A segunda opera
de Wagner que a Metropolitan Opera House de Nova Iorque apresentou na presente
temporada foi Der Fliegende Holländer.
A encenação de August Everding é magnífica. Abordagem
clássica, o primeiro acto começa no convés do barco de Daland. Quando o
timoneiro adormece, surge no meio da neblina a enorme proa do navio fantasma,
donde o holandês desce numa escada. No segundo acto Mary supervisiona o
trabalho das mulheres, incluindo o de Senta, filha de Daland que está
impressionada com um retrato de um homem vestido de negro – o holandês. Erik vê
o seu amor rejeitado por Senta que seguirá o holandês. Quando está sozinha este
surge completamente vestido de negro, noutro efeito cénico estupendo. O
terceiro acto passa-se no porto, sob neve e nevoeiro. O coro e movimentação dos
marinheiros são magníficos. Quando Erik aborda a Senta, o holandês observa de
cima e decide partir, subindo para o navio fantasma. Mais um momento visualmente
impressionante. Sem dúvida uma das melhores encenações da ópera que alguma vez
vi e acho que Wagner gostaria que assim fosse.
A direcção
musical de Yannick Nézet-Séguin foi
sublime em som e drama wagnerianos! Logo na abertura se percebeu que iríamos assistir
a um espectáculo de excepção, e assim foi! O Coro e a Orquestra também a um
nível estratosférico. James Levine fica muito bem substituído.
Daland foi
superiormente interpretado pelo baixo Franz-Josef
Selig, como aliás sempre aconteceu quando o vi. É daqueles cantores que não
falha e, mais uma vez, assim aconteceu.
O barítono Michael Volle fez um Holandês perfeito.
Falta-lhe no registo mais grave aquele tom cavernoso que sempre fica bem neste
papel, mas o cantor compensa com uma interpretação notável em tudo. A voz é
magnífica, potente, timbre belíssimo e técnica insuperável. Há partem que que
quase fala, o que dá um tom mais sombrio à interpretação. Em palco é
insuperável, uma figura sempre assustadora, muito ajudado pela encenação. O
primeiro encontro com a Senta é paradigmático.
Verdadeiramente
sensacional foi a soprano Amber Wagner
como Senta. Uma interpretação brutal, ao nível dos grandes sopranos dramáticos
wagnerianos. Uma cantora a seguir. Voz poderosíssima, sempre bem sobre a
orquestra e de grande emotividade dramática. Melhor seria impossível.
Fantástica! Diria que o apelido diz tudo.
A Mary da mezzo Dolora Zajick foi outra interpretação
de grande nível, apesar de curta para uma cantora com os créditos de Zajick.
Duas agradáveis
surpresas foram os jovens tenores norte americanos Ben Bliss como timoneiro e Aj
Glueckert como Erik. Ambos muito bons, vozes frescas e límpidas, e
interpretações cénicas dinâmicas e convincentes.
Um dos melhores
espectáculos de ópera que vi na presente temporada.
*****
DER
FLIEGENDE HOLLÄNDER, METropolitan Opera, New York, April 2017
The second Wagner opera that the Metropolitan Opera House of New York presented this season was Der Fliegende Holländer.
August Everding's staging is magnificent. Classical approach,
the first act begins on the deck of Daland's boat. When the helmsman falls
asleep, the huge prow of the ghost ship rises in the haze, where the Dutchman
descends on a ladder. In the second act Mary oversees the work of the women,
including that of Senta, daughter of Daland who is impressed by a portrait of a
man dressed in black - the Dutchman. Erik sees his love rejected by Senta who will
follow the Dutchman. When she is alone he appears completely dressed in black,
in another top scenic effect. The third act takes place in the harbor, under
snow and fog. The choir and sailors movements are magnificent. When Erik
approaches Senta, the Dutchman watches from above and decides to leave,
climbing to the ghost ship. Another moment visually impressive. Undoubtedly one
of the best performances of this opera I have ever seen and I think this way
was as Wagner would like it to be.
Musical
direction of Yannick Nézet-Séguin
was sublime in wagnerian sound and drama! At the opening we realized that we
were going to see an exceptional performance, and it was! The Choir and
Orchestra were also on a stratospheric level. James Levine will be very well
replaced.
Daland was
superiorly interpreted by bass Franz-Josef
Selig, as always happened when I saw this singer. He is one of those
singers that does not fail and, once again, it was so.
Baritone Michael Volle was a perfect Dutchman.
He lacks in the lower record that cavernous tone that always isounds well in
this role, but the singer compensated with a remarkable interpretation. The
voice is magnificent, powerful, beautiful timbre and unsurpassed technique.
There are parts where he almost speaked, which gave a darker tone to the
interpretation. On stage he was unsurpassed, an always scary figure, greatly
aided by staging. The first meeting with Senta was paradigmatic.
Truly
sensational was soprano Amber Wagner
as Senta. A sublime interpretation, at the top level of the great Wagnerian
dramatic sopranos. She is a singer to follow. Powerful voice, always over the
orchestra and great dramatic emotion. Better would be impossible. Fantastic!
I'd say the name says it all.
Mary of
mezzo Dolora Zajick was another
high-level interpretation, though short for a singer with Zajick's credits.
Two
pleasant surprises were the young North American tenors Ben Bliss as helmsman and Aj
Glueckert as Erik. Both were very good, fresh and clean voices, and dynamic
and convincing stage interpretations.
One of the
best operas I've seen this season.
*****
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