(review in English below)
Texto de Wagner_fanatic
Ainda estou em estado de choque e não estou a exagerar. Em nada se prende
com o facto da ópera ter sido numa igreja. Não ia com grandes expectativas
porque o bilhete que me conseguiram era na 8a fila, não tinha a noção como
aquilo estava em termos de filas e disposição, era numa igreja e provavelmente
ia haver eco ou reverberação do som (embora eu de acústica não perceba nada) e
esperava o pior... Sentei-me e à frente um grisalho de meia idade - pensei:
“Pronto, já foste” e depois olhando para todos os lados era só andaimes e
pensei: “Vou estar a rezar a ópera toda para que não me caia um na cabeça”. Mas
dos andaimes esqueci-me e da cabeça o homem ia-se afundando na cadeira, negando
o apoio lombar da mesma, retomando a posição normal apenas para aplaudir. Antes
da ópera começar ainda disse para a mulher ao lado dele: “Isto fazia-se bem
aqui era uma Tosca”, e até tinha razão (pelo menos o 1º acto).
Sabem que eu adoro, corrijo, amo a Luisa
Miller mas em nada os meus comentários de hoje são hiperbolizados por este
sentimento. Roberto Abbado tirou um
som e um dramatismo impressionantes da orquestra e o som foi ao nível do que se
consegue obter nas melhores salas de ópera, sem eco ou reverberação, fruto
talvez da igreja estar completamente revestida dos andaimes.
Os cantores estratosféricos!!! Francesca
Dotto uma Luisa bonita, voz idem, emoção idem idem, um estrondo!
Amadi Lagha um Rodolfo exuberante,
com um timbre bonito, emotividade à flor da pele fazendo lembrar o Grigolo;
tendo sido espectacular durante toda a récita, o final, com a transição
emocional a que obriga, tal como no Otello (como Domingo disse ao Beczala), foi
de arrasar!!!
Martina Belli esteve doente e quem fez o papel de Federica foi Veta Pilipenko, pelo que anunciaram -
uma mezzo de enorme qualidade e um prazer ouvi-la,
O Wurm de Gabriele Sagona é o
que se espera, também com uma voz tocante;
Riccardo Zanellato, o conde, é um bom baixo, com excelente
presença, mas foi o único que menos me entusiasmou devido ao timbre... com o
desenrolar habituamo-nos mas não é brilhante, parecendo o som vir garganta e
não das “profundezas da alma de baixo”.
Agora, para o fim, provavelmente o homem que me vai ajudar a continuar a
procurar mais Verdi - Franco Vassallo! Que grandioso
Miller!!! Tem tudo!!! Voz encorpada mas vai aos agudos em aparente facilidade,
legato fabuloso, sentido dramático em todas as frases... Que grande cantor!
Tenho de analisar bem com videos do youtube para o conhecer ainda melhor.
A encenação é interessante, parece um semicénico em que eles se mexem
pouco, embora caracterizados, e tudo roda à volta de uma mesa. Um pormenor
final - Rodolfo coloca veneno em todas as garrafas da mesa posta para talvez o
suposto casamento de Rodolfo com Federica e em vez de matar Wurm, o Conde e
Wurm acabam por beber do vinho a “celebrar” a morte de Luisa, o Conde
indiferente à morte do filho, e acabam todos mortos pelo veneno.
LUISA
MILLER, Church of San Francisco del Prato, Parma, October 2019
(review in
English below)
Text by Wagner_fanatic
I am still
in shock and not exaggerating. It has nothing to do with the fact that the
opera was in a church. I didn't go with high expectations because the ticket
they got me was in the 8th row, I had no idea how it was in terms of lines and arrangement,
it was in a church and there was probably going to be echo or reverberation of
sound (although I don't know anything about acoustics) and hoped for the worst
... I sat down in front of a gray-haired man - I thought, "Okay, you're
gone" and then looking around all was scaffolding and I thought:
"I'll be praying the whole opera for that one does not fall on my head ”.
But I forgot about the scaffolding and the head was sinking into the chair,
denying its lumbar support, resuming its normal position just to applaud.
Before the opera began he still said to the woman next to him: "This was a
good setting for a Tosca", and he was right (at least the 1st act).
You know
that I like, correction, love Luisa
Miller, but my comments today are not hyperbolized by this feeling. Roberto Abbado produced an impressive
sound and drama from the orchestra, and the sound was at the level of what can
be achieved in the best opera houses, without echo or reverberation, perhaps
due to the church being completely covered with scaffolding.
The singers
were stratospheric!!! Francesca Dotto
a beautiful Luisa, same voice, same emotion, a bang!
Amadi Lagha an exuberant Rodolfo, with a beautiful tone, emotionality
resembling Grigolo. Having been spectacular throughout the performance, the
ending, with the emotional transition it requires, as at Otello (as Domingo
told Beczala), was overwhelming !!!
Martina
Belli was ill and the person who played the role of Federica was Veta Pilipenko, for what they announced
- a mezzo of great quality and a pleasure to hear her,
Gabriele Sagona's Wurm is to be expected, also with a touching
voice;
Riccardo Zanellato, the count, is a good bass with an excellent
presence, but he was the one who least excited me about the timbre... as it
unfolds we get used to it but it is not brilliant, sounding like it comes from
the throat and not from the “depths of the soul below”.
Now, to the
end, probably the man who will help me keep looking for more Verdi - Franco
Vassallo! What a great Miller!!! He has everything! Full-bodied but
high-pitched voice in apparent ease, fabulous legato, dramatic meaning in every
sentence... What a great singer! I have to look well youtube videos to get to know him even better.
The staging
is interesting, it looks like a semicenic in which they move little, though
characterized, and everything revolves around a table. A final detail - Rodolfo
puts poison in every bottle on the table set for perhaps Rodolfo's supposed
marriage to Federica and instead of killing Wurm, the Count and Wurm end up
drinking from the wine to “celebrate” the death of Luisa, the Count indifferent
to the death of the son, and all end up killed by the poison.
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