(review in English below)
A Ópera de Viena
há muitos anos que mantém a encenação de Otto
Schenk da ópera Fidelio, a única
composta por Beethoven. E quando se
vê, compreende-se. É uma abordagem clássica mas muito bem conseguida com todos
os cenários relacionados com a prisão e suas masmorras. Apesar do ambiente
escuro da maioria da obra, tudo se vê e percebe muito bem.
A direcção
musical, excelente, foi do maestro Adam
Fischer.
A Orquestra, Coro e extra-coro
da Wiener Staatsoper foram soberbos nas suas interpretações e estas são
absolutamente cruciais e dominantes em toda a ópera, tendo o final do 2º acto
sido arrasador (e o público aqui sabe distinguir o bom do sublime).
Nos solistas
houve equilíbrio e qualidade de topo. A soprano
Ricarda Merbeth foi um
Fidelio / Leonore excelente, voz potente, afinada em todos os registos, sempre
bem audível.
A outra solista
feminina, soprano Ileana Tonca, fez
uma Marzelline de voz leve, e doce, com uma presença muito agradável em palco.
Os homens
brilharam. O baixo Stefan Cerny, em
estreia na Ópera de Viena, fez um Rocco irrepreensível, com voz potente, muito
bonita e um registo grave impressionante. Para mim o melhor da noite. O público
também o distinguiu com um muito longo aplauso.
Outra voz de
excepção foi a do baixo-barítono Tomasz
Konieczny que encarnou o mau da peça, Don Pizarro. Interpretação cénica muito
convincente, timbre vocal muito agradável e sempre audível sobre a orquestra.
O Florestan do
tenor Peter Seiffert foi uma
agradável surpresa para mim. Já o ouvi “estoirar” completamente em papéis
wagnerianos mas nesta noite tal não aconteceu e mostrou que, quando pode,
também é um cantor de topo, com um assinalável instrumento musical.
Nos papéis
secundários, o barítono Clemens
Unterreiner deu boa conta do Don Fernando e o tenor Wolfram Igor Derntl como Jaquino foi correcto mas sem o brilho dos
colegas.
Um espectáculo
excelente!
*****
FIDELIO,
Staatsoper Vienna, April 2018
The Vienna
Opera House has for many years maintained Otto
Schenk's staging of the opera Fidelio, the only one composed by Beethoven. And when we see it, we
understand why. It is an excellent classic approach with all the scenarios
related to the prison and its dungeons. Despite the dark environment of most of
the work, everything is seen and perceived very well.
The musical
direction, excellent, was the maestro Adam Fischer. The Wiener Staatsoper Orchestra, Choir and extra-chorus were superb in
their performances and these are absolutely crucial and dominant throughout
this opera, with the end of the second act being overwhelming (and the audience
here knows how to distinguish the good from the sublime).
In the
soloists there was balance and top quality. Soprano Ricarda Merbeth was an excellent Fidelio / Leonore, powerful voice,
tuned in every register, always well audible.
The other
female soloist, soprano Ileana Tonca,
wasa light and sweet Marzelline, with a very pleasant presence on stage.
The men were
fantastic. Bass Stefan Cerny, in
debut in the Opera of Vienna, was an irreproachable Rocco, with powerful voice,
very beautiful and impressive low register. For me he was the best of the
night. The audience also distinguished him with a very long applause.
Another
voice of exception was that of bass-baritone Tomasz Konieczny who incarnated the bad of the piece, Don Pizarro.
Very convincing stage interpretation, very pleasant vocal tone and always
audible over the orchestra.
Tenor Peter
Seiffert was a pleasant Florestan that surprised me. I've heard him completely
"break out" in Wagnerian roles but tonight this did not happen and he
showed that when he can, he is also a top singer with a remarkable musical
instrument.
In secondary
roles, baritone Clemens Unterreiner
was a good Don Fernando and tenor Wolfram
Igor Derntl as Jaquino was correct but without the brilliance of his
colleagues.
An
excellent performance!
*****
Foi um sucesso, essa estada em Viena ! Confesso alguma invejazita, mas estou mesmo cansado de viajar.
ResponderEliminarTenho a melhor impressão de Adam Fischer, aida bem que se confirma. E gosto muito de Seiffert, comigo nunca estoirou, mas também Wagner não senhor que eu frequente. Na Faust Symphonie, com Rattle, foi fabuloso.
Obrigado pelo comentário, Mário. Eu não tenho tido sorte com o Seiffert, excepto desta vez. Este espectáculo já foi visto em Abril, mas estava ainda por publicar no blogue...
EliminarAs duas óperas vistas em Setembro (para além da Alcina), Werther e La Traviata, aparecerão proximamente no blogue.