domingo, 7 de outubro de 2018

FIDELIO, Staatsoper Viena, Abril / April 2018




(review in English below)

A Ópera de Viena há muitos anos que mantém a encenação de Otto Schenk da ópera Fidelio, a única composta por Beethoven. E quando se vê, compreende-se. É uma abordagem clássica mas muito bem conseguida com todos os cenários relacionados com a prisão e suas masmorras. Apesar do ambiente escuro da maioria da obra, tudo se vê e percebe muito bem.

A direcção musical, excelente, foi do maestro Adam Fischer


A Orquestra, Coro e extra-coro da Wiener Staatsoper foram soberbos nas suas interpretações e estas são absolutamente cruciais e dominantes em toda a ópera, tendo o final do 2º acto sido arrasador (e o público aqui sabe distinguir o bom do sublime).



Nos solistas houve equilíbrio e qualidade de topo. A soprano  Ricarda Merbeth foi um Fidelio / Leonore excelente, voz potente, afinada em todos os registos, sempre bem audível.



A outra solista feminina, soprano Ileana Tonca, fez uma Marzelline de voz leve, e doce, com uma presença muito agradável em palco.



Os homens brilharam. O baixo Stefan Cerny, em estreia na Ópera de Viena, fez um Rocco irrepreensível, com voz potente, muito bonita e um registo grave impressionante. Para mim o melhor da noite. O público também o distinguiu com um muito longo aplauso.



Outra voz de excepção foi a do baixo-barítono Tomasz Konieczny que encarnou o mau da peça, Don Pizarro. Interpretação cénica muito convincente, timbre vocal muito agradável e sempre audível sobre a orquestra.



O Florestan do tenor Peter Seiffert foi uma agradável surpresa para mim. Já o ouvi “estoirar” completamente em papéis wagnerianos mas nesta noite tal não aconteceu e mostrou que, quando pode, também é um cantor de topo, com um assinalável instrumento musical.



Nos papéis secundários, o barítono Clemens Unterreiner deu boa conta do Don Fernando e o tenor Wolfram Igor Derntl como Jaquino foi correcto mas sem o brilho dos colegas.


Um espectáculo excelente!





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FIDELIO, Staatsoper Vienna, April 2018

The Vienna Opera House has for many years maintained Otto Schenk's staging of the opera Fidelio, the only one composed by Beethoven. And when we see it, we understand why. It is an excellent classic approach with all the scenarios related to the prison and its dungeons. Despite the dark environment of most of the work, everything is seen and perceived very well.

The musical direction, excellent, was the maestro Adam Fischer. The Wiener Staatsoper Orchestra, Choir and extra-chorus were superb in their performances and these are absolutely crucial and dominant throughout this opera, with the end of the second act being overwhelming (and the audience here knows how to distinguish the good from the sublime).

In the soloists there was balance and top quality. Soprano Ricarda Merbeth was an excellent Fidelio / Leonore, powerful voice, tuned in every register, always well audible.

The other female soloist, soprano Ileana Tonca, wasa light and sweet Marzelline, with a very pleasant presence on stage.

The men were fantastic. Bass Stefan Cerny, in debut in the Opera of Vienna, was an irreproachable Rocco, with powerful voice, very beautiful and impressive low register. For me he was the best of the night. The audience also distinguished him with a very long applause.

Another voice of exception was that of bass-baritone Tomasz Konieczny who incarnated the bad of the piece, Don Pizarro. Very convincing stage interpretation, very pleasant vocal tone and always audible over the orchestra.

Tenor Peter Seiffert was a pleasant Florestan that surprised me. I've heard him completely "break out" in Wagnerian roles but tonight this did not happen and he showed that when he can, he is also a top singer with a remarkable musical instrument.

In secondary roles, baritone Clemens Unterreiner was a good Don Fernando and tenor Wolfram Igor Derntl as Jaquino was correct but without the brilliance of his colleagues.

An excellent performance!

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2 comentários:

  1. Foi um sucesso, essa estada em Viena ! Confesso alguma invejazita, mas estou mesmo cansado de viajar.

    Tenho a melhor impressão de Adam Fischer, aida bem que se confirma. E gosto muito de Seiffert, comigo nunca estoirou, mas também Wagner não senhor que eu frequente. Na Faust Symphonie, com Rattle, foi fabuloso.

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    1. Obrigado pelo comentário, Mário. Eu não tenho tido sorte com o Seiffert, excepto desta vez. Este espectáculo já foi visto em Abril, mas estava ainda por publicar no blogue...
      As duas óperas vistas em Setembro (para além da Alcina), Werther e La Traviata, aparecerão proximamente no blogue.

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