domingo, 17 de outubro de 2010
Das Rheingold – MetLive em HD – Fundação Calouste Gulbenkian – 16 de Outubro de 2010 (récita em diferido de dia 9) – Levine e Lepage marcam nova Era?
(review in english below)
Permitam que faça um breve momento de silêncio antes de proferir o que solenemente pretendo.
Obrigado.
À quarta temporada das transmissões em directo do Met, finalmente temos a oportunidade de assistir às célebres matinés das 13h, que até agora apenas podíamos viver através da Antena2. Deixo uma palavra de apreço e de estímulo à Fundação Calouste Gulbenkian que, como penso que todos concordamos, é neste momento, a maior entidade promotora da boa música erutida no nosso país.
Como estamos em Portugal, a estreia do MetLive só podia ser... em diferido e não em directo. Compreendeu-se claramente a razão pela qual esta récita de dia 9 só hoje ser apresentada: compromissos com outros artistas impediram a estreia em directo. Foi só um apontamento meio jocoso que achei interessante incluir...
Agora... outro momento de silêncio e este mais solene...
Obrigado.
Com uma gestação de 5 anos, assistimos hoje ao início da nova produção do Anel do Nibelungo Lepage-Levine, da Metropolitan Opera House.
Como profundo amante da ópera que sou, e sem desprimor para aqueles que gostam mas não amam, estou perfeitamente convencido que esta produção marca um virar na história da Ópera e que feliz fico ao ver que é através do meu tão estimado Richard Wagner. Wagner se tivesse ouvido este Das Rheingold voltaria a morrer de novo enfarte, não de terror, mas de alegria e satisfação extremas.
Para este Das Rheingold (O Ouro do Reno), o Met conseguiu reunir um leque de cantores que primaram não só pelo timbre perfeito e idade ajustada para cada personagem que interpretam, bem como pela excelente forma da voz e capacidade dramático-interpretativa. Se aliarmos a isto a perfeita abordagem de Levine, com uma Orquestra sublime, e uma encenação simplesmente de tirar o folgo, temos a perfeição em Ópera. E foi essa perfeição que sinto que assisti hoje. É-me difícil diferenciar este ou aquele cantor porque estiveram todos, pelos motivos que apresentei previamente, no seu melhor. Mas tentarei dizer algo individualizado.
Eric Owens foi uma surpresa colossal! O seu Alberich foi simplesmente fantástico! Que voz perfeita e que fusão com o papel em termos interpretativos. Excelente! Lá lhe faltou a voz por momentos (não percebi se tossiu ou se espirrou) no 4º quadro, mas disfarçou de modo sublime e não destoando da situação vivida no momento em palco.
Gerhard Siegel é o melhor Mime da actualidade e tem mostrado isso frequentemente. Hoje não foi excepção. Timbre perfeito para o papel e a sua postura em palco, os maneirismos interpretativos são inigualáveis... A referência que tenho no papel é Heinz Zednik e atrevo-me a dizer que, apartir de hoje, é Siegel. O aperitivo que nos deixou faz ansiar pelo Siegfried da próxima temporada.
Bryn Terfel esteve muito, muito bem. É fantástico como, sendo esta a segunda produção em que aborda o papel de Wotan, tenha já adquirido uma maturidade tão profunda no papel. A voz mais cristalina do que o habitual, menos “ladrada” como muitos definem, reflete o excelente momento do cantor. Esperemos que dure ainda uns 10 anos com a qualidade de interpretação que nos deu hoje.
Richard Croft foi um Loge convincente. Timbre excelente para o papel do (semi)deus do fogo, a interacção com Terfel no 3º quadro, enquanto tenta ludibriar Alberich, foi sublime.
Tanto Fasolt como Fafner foram brilhantemente interpretados por Franz-Josef Selig e Hans-Peter Konig. Mas o que me dizem de Franz-Josef Selig? Que Fasolt!!! Que profundidade de baixos, que beleza na linha melódica, que presença dramática. Como se despede de Freia quando a perde pelo Ouro... Arrepiante!
Nas cantoras, a maior surpresa foi Erda. Patrícia Bardon dominou a sua cena de forma incisiva e de grande efeito. Um “legato” perfeito, dramaticamente eficiente e de beleza extra-sensorial, numa das passagens que marca o rumo do drama deste Anel. Stephanie Blythe é uma Fricka com presença em palco e não compromete na sua abordagem ao papel. As Rhinmaidens, que abrem a Ópera em termos vocais, foram musicalmente perfeitas.
Estiveram todos a um nível superlativo!
James Levine, já um dos maiores maestros Wagnerianos desde há várias décadas, hoje e ainda muito mais quando virmos este ciclo do Anel terminado, será coroado, por certo, como o maior de todos. Sempre fui fã da abordagem de Levine a Wagner. Guardo com grande apreço a gravação do seu Parsifal em Bayreuth da Phillips. Talvez a melhor interpretação orquestral de sempre para mim.
Levine vive Wagner. A dinâmica e pacing que imprime em tudo me enchem as medidas e só posso dizer que, juntamente com a excelente Orquestra do Met, nos deu uma interpretação digna de deuses. Sem falhas! Perfeito!
Deixo para o fim o mais esperado: a encenação de Robert Lepage. Atrevo-me a dizer que, pelo menos para as encenações de óperas de Wagner, passará a existir a A.L e D.L (antes de Lepage e depois de Lepage).
A ideia da plataforma multiusos é simplesmente genial e eficaz. Como é possível com tão pouco (embora toda a engenharia por detrás de tal seja complexa) conseguir-se navegar pela Ópera do início ao fim, produzindo ambientes diferentes e adequados?
A simulação das águas do Reno com as Rhinmaidens ao se moverem e cantarem, levarem à emissão de bolhas de ar é simplesmente divinal.
A imagem de fogo que circunda Loge sobre a plataforma, o acender dos seus dedos ao sopro é genial.
Pormenores como a serpente com extremos reais e corpo sobre a plataforma...
...o sapo que parece com vida em movimento, a descida e subida de Wotan e Loge ao reino dos Nibelungos com actores suspensos em andamento sobre a plataforma...
...o arco íris de Froh com os deuses a entrarem em Valhalla... Espectacular!!!
O que dizer do efeito de Loge com as mãos e dedos iluminados sobre Freia como que a enaltecendo como Mulher pela luz e ao mesmo tempo a protegendo como o bem que é a Mulher através do calor, enquanto canta que em lado nenhum encontrou alguém que não achasse que o amor de uma mulher é o maior bem que se pode ter?
E o pormenor da lança de Wotan a entrelaçar-se no braço de Alberich para sobresair o anel? E o momento em que Alberich chama os nibelungos para lhe trazerem o ouro e estende a sua mão com o anel em completa sincronia dramática com a orquestra? Todos os fatos são de um bom gosto raro, muito originais, sem excessos... A armadura de Wotan, o pormenor do cabelo sobre o olho que não tem... SUBLIME!!!
Estou rendido a esta produção e Abril parece ainda muito longe para esperar por Die Walkure...
Para terminar (não querendo parecer presunçoso), a quem tenha ido e reparado no que o senhor que apresentou a ópera no palco da Gulbenkian disse, a ópera Das Rheingold dura durante sensivelmente 2h30 minutos SEM intervalo não porque Lepage (o encenador) o quis, mas sim porque WAGNER o quis! Esta ópera é impossível de ter intervalo porque a linha melódica, como feita por Wagner, é contínua.
(todas as fotos apresentadas são de Ken Howard e podem ser encontradas em http://metoperafamily.org/metopera/news/photos/gallery.aspx?id=12628)
Das Rheingold - MetLive HD - Calouste Gulbenkian Foundation - October 16th, 2010 (pre-recorded October 9th) - Levine and Lepage mark a new Era?
Allow me one brief moment of solemn silence
Thank you.
In the fourth season of live broadcasts from the Met, we finally have the opportunity to attend the famous 1pm matinees, which until now could only be heard live through the radio station Antena2 in Portugal. I leave a word of appreciation and encouragement to the Calouste Gulbenkian Foundation, as I think we all agree, is currently the largest organization promoting good music in our country.
Now ... another moment of silence and this even more solemn ...
Thank you.
With a pregnancy of of 5 years, today we are witnessing the beginning of the new production of the Ring of the Nibelung Lepage-Levine, at the Metropolitan Opera House.
Being a profound opera lover, I am perfectly convinced that this production marks a turn in the history of the Opera and I am happy to see that this is through my highly esteemed Richard Wagner. If Wagner had the opportunity to listen to this Das Rheingold he would probably die again with heart infarction, not of terror but of extreme joy and satisfaction.
For this production of Das Rheingold, the Met managed to gather a range of excellent singers not only for the perfect pitch and adjusted age for each character they are playing, but also by the momentum quality of the voice and and dramatic / interpretative ability. If we add to this the perfect approach of James Levine along with his sublime Orchestra, and a staging capable of leaving us with no breath, we have perfection in Opera. We reached this perfection today. I find it difficult to distinguish this or that singer because they were all at their best. But I will try to say something individually.
Eric Owens was a huge surprise! His Alberich was simply fantastic! What a voice and how he merged with the part... Excellent! There was only one moment in which he lacked his voice (did he cough or sneezed?) in the 4th frame, but disguised it so well that it sounded perfect.
Gerhard Siegel's Mime is the best nowadays and he has been showing that from some years now. Today was no exception. Perfect pitch for the role and great attitude on stage – his interpretive mannerisms are unparalleled ... The reference I have on this role is Heinz Zednik and I dare say that, from today, is Siegel. He gave us a very good appetizer for Siegfried in the next season.
Bryn Terfel was very, very well. It's amazing how, being his second production as Wotan, he has already acquired a maturity in such a profound role. The voice sounded more crystalline than usual, less "barked" as many define it. This reflects the excellent voice momentum of the singer. I hope it last for at least 10 years more with the quality of the interpretation that he gave us today.
Richard Croft was a convincing Loge. Excellent voice for the role of the (semi) God of Fire. The interaction with Terfel in the 3rd scene, while trying to hoodwink Alberich, was sublime.
Fasolt and Fafner were brilliantly interpreted by Franz-Josef Selig and Hans-Peter Konig. But what about Franz-Josef Selig? What a Fasolt! What depth in the lower range of his voice... what pure and lovely voice... what a dramatic presence on stage! His farewell to Freia was superb!
In women singers, the biggest surprise was Erda. Patricia Bardon dominated his scene incisively and with great effect. A perfect “legato”, dramatically effective, in one of the passages that mark the course of the drama of the Ring. Stephanie Blythe’s Fricka has a perfect presence on stage. The Rhinmaidens were musically perfect.
They were all at a superlative level!
James Levine, one of the greatest Wagnerian conductors, will probably become the greatest of all after today and even more when we see the end of this Ring. I have always been a fan of Levine's approach to Wagner. I cherish, with great appreciation, his recording of Parsifal in Bayreuth made by the recording label Phillips. Perhaps the best orchestral interpretation ever, in my humble opinion.
Levine lives Wagner. The dynamics and pacing that he prints to the opera are perfect and I can only say that, along with his superb Orchestra, he gave us an interpretation worthy of the gods. Flawless! Perfect! Can we call him James Divine?!
I leave for the end the biggest revolution: the staging by Robert Lepage. I dare say that, at least for the productions of Wagner's operas, there will be a B.L (before Lepage) and a A.L (after Lepage) period.
The idea of multi-purpose platform is simply brilliant and effective. How is it possible to make so much with so little? (although all the engineering behind this being so complex). This is able to produce lots of different environments in the course of the operas and always seeming appropriate.
The simulation of the waters of the Rhine with Rhinmaidens leading to the release of air bubbles motion sensed is simply divine.
The image of fire that surrounds Loge on the platform, the lighting of his fingers with a breath is great.
Details like the snake with real and extreme body on the platform...
...the frog that looks alive, the Wotan and Loge journey to the kingdom of the Nibelungs, with actors suspended in progress on the platform...
... Froh´s rainbow in which the Gods enter Valhalla... Awesome!
What about the effect of Loge with his hands and fingers laying over Freia? He lights her as a Woman and, at the same time, he warmly protects her as a heavenly gift – the gift of Woman – as he sings that no where in the Universe he found a person who did not find the love of a Woman the most precious gift.
And what about the detail of the spear of Wotan uplifting Albreich’s armin order to see expose the Ring? And the moment when Alberich calls his slaves in order for them to bring him the gold and extends his hand with the Ring in complete sync with the orchestra? SUBLIME!
I am surrendered to this production and April seems too far away to wait for Die Walkure ...
(all the presented photos belong to Ken Howard and they can be found at http://metoperafamily.org/metopera/news/photos/gallery.aspx?id=12628)
Caro wagner_fanatic,
ResponderEliminarEstava à espera do seu comentário, pois não tivemos oportunidade de falar depois do espectáculo. Não me surpreendeu o que escreveu e, também eu, fiquei rendido ao espectáculo. Devo confessar que havia lido algumas críticas menos entusiasmadas e isso estava a condicionar a minha apreciação mas, poucos minutos depois do início, fiquei esclarecido.
Foi um espectáculo monumental e imagino o que terá sido assistir ao vivo!...
Li críticas algo depreciativas quer sobre os cantores, quer sobre o encenador. Porquê?
Os cantores foram muito bem, concordo que todos estiveram à altura das personagens, embora seja a partir da Valquíria que veremos, verdadeiramente, quem será quem!
É curioso como os mesmos cantores conseguem interpretações tão diferentes na qualidade. Há pouco mais de um ano vi e ouvi Eric Owens como Capellio em I Capuleti e i Montecchi. Banalíssimo, sem qualquer brilho, ao contrário deste notável Alberich.
Também há poucos meses vi e ouvi Gehrard Siegel como Herodes na Salome mas, neste caso, tão bem como neste Mime que, concordo, tem um timbre perfeito para a personagem.
A dupla Levine / Lepage foi fantástica. A orquestra óptima e a encenação excepcional. Discordo em absoluto dos que dizem que é apenas para ver e impede a actuação decente dos cantores.
O MetLive na Gulbenkian começa bem (embora em diferido) e foi um consolo ver a sala completamente cheia, em contraste com o que aconteceu recentemente no São Carlos, "às moscas".
Apesar de "em filme", claro que continua a haver público para a ópera em Lisboa. Assim sejam oferecidos espectáculos conhecidos e que se adivinhem de qualidade!
E, para a semana, é o Boris Godunov.
Não fiquei rendido. Dizendo isto assim pode até parecer que estou farto de ver coisas melhores, o que não é verdade, claro. Gostei de ter assistido, e gostaria certamente mais de ver ao vivo. Tomáramos nós ter cá alguns daqueles cantores e aquela orquestra. Mas já lá irei.
ResponderEliminarPenso que o Met partiu de um excelente golpe publicitário, anunciando a máquina do Lepage e Terfel como os grandes trunfos do novo "Anel". A máquina funcionou bem, sem os percalços da estreia, e cumpre a sua função primordial, que é encher o olho. Enche-o bem, acredito que ao vivo seja espectacular, quase circense. Lepage assinou, se não me engano, dois espectáculos do Cirque du Soleil. Depois de tudo espremido, não consegui extrair dali metade do que extraio da encenação de Chéreau. Só me ficam os efeitos visuais.
Posto isto, vamos então aos cantores. Tenho o Terfel como um dos melhores cantores da actualidade, talvez o melhor Wotan dos últimos tempos, mas não conseguiu seduzir-me vocalmente. Esperava mais dele. Em contrapartida, achei excelentes o Alberich e o Mime, mas fraca a voz de Richard Croft para Loge (o nosso foi melhor) e pouco agradável a voz de Freia. Restantes cantores cumpriram mas não os incluo no grupo dos melhores, que é o que se espera do Met.
Caro Paulo,
ResponderEliminarPelo que escrevi acima, eu já tinha lido críticas no sentido da sua mas, fiquei rendido com o espectáculo e acho que, ao vivo, deverá ter sido imponente.
A encenação, para Wagner é, na minha opinião, insuperável. Para além da máquina, foi o conteúdo explícito de quase tudo e os efeitos espectaculares que esta possibilitou. O Reno é um rio, as Filhas estavam na água, o ouro era ouro, o anel era um anel, o dragão e o sapo, os Nibelungos nas profundezas, a subida ao Walhalla, etc. Achei soberbo. Já tenho assistido a produções em que quase tudo isto é de tal forma metafórico que, não se conhecendo bem o enredo (que não é fácil), não se percebe.
Sobre os cantores achei que cumpriram na globalidade, concordo também com os seus destaques, sobretudo o Mime, mas é a partir da Valquiria que vamos ver quem vale o quê.
Muito obrigado pelo seu comentário pormenorizado, que muito enriquece esta apreciação.
Cumprimentos musiciais
"O Reno é um rio, as Filhas estavam na água, o ouro era ouro, o anel era um anel, o dragão e o sapo, os Nibelungos nas profundezas, a subida ao Walhalla, etc."
ResponderEliminarNeste aspecto estou plenamente de acordo. Lepage não extrapolou, e isso joga a seu favor. Momentos como a Descida ao Nibelheim e a Subida ao Walhalla funcionam bem visualmente. Mas globalmente não fiquei extasiado, como me deixa ainda o Chéreau. Sem os efeitos visuais da alta tecnologia, ele fazia muito mais com os cantores.
Mas diz muito bem, caro FanaticoUm. Com a Valquíria é que começaremos a ver quem vale o quê.
É verdade, temos que esperar seis meses para ver e, sobretudo, ouvir.
ResponderEliminarSó queria acrescentar o que ouvi no making of e me parece muito correcto, para responder a estes comentários com o Paulo.
ResponderEliminarPelas minhas palavras, "Wagner tinha uma visão muito para a frentex do seu tempo. No que diz respeito à musica, inovou e deu de uma só vez o passo que por muitos se considera perfeição. Mas quando se chegava à encenação, era diferente: Wagner sabia que havia mais qualquer coisa que não era do seu tempo, e que ficaria aberta para o futuro até 2010, onde existem os nossos progressos tecnológicos e o Lepage." Só acrescento: será que nós já somos o tal futuro?
Caro Paulo,
ResponderEliminarA produção do centenário em Bayreuth - a de Chéreau - era, sem dúvida, até agora o maior marco nas encenações do Anel. Foi com essa encenação que conheci visualmente o Anel, através de DVD. Os cantores eram espectaculares, dignos de referência de Heinz Zednik como Loge e Mime, Matti Salminen como Fasolt, Donald McIntyre como Wotan, Gwyneth Jones como Brunhilde.
Mas não deixando para trás esse marco, a encenação de Lepage é fantástica. Penso que a sua encenação não vive só da plataforma e do espectacular. Veja os pormenores que saliento na crítica. Não concorda?
Em relação a Bryn Terfel, temos um cantor especial. O timbre é muito característico e nos úlimos anos talvez venha a pecar essencialmente nos agudos. Quase sempre saiem (lá vem o termo outra vez...) "ladrados", sem grande beleza tímbrica. Por exemplo, o agudo da saudação a Valhalla na 2ª cena foi mais timbricamente falando do que os agudos do final da 4ª cena. Mas é assim, não vamos ter um Terfel diferente e, mesmo assim, é um artista completo.
Talvez o maior rival de Terfel, nos próximos anos, seja René Pape. Veremos...
Cumprimentos musicais.
Não sei, caro Wagner_fanatic. O René Pape também já falou em abandonar os palcos de ópera. Não gostei muito do Wotan dele no "Ouro do Reno" do Scala, há quase um ano (vi no Mezzo). Pareceu-me pouco à vontade na personagem. O Terfel é muito mais Wotan.
ResponderEliminarCaro Paulo,
ResponderEliminarTambém vi esse Ouro do Reno e espero com algum nervosismo a abertura da bilheteira para a Valquíria em Dezembro. Também o notei ainda pouco à vontade. Acho que os nervos da estreia talvez não tenham ajudado. Mas decididamente concordo consigo quando diz que Terfel é mais Wotan. O porte, a pose e o andamento em palco não se comparam com Pape. Mas veja o Donald McIntyre... também ficava na onda do Pape em "porte" :)
Cumprimentos musicais.
Mas penso que Pape tem muito de baixo e pouco de barítono. Acredito que faça um óptimo Godunov. Já Wotan precisa daquele tom baritonal que o Terfel tem (embora me tenha pontualmente faltado no Sábado).
ResponderEliminarConcordo. O seu perfil vocal aplica-se mais a Hunding ou a Marke, aliás dois papéis em que é exímio. Mas é como disse FanáticoUm, o Ouro do Reno é mesmo um prólogo. A grande prova Wotaniana é na Valquíria e no Siegfried e para estes ainda vamos ter de esperar. Tanto para Terfel (embora já tenha cantado o papel) como para Pape (este na estreia em Milão).
ResponderEliminarCumprimentos musicais.