagem da primeira récita. Assim sim, e com a concomitante qualidade de Westbroek e Konig, achei que só aquele primeiro acto tinha valido a pena toda a viagem a NY.
Eva-Maria Westbroek é a Sieglinde do século XXI, seguindo ao mais alto nível, as pegadas de Waltraud Meier. Já a tinha visto no papel em Londres em 2007 e confirmou aqui todas as suas qualidades vocais e cénicas para uma wagneriana perfeita. A sua boa aparência, juntamente com a de Kaufmann, torna mais credível cenicamente de que são irmãos.
Hans-Peter König é detentor, como já havíamos comentado em relação ao Ouro do Reno e ao Parsifal em Barcelona, de uma voz de baixo potente, de timbre bonito e perfeito para o papel. Achei que em algumas passagens poderia ter modulado um pouco a voz para parecer mais maléfico e intimidador mas em nada isso comprometeu a sua prestação.
Stephanie Blythe foi uma Fricka espectacular!!! Com uma voz de mezzo brutal e uma alma interpretativa que se vê muito raramente em palco, deslumbrou de forma celestial! Talvez a melhor intérprete desta produção, embora num papel de reduzida duração. A par com Westbroek e König foi a cantora que mais coerência apresentou quando se comparam as duas récitas.
Bryn Terfel foi Wotan. Num momento de forma vocal em que a clareza de timbre se impôs, esteve ligeiramente mais coeso na segunda récita. Não sei se foi opção pessoal ou de Lepage mas achei o seu Wotan demasiado autoritário e castigador, não transmitindo no 3º acto o tormento que é para a personagem ter de castigar a filha mais amada. No meu ponto de vista falhou aí. Os seus “Nicht straf ich dich erst” e particularmente “Nicht send ich dich mehr aus Walhall” foram pouco líricos. Na segunda récita apresentou também um andar em palco mais descontraído, mais ambientado a todas as “armadilhas” da plataforma, o que o tornou num Wotan visualmente mais confiante. A armadura do Ouro do Reno era muito mais impressionante do que esta (prateada, com demasiado reflexo da iluminação).
Deborah Voigt era, à partida, o meu maior receio nesta produção. Depois de não ter gostado muito da sua Isolda em Barcelona no ano passado, também não posso dizer que me apaixonei pela sua Brünnhilde. Não foi desagradável mas não foi espectacular. A voz tem um timbre relativamente bonito mas é incapaz de criar uma linha melódica cristalina quer em momentos de força quer em momentos de subtileza. O seu “Der diese Liebe mir ins Herz gehaucht” não foi bonito e celestial. Os agudos e particularmente os “Hojotohos” foram esforçados.
As restantes Valquírias estiveram bem mas já ouvi melhor.
James Levine e a Orquestra do Met foram colossais, enchendo a sala de um som wagneriano temperado e determinado. Tirando algumas passagens em que o drama beneficiaria de um pace mais acelerado e algumas gaffes, principalmente na 2ª récita, foi excelente.
Em resumo, os pontos altos desta produção são, sem dúvida, a encenação de Lepage, a direcção de Levine, a Fricka de Stephanie Blythe, a Sieglinde de Eva-Maria Westbroek, o Hunding de Hans-Peter König e, com algumas restrições, o Wotan de Bryn Terfel. A grande promessa é o Siegmund de Kaufmann que só será grande e perdurará na história se for interpretado como o fez na 2ª récita. Mais uma vez se confirma que cada récita é uma récita, mesmo com a mesma encenação, mesmo com os mesmos intérpretes.
Die Walküre - Met, NY - April 25 & 28, 2011
Seven months after the debut of the new Ring Cycle in NY, the first in over two decades and certainly the last to be directed by James Levine, we get to the highly waited Die Walküre. The striking and innovative staging by Robert Lepage, as already reviewed for the Das Rheingold in this blog, along with Jonas Kaufmann's debut in the role of Siegmund were the most awaited features.
FanaticoUm and I had the opportunity to experience this great operatic event live and. .. in two performances. Let us start with Lepage production. The ones who want to wait with surprise for the MetLive transmission avoid reading the next 3 paragraphs... Those who wish to lift the veil a bit, proceed.
Robert Lepage continues to amaze with his vision of the work, not from the conceptual standpoint, but from the scenic viewpoint. Its multi-platform system, although at times somewhat irritating due to mechanical noises, is as effective as it was in Das Rheingold. The 1st act begins with the storm projected on the platform in the form of flakes of snow and not rain. Quickly the segments are transformed into tree trunks asymmetrically assembled, through which we see Siegmund pass, followed by the men of Hunding with oil flashlights in their hands. Smoothly, the trunks join to form the inclined roof of the house of Hunding, leaving two segments of the central art of the stage, joined in the projection of the tree where Notung is stuck. On the ceiling are falling snowflakes. Inside of the house, a table. The next innovation is the projection on the interior side of the roof of the house of Hunding, images of shadows almost outputs from pre-history, illustrating the story of Siegmund. Continuing the classic form, the Winterstürme is accompanied by a change of light inside the house, in orange tones. After Siegmund removes Notung from the tree trunk, the roof leans forward turning the scene from the interior to the exterior of the house, projecting images of shadows of the forest into segments similar to the platform and which are among the orchestra pit and the stage itself.
In Act 2, the action starts with the platform looking as a rock with rivers of lava. Fricka appears seated on a throne that electrically moves on stage.
When Fricka asks Wotan to look in his eyes, Wotan looks, when he swears that will not help Siegmund he kisses her hand, as usual. It is interesting to see Wotan making a gesture as if to plead for calm when Brünnhilde appears again in this scene (as if to say that "Calm down! The things with Fricka are not running as expected..."~). When Wotan tells the whole story so far, under the platform simulating a rock comes an eye. This will be symbolized all entities that Wotan will refer: reference to Loge causes the sclera of the eye to becoma as if on fire, , the Ring appears as a ring, Walhalla appears as the rainbow (which Froh created on Das Rheingold to serve as a bridge to bring the gods for Walhalla), the reference to the end of the gods with the two crows, the reference to Brünnhilde brings up a shield that covers the pupil and has carved spears, Fafner comes seen from the back... Excellent! I do not think that this eye symbolizes the missing eye of Wotan because everything that passes by it's picture is referring to when he no longer had his eye (beginning of Das Rheingold). I believe this is a creative image reflecting the idea that everything that happens was seen by Wotan and all these events were reflected in his eye, on his retina, his vision.
The passage to the 3rd scene of the act brings us back to the same arrangement of trees as in the beginning of the opera, symbolizing the forest.
The death of Siegmund in combat with Hunding is classic, with Notung being destroyed by Wotan’s spear. I highlight an asoect that I appreciate: Sieglinde hugs Siegmund before leaving the scene with Brünnhilde, and Wotan holds Siegmund in his arms before he dies. Siegmudn passes his hand on Wotan’s face as recognizing him as his fahter. It is not an innovation but is very effective. The death of Hunding is at least hilarious because, after Wotan’s “geh”, he falls back helpless, like a fainting syncope mimicking someone with a conversive crisis. He is held by his men, also here with the lanterns they had at the beginning of the first act.
In the 3rd act, the Valkyries literally ride the platform, with reins in each alternate segment of it, something that led to massive applause from the audience at the Met, rewarding the originality of Lepage.
Brünnhilde’s Horse appears as two segments together - highlighting the greater magnitude of this Valkyrie.
On day 28, one of the Valkyries eventually fall ill from the platform, and had to leave momentarily. When she returned guess what happened? The audience clapped their hands... The dialogue between Brünnhilde and Wotan goes with the platform projecting rock covered with snow on top. In two moments of anger and severity of Wotan, two avalanches are seen which leave virtually the rock all white. In the end, Brünnhilde is left sleeping literally upside down on a rock with flames projected initiated by Loge at the request of Wotan with his spear movements.
I must point out that often, and I do not remember if this happens in Das Rheingold, the platform takes on a bird viewed from above, which may try to anticipate the idea of the end of the gods, symbolizing the crows in Götterdammerung.
As already mentioned, Jonas Kaufmann Siegmund was one of the greatest highlights of this production. Kaufmann performance on the 25th was not impressive. With an extremely shy voice, it was notable the lack of projection and the assimetry when compared with Westbroek and König. Contained in power, his voice expressed his baritonal tone even more, taking beauty out from the melody line of the character. Kaufmann seemed as if he was singing Lied rather than Opera, and even though... It was evident his overwhelming preoccupation with the singing part, possibly because this was 2nd time he was playing the role. The movements on stage were uncoordinated, too "feminine" did not fit well in the text that was being sung. He did not look for the sword when he says "what's that glow in the tree?". The suffering of Siegmund were not seen in his posture nor his voice. He improved slightly in the Winterstürme but not surprising. The second act also contained a lot better but still, without passion. While watching all this and I said to FanaticoUm that that perhaps this role was not a good one for Kaufmann.
Already with low expectations for the 2nd time, when he entered and sang "Wes Herd dies auch sei..." I realized that things would be different. And they were! Voice was openned on projection equal to his peers on stage, more lyrical and emotional, was strong and determined when he should. The movements on stage conveyed passion, resentment, sadness, grief and courage when they should. He did not forget to look at the sword as he had done in the previous performance. With one or other detail that I did not like (lack of determination in his voice when he says he will wait for Hunding, and a too long lasting "Wälsungen-Blut" at the end of the first act) Kaufmann matched the best interpreters of the role. So yes, with the attendant quality of Westbroek and Konig, I thought that this first act had been worth the whole trip to NY.
Eva-Maria Westbroek is the twenty-first century Sieglinde following, in perfection, the footprints of Waltraud Meier. I had seen her on this role in London 2007 and she confirmed here all his vocal and scenic qualitiesof a superb Wagnerian singer. Good looks, along with Kaufmann's, makes it more credible scenically that they are brothers.
Hans-Peter König holds, as we commented in Das Rheingold and Parsifal in Barcelona, a powerful bass voice, beautiful timbre and perfect for the role. I found that, in some passages, he could have modulated his voice a little to sound more evil and intimidating but nothing that affected his performance.
Stephanie Blythe was a spectacular Fricka! With a brutal voice of mezzo her interpretation revealed a soul that is seen very rarely on stage, and heavenly dazzled! Perhaps the best interpreter of this production, although in a role of short duration. Along with Westbroek and König she was the singer who had more consistency when comparing the two performances.
Bryn Terfel was Wotan. In a moment of vocal form in which clarity of timbre was imposed, he was slightly more cohesive in the second performance. I do not know if it was personal choice or Lepage’s one but I found his Wotan too authoritarian and punishing, not showing, in the 3rd act, the torment that is for the character to punish his most beloved daughter. In my view, he failed here. His "Nicht ich dich erst straf" and particularly "Nicht send ich dich mehr aus Walhall" were not lyrical. On the second performance, he alsto looked more confortable with the pitfalls fo the platform and looked a more visually confident Wotan. The armor of the Rhinegold was much more impressive than this (silver, with too much reflection of light).
Deborah Voigt was, at the outset, my greatest fear in this production. After not having enjoyed much of his Isolde in Barcelona last year, I can not say I fell for her Brünnhilde. It was not unpleasant but not spectacular. The voice has a relatively beautifull pitch but is unable to create a crystalline melodic line in both moments of strength and in subtle moments either. His "Der diese Liebe mir ins Herz gehaucht" was not cute and bright. Her high notes and particularly the "Hojotohos" were hardworking.
The other Valkyries were fine but I've heard better.
James Levine and the Met Orchestra were superb, filling the room with a tempered and determined wagnerian sound. Apart from a few passages where the drama would benefit from a faster pace and some gaffes, especially the 2nd recitation, it was excellent.
In summary, the highlights of this production is undoubtedly the staging of Lepage, the direction of Levine, Stephanie Blythe’s Fricka, Eva-Maria Westbroek’s Sieglinde, the Hunding of Hans-Peter Konig and, with some restrictions, the Wotan of Bryn Terfel. The great promise is the Siegmund of Kaufmann which will only be historical if he manages to do it as in the second performance. Once again htis confirms that each performance is a performance, even with the same scenario, even with the same singers.
Obrigada por este post, wagner-fanatic. Estou com a curiosidade aguçada para a transmissão diferida.
ResponderEliminarObrigado Gi,
ResponderEliminarEspero que Kaufmann cante como cantou a 28.
Caro wagner_fanatic,
ResponderEliminarObrigado por este seu pormenorizado comentário, na linha do que nos tem habituado quando escreve sobre óperas de Wagner. Ao lê-lo quase "assisti" a uma terceira récita desta Valquíria.
Concordo com quase tudo o que escreveu sobre o grande impacto cénico da "máquina" de Lepage, apesar de o trono de Frika ter empanado numa das récitas e de uma valquíria ter caído co cavalo noutra. De facto, ao vivo é impressionante e estou muito curioso em ver como será na transmissão em HD, mas penso que o efeito será muito menor, pois perde-se a grandiosidade do palco.
Em relação aos cantores temos algumas discordâncias. Como falámos, estamos de acordo quanto à melhor interpretação - Stephanie Blythe, uma Frika que cantou e maravilhou com uma voz e alma únicas. Os restantes já não foram por nós apreciados de igual forma. Para mim foram também excelentes Hans-Peter Konig, Jonas Kaufmann e Eva-Mria Westbroek. Os restantes não estiveram ao mesmo nível. Estou muito curioso, também neste ponto, em ver a transmissão em HD. Depois talvez escreva mais qualquer coisita.
Não li tudo ( de propósito) porque vou assistir à transmissão em diferido. Mas a verdade é que uma das mais belas óperas de Wagner nos deixa completamente em suspense... gosto imenso da narrativa de A Valquíria, é aquilo que se chama uma bela história, um libreto fora-de-série no conjunto do que Wagner escreveu. Estou em pulgas por ouvir e ver Kaufmann e Terfel, mas também a Westbroek, a Blyte e Peter Konig. E, clro, apreciar o que Lepage concebeu... obrigada pelas vossas belíssimas crónicas, são um estimulo para os wagnerianos!!!
ResponderEliminarObrigado, Wagner_fanatic, por esta descrição tão pormenorizada. Espero que com o tempo eles consigam afinar as falhas da máquina e que Kaufmann amadureça bem o papel.
ResponderEliminarThank you for the posting.
ResponderEliminarOh, what a look! I mean this guy, Robert Lepage. He reminds me of Gerard Depardieu in some way;-)
I'll reread this positing when I come back from my trip. I'm leaving for Prague tomorrow morning (too early!).
Have good days!
Li até ao Winterstürme. Todas as ideias até aí me parecem tão interessantes, que vou seguir a opção "esperar" e ler depois. Passarei por cá lá depois da transmissão :-)
ResponderEliminarGostava de acrescentar um pormenor sobre a encenação: o diálogo final de Wotan com Brünnhilde.
ResponderEliminarDurante a deliciosa troca de argumentos, que aqui se passa no que se presume ser o supé da rocha de Brünnhilde toda nevada, Wotan, com os seus impulsos de raiva, vai fazendo cair a neve do cume da montanha, em avalanches. É uma gradação, começando com a rocha nevada, e acabando com a rocha crepitando em chamas. Brilhante.
Se quisermos ser mais rebuscados, podemos ver até que há uma variação proporcional em relação à rocha de Brünnhilde e a relação de pai-filha, considerando que inicialmente a relção dos dois era, simplesmente, feliz - sentimento que é exacerbado ao ponto de "arder", quando o deus se apercebe das saudades que terá da sua filha.