(review in English below)
O Teatro de São Carlos abriu a temporada
com a opera de Verdi La Forza del Destino, numa encenação de
David Pountney. Há projecções numa
tela translúcida à frente do palco. Abre com a palavra Paz, vê-se uma borboleta
e uma roda (da sorte?) e a pistola a disparar uma bala aparece várias
vezes ao longo do espectáculo. No início da segunda parte é a palavra Guerra
que surge. No palco há dois grandes painéis móveis que permitem criar os
diversos cenários, um deles com uma cortina e os figurantes trazem e levam
frequentemente mesas. No primeiro acto dominam imagens de cruzes de grandes dimensões e
pouco mais, com um efeito cénico interessante no início mas depois muito
repetitivo. Há situações bem conseguidas mas a encenação,
para além de escura como a história da ópera, é estranha em várias partes. Há
padres com enormes mitras trajados de branco mas todos ensanguentados (final do
2º acto), a morte aparece frequentemente retratada nos elementos do coro e há
um “Piccolo Teatro di Guerra” no 3º acto de efeito algo bizarro.
O maestro Antonio Pirolli fez um óptimo trabalho,
a Orquestra Sinfónica Portuguesa
esteve bem e o Coro também muito
bem.
O baixo barítono Miklós Sebestyén foi o Marquês de
Calatrava e o Padre Guardiano. Esteve bem, algo discreto, mas com um timbre
agradável e boa presença em palco.
Leonora foi a
soprano Julianna Di Giacomo que tem
uma voz potente, com vibrato acentuado e, no registo mais agudo, perde
qualidade e sai mais gritado que cantado. Contudo, teve partes muito boas,
nomeadamente “Madre, pietosa Vergine” no 2º acto e o “Pace pace mio Dio...” no último.
O barítono Damiano Salerno foi um Don Carlo de
qualidade superior. Voz poderosa, timbre muito agradável e sempre afinado. Para
mim o melhor cantor da récita.
No extremo oposto esteve o tenor Rafael
Alvarez como Don Alvaro. Voz agreste, desafinou frequentemente e com
enormes dificuldades nos agudos. Em cena também não foi interessante.
De entre os
cantores portugueses, Cátia Moreso
foi uma Preziosilla muito vistosa mas a voz resvala frequentemente para a
estridência, Luís Rodrigues foi um
Melitone excelente, tanto na interpretação vocal como cénica, João Merino um Alcaide e um Cirurgião
digno e Carlos Guilherme um Trabuco
algo apagado.
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LA FORZA DEL DESTINO, Teatro Nacional de São Carlos, Lisbon,
October 2019
The Teatro Nacional de São Carlos opened the season with the
opera by Verdi La Forza del Destino,
produced by David Pountney. There
are projections on a translucent screen in front of the stage. It opens with
the word Peace, you see a butterfly and a wheel (lucky?) and the pistol firing
a bullet is appearing several times throughout the show. At the beginning of
the second part is the word War that appears. On the stage there are two large
moving panels that create the various scenarios, one with a curtain and the
extras often bring and carry tables. In the first act dominate large crosses
and little more, with an interesting scenic effect at first but later very
repetitive and unimaginative. There are interesting scenic situations but the
staging, as dark as the history of the opera, is strange in many parts. There
are priests with huge white-clothed miter but all bloody (end of 2nd act),
death often appears in the choir elements and there is a “Piccolo Teatro di
Guerra” in the 3rd act of somewhat bizarre effect.
Conductor Antonio
Pirolli did a good job, the Portuguese
Symphony Orchestra was well and the Choir
was very good.
Bass baritone Miklós
Sebestyén was Marquis of Calatrava and Padre Guardiano He was fine, somehow
discreet, but a nice timbre and good presence on stage.
Leonora was soprano Julianna
Di Giacomo who has a powerful voice, but with strong vibrato and, in the
top register, loses quality and the voice is more shouted than sung. However,
she had very good parts, namely “Madre, pietosa Vergine” in the
second act and "Pace pace mio Dio..."
in the last.
Baritone Damiano
Salerno was a top quality Don Carlo. Powerful voice, very pleasant tone and
always tuned. For me the best singer of the night.
At the opposite extreme of the interpretation was tenor Rafael Alvarez as Don Alvaro. Wild voice,
often detuned and with great difficulties in the top register. On stage he was
not interesting either.
Among Portuguese singers, Cátia Moreso was a very showy Preziosilla but her voice often slips
to stridency, Luís Rodrigues was an
excellent Melitone, both in vocal and scenic interpretation, João Merino was a correct Mayor and
Surgeon and Carlos Guilherme made
a weak Trabuco.
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Assisti a recita de hoje dia 18 e foi um constrangimento completo.
ResponderEliminarPaulo Ferreira foi um desastre da primeira a última nota. Falhou tudo, frases que ficaram por cantar agudos falhados, fífias de todo o género. Em 30 anos de São Carlos nunca vi um cantor se apresentar naquele estado. Disse numa entrevista que estava doente, mas valia ter cancelado.
O barítono sem duvida o melhor da noite mas, mais parece um tenor. Se calhar com algum trabalho até daria um bom Don Alvaro,
O soprano entre algums gritos e algumas notas desafinadas la chegou ao fim sem comprometer.
Em relação a Luís Rodrigues, discordo completamente da sua apreciação. A sua voz está em óbvio declínio. Gasta , gritada em alguns momentos e todos os agudos soam apertados e sem qualquer projeção. Tenta disfarçar com a parte de actor e a longa experiência, mas a mim não me convence.
Na recita do dia 18,salvou a orquestra,o coro e o Maestro Antonio Pirolli. A encenação é Horrível, grotesca,má,feia e não tenho mais adjectivos para qualifica-la.O tenor péssimo,se está doente, cancela, muito mau actor,parecia uma barata tonta, não é por acaso que canta em teatros de província.O soprano cantou , mas não encantou o melhor da recita foi o barítono Damiano Salerno, voz grande, encorpada.Saliento a Directora Artística que no fim da recita,estando presente no palco com toda a orquestra, dois maestros o italiano e a carneiro mais o do opart,fez umas homenagens ao Pirolli,nomeou-o maestro convidado para dirigir ópera,quem ganha o São Carlos, o Carlos Guilherme já não canta mais em operas encenadas.Nunca vi o inglês no teatro,Nunca!!Só este gesto da directora é de louvar e de realçar a entrega e dedicação por parte da Elisabete Matos,Bem haja.
ResponderEliminarEstive na recita em que cantou Cristiana Oliveira, e apesar de ter uma voz muito bonita de agudos fáceis, de Spinto como a própria se auto intitula não tem nada. Na zona mais grave tem enormes dificuldades em manter o timbre, ficando por vezes até desagradável e feio, além de que nos momentos mais dramáticos e intensos é completamente abafada pela orquestra. Toda cena final mal se ouviu.
ResponderEliminarHola a todos. Yo, fui llamado por un agente de ópera que me rogó que aceptara cantar el estreno con el papel de Don Álvaro, porqué los otros dos tenores no lo podían hacer. Las circunstancias eran difíciles que muy pocos del público saben.
ResponderEliminarA mi me llamó el agente TRES días antes del estreno, no había tiempo para mi para descansar, me pusieron a ensayar desde que pisé suelo en el teatro, y sin descanso y en un hotel de cuarta categoría llegué al estreno el 10 de octubre, y de todas las dificultades que tuve que afrontar, la primera fué, que el teatro entero y toda la utileria estaba sucio y polvoso, y junto con la horrible escenografía tuve que sacar el estreno adelante. Pero lo que vino a deteriórame fue, el vestuario que pesaba más de 7 kilos. Así que, en esas condiciones, yo no escuchaba la orquesta y tampoco me escuchaba a mi mismo, era muy difícil hacerlo bien y yo fui el último en adaptarme a ello, sin mi (porqué no encontraron otro tenor en toda Europa que brincara en tres días de estreno) no hubiera habido estreno.
Hola a todos. Mi nombre es Rafael Álvarez, Yo, fui llamado por un agente de ópera que me rogó que aceptara cantar el estreno con el papel de Don Álvaro, porqué los otros dos tenores no lo podían hacer. Y no había en ese momento otro Álvaro en toda Europa. Las circunstancias eran difíciles que muy pocos del público saben.
ResponderEliminarA mi me llamó el agente TRES días antes del estreno, no había tiempo para mi para descansar, me pusieron a ensayar desde que pisé suelo en el teatro, y sin descanso y en un hotel de cuarta categoría llegué al estreno el 10 de octubre, y de todas las dificultades que tuve que afrontar, la primera fué, que el teatro entero y toda la utileria estaba sucio y polvoso, y junto con la horrible escenografía tuve que sacar el estreno adelante. Lo segundo fue el vestuario, que pesaba más de 7 kilos. Así que, muy poco escuchaba yo la orquesta y lo mismo con mi voz, yo no me oía. Fue un horror, pero tuve que hacerlo, con una producción en donde no se piensa en el cantante, sino en la escena, no hay forma de que haya calidad.